sexta-feira, 31 de julho de 2009

Prognósticos furados

Eu não me canso de ver como as pessoas fazem prognósticos extremamente furados baseados apenas em noções vagas de como as coisas se comportam.

Caso em questão: a venda de apartamentos da UnB.

Após a tempestade de 2008 (que não acabou) e teve como ponto chave a renúncia do reitor, os novos empossados decidiram que iriam vender parte do patrimônio para concluir algumas obras no campus e outras coisitas mas.

Na notícia de 6 de abril de 2008, afirma-se:

"a UnB anunciou que pretende vender ou trocar cerca de 30 apartamentos de alto padrão. Espera com isso arrecadar R$ 40 milhões, dinheiro que seria aplicado em prédios destinados à atividade acadêmica."

Já na notícia de 10 de dezembro de 2008, afirma-se:

"A UnB pretende arrecadar R$ 22 milhões com o leilão. Os interessados entregarão os envelopes com as propostas às 14h. Vencerá quem oferecer o maior valor. Todos os apartamentos, com dois e três quartos, estão localizados na Asa Norte, em Brasília."

E finalmente, depois do acontecido temos na notícia de 11 de dezembro de 2008:

"A UnB (Universidade de Brasília) conseguiu nesta quarta-feira vender 11 dos 27 apartamentos de luxo que estavam disponíveis para leilão. No entanto, a cobertura de luxo, de cerca de 400 m2, em uma região nobre de Brasília, que era ocupada pelo ex-reitor da universidade Timothy Mulholland, não foi leiloada.

A Secretaria de Comunicação da UnB informou que só com a venda dos 11 apartamentos serão arrecadados R$ 7,5 milhões."

Ou seja de um preço médio de R$ 1,3 milhões em abril, caiu-se para R$ 815 mil no dia do leilão, até a ressaca do dia seguinte com R$ 682 mil.

A pergunta terrível que fica: foi um bom negócio? Certamente, mas para quem?

Ah! E a cobertura continua sem alugar...

Sobre meia vida da notícia - gráficos

Consegui mostrar os dados da notícia sobre o AF 447 na forma gráfica. Como se ve temos um surto de notícias sobre o assunto e o mesmo vai gradualmente diminuindo.

Podemos tentar obter também as notícias cumulativas, mas este gráfico mostra que o decaimento é aproximadamente exponencial.

Naturalmente não é uma exponencial perfeita devido a que o sistema pode ser modelado como portador de alguma forma de ruído. Mas ainda assim é surpreendemente próxima ao esperado.

Podemos modelar o número total de publicações por:

A*(1-B*exp(-r*t))

Subtraindo isto de A temos:

A*B*exp(-r*t)

Tirando o logarítimo temos:

log(A*B)-r*t

Usando mínimos quadrados encontramos log(A) e r

log(A*B)=6.1368
r=-0.1212

Portanto A*B=462.57, como A=515, então B=0.8982

E assim temos:

515*(1-0.8982*exp(-0.1212*t)) (aonde t>0)







E como é possível verificar o resultado é razoavelmente próximo do esperado

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Tempo de vida de uma notícia

No mundo acadêmico temos diversos sistemas de métricas (cientometria) que tentam medir a produtividade e importância de pesquisadores ou mesmo artigos

Um destes é a meia vida de uma publicação. Uma publicação com meia vida longa pode significar importância do seu conteúdo.

Mas será que podemos analisar algo similar com relação a notícias? Na realidade uma notícia dada pode ter duas métricas não inteiramente simulares: a quantidade de notícias derivadas e a repetição da mesma notícia em diversos sites.

No caso o interesse é justamente na meia vida ou seja a evolução da notícia com o passar do tempo. O problema é que isto é difícil de medir com os instrumentos atuais.

Mas é possível encontrar algo que seria similar a uma taxa média - número de publicações relacionadas por unidade de tempo.

Vamos tentar calcular alguns exemplos retirados das páginas da folha de São Paulo:

- acidente TAM 3054
Número de notícias em julho de 2009: 11
Número de notícias em junho de 2009: 1
Número de notícias em maio de 2009: 1
Número de notícias em abril de 2009: 0
Número de notícias em março de 2009: 1
Número de notícias em fevereiro de 2009: 0
Número de notícias em janeiro de 2009: 0
Número de notícias em dezembro de 2008: 0
Número de notícias em novembro de 2008: 10
Número de notícias em outubro de 2008: 0
Número de notícias em setembro de 2008: 4
Número de notícias em agosto de 2008: 1
Número de notícias em julho de 2008: 15
Número de notícias em junho de 2008: 1
Número de notícias em maio de 2008: 1
Número de notícias em abril de 2008: 2
Número de notícias em março de 2008: 3
Número de notícias em fevereiro de 2008: 6
Número de notícias em janeiro de 2008: 4
Número de notícias em dezembro de 2007: 3
Número de notícias em novembro de 2007: 4
Número de notícias em outubro de 2007: 12
Número de notícias em setembro de 2007: 31
Número de notícias em agosto de 2007: 118

Somando tudo isto temos: 230 notícias - destas cerca de 118 foram dadas em agosto de 2007. Isto dá para concluir que a meia vida neste caso vai da data do acidente (em julho de 2007) até final de agosto de 2007 - ou seja 1 mês. No entanto, existe uma cauda longa que a cada aniversário é relembrada (com menos e menos furor).

Vamos a um caso mais recente:

- acidente Air France:
Número de notícias em julho de 2009: 34
Número de notícias em junho de 2009: 515

Curiosamente este número e a proximidade do ocorrido permite que possamos ver como a coisa evoluiu

Notícias:
Dia 1 (01/06/09): 97
Dia 2 (02/06/09): 80
Dia 3 (03/06/09): 53
Dia 4 (04/06/09): 44
Dia 5 (05/06/09): 29
Dia 6 (06/06/09): 15
Dia 7 (07/06/09): 19
Dia 8 (08/06/09): 25
Dia 9 (09/06/09): 18
Dia 10 (10/06/09): 19
Dia 11 (11/06/09): 17
Dia 12 (12/06/09): 8
Dia 13 (13/06/09): 9
Dia 14 (14/06/09): 8
Dia 15 (15/06/09): 8
Dia 16 (16/06/09): 7
Dia 17 (17/06/09): 7
Dia 18 (18/06/09): 5
Dia 19 (19/06/09): 9
Dia 20 (20/06/09): 4
Dia 21 (21/06/09): 1
Dia 22 (22/06/09): 6
Dia 23 (23/06/09): 5
Dia 24 (24/06/09): 2
Dia 25 (25/06/09): 4
Dia 26 (26/06/09): 4
Dia 27 (27/06/09): 2
Dia 28 (28/06/09): 0
Dia 29 (29/06/09): 5
Dia 30 (30/06/09): 3
Dia 31 (01/07/09): 4
dia 32 (02/07/09): 6
dia 33 (03/07/09): 6
dia 34 (04/07/09): 1
dia 35 (05/07/09): 0
dia 36 (06/07/09): 1
dia 37 (07/07/09): 3

Vendo isto é bem claro que a grande maioria das notícias está concentrada na semana do acontecimento, diminuindo sucessivamente a cada semana que passa. Poderíamos até dizer que a meia vida de uma notícia assim é de 5 dias.

Traçando gráficos vemos que em 4 dias chegamos a 50% do total de notícias que serão publicadas e que aos 20 dias teremos 90% do total de notícias que serão publicadas.

Depois eu vou tentar com outros meios

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Sabendo Nada

Não me canso de postar sobre as tolices ditas na CPI. Começo a desconfiar que é algo da cultura brasileira.

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, confirmou à CPI das Escutas Telefônicas Clandestinas, em audiência pública no dia 17 de setembro de 2008, que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) tem equipamentos de interceptação telefônica. O ministro foi convocado em função de declarações dadas à imprensa de que a Abin teria equipamentos dessa natureza.
Na audiência, o ministro explicou que a agência adquiriu, em 2006, três equipamentos passíveis de fazer varredura e interceptação, por intermédio da unidade de Washington da Comissão de Compra do Exército Brasileiro. “O Exército apenas executou a compra. Não houve transferência de dinheiro”, esclareceu. O ministro apresentou cópias, impressas da Internet, de folhetos de informação dos equipamentos adquiridos pela Abin, com os valores e as especificações técnicas de cada equipamento. São o OSC-5000 Omin-Spectral Correlator (OSCOR), adquirido por U$ 66 mil; o Stealth LPX Global Intelligence Surveillance System, cujo custo é de U$ 60 mil e o NJE-4000 (Orion Non-Linear Junction Evaluator), no valor de U$ 59,2 mil.

Como já expliquei em outro post, o ministro definitivamente não sabia do que estava falando. Mas certamente não era o único. A grande maioria quando não sabia do que estava falando fazia questão de puxar a brasa para sua sardinha.

Fica a impressão inegável de amadorismo dos participantes - com raras e as vezes honrosas exceções.

Uma frase emblemática:

No meu escritório foi apreendido um equipamento que, maldosamente, foi dito que era um maleta de escuta de celular, mas, na realidade, o que aconteceu foi uma pasta que foi apreendida. Nessa pasta tinha 2 celulares e um gravador.

Mas não acreditem em mim: leiam vocês mesmos o relatório

Um outro detalhe relatado no texto:

O cenário encontrado pela CPI também contemplava um quadro sem controles no que toca aos vazamentos de gravações protegidas por segredo de justiça imposto pela lei. Foram inúmeros os casos em que a imprensa tinha acesso às informações sigilosas antes da defesa dos acusados, que viam suas vozes em programas de TV de grande repercussão nacional, sem sequer ter aoportunidade de se manifestar. Há grande polêmica referente a uma possível responsabilização de órgãos da imprensa nesses episódios.
O próprio Estado tem dado pouca atenção aos crimes de vazamentos. A CPI constatou que pouquíssimos casos são investigados, e menos ainda punidos.

Muita distorção

Lendo o relatório da CPI dos grampos ilegais estou vendo algumas características comuns:

a) Paranóia - alguns depoimentos parecem beirar a paranóia e sugerem que a pessoa em questão está julgando alguns acontecimentos de acordo com lentes distorcidas

b) Ignorância - outros depoimentos estão corretos até certo ponto e a partir daí saltam para vôos improváveis e possivelmente passíveis de ter outros interesses ao redor

c) Direcionamento - alguns depoimentos são tecnicamente corretos, mas ao longo do relato parecem ter sido distorcidos por motivos de interesse ou ignorância

No entanto o mais interessante é a falta de organização que transparece a respeito do assunto. O poder judiciário não tem controle sobre o número de escutas e para se saber mais é necessário entrar em contato com a operadora de telefonia.

Como esperado as operadoras de telefonia relataram os sistemas para escuta baseados no sistema Vigia. Este sistema eu não conheço direito mas me parece que trabalha a nível de centrais (o que é lógico já que neste nível as conversas não são encriptadas).

E uma coisa que transparece: membros do poder judiciário também são seres humanos e portanto estão sujeitos as mesmas falhas da sua espécie. O problema é que alguns se consideram detentores de direitos especiais, se não permanentes pelo menos temporários.

E tristemente em alguns casos, há o abuso.

Eu acho particularmente interessante as frases:

"Citando o Presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República, disse que a escuta telefônica tornou-se uma espécie de “rainha das provas”. “É ela, e só com ela que se trabalha”."

e

"Citou ainda o que dissera, há alguns anos, um Procurador da República do Distrito Federal: “Eu tenho o material da escuta, eu dou para a imprensa e peço a preventiva. E o juiz que lixe depois, o juiz que encare depois o paredão”."

E há claro as confusões técnicas: misturando criptografia com compactação, sistemas digitais com analógicos.

Mas o que fica claro é que a velha pergunta nunca deixa de ser atual:

Quis custodiet ipsos custodes? (Quem vigia os vigilantes?)

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Duas consideraçãoes sobre a pirataria

Pelo texto final do relatório da CPI vejo que há duas categorias de pirataria: uma essencialmente industrial e outra de escala substancialmente menor.

Na primeira se encaixam as categorias de cigarros, música em CDs, filmes em DVD e algo relativo a software, peças automotivas e medicamentos.

Na segunda temos livros (na realidade cópias reprográficas), algo relativo a música e filmes.

A diferença primordial é que a primeira tem como objetivo a comercialização atuando como concorrência desleal às indústrias estabelecidas. O prisma maior é a queda na arrecadação e a quantidade de empregos que deixarão de existir nesta modalidade. Podemos dizer que esta modalidade é ligada ao nível do fabricante.

Já a segunda modalidade é mais ligado ao nível do consumidor. E aí a porca torce o rabo.

Podemos encontrar justificativas econômicas para a existência da pirataria a nível industrial: excesso de tributação, mercados não explorados, preços muito elevados, etc...

As justificativas são as mesmas do contrabando (o que aliás é uma pergunta muito boa: porque existe o contrabando?)

Mas o nível do consumidor diz algo muito mais profundo. Me arrisco a dizer que neste caso o consumidor está procurando algo que é de um certo modo seu direito.

Isto merece mais investigação...

Relatório da CPI da Pirataria - Cigarros

Vale a pena colocar as conclusões do relatório da CPI da pirataria sobre comércio ilegal de cigarros. Acho muito interessante o meu desconhecimento sobre os dados apresentados. Pode ser que possamos entender estes dados como evidências de lavagem de dinheiro.

Mas não sou advogado. Apenas sei que o que estou colocando aqui está disponível em muitos detalhes ao longo do texto

Casos que devem ser acompanhados.

► Como demonstrado no Capítulo III deste Relatório, a American Virginia Indústria e Comércio Import. e Export. de Tabacos Ltda. (CNPJ 01.099.651-43) pagou apenas 2 % do IPI que deveria ter pago: deixou de recolher 98% do imposto devido, o que representou a evasão de R$ 42.914.304,00, apenas em 2002.
► Os sócios João Carlos Duarte Ferreira e Pedro Gelsi Júnior devem ser investigados para saber se cometeram crime contra a ordem tributária antes de terem deixado a American Virginia. Quanto aos demais, Mauro Donati e Luiz Antônio Duarte Ferreira, já se encontram indiciados pela prática de crime contra a ordem tributária, conforme preceitua a Lei nº
8.137/90, art. 1º, I e II.
► A Cibrasa Indústria e Comércio de Tabacos S/A (CNPJ 28.274.157/0001) pagou apenas 2,52% do IPI que deveria ter pago. Deixou de recolher à União, o valor de R$ 4.278.800, apenas em 2002. Seus controladores, José Luiz Teixeira, Marco Antônio Patriarca da Costa,
Celso Castilha Cazorla e Adil de Oliveira já se encontram indiciados pela prática de crime contra a ordem tributária, conforme o disposto na Lei nº 8.137/90, art. 1º, I e II.
► O trânsito de pessoas na indústria fumígera aqui analisada é estranhamente sem fronteiras. Gesydayse Canelli Alves, CPF 866.033.29- 00, é um exemplo típico: bacharel em ciências contábeis, é suplente do Conselho Fiscal da Cibrasa e responsável pelas informações prestadas
pela Ind. e Com. Rei Ltda. É uma pessoa que, pela posição que ocupa em empresas com tantas irregularidades, deve ser investigada.
► A Itaba Indústria de Tabacos Brasileira Ltda. – CNPJ 02.750.676/0001-28 – apenas em 2002 deixou de recolher o valor de R$ 21.523.362,00 de IPI. Os representantes das empresas controladoras, Leilço Lopes Santos e Edísio Carlos Pereira Filho devem responder pela
prática de crime contra a ordem tributária, segundo o que prescreve a Lei nº 8.137/90, art. 1º, I e II.103
► Indústria e Comércio Rei Ltda – CNPJ 14.188.007/0001-93: Lindemberg da Mota Silveira e Moacir Pedro Pinto Alves devem responder pelo cometimento de crime contra a ordem tributária, de acordo com a Lei nº 8.137/90, art. 1º, I e II, e com o art. 296 do Código Penal.
► Também devem responder por crime contra a ordem tributária (art. 1º, I eII da Lei nº 8.137/90): Aparecida Maria Pessuto da Silva (CPF 200.517.908-66); Sandra Regina Davanço; Dora Terezinha Vallerini Colavita (CPF 483.020.238-68); José Antônio Neuwald (CPF 177.438.260- 15); Aline Lemos Corrêa de Oliveira Andrade (CPF 866.598.044-04); Ari Natalino da Silva (CPF 774.851.068-72); Débora Aparecida Gonçalves (CPF 104.070.918-40); Osmar José de Souza Filho (CPF 102.607.248-40); e Giuliano Pacheco Bertolucci(CPF 135.638.198-74).

Conclusão e recomendações

As empresas supracitadas, que fabricam cigarros, não têm, via de regra, nenhuma preocupação com a veracidade de seus contratos sociais nem de suas declarações de renda. A American Virginia cresceu substancialmente à custa, entre outras ilicitudes, de sonegação fiscal. Como demonstrado, em sua Demonstração de Resultados constam como Deduções das
Receitas os valores de R$ 17.886.443,34 e R$ 43.789.494,06, de IPI, nos anos de 2001 e 2002. Como a SRF informou ter recebido nesses anos apenas R$ 118.689,00 e R$ 875.190,00, em 2001 e 2002 respectivamente, evidencia-se a prática de crimes contra a ordem tributária, tipificados pela Lei nº 8.137/90.
Por sua vez, a Cibrasa tem como última preocupação seus registros. Por já ter sofrido várias medidas policiais e fiscais, não é possível entender como ainda funciona, mormente quando se sabe que grande parte da sua produção de cigarros utiliza selos falsos, o que caracteriza a conduta criminosa do art. 293 (falsificação de papéis públicos).
A Itaba também adota a reiterada prática de crimes contra a ordem tributária. A Receita Federal tem relatórios sobre o IPI devido e o recolhido por esta empresa, mas não chegaram à CPI notícias das providências tomadas por aquele órgão para o recebimento do seu crédito.
Esse emaranhado de empresas confunde-se com as mesmas pessoas.
É fácil concluir que há uma estrutura que interliga as operações de pessoas físicas e jurídicas onde estão Lindemberg da Mota Silveira, Edísio Carlos Pereira Filho, Aline Lemos Corrêa de Oliveira Andrade, Celso Castilha Gazorla, Cibrasa Ind. e Com. de Tabacos S/A, Landau Associados Trading S/A, Ind. e Com. Rei Ltda. e esquema Lobão, dentre outras. Todas 104 essas empresas estão no ramo da industrialização e comercialização de cigarros.
A conclusão que se chega, pela constatação da movimentação financeira entre indivíduos que não têm renda suficiente para suportar os valores demonstrados nesse relatório é que as transações têm como base o ilícito, pois se assim não fosse, elas seriam claras, transparentes e
tributadas. Provavelmente, é esse o objetivo final: a sonegação! Afinal, que será que ocorre com as empresas ligadas às pessoas aqui relacionadas, que só geram prejuízos e deixam dúvidas quanto à veracidade dos fatos declarados? Que outros ilícitos se ocultam neste emaranhado de ilicitudes? Outro fato observado é que os valores circulados nas transações que envolvem esses personagens são elevados, tendo todos uma prática bastante comum: a redução patrimonial acontece sem nenhuma explicação, apenas zerando-se o valor do investimento ou simplesmente ignorando-o, como se nunca houvesse antes existido. Ao final, a quase totalidade das pessoas aqui analisadas têm movimentação financeira elevada, pouco clara e sem declaração de origem.
Para lograr êxito no combate ao contrabando de cigarros e sua distribuição em território nacional, há de se fazer um passeio por vários artigos do Código Penal: inicia-se com o contrabando (art. 334), seguindose-lhe a corrupção ativa (art. 333), a receptação (180), formação de quadrilha (288), os crimes contra a ordem tributária (Lei nº 8.137/90); enfim, nota-se a presença de uma organização criminosa que domina todos os caminhos dos crimes cometidos.
Evidentemente, os cigarros produzidos nas fábricas de Roberto Euletério ou na Tabacalera Boquerón, de propriedade de Oswaldo Dibb, só são contrabandeados devido à conivência de autoridades policiais e aduaneiras dos dois países. Prova disso é a ID 200306271446 que traz:
► TransBalan: transportadora de propriedade de José Donizeth Balan e Laércio José Balan, localizada em Eldorado – MS, ambos responsáveis pela grande remessa de cigarros paraguaios falsificados destinados ao mercado brasileiro. No decorrer das investigações, são freqüentemente citados como homens-chaves na transposição de produtos nas fronteiras de Guaíra/PR, Salto del Guaíra/Paraguai e Mundo Novo/MS, onde eles provavelmente mantêm fortes vínculos com os agentes públicos, pois jamais interromperam a entrada de cigarros no país.
► J.A.N. Assistência Técnica e Comércio Ltda.; Dinossauro Comércio Importadora e Exportadora Ltda e Shopping Inarai Comércio Importação e Exportação Ltda.: são empresas do grupo comandado por Lobão. Figuram 105 como proprietárias das linhas de telefonia móvel administradas pela NEXTEL/SP e utilizadas por todos os membros da quadrilha, em vínculo direto com o líder Lobão. Embora com diversos endereços, essas empresas têm seu controle operacional na Rua Barão de Duprat nº 315, 11º andar, conjunto 113, São Paulo – SP.
A CPI recomenda ao Poder Executivo que trace um plano de combate à Pirataria, concedendo mais verbas e atenção à Receita Federal, à Polícia Federal. E ao TRF da 3ª Região que dê prioridade às ações penais sobre o contrabando de cigarros, em especial contra Roberto Euletério da Silva (Lobão) e Júlio Oswaldo Dominguez Dibb, especialmente no caso do processo 2002.34.00.040639-3, pois a celeridade na punição é uma das armas de que dispõe o Estado no combate à pirataria.
Diante de tantos casos envolvendo empresas sediadas no Paraguai, a CPI da pirataria fará uma Indicação ao Ministério das Relações Exteriores no sentido de alertar as autoridades daquele país, quanto ao possível envolvimento de tais empresas com atividades ilegais junto ao comércio exterior.
A CPI sugerirá também ao Ministério da Educação que insira Direitos Autorais como cadeira obrigatória nos cursos jurídicos.

CPI do Tráfico de Armas

E claro que não podia deixar de fora o relatório da CPI que participei como especialista convidado

O link está aqui

CPI da Tráfego aéreo

Agora coloco a disposição o relatório final da CPI do tráfego aéreo.

Depois eu comento em um tópico posterior

O link está aqui.

CPI das Escutas Ilegais

Agora resolvi postar o link para o relatório final da CPI das escutas ilegais.

Depois vou fazer a análise.

E aqui está o link.

CPI da Pirataria

Agora resolvi postar um serviço de utilidade pública: links para os relatórios finais de diversas comissões parlamentares de inquérito.

Pensei muito a respeito e cheguei a conclusão que mais uma vez as informações não circulam.

Como em outros casos, a maioria das pessoas nunca chega a ver a termo o final de uma investigação e seus resultados. Agora vou começar a postar estes resultados para análise posterior.

Então para começar segue o relatória da CPI da Pirataria.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Um ponto sobre análise estatística

Quando vamos analisar alguma coisa temos sempre de escolher as variáveis que estamos analisando. Essencialmente isto é um caso de escolher os parâmetros de entrada do problema.

Claro que temos de ter os parâmetros de saída também.

Mas então quando escolhemos os parâmetros de entrada existe um problema intrínseco que precisa ser resolvido antes de fazer qualquer análise: a análise faz mais sentido se escolhermos variáveis independentes.

De modo simples podemos exemplificar com um caso de interesse particular: violência. Mais especificamente violência na forma de roubos. Como analisar isto?

Primeiro temos de ter a variável de saída: neste caso pode ser o número de roubos total ou o número de roubos per capita (ou por 100.000 pessoas).

E agora é a questão de definir as variáveis de entrada. Quais são?

Podemos pensar em: pobreza, desigualdade, desemprego, número de ex-presidiários, etc...

A questão é que pobreza, desigualdade e desemprego NÃO são variáveis independentes. Ou seja a priori fica difícil estimar o efeito separado de cada um destes fatores dado que eles estao relacionados.

Aí entra em cena a matriz covariância. O conhecimento desta permite que se desacoplem os efeitos individuais de cada um destes elementos. Desta forma é possível estimar de modo relativamente preciso o efeito de cada um destes elementos na variável de saída.

Este tipo de análise se baseia em muito na linearização de um função. A série de Taylor permite a representação de um sistema multi-variável sob condições específicas.

Essencialmente em primeira aproximação:

F(x,y,z) = F(0,0,0)+A1*x+B1*y+C1*z

Em uma segunda aproximação:

F(x,y,z) = F(0,0,0) + A1*x + B1*y + C1*z + A2*x^2 + B2*y^2 + C2*z^2 + D2*x*y + E2*x*z + F2*y*z

Se o sistema for relativamente bem comportado podemos até calcular os valores esperados dadas variações de certos parâmetros.

Para um problema como o número de roubos há dois passos para se tomar na direção de sua solução:

Passo 1: Identificar as variáveis de entrada mais significativas - são estas variáveis que irão ter mais efeito na solução do problema. Se a variável x tem um efeito de 50% no resultado e y tem um efeito de 5%, então x é variável a ser controlada.

Passo 2: Identificar as políticas que tem mais efeito nas variáveis a serem controladas. O que tem mais efeito na diminuição da variável x? Em outras palavras: x é composta de que outros elementos?

Este é o caminho racional para solução de problemas usando uma abordagem estatística

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Como generalizar a UT para diversos pontos?

Pensando na Transformada da Incerteza, fiquei imaginando sobre a questão de múltiplas variáveis.

O problema é que se temos n variáveis aleatórias, então teremos um número razoável de testes para fazer.

Usando a UT de primeira ordem temos 2^n

Usando a UT de segunda ordem temos 3^n

Mas o que acontece quando existe alguma correlação entre as variáveis? Neste caso, temos a chamada matriz de covariância que deve ser utilizada neste caso.

A minha idéia é utilizar a matriz de covariância para representar o relacionamento entre todos as variáveis aleatórias. Vamos dizer que temos 100 variáveis aleatórias. Isto resulta em uma matriz covariância 100 por 100.

O que penso é tentar reduzir esta matriz covariância a um número menor de variáveis. Penso em utilizar alguma espécie de redução de ordem para se chegar a isto. Se todas as variáveis forem independentes isto não é factível, mas se existir uma correlação alta entre as mais próximas então talvez seja factível reduzir a ordem do modelo.

Mas isto merece investigação adicional

terça-feira, 21 de julho de 2009

Acidentes de Trabalho

Após ouvir muitas estórias propaladas por diversas fontes resolvi tentar separar o joio do trigo com relação a acidentes do trabalho em telecomunicações. Os dados estão aqui e são de 2007.

Atividades de rádio (código CNAE 601)

Incidência de acidentes de trabalho: 0.406%
Incidências de doenças ocupacionais: 0.0301%
Incidências de acidentes típicos: 0.127%
Incidência de incapacidade temporária: 0.393%
Taxa de Mortalidade*: Nada
Taxa de Letalidade: Nada
Acidentalidade na faixa de 16 a 34 anos: 34.35%

Atividades de televisão aberta (código CNAE 6021)

Incidência de acidentes de trabalho: 1.485%
Incidências de doenças ocupacionais: 0.076%
Incidências de acidentes típicos: 0.965%
Incidência de incapacidade temporária: 1.247%
Taxa de Mortalidade*: 0.01319%
Taxa de Letalidade: 0.888%
Acidentalidade na faixa de 16 a 34 anos: 40.67%

Atividades de televisão por assinatura (código CNAE 6022)

Incidência de acidentes de trabalho: 2.159%
Incidências de doenças ocupacionais: Nada
Incidências de acidentes típicos: 0.919%
Incidência de incapacidade temporária: 2.031%
Taxa de Mortalidade*: 0.04276%
Taxa de Letalidade: 1.98%
Acidentalidade na faixa de 16 a 34 anos: 70.30%

Atividades de Telecomunicações com Fio (código CNAE 6110)

Incidência de acidentes de trabalho: 1.392%
Incidências de doenças ocupacionais: 0.189%
Incidências de acidentes típicos: 0.633%
Incidência de incapacidade temporária: 1.273%
Taxa de Mortalidade*: 0.0111%
Taxa de Letalidade: 0.798%
Acidentalidade na faixa de 16 a 34 anos: 45.48%

Atividades de Telecomunicações sem Fio (código CNAE 6120)

Incidência de acidentes de trabalho: 1.026%
Incidências de doenças ocupacionais: 0.131%
Incidências de acidentes típicos: 0.323%
Incidência de incapacidade temporária: 1.00%
Taxa de Mortalidade*: 0.0033%
Taxa de Letalidade: 0.318%
Acidentalidade na faixa de 16 a 34 anos: 65.92%

Atividades de Telecomunicações por Satélite (código CNAE 6130)

Incidência de acidentes de trabalho: 0.623%
Incidências de doenças ocupacionais: 0.044%
Incidências de acidentes típicos: 0.311%
Incidência de incapacidade temporária: 0.578%
Taxa de Mortalidade*: Nada
Taxa de Letalidade: Nada
Acidentalidade na faixa de 16 a 34 anos: 65.92%

Brasil - geral

Incidência de acidentes de trabalho: 2.199%
Incidências de doenças ocupacionais: 0.07%
Incidências de acidentes típicos: 1.397%
Incidência de incapacidade temporária: 1.955%
Taxa de Mortalidade*: 0.00944%
Taxa de Letalidade: 0.429%
Acidentalidade na faixa de 16 a 34 anos: 54.94%

A taxa de letalidade é um bom indicador da gravidade do acidente (de cada X acidentes, Y são fatais) enquanto a taxa de mortalidade é uma medida da probabilidade de acidente fatal (X% da população naquela atividade).

Mas o interessante é verificar a questão de doenças do trabalho no Brasil:

Atividades de Rádio: 8 (2006) e 10 (2007)
Atividades de Televisão Aberta: 43 (2006) e 29 (2007)
Atividades de Televisão por Assinatura: 13 (2006) e Nada (2007)
Atividades de Telecomunicação com Fio: 97 (2006) e 51 (2007)
Atividades de Telecomunicações sem fio: 59 (2006) e 40 (2007)
Atividades de Telecomunicações por satélite: 1 (2006) e 1 (2007)

Então o que isto quer dizer? Aparentemente a incidência de doenças do trabalho é mais ou menos a mesma em atividades que envolvem transmissão com fio e sem fio.

Ainda mais sobre o paradoxo

Eu testei o valor esperado para diversas densidades de probabilidade.

Pelo que vi o valor esperado da utilidade e o desvio são essencialmente os mesmo DESDE que a pdf tenha média igual a 30 bolas e o skew seja zero.

Se este não for o caso temos que um resultado diferente. Pelo que vi, o skew negativo implica em um valor esperado menor do que 30 bolas. E um positivo implica em um valor esperado maior que 30 bolas.

Então o problema é o desconhecimento da função densidade de probabilidade e a suposição intrínseca que a mesma terá comportamento "ruim" para os resultados.

Acho que o problema é então supor que não é mais ou menos a mesma coisa, mas sim algo radicalmente diferente.

Isto é racional? Provavelmente...

Uma coisa interessante sobre o Paradoxo de Ellsberg

É que podemos utilizar a UT para descobrirmos mais sobre ele.

Vamos supor que a distribuição de bolas pretas seja uniforme entre 0 e 60 (média 30)

Os pontos da UT são: 6.75 bolas, 30 bolas e 53.25 bolas. As probabilidades associadas a estes pontos em 60 bolas são:

6.75 bolas - 0.11
30 bolas - 0.5
53.25 bolas - 0.89

Já em 90 bolas temos:

6.75 bolas - 0.08
30 bolas - 0.33
53.25 bolas - 0.59

Agora podemos calcular a utilidade esperada para os três casos

U1=0.92*0+0.08*1 - peso 0.278
U2=0.67*0+0.33*1 - peso 0.444
U3=0.41*0+0.59*1 - peso 0.278

Somando temos a utilidade esperada de 0.33 (igual a da aposta 1). Mas também podemos calcular o desvio da utilidade. Este no caso é 0.47


Já na Aposta 1 temos a utilidade

U=1/3*1+2/3*0 = 1/3

E o desvio de 0.47

Então apesar da Aposta 1 e Aposta 2 terem a mesma utilidade e o mesmo desvio.

Então o que será que leva as pessoas a preferirem a Aposta 2 ao invés da 1?

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Paradoxo de Ellsberg

Li a pouco no wikipedia um texto sobre o paradoxo de Ellsberg.

Fiquei bastante interessado pois do ponto de vista de probabilidades há diversos conceitos interessantes no meio.

Essencialmente o paradoxo mostra que há situações aonde a escolha das pessoas viola a hipótese da utilidade esperada. Em termos simples ele descreve a seguinte situação:

Imagine uma urna com 30 bolas vermelhas e 60 bolas pretas ou amarelas. Não sabemos ao certo o número de bolas amarelas ou pretas, apenas que a soma das duas resulta em 60.

Então ele propõe quatro situações ao retirar uma bola de dentro da urna:

Aposta 1: Você recebe R$ 100,00 se a bola for vermelha
Aposta 2: Você recebe R$ 100,00 se a bola for preta
Aposta 3: Você recebe R$ 100,00 se a bola for vermelha ou amarela
Aposta 4: Você recebe R$ 100,00 se a bola for preta ou amarela

Então ele pergunta, na Aposta 1 versus Apostas 2 qual das duas você escolhe. Ok e na Aposta 3 versus Aposta 4 qual das duas você escolhe?

Se olharmos do ponto de vista lógico, a escolha da aposta 1 implica que o jogador acredita que há mais bolas vermelhas do que pretas. Por conseguinte, há mais bolas amarelas do que pretas. Logicamente, a Aposta 3 parece ser a escolha razoável (pois a chance de ser tirar uma bola preta é menor que a chance que se tirar bolas vermelhas ou amarelas, se o jogador acredita que há mais bolas vermelhas do que pretas).

Já se o jogador escolhe a Aposta 2, isto implica na crença que o número de bolas pretas é maior que o de vermelhas. Por conseguinte, a escolha lógica é a Aposta 4.

Portanto, seguindo a lógica quem escolhe a Aposta 1 deveria escolher a Aposta 3 e quem escolhe a Aposta 2 deveria escolher a Aposta 4.

Mas não é isto que acontece...

Vamos supor que a utilidade esperada de R$ 100,00 seja 1 e a de 0 seja 0. Estatisticamente o que acontece é o seguinte:

Aposta 1: probabilidade de sair vermelha = 1/3. Então:

U_Aposta 1= 1/3*1 +2/3*0 = 1/3

Aposta 2: probabilidade de sair preta é algo entre 0 e 2/3. Neste caso a utilidade esperada de R$ 100,00 pode ser:

U_Aposta 2 = 1/3*0+2/3*1 = 2/3 (caso só hajam bolas pretas)
U_Aposta 2 = 2/3*0+1/3*1 = 1/3 (caso hajam números iguais de bolas pretas e amarelas)
U_Aposta 2 = 1*0+0*1 = 0 (caso só hajam bolas amarelas)

Então a utilidade esperada vai depender de como acreditamos que as bolas amarelas e pretas estão distribuídas. Se forem igualmente distribuídas então as utilidades são iguais nas Apostas 1 e 2 (e a chance de perder é a mesma nos dois casos e igual a 2/3).

U_Aposta 3 = 1/3*1+0*1+2/3*0 = 1/3 (caso só hajam bolas pretas)
U_Aposta 3 = 1/3*1+1/3*1+1/3*0 = 2/3 (caso hajam números iguais de bolas pretas e amarelas)
U_Aposta 3 = 1/3*1+2/3*1+0*0 = 1 (caso só hajam bolas amarelas)

E por fim:

U_Aposta 4 =1/3*0+2/3*1 = 2/3

Vamos considerar as situações:

Escolho Aposta 1 e saí uma bola vermelha - ganho.
Escolho Aposta 1 e saí uma bola preta - perco.
Escolho Aposta 1 e saí uma bola amarela - perco.

Escolho Aposta 2 e saí uma bola vermelha - perco.
Escolho Aposta 2 e saí uma bola preta - ganho.
Escolho Aposta 2 e saí uma bola amarela - perco.

Escolho Aposta 3 e saí uma bola vermelha - ganho.
Escolho Aposta 3 e saí uma bola preta - perco.
Escolho Aposta 3 e saí uma bola amarela - ganho.

Escolho Aposta 4 e saí uma bola vermelha - perco.
Escolho Aposta 4 e saí uma bola preta - ganho.
Escolho Aposta 4 e saí uma bola amarela - ganho.

Olhando assim parece que todas probabilidades são bem definidas. Mas enquanto a probabilidade de sair preto ou amarelo é bem definida (2/3), a probabilidade de sair apenas amarelo é desconhecida. Por exemplo se não existirem bolas amarelas então:

Escolho Aposta 1 e saí uma bola vermelha - ganho.
Escolho Aposta 1 e saí uma bola preta - perco.
Escolho Aposta 1 e saí uma bola amarela - impossível.

Escolho Aposta 2 e saí uma bola vermelha - perco.
Escolho Aposta 2 e saí uma bola preta - ganho.
Escolho Aposta 2 e saí uma bola amarela - impossível.

Escolho Aposta 3 e saí uma bola vermelha - ganho.
Escolho Aposta 3 e saí uma bola preta - perco.
Escolho Aposta 3 e saí uma bola amarela - impossível.

Escolho Aposta 4 e saí uma bola vermelha - perco.
Escolho Aposta 4 e saí uma bola preta - ganho.
Escolho Aposta 4 e saí uma bola amarela - impossível.

Já se não existirem bolas pretas

Escolho Aposta 1 e saí uma bola vermelha - ganho.
Escolho Aposta 1 e saí uma bola preta - impossível.
Escolho Aposta 1 e saí uma bola amarela - perco.

Escolho Aposta 2 e saí uma bola vermelha - perco.
Escolho Aposta 2 e saí uma bola preta - impossível.
Escolho Aposta 2 e saí uma bola amarela - perco.

Escolho Aposta 3 e saí uma bola vermelha - ganho.
Escolho Aposta 3 e saí uma bola preta - impossível.
Escolho Aposta 3 e saí uma bola amarela - ganho.

Escolho Aposta 4 e saí uma bola vermelha - perco.
Escolho Aposta 4 e saí uma bola preta - impossível.
Escolho Aposta 4 e saí uma bola amarela - ganho.

O que parece acontecer é que em geral as pessoas parecem preferir situações aonde o risco é mais ou menos conhecido.

sábado, 18 de julho de 2009

Coleção TAG Crowd Finatec

Após pegar algumas reportagens sobre a Finatec resolvi usar o TAG-Crowd para ver as palavras mais frequentes. As fontes são essencialmente reportagens do Terra.




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terça-feira, 14 de julho de 2009

Quão provável é...

conhecer um entrevistado do IBOPE?

É muito pouco provável se é apenas uma entrevista. Mas existem alguns dados que podem explicar algumas probabilidades interessantes.

No Correio Brasiliense de hoje reporta-se que de janeiro até agora foram aplicadas 17 mil multas por falta de uso do cinto de segurança.

O que isto quer dizer em termos de probabilidade? Ou em outros termos qual é a probabilidade de você conhecer alguém que tenha recebido multa por não usar o cinto?

Bem, vamos arredondar os números e fazer algumas simplificações.

Se temos 20 mil multas em uma população de 1 milhão de veículos, a probabilidade que você encontre 1 veículo que recebeu multa (considerando que não há casos repetidos) é 0.02 ou 2%.

Agora temos de ver a probabilidade que você conheça alguém que já teve este tipo de multa. Se você conhece X pessoas com carro (donas do carro), temos que a probabilidade de você não conhecer NINGUÉM que levou este tipo de multa é:

X=1
(1-0.02) = 0.98
X=10
(1-0.02)^10 = 0.8171
X=20
(1-0.02)^20 = 0.6676
X=30
(1-0.02)^30 = 0.5455
X=40
(1-0.02)^40 = 0.4457
X=50
(1-0.02)^40 = 0.3642
X=60
(1-0.02)^60=0.2976
X=70
(1-0.02)^70=0.2431
X=80
(1-0.02)^80=0.1986
X=90
(1-0.02)^90=0.1623
X=100
(1-0.02)^100=0.1326

Fica claro que a medida que se conhece mais e mais pessoas a probabilidade de se conhecer alguém vai gradativamente aumentando - mas não de modo linear.

Mas mais interessantes ainda é quando se considera que a população não é homogênea. Vamos imaginar que dos 20 mil, cerca de 50% destas multas é de reincidentes. Isto quer dizer que na realidade teremos 6.7 mil serão reincidentes e 6.7 não. Aí a probabilidade de se conhecer caí para
0.0133 (ou 1.3%). Dái a probabilidade de se não conhecer alguém em X=10 passa a ser 0.2621.

Agora vamos considerar um caso extremo. A tem 1 multa A/2 tem duas multas, A/4 tem 3 multas, A/8 tem 4 multas, A/16 tem 5 multas e assim por diante, logo:

A+2*A/2+3*A/4+4*A/8+5*A/16+...

Em termos práticos temos:

A*(1+2/2+3/4+4/8+5/16+...) = soma de n/2^(n-1) = 4

Portanto A= 5 mil pessoas.

Neste caso a probabilidade para X=100 é 0.6058 e para X=50 é 0.7783

Claro que estes números irão depender do percentual de reincidentes. Mas o número total de motoristas multados é algo mesmo entre 5 mil e 20 mil.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

A questão da responsabilidade

Vou de vez em quando no blog do colega e blogueiro Marcelo Hermes (Ciência Brasil). Infelizmente não tenho realizado muitos comentários por lá.

E claro, o Marcelo é muito mais prolífico em termos de blogs do que eu. Mas o ponto que desejo fazer outro é outro.

Quando decidi fazer um blog, tive como exemplo o blog já de grande sucesso do Marcelo. E o mais importante: cada blogueiro de um modo ou de outro toma responsabilidade pelo que escreve. E claro que estamos todos sujeitos aos comentários dos leitores (bem no meu caso é um pouco diferente pois o que escrevo no blog é muito mais o que passa na minha mente do que algo mais direcionado - e portanto creio que os meus leitores são muito poucos - não que realmente me incomode).

Mas de fato assumimos responsabilidade sobre o que escrevemos por aqui. E mesmo podendo futuramente editar ou mesmo apagar alguma postagem, existe sempre a possibilidade de alguém imprimir ou guardar em disco o que foi escrito.

No entanto, existem muitas pessoas que só fazem comentários enquanto forem anônimos. Porque?

A resposta mais óbvia é o medo de perseguição. Mas e quando isto não existe, ou seja quando as pessoas que supostamente são anônimas estão em posição de perseguir e não serem perseguidas?

Neste caso, a coisa se complica. O interesse é poder atacar sem ser atacado ou identificado. E assim não existe compromisso com a verdade ou qualquer coisa que valha.

Então neste ponto ficamos com um problema: se os comentários anônimos podem ser mentirosos ou caluniosos pois os que escreveram acreditam que não podem ser identificados a eles, então como confiar no que escrevem?

Resposta: não dá para confiar.

Mas o mais interessante é o seguinte: quem disse que os comentários são realmente secretos? Quando uma pessoa posta muito eventualmente em um blog então fica difícil identificar traços da escrita. Mas quando uma pessoa posta repetidamente?

Ah, existe a possibilidade de identificação de padrões ortográficos. E aí a coisa complica...

Querem ver? Dêem uma passada neste site.

Vou usar isto neste texto do blog. Resultado?



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sábado, 11 de julho de 2009

Terminei "O Capital"

Finalmente, depois de quase 8 meses eu finalmente finalizei a aventura da leitura de "O Capital".

Posso dizer que não foi fácil, pois havia momentos que o texto parecia propositalmente confuso.

Mas de qualquer modo foi muito esclarecedor.

Alguns dos pontos mais interessantes são a notável presença tímida de assuntos como: comunismo, materialismo científico, dialética e classes sociais.

Aliás posso sumarizar algumas coisas importantes para vocês:

1) As classes sociais descritas em "O Capital" são: trabalhadores, capitalistas e proprietários de terras.

2) O capitalismo é definido no livro por duas características: que toda mercadoria é capital (trabalho inclusive) e pela existência da mais valia (que parece forçada)

3) A frase:

"Os donos do capital vão estimular a classe trabalhadora a comprar bens caros, casas e tecnologia, fazendo-os dever cada vez mais, até que se torne insuportável. O débito não pago levará os bancos falência, que terão que ser nacionalizados pelo Estado".

não está escrita em lugar algum de "O Capital".

4) O Estado é mencionado muito timidamente no livro, não ocupando realmente nenhum destaque importante (o que me surpreendeu).

Quando lembrar de mais eu vou adicionando

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Choque Elétrico

O choque é um ponto que costumo visitar quando estou ministrando aulas de eletromagnetismo. No entanto, devo dizer que sempre me preocupei muito pouco com a parte dinâmica do processo. E depois de pensar um pouco a respeito, devo dizer que considero esta lacuna um erro.

Eu explico.

Quando estudamos o choque elétrico, temos essencialmente a parte estática do problema em consideração. Essencialmente, temos um capacitor que armazena carga e devido ao surgimento de um caminho de corrente, este capacitor passa a descarregar. Temos então o choque.

Mas o problema tem mais sutilezas. Por exemplo, corpos isolados correspondem ao equivalente de um capacitor. E quando temos tensões e correntes variando no tempo surge uma corrente de deslocamento.

No caso a capacitância de um corpo humano está na faixa de 100 a 400 pF. A resistência está na faixa de 1000 a 3000 Ohms. Portanto a constante de tempo deste sistema é por volta de 1 a 12 microsegundos.

Se considerarmos 5 vezes a constante de tempo como o tempo de descarga temos algo entre 5 e 60 microsegundos.

Em 60 Hz, esta capacitância corresponde a uma impedância entre 7 e 28 Mega Ohms.

Esta capacitância está em série com uma resistência. Mas a que se conecta este circuito? Quando estamos em contato com algo podemos representar este contato por uma resistência (ou mesmo uma capacitância - quando estamos próximos).

E esta capacitância é que irá ditar essencialmente como é que as correntes irão se comportar. Imagino que uma pessoa com os pés no chão e a mão na parede possa ser considerada como um circuito fechado - mas ainda não está claro em minha mente se o circuito é fechado por resistores ou capacitores.

Em geral, um sistema com capacitores e resistores em série irá descarregar como:

V(t)=V0*exp(-t/RC)

Como a corrente no capacitor é:

i=C*dV/dt então a corrente será i =-V0/R*exp(-t/RC)

O que quer dizer que o valor inicial da corrente será tão elevado quanto menor for o valor da resistência. Então posso imaginar que o contato talvez apenas inclua capacitâncias em série. E só a resistência do corpo é que irá definir a corrente máxima que atravessa o corpo.

Mas como levar em conta o efeito por exemplo de pele molhada?

Neste caso é melhor colocar um resistor em paralelo com o capacitor. Este resistor será dependente da umidade. Baixa umidade e seu valor será altíssimo, aumenta a umidade e seu valor será baixo.

Observando a questão da resistência equivalente, este resistor controlado pela umidade estará em paralelo com o resistor do corpo. Assim em baixas umidades, o resistor do corpo domina o problema. Em alta umidade o outro resistor domina o problema.

Isto faz sentido...

sexta-feira, 3 de julho de 2009

O papel da gastança e da poupança

Um dos pontos que acho mais curioso no capitalismo é o equilíbrio delicado entre a poupança e a gastança.

O sistema se baseia em produção e consumo. Mas ao mesmo tempo é necessário a existência da poupança para poder alavancar a produção.

O excesso de poupança pode desestimular o aumento da produção - essencialmente poupança é o acúmulo de meios de circulação para uso futuro. E dentro do sistema este acúmulo, se o poupador não guardar no colchão, é que irá permitir o surgimento de novas empresas e o crescimento destas e de outras.

Mas ao mesmo tempo este acúmulo significa que transações no mercado deixaram de ser realizadas e os meios de circulação em questão não serão usados para fomentar trocas (produtos por meios de circulação).

Assim temos que ao mesmo tempo que a poupança é desejável, a gastança também é desejável. O equilíbrio entre estes dois elementos me faz pensar se ambos não tem uma participação nas chamadas crises do sistema capitalista.

E estas crises são em última análise frutos de desacertos na precificação de bens e o valor que os mesmos realmente possuem.

Não podemos esquecer que o valor do produto só é determinado na ocasião da sua troca.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Argumentos e Contra argumentos

Estou fugindo um pouco do tradicional aqui no blog. É que na UnB está em discussão o recredenciamento da Finatec. E o problema é que a ideologia está comendo solta nos debates.

Mas meu post não é para defender ou acusar a Finatec. Longe disto...

O meu interesse é mostrar em alguns exemplos de manipulação ideológica.

Alguns exemplos:

"a reunião foi ocupada por uma questão preliminar levantada logo na primeira intervenção: poderiam os dirigentes e conselheiros da FINATEC que são também conselheiros do CAD tomar parte na deliberação sobre um assunto de seu interesse privado e direto?"

Este exemplo foi retirado de um e-mail para lista dos professores da UnB filiados a Adunb.

Bem, se são conselheiros regularmente apontados porque não? Existe alguma regra que previna isto? Se existir isto só vale para conselheiros da Finatec ou vale também para outros professores que futuramente se encontrem nesta situação? Aliás, se eles estão representando de acordo a comunidade então o voto deles será contrário ao que a comunidade deseja?

O que se usa nesta sentença é o que chamo de inversão: a pressuposição que os participantes em questão tomarão a posição que beneficia uma parte sem que esta posição seja legitimada pela comunidade. Em outras palavras: que a decisão será tomada em causa própria.

Bem, na realidade este tipo de manobra é bem antigo: elimine a oposição. No caso, não se trata de eliminar a oposição que impedirá o recredencimento. Mas apenas eliminar a oposição ao recredenciamento nos termos que a mesa diretora quer.

O triste é que se usa uma argumentação predominantemente preconceituosa sem levar em consideração as ramificações que esta ação pode resultar.

E aí é que a porca torce o rabo. Este precedente, baseado unicamente em uma decisão de caráter transitório, cria uma situação que não desaparecerá tão cedo.

Membros da universidade com assento em outros tipos de conselho poderão ser impedidos de participar das instâncias decisórias se a posição destes conselhos for polarizada de um modo ou de outro.

É uma caixinha de Pandora

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Baterias e Respostas

A modelagem da bateria me mostrou alguns detalhes que eu sempre tive dúvidas a respeito.

Em primeiro lugar, uma bateria terá sua resposta determinada pela carga que se conecta a ela. Se a resistência da carga for elevada - ou seja a carga demanda pouca corrente - então a bateria será capaz de fornecer tensão constante por mais tempo.

Em segundo lugar, para intervalos de tempo não muito longos a bateria pode ser modelada sem problemas pelo seu equivalente linear de Thevenin. Isto, naturalmente no periodo de descarga. O período de recarga pode demandar um modelo mais sofisticado.

A resistência interna do modelo de Thevenin é complicada de ser medida usando cargas pequenas. Então o modo mais simples é mesmo usando cargas elevadas:

V1=RL/(RL+Rs)*Vs = 1/(1+Rs/RL)*Vs

Se dobrarmos a carga teremos outro V que será:

V2= Vs/(1-Rs/(2*RL)))

Dividindo V2 por V1 temos: (1+Rs/RL)/(1+Rs/(2*RL)) logo,

Rs=2*RL*(V2/V1-1)/(2-V2/V1)

E isto resulta em uma cálculo razoável da resistência interna. Na medição devemos ter que V2 é muito próximo de V1 (certamente um pouco maior).

E se Rs for mesmo muito menor que RL (pelo menos 10 vezes menor), então podemos considerar que a tensão da bateria é mesmo a tensão de circuito aberto