Um detalhe interessante sobre o Teorema de Bayes é que ele pode ser deduzido através de proporções, ou mais especificamente diagramas de Venn.
Vamos considerar uma população de tamanho N composta de conjuntos 1,2 e 3 cada um respectivamente com N1, N2 e N3 elementos.
Sabemos que N1+N2+N3=N
Podemos estabelecer as proporções p1, p2 e p3 calculando:
p1=N1/N p2=N2/N e p3 = N3/N
Mas podemos estabelecer algo mais: a proporção de elementos dentro de conjuntos:
p(1 dado 3) =N1/(N1+N2)
p(1 dado 2) =N1/(N1+N3)
p(2 dado 3) =N2/(N1+N2)
p(2 dado 1) =N2/(N2+N3)
p(3 dado 2) =N3/(N1+N3)
p(3 dado 1) =N3/(N2+N3)
Note que: p(1 dado 2)+p(2 dado 3)=1, p(1 dado 2)+p(3 dado 2)=1 e p(2 dado 1)+p(3 dado 1)=1
Além disso podemos estabelecer algumas misturas:
(N1+N2)/N, (N1+N3)/N, (N2+N3)/N
Assim podemos estabelecer algumas novas relações
N1/N=N1/(N1+N2)*(N1+N2)/N
N1/N=N1/(N1+N3)*(N1+N3)/N
N2/N=N2/(N1+N2)*(N1+N2)/N
N2/N=N2/(N2+N3)*(N2+N3)/N
N3/N=N3/(N1+N3)*(N1+N3)/N
N3/N=N3/(N2+N3)*(N2+N3)/N
Todas as formas acima são formas diferentes do teorema de Bayes
Este blog tem como propósito sincero esclarecer as notícias e novidades sem confundir.
sábado, 30 de novembro de 2013
quarta-feira, 27 de novembro de 2013
O dilema da Poupança
A mais nova polêmica do STF é sobre a questão da correção da poupança devido a planos econômicos na época da hiperinflação.
Nesta questão devo confessar que tenho sérias dúvidas quanto a argumentação tanto dos poupadores quanto dos bancos.
Estima-se que o valor da ação pode chegar a 150 bilhões de reais. O problema é que ninguém tem muita certeza de como um resultado pelo pagamento desta ação irá refletir na economia real. Aparentemente, cerca de 1/3 destes 150 bilhões estão na caixa econômica federal.
Dependendo de como esse valor deve ser pago e em que prazo podemos ter efeitos graves ou não. A minha incerteza vem porque o efeito de um aprisionamento de 150 bilhões não é claro para mim. Há um efeito na disponibilidade de crédito (de repente um banco tem menos dinheiro para emprestar - o que encarece o crédito), tem um efeito nos impostos (o Estado talvez seja alvo de diversas ações para ressarcimento tanto de bancos quanto de outras fontes).
É muito complicado: depende muito da alavancagem no banco (é duas, três vezes, ou mais?), de como será pago o valor (em parcelas fixas, variáveis ou de uma vez?). E mais do que isso: nos meus estudos sobre modelo capitalista, eu ainda não cheguei a um modelo válido sobre o papel do crédito.
Mas
Suspeito que ninguém tem muita certeza. E há exageros de ambos lados... Apenas uma suspeita educada...
Nesta questão devo confessar que tenho sérias dúvidas quanto a argumentação tanto dos poupadores quanto dos bancos.
Estima-se que o valor da ação pode chegar a 150 bilhões de reais. O problema é que ninguém tem muita certeza de como um resultado pelo pagamento desta ação irá refletir na economia real. Aparentemente, cerca de 1/3 destes 150 bilhões estão na caixa econômica federal.
Dependendo de como esse valor deve ser pago e em que prazo podemos ter efeitos graves ou não. A minha incerteza vem porque o efeito de um aprisionamento de 150 bilhões não é claro para mim. Há um efeito na disponibilidade de crédito (de repente um banco tem menos dinheiro para emprestar - o que encarece o crédito), tem um efeito nos impostos (o Estado talvez seja alvo de diversas ações para ressarcimento tanto de bancos quanto de outras fontes).
É muito complicado: depende muito da alavancagem no banco (é duas, três vezes, ou mais?), de como será pago o valor (em parcelas fixas, variáveis ou de uma vez?). E mais do que isso: nos meus estudos sobre modelo capitalista, eu ainda não cheguei a um modelo válido sobre o papel do crédito.
Mas
Suspeito que ninguém tem muita certeza. E há exageros de ambos lados... Apenas uma suspeita educada...
quinta-feira, 21 de novembro de 2013
Mensalão, Condenações e o Caráter do País
Na última sexta, 15 de novembro, cerca de 12 réus do mensalão tiveram sua prisão decretada, tendo 11 destas prisões sido efetuadas. O décimo segundo está corajosamente foragido buscando responder ao "injusto processo" na Itália.
O processo do mensalão e a condenação (inesperada, na minha opinião) dizem muito sobre o país. Mas, muito mais diz o que as pessoas reagiram post facto. Temos algumas pérolas do caráter nacional escritas na imprensa.
Uma delas pelo decano da imprensa brasileira, aonde ele compara o processo do mensalão e a emissão de condenações com o linchamento do prefeito de Roma em 1944 (por uma turba, diga-se de passagem). A imagem é forte, mas totalmente falaciosa: o linchamento foi feito pela população, enquanto as condenações seguiram o processo legal (os presos estavam mesmo condenados e foram julgados pela mais alta corte do país). E no fim do texto meio que reclama por que um dos réus é cardíaco e inspira cuidados:
"Houve algo de teatral nas cenas das prisões dos mensaleiros e houve algo de irracional trancando-se em celas cidadãos condenados a regimes semiabertos. Isso vai para a conta do ministro Joaquim Barbosa. Na conta dele e de todos está a situação de Genoíno. Trata-se de um homem de 67 anos que em julho passou por uma cirurgia cardíaca de emergência de alto risco que durou seis horas.
Trocaram-lhe um pedaço da aorta por um tubo de um palmo de extensão. Sem diagnóstico, estaria morto no dia seguinte. Ele ficou internado durante 26 dias e sofreu uma leve isquemia cerebral. Desde o momento de sua prisão Genoíno teve picos de hipertensão que, no seu quadro, podem matá-lo ou mesmo incapacitá-lo. Isso tanto pode acontecer jogando bola em Ubatuba ou numa cela em Brasília."
Mas, mascarada por esse suposto interesse no bem estar de um dos condenados, está um preceito muito caro aos corações brasileiros: "aos amigos tudo, aos inimigos a lei". Isso pode ser visto por quem desejar: estes réus tem tratamento diferenciado.
E esta temática está em todo lugar: devido ao réu ser doente há quem queira deixa-lo em liberdade. Isso é bem brasileiro: dane-se a lei quando são meus amigos que estão em jogo.
No entanto, dos textos que vi por aí, o troféu "sem noção" deve ir para este aqui. Essa é, sem dúvida, uma das peças de propaganda mais mal disfarçadas que já vi escritas em jornal. Devido ao sistema paywall da Folha é possível que nem todos os leitores tenham acesso, então eu vou transcrever e comentar aqui mesmo:
"Supremo Tapetão Federal
Derrotada nas eleições, a classe dominante brasileira usou o estratagema habitual: foi remexer nos compêndios do "Direito" até encontrar casuísmos capazes de preencher as ideias que lhe faltam nos palanques. Como se diz no esporte, recorreu ao tapetão."
Que Mané classe dominante cara-pálida: foi um processo iniciado por um procurador indicado pelo então governante e julgado a fio por diversos ministros também indicados pelos partidários deste governante. A classe dominante nesse caso é quem? Os Marcianos? Os banqueiros? Esse parágrafo é mais um daqueles discursos típicos de esquerda que culpa uma conspiração articulada, sabe-se por quem, de todos os males existentes!
"O casuísmo da moda, o domínio do fato, caiu como uma luva. A critério de juízes, por intermédio dele é possível provar tudo, ou provar nada. O recurso é também o abrigo dos covardes. No caso do mensalão, serviu para condenar José Dirceu, embora não houvesse uma única evidência material quanto à sua participação cabal em delitos. A base da acusação: como um chefe da Casa Civil desconhecia o que estava acontecendo?"
Nesse caso, lendo esta peça dá para imaginar que o articulista leu todo processo e determinou que não havia nenhuma evidência material (deve ser por isso que o tal Pizzolato foi recorrer ao processo na Itália). Mas, suspeito eu, que, assim como eu, o articulista não leu absolutamente nada dos autos do processo. Ele só está repetindo o que o briefing de alguém ou alguma coisa (pode ser do PT ou similares) disse. Como ler os autos dá muito trabalho e esse lance de jornalismo é competitivo, então vai o briefing mesmo...
"A pergunta seguinte atesta a covardia do processo: por que então não incluir Lula no rol dos acusados? Qualquer pessoa letrada percebe ser impossível um presidente da República ignorar um esquema como teria sido o mensalão."
Aí pode haver várias razões, e uma delas é que o chefe supremo não poderia ser atacado. Isso pode ter sido muito bem um acordo político até por razões de sustentabilidade. A verdade continuará oculta.
"Mas mexer com Lula, pera aí! Vai que o presidente decide mobilizar o povo. Pior ainda quando todos sabem que um outro presidente, o tucano Fernando Henrique Cardoso, assistiu à compra de votos a céu aberto para garantir a reeleição e nada lhe aconteceu. Por mais não fosse, que se mantivessem as aparências. Estabeleceu-se então que o domínio do fato vale para todos, à exceção, por exemplo, de chefes de governo e tucanos encrencados com licitações trapaceadas."
Aqui sente-se um início de uma falácia conhecida nossa: o Tu Quoque. Ele vai retornar a este ponto mais afrente com vingança. Mas basta dizer que não prender X não justifica prender Y (ou vice-versa). E isso é verdade mesmo que X seja coberto de culpa e esteja condenado. Prenda-se Y e também X.
"A saída foi tentar abater os petistas pelas bordas. E aí foi o espetáculo que se viu. Políticos são acusados de comprar votos que já estavam garantidos. Ora o processo tinha que ser fatiado, ora tinha que ser examinado em conjunto; situações iguais resultaram em punições diferentes, e vice-versa."
Mais uma vez parece algo mais saído de um briefing do que uma análise dos autos. E suspeito que seja isso mesmo.
"Os debates? Quantos momentos edificantes. Joaquim Barbosa, estrela da companhia, exibiu desenvoltura midiática inversamente proporcional à capacidade de lembrar datas, fixar penas coerentes e respeitar o contraditório. Paladino da Justiça, não pensou duas vezes para mandar um jornalista chafurdar no lixo e tentar desempregar a mulher do mesmo desafeto. Belo exemplo."
Olha o Tu Quoque aí de novo. Se o juiz mandou o jornalista chafurdar no lixo e mesmo que tivesse desempregado a mulher do mesmo isso não altera em nada a correção ou não das condenações do reús. A condenação não foi apenas por aquele juiz, mas por um colegiado de juízes!
"O que virá pela frente é uma incógnita. Para o PT, ficam algumas lições. Faça o que quiser, apareça em foto com quem quer que seja, elogie algozes do passado, do presente ou do futuro --o fato é que o partido nunca será assimilado pelo status quo enquanto tiver suas raízes identificadas com o povo. Perto dos valores dos escândalos que pululam por aí, o mensalão não passa de gorjeta e mal daria para comprar um vagão superfaturado de metrô. Mas como foi obra do PT, cadeia neles."
O partido está a onze, repito ONZE anos no governo (serão DOZE em 2014). E tem a perspectiva de ficar mais cinco, pelo menos. Como assim o partido nunca será assimilado pelo status quo? - ele determina o status quo. Será que esse articulista vive no mesmo Brasil que eu? E como não podia deixar de ser: tu Quoque novamente (os metrôs).
"É a velha história: se uma empregada pega escondida uma peça de lingerie da patroa para ir a uma festa pobre, certamente será demitida, quando não encarcerada --mesmo que a tenha devolvido. Agora, se a amiga da mesma madame levar "por engano" um colar milionário após um regabofe nos Jardins, certamente será perdoada pelo esquecimento e presenteada com o mimo."
Olha o Tu Quoque novamente. Quer exagerar? Eu faço melhor: não vamos colocar ninguém na cadeia enquanto os pessoas erroneamente condenadas não tenham sido libertadas!
"Nunca morri de admiração por militantes como José Dirceu, José Genoino e outros tantos. Ao contrário: invariavelmente tivemos posições diferentes em debates sobre os rumos da luta por transformações sociais. Penso até que muitas das dificuldades do PT resultam de decisões equivocadas por eles defendidas. Mas num país onde Paulo Maluf e Brilhante Ustra estão soltos, enquanto Dirceu e Genoino dormem na cadeia, até um cego percebe que as coisas estão fora de lugar."
E para finalizar mais um Tu Quoque: Dirceu e Genoíno estão presos, mas deveriam ser soltos por que Maluf e Brilhante Ustra estão soltos? E chama isso de argumento? Está de brincadeira!
O processo do mensalão e a condenação (inesperada, na minha opinião) dizem muito sobre o país. Mas, muito mais diz o que as pessoas reagiram post facto. Temos algumas pérolas do caráter nacional escritas na imprensa.
Uma delas pelo decano da imprensa brasileira, aonde ele compara o processo do mensalão e a emissão de condenações com o linchamento do prefeito de Roma em 1944 (por uma turba, diga-se de passagem). A imagem é forte, mas totalmente falaciosa: o linchamento foi feito pela população, enquanto as condenações seguiram o processo legal (os presos estavam mesmo condenados e foram julgados pela mais alta corte do país). E no fim do texto meio que reclama por que um dos réus é cardíaco e inspira cuidados:
"Houve algo de teatral nas cenas das prisões dos mensaleiros e houve algo de irracional trancando-se em celas cidadãos condenados a regimes semiabertos. Isso vai para a conta do ministro Joaquim Barbosa. Na conta dele e de todos está a situação de Genoíno. Trata-se de um homem de 67 anos que em julho passou por uma cirurgia cardíaca de emergência de alto risco que durou seis horas.
Trocaram-lhe um pedaço da aorta por um tubo de um palmo de extensão. Sem diagnóstico, estaria morto no dia seguinte. Ele ficou internado durante 26 dias e sofreu uma leve isquemia cerebral. Desde o momento de sua prisão Genoíno teve picos de hipertensão que, no seu quadro, podem matá-lo ou mesmo incapacitá-lo. Isso tanto pode acontecer jogando bola em Ubatuba ou numa cela em Brasília."
Mas, mascarada por esse suposto interesse no bem estar de um dos condenados, está um preceito muito caro aos corações brasileiros: "aos amigos tudo, aos inimigos a lei". Isso pode ser visto por quem desejar: estes réus tem tratamento diferenciado.
E esta temática está em todo lugar: devido ao réu ser doente há quem queira deixa-lo em liberdade. Isso é bem brasileiro: dane-se a lei quando são meus amigos que estão em jogo.
No entanto, dos textos que vi por aí, o troféu "sem noção" deve ir para este aqui. Essa é, sem dúvida, uma das peças de propaganda mais mal disfarçadas que já vi escritas em jornal. Devido ao sistema paywall da Folha é possível que nem todos os leitores tenham acesso, então eu vou transcrever e comentar aqui mesmo:
"Supremo Tapetão Federal
Derrotada nas eleições, a classe dominante brasileira usou o estratagema habitual: foi remexer nos compêndios do "Direito" até encontrar casuísmos capazes de preencher as ideias que lhe faltam nos palanques. Como se diz no esporte, recorreu ao tapetão."
Que Mané classe dominante cara-pálida: foi um processo iniciado por um procurador indicado pelo então governante e julgado a fio por diversos ministros também indicados pelos partidários deste governante. A classe dominante nesse caso é quem? Os Marcianos? Os banqueiros? Esse parágrafo é mais um daqueles discursos típicos de esquerda que culpa uma conspiração articulada, sabe-se por quem, de todos os males existentes!
"O casuísmo da moda, o domínio do fato, caiu como uma luva. A critério de juízes, por intermédio dele é possível provar tudo, ou provar nada. O recurso é também o abrigo dos covardes. No caso do mensalão, serviu para condenar José Dirceu, embora não houvesse uma única evidência material quanto à sua participação cabal em delitos. A base da acusação: como um chefe da Casa Civil desconhecia o que estava acontecendo?"
Nesse caso, lendo esta peça dá para imaginar que o articulista leu todo processo e determinou que não havia nenhuma evidência material (deve ser por isso que o tal Pizzolato foi recorrer ao processo na Itália). Mas, suspeito eu, que, assim como eu, o articulista não leu absolutamente nada dos autos do processo. Ele só está repetindo o que o briefing de alguém ou alguma coisa (pode ser do PT ou similares) disse. Como ler os autos dá muito trabalho e esse lance de jornalismo é competitivo, então vai o briefing mesmo...
"A pergunta seguinte atesta a covardia do processo: por que então não incluir Lula no rol dos acusados? Qualquer pessoa letrada percebe ser impossível um presidente da República ignorar um esquema como teria sido o mensalão."
Aí pode haver várias razões, e uma delas é que o chefe supremo não poderia ser atacado. Isso pode ter sido muito bem um acordo político até por razões de sustentabilidade. A verdade continuará oculta.
"Mas mexer com Lula, pera aí! Vai que o presidente decide mobilizar o povo. Pior ainda quando todos sabem que um outro presidente, o tucano Fernando Henrique Cardoso, assistiu à compra de votos a céu aberto para garantir a reeleição e nada lhe aconteceu. Por mais não fosse, que se mantivessem as aparências. Estabeleceu-se então que o domínio do fato vale para todos, à exceção, por exemplo, de chefes de governo e tucanos encrencados com licitações trapaceadas."
Aqui sente-se um início de uma falácia conhecida nossa: o Tu Quoque. Ele vai retornar a este ponto mais afrente com vingança. Mas basta dizer que não prender X não justifica prender Y (ou vice-versa). E isso é verdade mesmo que X seja coberto de culpa e esteja condenado. Prenda-se Y e também X.
"A saída foi tentar abater os petistas pelas bordas. E aí foi o espetáculo que se viu. Políticos são acusados de comprar votos que já estavam garantidos. Ora o processo tinha que ser fatiado, ora tinha que ser examinado em conjunto; situações iguais resultaram em punições diferentes, e vice-versa."
Mais uma vez parece algo mais saído de um briefing do que uma análise dos autos. E suspeito que seja isso mesmo.
"Os debates? Quantos momentos edificantes. Joaquim Barbosa, estrela da companhia, exibiu desenvoltura midiática inversamente proporcional à capacidade de lembrar datas, fixar penas coerentes e respeitar o contraditório. Paladino da Justiça, não pensou duas vezes para mandar um jornalista chafurdar no lixo e tentar desempregar a mulher do mesmo desafeto. Belo exemplo."
Olha o Tu Quoque aí de novo. Se o juiz mandou o jornalista chafurdar no lixo e mesmo que tivesse desempregado a mulher do mesmo isso não altera em nada a correção ou não das condenações do reús. A condenação não foi apenas por aquele juiz, mas por um colegiado de juízes!
"O que virá pela frente é uma incógnita. Para o PT, ficam algumas lições. Faça o que quiser, apareça em foto com quem quer que seja, elogie algozes do passado, do presente ou do futuro --o fato é que o partido nunca será assimilado pelo status quo enquanto tiver suas raízes identificadas com o povo. Perto dos valores dos escândalos que pululam por aí, o mensalão não passa de gorjeta e mal daria para comprar um vagão superfaturado de metrô. Mas como foi obra do PT, cadeia neles."
O partido está a onze, repito ONZE anos no governo (serão DOZE em 2014). E tem a perspectiva de ficar mais cinco, pelo menos. Como assim o partido nunca será assimilado pelo status quo? - ele determina o status quo. Será que esse articulista vive no mesmo Brasil que eu? E como não podia deixar de ser: tu Quoque novamente (os metrôs).
"É a velha história: se uma empregada pega escondida uma peça de lingerie da patroa para ir a uma festa pobre, certamente será demitida, quando não encarcerada --mesmo que a tenha devolvido. Agora, se a amiga da mesma madame levar "por engano" um colar milionário após um regabofe nos Jardins, certamente será perdoada pelo esquecimento e presenteada com o mimo."
Olha o Tu Quoque novamente. Quer exagerar? Eu faço melhor: não vamos colocar ninguém na cadeia enquanto os pessoas erroneamente condenadas não tenham sido libertadas!
"Nunca morri de admiração por militantes como José Dirceu, José Genoino e outros tantos. Ao contrário: invariavelmente tivemos posições diferentes em debates sobre os rumos da luta por transformações sociais. Penso até que muitas das dificuldades do PT resultam de decisões equivocadas por eles defendidas. Mas num país onde Paulo Maluf e Brilhante Ustra estão soltos, enquanto Dirceu e Genoino dormem na cadeia, até um cego percebe que as coisas estão fora de lugar."
E para finalizar mais um Tu Quoque: Dirceu e Genoíno estão presos, mas deveriam ser soltos por que Maluf e Brilhante Ustra estão soltos? E chama isso de argumento? Está de brincadeira!
quarta-feira, 20 de novembro de 2013
Negro, eu?
Hoje é dia da consciência negra (para alguns isso significa feriado). E com isso vem a inevitável avalanche de pautas relacionadas ao assunto (todo orgão de imprensa precisa de pauta - se ela já vem de bandeja, então...).
Mas de vez em quando, mas muito de vez em quando, o universo conspira para mostrar que há certos tipos de viés na divulgação de informações. E não digo apenas pela imprensa.
Por exemplo, choca a qualquer um a notícia que 39 mil negros são assassinados no Brasil anualmente em comparação com 16 mil não negros!
E realmente isso pode ser visto na nota técnica divulgada pelo IPEA.
Mas... há algo aí que não está sendo contado direito... Negros e não negros? Como assim? Esta tabela conta parte da história.
Mas esta aqui conta o pedaço que estava faltando.
Percebeu, caro leitor? O número de não negros exclui os pardos (43% da população, mas suponho que seja bem mais) e os colocou sobre a categoria de negros (8% da população). Qual é o efeito disso? Ora, caro leitor, curiosamente essa pergunta pode ser respondida com o anuário de segurança pública que foi publicado na semana passada. Vamos ver de novo estes números agora separados em maior detalhe.
Em 2009
Em 2010
Notaram a diferença que faz ao separar negros dos pardos? A junção dos dois na categoria de negros não foi a toa. Fica muito mais difícil vender a idéia de violência devido a discriminação quando ao invés de 35.480 homicídios de negros contra 14.458 de não negros, temos 4.189 homicídios de negros contra 14.284 homicídios de brancos (47.3% da população - mas suponho ser bem menos).
Naturalmente, se olharmos as taxas ao invés dos números absolutos, então realmente fica claro que: as taxas de mortes por agressão de brancos é a menor entre o conjuntos branco, negros e pardos. Mas as taxas de mortes por agressão de pardos são as maiores de todos.
Isso seria a forma isenta de divulgar a informação: frisa-se que a probabilidade de morrer por agressão por ser negro é aproximadamente duas a vezes a de quando se é branco. Mas que no topo da probabilidade de morte por agressão está lá o pardo.
Na forma como foi divulgado, com os pardos incluídos na população negra, o impacto é muito maior! E claro, cheira a discriminação...
Quando na realidade, a discriminação veio sim, mas na forma de apresentação de dados...
Por que me importo? Porque sou pardo, ora bolas! E a forma como divulgou-se a informação não deixa claro que eu faço parte da população de risco! Isso é ou não uma tremenda sacanagem?
Mas de vez em quando, mas muito de vez em quando, o universo conspira para mostrar que há certos tipos de viés na divulgação de informações. E não digo apenas pela imprensa.
Por exemplo, choca a qualquer um a notícia que 39 mil negros são assassinados no Brasil anualmente em comparação com 16 mil não negros!
E realmente isso pode ser visto na nota técnica divulgada pelo IPEA.
Mas... há algo aí que não está sendo contado direito... Negros e não negros? Como assim? Esta tabela conta parte da história.
Mas esta aqui conta o pedaço que estava faltando.
Percebeu, caro leitor? O número de não negros exclui os pardos (43% da população, mas suponho que seja bem mais) e os colocou sobre a categoria de negros (8% da população). Qual é o efeito disso? Ora, caro leitor, curiosamente essa pergunta pode ser respondida com o anuário de segurança pública que foi publicado na semana passada. Vamos ver de novo estes números agora separados em maior detalhe.
Em 2009
![]() |
Note que a tabela trocou o número de mortes por agressão entre brancos e amarelos, bem como pardos e indígenas. Aliás, suspeito que esta tabela está toda errada. |
Em 2010
Notaram a diferença que faz ao separar negros dos pardos? A junção dos dois na categoria de negros não foi a toa. Fica muito mais difícil vender a idéia de violência devido a discriminação quando ao invés de 35.480 homicídios de negros contra 14.458 de não negros, temos 4.189 homicídios de negros contra 14.284 homicídios de brancos (47.3% da população - mas suponho ser bem menos).
Naturalmente, se olharmos as taxas ao invés dos números absolutos, então realmente fica claro que: as taxas de mortes por agressão de brancos é a menor entre o conjuntos branco, negros e pardos. Mas as taxas de mortes por agressão de pardos são as maiores de todos.
Isso seria a forma isenta de divulgar a informação: frisa-se que a probabilidade de morrer por agressão por ser negro é aproximadamente duas a vezes a de quando se é branco. Mas que no topo da probabilidade de morte por agressão está lá o pardo.
Na forma como foi divulgado, com os pardos incluídos na população negra, o impacto é muito maior! E claro, cheira a discriminação...
Quando na realidade, a discriminação veio sim, mas na forma de apresentação de dados...
Por que me importo? Porque sou pardo, ora bolas! E a forma como divulgou-se a informação não deixa claro que eu faço parte da população de risco! Isso é ou não uma tremenda sacanagem?
Achados novos
Nas brincadeiras com o GTA V estou também encontrando diversas músicas muito legais nas "estações de rádio" do mesmo.
Mingi
Gabriel
You and Music
A medida que for achando outras, eu vou postando por aqui
Mingi
Gabriel
You and Music
A medida que for achando outras, eu vou postando por aqui
terça-feira, 19 de novembro de 2013
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
Revendo Conceitos
Pelo menos é bem melhor do que:
- Acreditar que se é dono de algum conhecimento fundamental impossível de provar, mesmo que as evidências indiquem claramente o contrário
- Acreditar que os fatos na realidade são interpretações e teoria é realidade, quando na verdade a teoria é interpretação e os fatos são a realidade (uma corruptela da escola de Frankfurt)
Mas sobre o que estou falando?
Sobre a divulgação do Anuário de Segurança de 2012.
A revisão de conceitos é por causa que verifiquei que não há o genocídio da criança e do adolescente (negro ou não) devido a violência. Observando as taxas (mortes por agressão por faixa etária e raça - Tabelas 12 até 15) fica a nítida impressão que estamos diante de interpretações distintas do que os dados dizem.
Vamos ao caso: um genocídio real tem características bem peculiares, mas um "genocídio" como o descrito nos termos "ativisticos" se caracteriza por uma matança deliberada e específica. Ora específica contra quem? No caso: adolescentes negros. Bom primeiro temos de ver como caracterizar isso, e há duas maneiras:
- observando o percentual na população (no caso de 15 até 19 anos) e o percentual no número de homicídios por agressão
- observando o percentual na população (no caso de 15 até 19 anos) e as taxas por centena de milhar de habitante.
Estes números não são iguais e excetuando o caso de populações uniformemente distribuídas as curvas de distribuição também não devem ser iguais. E adivinhem: as curvas são muito, mas muito parecidas mesmo. Isto indica que há um forte efeito de proporcionalidade que domina a distribuição mesmo não havendo uniformidade.
Mas isso em si não implica que a interpretação do "genocídio" está necessariamente errada. O que faz a interpretação do "genocídio" estar errado é que o pico do percentual de população não está entre 15 e 19, mas entre 20 e 24 (sendo de 25 a 29 também maior que o de 15 a 19). E quanto maior?
- No caso do percentual geral temos 15% nos 15-19, 22% nos 20-24 e 18% nos 25-29.
- No caso das taxas gerais temos 46 nos 15-19, 65 nos 20-24 e 55 nos 25-29.
Outro dado interessante é que os dados do ano anterior não tem grande variação em nenhuma das duas formas de visualização
- No caso do percentual geral temos 15% nos 15-19, 22% nos 20-24 e 18% nos 25-29.
- No caso das taxas gerais temos 46 nos 15-19, 64 nos 20-24 e 53 nos 25-29.
O leitor pode se perguntar: "Mas isso é no Brasil, mas o problema é no Rio e São Paulo!"
Bem, isso também não é verdade. No Rio temos:
- No caso do percentual geral temos 16% nos 15-19, 22% nos 20-24 e 19% nos 25-29.
- No caso das taxas gerais temos 86 nos 15-19, 89 nos 20-24 e 76 nos 25-29.
E em São Paulo temos:
- No caso do percentual geral temos 10% nos 15-19, 18% nos 20-24 e 17% nos 25-29.
- No caso das taxas gerais temos 18 nos 15-19, 28 nos 20-24 e 27 nos 25-29.
Um pouco surpreendente, não? Há sim algo como um "genocídio" de adolescentes no Rio de Janeiro se considerarmos as taxas. Mas o mesmo não pode ser dito de São Paulo.
E quanto à questão das maiores taxas de homicídios de jovens negros? Bom, os dados relativos a isto podem ser encontrados nas tabelas 14 e 15 do anuário. Eu vou trazer uma análise sobre os mesmos em futuros posts. Mas posso dizer de antemão que as maiores taxas estão com a população classificada como parda.
Mais conhecidos como mestiços...
quinta-feira, 14 de novembro de 2013
Regras e Contra-regras
Recentemente a FAA e o seu equivalente europeu liberaram o uso de equipamentos eletrônicos em todos os momentos de vôos.
Os celulares ainda são proibidos, mas isso não deve durar muito tempo.
Ora, todos que viajaram de avião sabem das instruções de manter os aparelhos eletrônicos desligados em certas fases dos vôos.
Então o que mudou?
Na realidade a questão da interferência eletromagnético nunca foi algo muito clara. Duvida? Veja então o que a Boeing diz a respeito. Mas o fato é que em casos isolados, verificou-se alguma susceptibilidade.
Mas nada muito sério. Duvida, veja o que a NASA verificou - peço ao leitor que preste atenção nos números.
Então, por que a restrição de equipamentos eletrônicos que vemos toda vez que viajamos? Simples: precaução.
Em vista de não sabermos as chances reais, então tomamos a decisão de super-estimar as mesmas de modo a minimizar possíveis danos. Parece uma boa idéia? Bom, há controvérsias (é basicamente uma mentira contada com boas intenções).
O que o leitor acha?
Os celulares ainda são proibidos, mas isso não deve durar muito tempo.
Pensando bem, talvez manter a proibição do celular não seja má idéia. |
Então o que mudou?
Na realidade a questão da interferência eletromagnético nunca foi algo muito clara. Duvida? Veja então o que a Boeing diz a respeito. Mas o fato é que em casos isolados, verificou-se alguma susceptibilidade.
Mas nada muito sério. Duvida, veja o que a NASA verificou - peço ao leitor que preste atenção nos números.
Um pouco intimidador, é verdade! |
Pode parecer uma boa idéia, mas pode não ser uma boa idéia. |
O que o leitor acha?
sábado, 9 de novembro de 2013
Previsões de Inflação - agora com os dados de outubro
Mais uma vez chegamos aquele dia do mês: as previsões de Inflação de 2013 - Muito provavelmente entre 5.1% e 6.9% (com 97% de probabilidade de ser abaixo de 6.0%).
Comparando os resultados só com janeiro (6.32%), incluindo até fevereiro (6.44%), incluindo até março (6.43%), incluindo até abril (6.51%). incluindo até maio (6.39%), incluindo até junho (6.16%), incluindo até julho (5.68%), agosto (5.43%), setembro (5.29%) e finalmente outubro (5.39%) - mesmo com o IPCA de outubro um pouco mais alto (0.57%). Acho que dá para sumarizar assim:
71% de chance da inflação abaixo de 5.1%
97% de chance da inflação abaixo de 6.0%
100% de chance da inflação abaixo de 6.9%
Pode ser que o leitor ache bizarro eu fornecer 100% de chance da inflação estar abaixo de 7%. Mas a idéia é que o modelo que usei na previsão de inflação é o de uma moeda com dois valores 0.35% e 1.2% e probabilidades de 84.3% e 15.7%. Portanto, mesmo com a acumulação de janeiro até outubro (4.38%) e mesmo com 1.2% de inflação em novembro e dezembro chegaremos ao máximo de 6.9%. Portanto o resultado é perfeitamente consistente com o modelo (e com os dados reais).
Mas vejamos como será o mês que vem...
Comparando os resultados só com janeiro (6.32%), incluindo até fevereiro (6.44%), incluindo até março (6.43%), incluindo até abril (6.51%). incluindo até maio (6.39%), incluindo até junho (6.16%), incluindo até julho (5.68%), agosto (5.43%), setembro (5.29%) e finalmente outubro (5.39%) - mesmo com o IPCA de outubro um pouco mais alto (0.57%). Acho que dá para sumarizar assim:
71% de chance da inflação abaixo de 5.1%
97% de chance da inflação abaixo de 6.0%
100% de chance da inflação abaixo de 6.9%
Pode ser que o leitor ache bizarro eu fornecer 100% de chance da inflação estar abaixo de 7%. Mas a idéia é que o modelo que usei na previsão de inflação é o de uma moeda com dois valores 0.35% e 1.2% e probabilidades de 84.3% e 15.7%. Portanto, mesmo com a acumulação de janeiro até outubro (4.38%) e mesmo com 1.2% de inflação em novembro e dezembro chegaremos ao máximo de 6.9%. Portanto o resultado é perfeitamente consistente com o modelo (e com os dados reais).
Mas vejamos como será o mês que vem...
sexta-feira, 8 de novembro de 2013
Loteria
Ontem sairam os resultados da Megasena (concurso 1545). Um ganhador levou a sena.
Mas me interessa saber de outros dados.

Probabilidades:
p0+p1+p2+p3+p4+p5+p6=1
Olhando os dados de probabilidade vemos que a chance de acertar na sena é 1 em 50063860, isto quer dizer que em 80 milhões de apostas (o que dá o valor esperado do ganho em cerca de R$ 1,60 por apostador, como a aposta mínima é de R$ 2,00 estes R$ 0,40 são lucro). Já com relação ao número esperado de ganhadores temos 1.6 pessoas (portanto 1 é de esperar mesmo).
Já com relação a quina, a probabilidade é de 1 em 154518. Nos 80 milhões de apostas temos o número esperado de ganhadores de 520, portanto os 680 não estão muito distantes destes.
Finalmente a quadra, a probabilidade é de 1 em 2332. Portanto o valor esperado de ganhadores é de 34480, portanto os 45410 não estão muito distantes.
E claro, não adianta esperar que os valores sejam iguais, pois estamos olhando o valor esperado. Se quisermos informações mais detalhadas, incluindo probabilidades temos de fazer uma conta diferente.
Por exemplo para N=80 milhões de bilhetes, para calcularmos as probabilidade usamos:
(p6+(1-p6))^N e expandimos isto. Já quanto ao número de ganhadores fazemos N, N-1 e assim por diante.
Um exemplo, por simplicidade vamos que N=3, neste caso as probabilidades ficam:
Naturalmente tudo isso é supondo 80 milhões de bilhetes, e na realidade o número deve ser menor do que isso.
Mas me interessa saber de outros dados.
Concurso n. 1545
SORTEIO REALIZADO EM ESTÚDIO DE TV.
Estimativa de Prêmio
R$ 2.800.000,00
*para o próximo concurso, a ser realizado 09/11/2013
R$ 2.800.000,00
*para o próximo concurso, a ser realizado 09/11/2013
Valor acumulado para o próximo concurso de final zero (1550):
R$ 10.901.732,45
R$ 10.901.732,45
Valor acumulado para o sorteio da Mega da Virada :
R$ 52.823.914,90
R$ 52.823.914,90
|
Faixa de premiação | Nº de ganhadores | Valor do Prêmio (R$) |
---|---|---|
Sena | 1 | 80.499.108,16 |
Quina | 680 | 13.845,79 |
Quadra | 45.410 | 296,19 |
UF | Nº de Ganhadores |
---|---|
SP | 1 |
MAUÁ | 1 |
Arrecadação Total: R$ 160.817.482,00
Como dá para ver tivemos 1 ganhador da Megasena, 680 da quina e 45410 da quadra. A arrecadação total ficou perto de 160 milhões de reais. Se supormos a aposta mínima isto dá cerca de N=80 milhões de bilhetes.Probabilidades:
- Acertar 6 dezenas (p6): 1/50063860 que é aproximadamente 1.997448858e-8
- Acertar 5 dezenas (p5): 81/12515965 que é aproximadamente 6.471734301e-6
- Acertar 4 dezenas:(p4) 4293/10012772 que é aproximadamente 4.287523974e-4
- Acertar 3 dezenas:(p3) 24804/2503193 que é aproximadamente 9.908944296e-3
- Acertar 2 dezenas (p2): 948753/10012772 que é aproximadamente 9.475427983e-2
- Acertar 1 dezena (p1): 948753/2503193 que é aproximadamente 0.3790171193
- Acertar 0 dezenas (p0): 737919/14303963 que é aproximadamente 0.5158844124
p0+p1+p2+p3+p4+p5+p6=1
Olhando os dados de probabilidade vemos que a chance de acertar na sena é 1 em 50063860, isto quer dizer que em 80 milhões de apostas (o que dá o valor esperado do ganho em cerca de R$ 1,60 por apostador, como a aposta mínima é de R$ 2,00 estes R$ 0,40 são lucro). Já com relação ao número esperado de ganhadores temos 1.6 pessoas (portanto 1 é de esperar mesmo).
Já com relação a quina, a probabilidade é de 1 em 154518. Nos 80 milhões de apostas temos o número esperado de ganhadores de 520, portanto os 680 não estão muito distantes destes.
Finalmente a quadra, a probabilidade é de 1 em 2332. Portanto o valor esperado de ganhadores é de 34480, portanto os 45410 não estão muito distantes.
E claro, não adianta esperar que os valores sejam iguais, pois estamos olhando o valor esperado. Se quisermos informações mais detalhadas, incluindo probabilidades temos de fazer uma conta diferente.
Por exemplo para N=80 milhões de bilhetes, para calcularmos as probabilidade usamos:
(p6+(1-p6))^N e expandimos isto. Já quanto ao número de ganhadores fazemos N, N-1 e assim por diante.
Um exemplo, por simplicidade vamos que N=3, neste caso as probabilidades ficam:
- 3*p6^3 de termos 3 ganhadores
- 6*p6^2*(1-p6) de termos 2 ganhadores
- 3*p6*(1-p6)^2 de termos 1 ganhador
- (1-p6)^3 de termos zero ganhadores
Naturalmente tudo isso é supondo 80 milhões de bilhetes, e na realidade o número deve ser menor do que isso.
quinta-feira, 7 de novembro de 2013
Uma resposta ao Ministro
O Ministro Moreira Franco recentemente deu uma "alfinetada" (ou seria uma facada nas costas?) dos Engenheiros brasileiros.
Depois ele publicou uma nota explicando o que realmente queria dizer. Minha opinião? Ele falou uma tremenda besteira e depois quis se retratar sem realmente pedir desculpas.
Mas deixo aqui o que Presidente do Confea escreveu:
"Com relação às afirmações do Ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República, o SOCIÓLOGO WELLINGTON MOREIRA FRANCO, no dia 31/10, de que os atrasos nas obras de seis dos 12 aeroportos de cidades-sede da Copa de 2014 “são fruto da falta de engenheiros e da má qualidade da formação dos engenheiros que temos no país”, o Presidente do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) vem se pronunciar na condição de representante de mais de um milhão de profissionais registrados no Sistema Confea/Crea e Mútua, na forma como se segue.
Ou seja, o Sr. Ministro falou tremenda bobagem e agora viu a cagada que fez - e agora quer dizer que entenderam errado... Típico de gerentes ruins, coisa que Líderes não fazem.
Mas, em defesa do ministro: alguém realmente achou que ele era um Líder?
Depois ele publicou uma nota explicando o que realmente queria dizer. Minha opinião? Ele falou uma tremenda besteira e depois quis se retratar sem realmente pedir desculpas.
Mas deixo aqui o que Presidente do Confea escreveu:
"Com relação às afirmações do Ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República, o SOCIÓLOGO WELLINGTON MOREIRA FRANCO, no dia 31/10, de que os atrasos nas obras de seis dos 12 aeroportos de cidades-sede da Copa de 2014 “são fruto da falta de engenheiros e da má qualidade da formação dos engenheiros que temos no país”, o Presidente do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) vem se pronunciar na condição de representante de mais de um milhão de profissionais registrados no Sistema Confea/Crea e Mútua, na forma como se segue.
Político e
sociólogo, o Ministro Moreira Franco tenta desmoralizar os engenheiros que atuam
no desenvolvimento do país ao mesmo tempo em que lançou uma perigosa fagulha de
desconfiança acerca da segurança e confiabilidade das obras sob sua
coordenação. Em seu infeliz
pronunciamento, o Ministro entra em rota contrária à posição da Presidente da
República, Dilma Rousseff, que manifestou elogios à engenharia nacional durante
recente pronunciamento na Assembleia Geral da ONU.
Cabe lembrar ao
Senhor Ministro que a Copa do Mundo de Futebol de 2014 é um evento da Federação
Internacional de Futebol (Fifa), que decide com bastante antecedência o país a
sediar o torneio. Com que objetivo? Permitir que o país-sede da Copa se prepare,
dotando-se da infraestrutura necessária, como estádios, mobilidade urbana,
aeroportos, rede hoteleira etc., para um evento dessa magnitude. Portanto, no
dia 30 de outubro de 2007, a Fifa ratificou o Brasil como país-sede da Copa do
Mundo de 2014, momento em que o gargalo da infraestrutura para a realização da
Copa já existia com relação aos aeroportos.
O atraso na
execução das obras de infraestrutura do país passa, evidentemente, pela falta de
GESTÃO, PLANEJAMENTO e PROJETOS DE ENGENHARIA. Bons projetos de engenharia são
aqueles que possuem todos os elementos e informações técnicas, básicas e
executivas.
Com efeito, projeto
básico somente não basta, são necessários projetos executivos e também os
projetos complementares, de elevada complexidade. Por isso, há uma demanda de
tempo necessário para que se possa planejar e projetar. O planejamento de
grandes obras ficou esquecido e somente aos 45 minutos do segundo tempo
iniciou-se a execução das obras, ao arrepio das comezinhas regras que regem os
procedimentos necessários para se realizar bons empreendimentos com qualidade,
segurança e economia, que justificam a palavra ENGENHARIA.
O reconhecimento da
Presidente Dilma Rousseff na ONU reflete a sabedoria de que as grandes obras do
país são planejadas, projetadas e executadas por engenheiros. Honrosamente, os
engenheiros conduzem a transformação do Brasil ao longo de sua história: da
Ferrovia Mamoré-Madeira, entre 1907-1912, passando pela Construção de Brasília e
por projetos como a Ponte Rio-Niterói, as hidrelétricas nacionais, obras mais
recentes como a Ferrovia dos Carajás, Rodovia dos Imigrantes, a Linha Vermelha,
no Rio de Janeiro, ou as pontes estaiadas de Brasília e São Paulo, entre
terminais portuários, aeroportuários, metroviários, e inúmeras outras obras,
como linhas de transmissão, estações de tratamento e as do setor petroquímico,
inclusive, a descoberta do petróleo na camada de pré-sal.
Devemos lembrar ao
Senhor Ministro a excelência da engenharia brasileira, uma profissão às vésperas
de completar 80 anos de regulamentação, no próximo dia 11 de dezembro, data de
aniversário do Sistema Confea/Crea. Tanto é verdade o elevado know-how alcançado, que as empresas de
engenharia nacionais vêm atuando e construindo a infraestrutura de países de
todos os continentes: no Iraque (ferrovias Bagdá-Akashat e Expressway, hotéis,
rodovias); Mauritânia (rodovias e aeroporto); Argélia (conjuntos residenciais,
universidades, complexos industriais); Angola (hidrelétrica); República
Dominicana (rodovias); Chile (metrô de Santiago, hidrelétrica, rede de
transmissão); Venezuela (hidrelétrica de Guri, metrô de Caracas, projetos de
Engenharia Agrícola e de Agronomia), entre tantos outros países onde a
engenharia brasileira realiza obras.
Também não faltam
excelentes escolas de engenharia.
Sabemos que existem, como no Direito, na Medicina e em outras áreas do
conhecimento técnico e científico, as boas e as más escolas, resultado do
comércio em que se deixou transformar a Educação Superior em nosso país. Mas
cabe ao Ministério da Educação (MEC) a avaliação da qualidade do
ensino-aprendizagem, e o Confea tem participado desse processo, ao colaborar na
análise da grade curricular, em busca do aprimoramento dos cursos ofertados na
área tecnológica.
Na oportunidade,
relembramos ao Senhor Ministro que não nos faltam engenheiros, pois contamos com
profissionais suficientes para projetar e construir tudo de que o país
necessita, tendo em vista que as projeções de crescimento do PIB da ordem de
4,5% ao ano, feitas nos últimos anos, não se concretizaram, ou seja, não houve o
déficit de profissionais que poderia vir a ocorrer. Os registros de 40 mil novos
profissionais por ano, em média, nos Conselhos Regionais de Engenharia atendem à
necessidade do mercado, exceto em áreas específicas, como, por exemplo,
mineração, gás e petróleo.
Pesquisa do
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea), divulgada ontem (5/11), confirma essa análise sustentada pelo Confea, no
último ano. O estudo contesta a teoria de escassez de engenheiros, ao apontar
que, mesmo diante do aumento do percentual de engenheiros exercendo ocupações
típicas, de 29%, em 2000, para 38%, em 2009, está descartado o risco de um
“apagão” de mão de obra de engenheiros, porque não se confirmou o crescimento do
PIB “em níveis indianos”, conforme previsto.
Já no âmbito
governamental, além da carência de gestão, planejamento e projetos, falta o
reconhecimento das atividades exercidas pelos profissionais de Engenharia e de
Agronomia ocupantes de cargo efetivo no serviço público, como carreiras
essenciais e exclusivas, típicas de Estado, haja vista a posição estratégica com
que essas áreas devem ser tratadas, para alavancar o segmento nacional de
serviços e obras públicas.
Há pouco mais de um
ano, o economista Luiz Carlos Bresser-Pereira condenou, em artigo publicado na
Folha de S. Paulo, a incapacidade de formulação e gestão de projetos do Governo
Federal, atribuída à ausência de engenheiros no Estado brasileiro. “Enquanto
mais de 80% da alta burocracia chinesa é formada por engenheiros, no Brasil não
devem somar nem mesmo 10%”, disse, chamando atenção para a importância da
profissão para o desenvolvimento do país. Formular projetos de investimento e
encarregar-se da gestão da execução são atribuições da Engenharia, minimizadas
pelo Estado brasileiro, conforme Pereira. “Fortalecer a Engenharia brasileira
nos três níveis do Estado é prioridade”, conclui.
A luz no final
desse túnel se vislumbra por meio do PLC 13/13, que tramita em caráter
terminativo de votação no Congresso Nacional, a ser posteriormente sancionado
pela Presidente Dilma Rousseff. A partir
do manifesto na ONU, de reconhecimento e valorização da Engenharia para o país,
espera-se a breve aprovação e sanção desse projeto. Reforça essa expectativa a
determinação da Presidente da República, de fazer cumprir uma das funções
fundamentais do Estado: prover a infraestrutura de que o Brasil
necessita.
Outra fragilidade
existente na esfera pública advém da Lei nº 8.666/93 e de mecanismos que
permitem a modalidade de pregão eletrônico para a licitação de projetos de
engenharia. Aqui destacamos uma demanda
por conhecimento intelectual relacionada ao notório saber técnico-científico e
que não pode ser avaliada por tal procedimento. A utilização do Regime
Diferenciado de Contratação (RDC), por sua vez, só vem comprovar que não houve
planejamento para a aquisição e contratação, em tempo hábil, dos projetos e da
realização das obras necessárias, por meio de procedimentos técnicos e
adequados.
É lamentável o tom
de ofensa expresso pelo Ministro, que joga a culpa nos engenheiros pelos atrasos
nas obras, e consideramos que a nota de esclarecimento publicada com data do dia
3/11 buscou justificar o injustificável, ao imputar também desqualificação às
pequenas e médias empresas de projetos. Até porque, enquanto o político em sua
campanha eleitoral apresenta planos e propostas de Governo, os engenheiros
trabalham em projetos de Estado, necessários para o crescimento e o
desenvolvimento do Brasil.
Nesse cenário, o
Sistema Confea/Crea se coloca, juntamente com seus profissionais e as empresas
de engenharia registradas, à disposição do Governo brasileiro, para contribuir
com a expansão dos níveis de qualidade dos projetos e da execução das obras,
visando ao desenvolvimento e ao progresso do País e à realização dos eventos
internacionais que se aproximam. Desse modo, expressamos a nossa disposição para
que o Brasil, além do legado de infraestrutura da Copa do Mundo de 2014 e das
Olimpíadas de 2016, deixe também para as gerações futuras um legado com a marca
de gestão pública competente e eficiente."
Ou seja, o Sr. Ministro falou tremenda bobagem e agora viu a cagada que fez - e agora quer dizer que entenderam errado... Típico de gerentes ruins, coisa que Líderes não fazem.
Mas, em defesa do ministro: alguém realmente achou que ele era um Líder?
Enganação
Sim, eu sei... Somos regularmente enganados.
Mas... eu também traço a linha na areia dizendo "a partir desse ponto é demais!" E qual é esse ponto?
Bem...
Eu já tinha lido sobre as cervejas de milho em diversos locais (aqui, aqui e aqui), mas nunca tinha parado para pensar sobre as cervejas que geralmente consumo:
Acho que com essa notícia vou mudar para Heineken.
Mas, quem sabe, talvez eu goste mesmo é de cerveja de milho...
***Adendo! Nem azeite!
Mas... eu também traço a linha na areia dizendo "a partir desse ponto é demais!" E qual é esse ponto?
Bem...
Eu já tinha lido sobre as cervejas de milho em diversos locais (aqui, aqui e aqui), mas nunca tinha parado para pensar sobre as cervejas que geralmente consumo:
- Bohemia
- Antártica
- Skol
![]() |
Note, caro Leitor, que a Heineken está na categoria do alto teor de cevada, ao contrário das outras que listei com alto teor de milho. |
Mas, quem sabe, talvez eu goste mesmo é de cerveja de milho...
***Adendo! Nem azeite!
quarta-feira, 6 de novembro de 2013
Aproximações
Do meu tempo de ensino fundamental (primeiro grau, na época), eu me lembro que tinhamos de aprender como obter raiz quadrada utilizando um algorítimo na mão.
Embora isso tenha ficado meio anacrônico, eu fiquei matutando estes dias sobre como fazer isso de modo simples.
Naturalmente, há a fórmula de Taylor para o mesmo. Mas a convergência não é lá estas coisas. Então eu bolei um método para fazer isso de modo mais ou menos direto apenas com uma equação e o chamado método de Pell.
Primeiro precisamos obter o inteiro cujo quadrado é o mais próximo do número que queremos tirar a raiz. Depois vemos quantas subtrações de inteiros ímpares são necessárias para chegar este inteiro.
Vamos a um exemplo: vamos dizer que queremos a raiz quadrada de 33
Então vamos o seguinte: 5^2 = 25 então 33=25+8, portanto queremos a raiz de 25+8 = 25*(1+8/25).
A raiz é evidentemente 5*raiz(1+8/25). Em termos simples agora queremos encontrar raiz(1+x)
Agora ao invés da série de Taylor fazemos a técnica de aproximação por momentos que já descrevi antes no blog. No caso, a aproximação de primeira ordem é:
1.013063964+.411774902*x
Já a de segunda ordem é:
1.00136876+0.4819461*x-0.07017125*x^2
Quão preciso é isso? Vamos a um exemplo, e de novo recorremos ao 33. Como estamos querendo encontrar a raiz de (1+x), aonde x=8/25 temos:
E agora é só fazer os cálculos:
Embora isso tenha ficado meio anacrônico, eu fiquei matutando estes dias sobre como fazer isso de modo simples.
O tal algorítimo (vide vídeo). |
Primeiro precisamos obter o inteiro cujo quadrado é o mais próximo do número que queremos tirar a raiz. Depois vemos quantas subtrações de inteiros ímpares são necessárias para chegar este inteiro.
Vamos a um exemplo: vamos dizer que queremos a raiz quadrada de 33
- 33-1=32
- 32-3=29
- 29-5=24
- 24-7=17
- 17-9=8
Então vamos o seguinte: 5^2 = 25 então 33=25+8, portanto queremos a raiz de 25+8 = 25*(1+8/25).
A raiz é evidentemente 5*raiz(1+8/25). Em termos simples agora queremos encontrar raiz(1+x)
Agora ao invés da série de Taylor fazemos a técnica de aproximação por momentos que já descrevi antes no blog. No caso, a aproximação de primeira ordem é:
1.013063964+.411774902*x
Já a de segunda ordem é:
1.00136876+0.4819461*x-0.07017125*x^2
Quão preciso é isso? Vamos a um exemplo, e de novo recorremos ao 33. Como estamos querendo encontrar a raiz de (1+x), aonde x=8/25 temos:
- A raiz exata: 1.148912529
- A aproximação de primeira ordem: 1.144831933
- A aproximação de segunda ordem: 1.148405982
- A raiz exata: 5.744562645
- A aproximação de primeira ordem: 5.724159665
- A aproximação de segunda ordem: 5.742029910
- 1234-1=1233
- 1233-3=1230
- 1230-5=1225
- 1225-7=1218
- 1218-9=1209
- 1209-11=1198
- 1198-13=1185
- 1185-15=1170
- 1170-17=1153
- 1153-19=1134
- 1134-21=1113
- 1113-23=1090
- 1090-25=1065
- 1065-27=1038
- 1038-29=1009
- 1009-31=978
- 978-33=945
- 945-35=910
- 910-37=873
- 873-39=834
- 834-41=793
- 793-43=750
- 750-45=705
- 705-47=658
- 658-49=609
- 609-51=558
- 558-53=505
- 505-55=450
- 450-57=393
- 393-59=334
- 334-61=273
- 273-63=210
- 210-65=145
- 145-67=78
- 78-69=9
E agora é só fazer os cálculos:
- A raiz exata: 35.12833614
- A aproximação de primeira ordem: 35.56312372
- A aproximação de segunda ordem: 35.17170300
terça-feira, 5 de novembro de 2013
A Espuma de Marilena Chauí
Li recentemente um texto em um dos blogs que visito ocasionalmente só para ler opiniões diferentes. O texto se chama Desvendando a Espuma: o enigma da Classe Média Brasileira.
Eu comecei a ler o texto quando me deparei com o seguinte:
"Com o passar do tempo, porém, observando muitos representantes da classe média próximos de mim (coisa fácil, pois faço parte dela), bem como a postura desta mesma classe nas manifestações de junho deste ano, comecei lentamente a dar razão à filósofa. A classe média parece mesmo reacionária, talvez não toda, mas grande parte dela. Mas ainda me perguntava “por que” a classe média, e “por que” a brasileira? Havia um elo perdido neste fenômeno, algo a ser explicado, um sentido a ser desvendado."
E aí acendeu a luzinha... O seguinte pedaço tornou a luzinha mais forte:
"A minha resposta, então, ao enigma da classe média brasileira aqui colocado, começava a se desvelar: é que boa parte dela é reacionária porque é meritocrática; ou seja, a meritocracia está na base de sua ideologia conservadora. "
Hummm.. Meritocracia? Me pareceu que talvez o autor estivesse falando de algo mais pessoal e transformando isso em uma coisa geral (este efeito é interessante e muito comum, pois muitas vezes o autor está falando sobre como enxerga o mundo ao seu redor ao invés do mundo ao redor - perceba que um deles é mundinho e outro é um mundão). E aí veio a confirmação:
"f) A meritocracia substitui a racionalidade baseada nos valores, nos fins, pela racionalidade instrumental, baseada na adequação dos meios aos resultados esperados. Para a meritocracia não vale a pena ser o Quintana, não é racional, embora seus poemas fossem a própria exacerbação de si, de sua substância, de seus valores artísticos. Vale mais a pena ser o Paulo Coelho, a E.L. James, e fazer uma literatura calibrada para vender. Da mesma forma, muitos pais acham mais racional escolher a escola dos seus filhos não pelos fundamentos de conhecimento e valores que ela contém, mas pelo índice de aprovação no vestibular que ela apresenta. Estudantes geralmente não estudam para aprender, estudam para passar em provas. Cursos de pós-graduação e professores universitários não produzem conhecimentos e publicam artigos e livros para fazerem a diferença no mundo, para terem um significado na pesquisa e na vida intelectual do país, mas sim para engrossarem o seu Lattes e para ficarem bem ranqueados na CAPES e no CNPq. "
Ah... CAPES, CNPq e Lattes? Esse cara na realidade está falando da meritocracia na universidade e generalizando para a sociedade. Então deve ser professor universitário e provavelmente tem Lattes no CNPq. E ..dito e feito.
O problema destas análise é simples: desconhecem a verdadeira face do país. O povo brasileiro e não apenas sua classe média é reacionário - isso na acepção de pessoas que julgam que reacionários são todos que são contrários ao aborto, favoráveis a pena de morte, contra liberação do uso de drogas e outras coisitas mas...
Portanto, quando o autor diz que:
"Enfim, a meritocracia é um dos fundamentos de ordenamento social mais reacionários que existe, com potencial para produzir verdadeiros abismos sociais e humanos. Assim, embora eu tenda a concordar com a tese da Marilena Chauí sobre a classe média brasileira, proponho aqui uma troca de alvo. Bradar contra a classe média, além de antipático pode parecer inútil, pois ninguém abandona a sua condição social apenas para escapar ao seu estereótipo. Não se muda a posição política de alguém atacando a sua condição de classe, e sim os conceitos que fundamentam a sua ideologia. "
Ele está na realidade falando mal do sistema meritocrático de avaliação na universidade. A análise social é só de enfeite.
Eu comecei a ler o texto quando me deparei com o seguinte:
"Com o passar do tempo, porém, observando muitos representantes da classe média próximos de mim (coisa fácil, pois faço parte dela), bem como a postura desta mesma classe nas manifestações de junho deste ano, comecei lentamente a dar razão à filósofa. A classe média parece mesmo reacionária, talvez não toda, mas grande parte dela. Mas ainda me perguntava “por que” a classe média, e “por que” a brasileira? Havia um elo perdido neste fenômeno, algo a ser explicado, um sentido a ser desvendado."
E aí acendeu a luzinha... O seguinte pedaço tornou a luzinha mais forte:
"A minha resposta, então, ao enigma da classe média brasileira aqui colocado, começava a se desvelar: é que boa parte dela é reacionária porque é meritocrática; ou seja, a meritocracia está na base de sua ideologia conservadora. "
Hummm.. Meritocracia? Me pareceu que talvez o autor estivesse falando de algo mais pessoal e transformando isso em uma coisa geral (este efeito é interessante e muito comum, pois muitas vezes o autor está falando sobre como enxerga o mundo ao seu redor ao invés do mundo ao redor - perceba que um deles é mundinho e outro é um mundão). E aí veio a confirmação:
"f) A meritocracia substitui a racionalidade baseada nos valores, nos fins, pela racionalidade instrumental, baseada na adequação dos meios aos resultados esperados. Para a meritocracia não vale a pena ser o Quintana, não é racional, embora seus poemas fossem a própria exacerbação de si, de sua substância, de seus valores artísticos. Vale mais a pena ser o Paulo Coelho, a E.L. James, e fazer uma literatura calibrada para vender. Da mesma forma, muitos pais acham mais racional escolher a escola dos seus filhos não pelos fundamentos de conhecimento e valores que ela contém, mas pelo índice de aprovação no vestibular que ela apresenta. Estudantes geralmente não estudam para aprender, estudam para passar em provas. Cursos de pós-graduação e professores universitários não produzem conhecimentos e publicam artigos e livros para fazerem a diferença no mundo, para terem um significado na pesquisa e na vida intelectual do país, mas sim para engrossarem o seu Lattes e para ficarem bem ranqueados na CAPES e no CNPq. "
Ah... CAPES, CNPq e Lattes? Esse cara na realidade está falando da meritocracia na universidade e generalizando para a sociedade. Então deve ser professor universitário e provavelmente tem Lattes no CNPq. E ..dito e feito.
O problema destas análise é simples: desconhecem a verdadeira face do país. O povo brasileiro e não apenas sua classe média é reacionário - isso na acepção de pessoas que julgam que reacionários são todos que são contrários ao aborto, favoráveis a pena de morte, contra liberação do uso de drogas e outras coisitas mas...
![]() |
Nada como um infográfico - confunde e não explica |
"Enfim, a meritocracia é um dos fundamentos de ordenamento social mais reacionários que existe, com potencial para produzir verdadeiros abismos sociais e humanos. Assim, embora eu tenda a concordar com a tese da Marilena Chauí sobre a classe média brasileira, proponho aqui uma troca de alvo. Bradar contra a classe média, além de antipático pode parecer inútil, pois ninguém abandona a sua condição social apenas para escapar ao seu estereótipo. Não se muda a posição política de alguém atacando a sua condição de classe, e sim os conceitos que fundamentam a sua ideologia. "
Ele está na realidade falando mal do sistema meritocrático de avaliação na universidade. A análise social é só de enfeite.
segunda-feira, 4 de novembro de 2013
Tudo Dominado
Eu estou lendo a biografia de Carlos Marighella por Mário Magalhães.
Olha, eu estou impressionado: para o biógrafo, Marighella só faltou voar. Há no texto uma parcialidade bastante visível a respeito do assunto - e me arrisco a dizer sobre as peripécias dos nossos "heróis" que queriam instalar um regime comunista no Brasil (nem que para isso tivessem que matar meio mundo).
Marighella, para quem não olhou no link do wikipedia, é o responsável pelo Mini-Manual do Guerrilheiro Urbano.
Suspeito até que muitos estão interessados nessa obra em virtude do que está acontecendo em termos de manifestações violentas no país.
Mas, este não é ponto do post...
O ponto é que o biógrafo transforma os personagens em caricaturas de vilões e mocinhos. Sendo que os mocinhos lutam pelos pobres (leia-se pela instalação de um regime comunista no Brasil). E não importa o quanto os fatos desmintam o narrador, pois o mesmo os minimiza (ou suprime) de acordo com a conveniência.
É tudo se torna tão parcial que a associação "é de esquerda então é boa gente" parece impossível de desconstruir. Duvida? Leia este artigo de Antônio Prata. Reproduzo aqui só um trechinho:
"Como todos sabem, vivemos num totalitarismo de esquerda. A rubra súcia domina o governo, as universidades, a mídia, a cúpula da CBF e a Comissão de Direitos Humanos e Minorias, na Câmara. O pensamento que se queira libertário não pode ser outra coisa, portanto, senão reacionário. E quem há de negar que é preciso reagir? Quando terroristas, gays, índios, quilombolas, vândalos, maconheiros e aborteiros tentam levar a nação para o abismo, ou os cidadãos de bem se unem, como na saudosa Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que nos salvou do comunismo e nos garantiu 20 anos de paz, ou nos preparemos para a barbárie."
Evidente que o artigo é uma sátira (e não uma ironia como os nossos sábios comentaristas querem nos ensinar). Mas como toda sátira, há quem não entenda...
Qual é o problema? Perceba que o que Prata fez é muito semelhante à falácia do Espantalho: criou um "típico direitista" que é absolutamente detestável. Por que é detestável? Por que segundo o texto o direitista é racista e contra as minorias.
Pergunto ao leitor: isto é verdade?
Sei que o instinto vai dizer que sim, mas lute contra este instinto. A verdade é que há pessoas racistas e contra as minorias em todos os cantos do espectro político, ou seja tanto a direita quanto a esquerda (há minoria menor que o indivíduo?)
Só que a esquerda está nos doutrinando a mais tempo...
Olha, eu estou impressionado: para o biógrafo, Marighella só faltou voar. Há no texto uma parcialidade bastante visível a respeito do assunto - e me arrisco a dizer sobre as peripécias dos nossos "heróis" que queriam instalar um regime comunista no Brasil (nem que para isso tivessem que matar meio mundo).
Yep, não é invenção minha! |
Suspeito até que muitos estão interessados nessa obra em virtude do que está acontecendo em termos de manifestações violentas no país.
Mas, este não é ponto do post...
O ponto é que o biógrafo transforma os personagens em caricaturas de vilões e mocinhos. Sendo que os mocinhos lutam pelos pobres (leia-se pela instalação de um regime comunista no Brasil). E não importa o quanto os fatos desmintam o narrador, pois o mesmo os minimiza (ou suprime) de acordo com a conveniência.
É tudo se torna tão parcial que a associação "é de esquerda então é boa gente" parece impossível de desconstruir. Duvida? Leia este artigo de Antônio Prata. Reproduzo aqui só um trechinho:
"Como todos sabem, vivemos num totalitarismo de esquerda. A rubra súcia domina o governo, as universidades, a mídia, a cúpula da CBF e a Comissão de Direitos Humanos e Minorias, na Câmara. O pensamento que se queira libertário não pode ser outra coisa, portanto, senão reacionário. E quem há de negar que é preciso reagir? Quando terroristas, gays, índios, quilombolas, vândalos, maconheiros e aborteiros tentam levar a nação para o abismo, ou os cidadãos de bem se unem, como na saudosa Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que nos salvou do comunismo e nos garantiu 20 anos de paz, ou nos preparemos para a barbárie."
Evidente que o artigo é uma sátira (e não uma ironia como os nossos sábios comentaristas querem nos ensinar). Mas como toda sátira, há quem não entenda...
Qual é o problema? Perceba que o que Prata fez é muito semelhante à falácia do Espantalho: criou um "típico direitista" que é absolutamente detestável. Por que é detestável? Por que segundo o texto o direitista é racista e contra as minorias.
Pergunto ao leitor: isto é verdade?
Sei que o instinto vai dizer que sim, mas lute contra este instinto. A verdade é que há pessoas racistas e contra as minorias em todos os cantos do espectro político, ou seja tanto a direita quanto a esquerda (há minoria menor que o indivíduo?)
Só que a esquerda está nos doutrinando a mais tempo...
Assinar:
Postagens (Atom)