sexta-feira, 29 de julho de 2011

Cyrus Harding (Smith?): Um engenheiro de ficção


Estou lendo uma coleção de Júlio Verne no Kindle. Já Li Vinte Mil Léguas Submarinas, Viagem ao Centro da Terra, A Volta ao Mundo em 80 dias e agora estou lendo A Ilha Misteriosa.

Uma coisa que posso dizer é que minha percepção a respeito dos livros foi bastante alterada devido aos filmes. Vinte Mil Léguas e Viagem ao Centro da Terra são substancialmente diferentes em espírito e forma dos filmes que foram realizados baseados nas idéias dos livros. Um exemplo: o episódio da Lula Gigante no filme é bem menos importante no livro. Aliás, a preocupação em classificar, relatar e até mesmo comer o que encontravam tornam o livro do Nautilus bem diferente do que se imagina no filme.

O que me traz ao livro que estou lendo. Ainda estou longe de terminar (só li cerca de 1/3 do livro), mas estou vivamente impressionado com um dos personagens: o engenheiro Cyrus Harding. Esse camarada faz o MacGyver parecer um aprendiz.

No livro ele é um engenheiro de ferrovias que, me conjunto com diversos amigos, arquiteta uma fuga audaciosa de Richmond em um balão. Vou colocar a descrição no livro em inglês:
That same year, in the month of February, 1865, in one of the coups de
main by which General Grant attempted, though in vain, to possess himself
of Richmond, several of his officers fell into the power of the enemy and
were detained in the town. One of the most distinguished was Captain Cyrus
Harding. He was a native of Massachusetts, a first-class engineer, to whom
the government had confided, during the war, the direction of the railways,
which were so important at that time. A true Northerner, thin, bony, lean,
about forty-five years of age; his close-cut hair and his beard, of which
he only kept a thick mustache, were already getting gray. He had one-of
those finely-developed heads which appear made to be struck on a medal,
piercing eyes, a serious mouth, the physiognomy of a clever man of the
military school. He was one of those engineers who began by handling the
hammer and pickaxe, like generals who first act as common soldiers. Besides
mental power, he also possessed great manual dexterity. His muscles
exhibited remarkable proofs of tenacity. A man of action as well as a man
of thought, all he did was without effort to one of his vigorous and
sanguine temperament. Learned, clear-headed, and practical, he fulfilled in
all emergencies those three conditions which united ought to insure human
success--activity of mind and body, impetuous wishes, and powerful will. He
might have taken for his motto that of William of Orange in the 17th
century: "I can undertake and persevere even without hope of success."
Cyrus Harding was courage personified. He had been in all the battles of
that war. After having begun as a volunteer at Illinois, under Ulysses
Grant, he fought at Paducah, Belmont, Pittsburg Landing, at the siege of
Corinth, Port Gibson, Black River, Chattanooga, the Wilderness, on the
Potomac, everywhere and valiantly, a soldier worthy of the general who
said, "I never count my dead!" And hundreds of times Captain Harding had
almost been among those who were not counted by the terrible Grant; but in
these combats where he never spared himself, fortune favored him till the
moment when he was wounded and taken prisoner on the field of battle near
Richmond. 
Bem, até o ponto que li o livro Cyrus Harding sem ter nenhuma das aparelhagens tão comuns à nossa civilização já fez fogo, um forno para cerâmica, forjou ferro e aço, fez nitroglicerina e ainda descobriu a localização da ilha.

Talvez esse seja o papel do engenheiro na imaginação popular. Até eu fiquei impressionado.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Da Rádio Corredor para Imprensa

Veja publicou mais uma reportagem sobre a UnB. Já falei sobre outras reportagens da Veja antes.

Eu posso falar que a UnB também publicou uma nota, a planalto publicou uma nota e a Adunb publicou uma nota. E até o procurador também publicou um artigo.

Eu não vou comentar sobre a veracidade do assunto. Vou apenas dizer que há consenso na seguinte informação: Tanto a reitoria, quanto a Planalto, quanto a Veja convergem no ponto que o fiscal do contrato poderia estar pedindo propinas para liberar notificações e multas aplicadas pela universidade. A reitoria diz que a planalto informou isso, a planalto diz que informou isso a reitoria e a Veja disse que a planalto informou isso a reitoria.

O funcionário realmente pediu propina? Não sei, cabe aos órgãos competentes investigar.

Mas o ponto do artigo é outro. Há na nota da Adunb uma frase que gostaria de destacar: Essas denúncias já estavam sendo vinculadas pela 'rádio corredor' na UnB. Embora alguns optassem por classificá-las como mera fofoca, 

Rádio Corredor. Esta denominação é antiga na UnB e já vi ser usada por diversas pessoas. Se procurar no Google um dos primeiros resultados já fala sobre ela.

Essencialmente a rádio corredor é aonde a intriga, fofoca e algumas verdades circulam. O que é intriga, o que é fofoca e o que é verdade? Aí é mais difícil fazer esta distinção. A rádio corredor poderia ser um fascinante tema de pesquisa social, quem sabe alguém se habilita?

Quando a informação da rádio corredor chega a imprensa é porque algo aconteceu. Via de regra, como é da natureza da intriga e da fofoca, muito pouco pode ser realmente provado ou verificado. Então quando a informação transborda da rádio corredor é porque algo mais aconteceu.

Percebam que isto não quer dizer que a informação alardeada seja verdade, mas que algo mudou a ponto desta informação passar do círculo da intriga para o círculo da acusação. Em geral, alguém se sentiu pressionado, prejudicado, ou algo assim e resolver colocar a boca no trombone...

Mas, isto já aconteceu antes na UnB.

Progressão continuada?

Hoje no Correio Brasiliense saiu uma matéria na página de opinião sobre Progressão Continuada. Infelizmente não tenho os links para mostrar o texto.

O fato é que enquanto há um germe de verdade na questão da não reprovação e diminuição das taxas de abandono. O germe de verdade é que é contraproducente exigir a repetição de todo um conjunto de disciplinas baseado no mau desempenho em um subconjunto pequeno (o que é "pequeno" ainda é questão de debate).

Ao mesmo tempo, existem disciplinas que realmente precisam ser completadas a contento para contribuir para um aprendizado completo.

E aí cabe logo dizer o tamanho do problema: as disciplinas que "atravacam o pogresso dessepaiz" são Português e Matemática. O grosso dos problemas de reprovação se concentra nestas duas (bem isto no geral, porque para graus específicos aí também entram Física e Química).

As demais não são realmente a raiz do problema.

Então se for para maquiar números basta deixar estas duas disciplinas sem provas.

Se for para resolver o problema, então a solução é outra.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Faltou ler a letrinha miúda


Leio na internet sobre o Plantbook. Belíssimo e totalmente imaginário... Pena que a maioria das pessoas que reportaram a notícia não entendeu a parte do "totalmente imaginário". Felizmente pelo menos uma das fontes que encontrei percebeu isto.

Suspeito que o Plantbook atual é aquilo que as páginas da internet mostram: figuras criadas por softwares de edição gráfica.

Vamos ao caso em questão:
The designers explain, “The system uses an external water tank, hence the Plantbook continuously absorbs water when soaking it in water and generates electrolysis using power stored in a solar heat plate installed on the top. In this process, it is operated using hydrogen as energy source and discharges oxygen. If you put it into a water bottle while you don’t use the laptop, it automatically charges a battery and discharges oxygen. A leaf-shaped strap hanging on the top is made with silicon. It plays a role of a hand ring and a green LED indicates when the battery is charged. Using this LED, users can check how much spare capacity the batter has.”
Então vamos agora quebrar o problema em partes.
  1. O tanque absorve água continuamente (é possível, mas há limitações quanto a isto).
  2. O sistema realiza eletrólise usando energia armazenada em uma placa solar de aquecimento (isto já não só não é possível, como também não é eficiente (pelos dados que encontrei é algo entre 30% e 50%)). Para que haja eletrólise é necessária uma fonte elétrica, então imagino que o calor da placa solar é convertido em energia elétrica de alguma forma.  E claro a eletrólise consome energia e não fornece energia. O que a eletrólise fornece são os gases dissociados hidrogênio e oxigênio.
Então de onde vem a energia que irá carregar o computador? Francamente eu não sei... Mas um bando de gente parece que entendeu, gostaria que me explicassem.

Aliás: você pode fazer umas perguntinhas malvadas, se quiser...
- De onde vem a energia para carregar o computador?
- De onde vem a energia para fazer a eletrólise?
- A eletrólise serve para que neste caso?

*Post Scriptum

No entanto há realmente um carregador que funciona com água. Mas notem que ele usa uma célula de combustível baseada em membrana para troca de prótons.

Powertrekk - How it works from PowerTrekk on Vimeo.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Sensacionalismo de boteco

Li hoje no Correio Brasiliense: Polícia Mata uma Pessoa a Cada Cinco Horas. Que horror! Isso é um absurdo, não?

Ehhh... não. O ano tem 365 dias e cada dia tem 24 horas. Isto dá um total de 8760 horas. Uma pessoa a cada cinco horas é isso dividido por 5, o que dá 1752 pessoas por ano (na realidade, o número apresentado na matéria é 1693).

Parece muito? Bom, o Brasil tem 46660 homicídios por ano. Então 1752 homicídios causados por policiais corresponde a 3.76% do total. Vamos arredondar para 4%. Isto quer dizer que 96% dos homicídios não são cometidos por policiais.

O impacto fica bem menor assim, não?

O efeito que esta manchete causa se vale de uma característica bem humana: dependendo de como a informação é apresentada, as respostas emocionais são diferentes. Por exemplo, o número que eu utilizei como de homicídios totais é de 2006-2007 (há outros dados que contradizem isto) e não tem nenhuma informação sobre o crescimento populacional.

Mas este não é ponto principal. O ponto principal é se este número é grande ou pequeno comparativamente. Para isso temos de comparar o mesmo problema em outra base de dados. Neste caso há um problema devido a classificação de homicídios justificáveis, mas vamos esquecer isto por um momento. Em 2005, os EUA tiveram 16692 homicídios. Destes 343 foram causados pela polícia. Isto resulta em 2.05%. Ou seja, cerca de 98% dos homicídios não foram causados pela polícia.

Compare os 98% com os 96%. Alternativamente: compare os 2% causados pela polícia nos EUA com os 4% causados pela polícia no Brasil. Há muitos homicídios causados pela polícia brasileira? Sim.

A verdade é que há um problema sim, mas o sensacionalismo de boteco que a manchete apresenta induz a pensar sobre o problema errado.

O problema não são os homicídios causados pela polícia brasileira. O problema é o número de homicídios

domingo, 24 de julho de 2011

Guy Fawkes e Anders Behring Breivik


Uma comparação herética? Nem tanto, se você sabe quem é Guy Fawkes e leu um pouco mais sobre Anders.

O fato é que ambos decidiram utilizar do terrorismo para avançar suas crenças. Fawkes era católico e desejava destronar a dinastia protestante e colocar no poder uma dinastia católica. Anders ainda está envollto em um pouco de mistério. Há na internet o texto do seu manifesto. Há quem diga que ele é copia do manifesto do Unabomber.

Baseado no que li dos dois manifestos, eu tenho dúvidas sobre esta afirmação. Há também um vídeo disponível (aviso que a pessoa que o fez é suspeita de atentados que mataram dezenas de pessoas).

O fato é que o manifesto de Anders trata de um receio que vários europeus tem hoje: a islamização da Europa. Em parte por causa de imigração, em parte por taxas diferenciais de natalidade, em parte por causa das atitudes tomadas para convivência de diversas crenças, o fato é que é fácil acreditar que a Europa cristã vai desaparecer sob o peso da Islamização de sua população.

Não creio que isto seja real, mas imagino que para um europeu isto talvez assuste bastante. Daí Anders propõe ações diretas (guerra mesmo) para contrapor a esta tendência. Soa inacreditavelmente análogo ao que Fawkes decidiu fazer.

O que assusta nesta história é que Fawkes se tornou um ídolo moderno a despeito do que iria fazer (no fundo estamos falando de um defensor do absolutismo), graças a uma história em quadrinhos e depois um filme.

Será que Anders terá o mesmo destino?

Eu espero que não, sinceramente espero que o que ele escreveu seja refutado não apenas com palavras mas com ações.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Exames, avaliações e realidades

Exames e avaliações não quantificam a realidade, mas apenas a estimam. Este post é em razão de que o exame da ordem dos advogados do Brasil (OAB) estar sob risco de ser extinto.

E antes de mais nada cabe aqui um opinião pessoal: exames de proficiência deveriam ser obrigatórios, senão em todas profissões, então em alguma que considero fundamentais (engenheiro, médico, advogado). Já é assim em vários países do mundo (bar exam nos EUA,ou os professional exams:).

Eu acredito que este prática deveria ser comum a diversas profissões.

Dito isto...

O que o exame avalia? Nada, é apenas uma forma de conformar

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Hacker, invasões, percepções e ilusões

Estou acompanhando com certo interesse as peripécias dos grupos Anonymous e LulzSec mundo afora. Como sempre há uma mistura de desconhecimento com aproveitamento.

Deixo claro que o desconhecimento é da parte dos orgãos de mídia que estão acompanhando o caso.

Mas em paralelo com o desconhecimento, há o aproveitamento por parte dos "Hackers" (coloco entre parênteses, pois há envolvidos que nada mais fazem do que executar programas desenvolvidos com fins específicos - isto, para mim, não é hacking). Mas devo dar a mão a palmatória e aceitar que há "Hackers" dentro deste meio.

O aproveitamento é exagerar um pouco sobre os integrantes e suas capacidades. Há certamente estratégias de invasão com potencial para causar enorme confusão. Mas a bem da verdade são poucas as pessoas com o conhecimento para fazer isto, até agora.

Certamente há opiniões infladas dos participantes, do movimento e do que realmente podem conseguir.

E aí é que a coisa vai complicar...

Ao contrário dos entusiastas, os profissionais se engajam no seu serviço de modo contínuo e por períodos muito longos. E os profissionais estão correndo atrás dos participantes destes dois grupos. E quando os acharem vai começar um pesadelo para estes participantes.

Ao contrário dos entusiastas, os profissionais podem se envolver em perseguir, encontrar e punir estes participantes por décadas a fio. Quanto maior for a dor de cabeça causada, maior será a retribuição a eles impingida.

Eles não deveriam ter ilusões: eles estão marcados. Uma vez descobertos, um oceano de dificuldades pode surgir.

Neste caso, a melhor estratégia é a de ficar quieto e deixar as coisas se assentarem. Mas infelizmente, parece que os participantes tomaram gosto pelas Luzes da Ribalta. Vamos esperar para ver...

A propósito: a única coisa que realmente me irritou sobre estes caras foi a invasão da rede sony para PS3.

terça-feira, 19 de julho de 2011

A queda de Murdoch

O título é um tirada com uma história de título similar, mas temática ligeiramente diversa.

Os meios de comunicação estão em festa com a confusão do News of the World e uma eventual crucificação pública e política de Murdoch. Mas o ponto deste tópico não é a culpa eventual, real ou mesmo atribuída ao magnata das comunicações.

O ponto é: por que o News of the World chegou no ponto de transgredir leis e normas para obter reportagens? Não há dúvidas que o cobertor da liberdade de imprensa não serve para atenuar o que o jornal fez. Então, por que ele fez?

A resposta simples é que ele fez com o intuito de manter ou aumentar as vendas do tablóide. E claro que isto não justifica, mas certamente explica das razões pelas quais os desvios e crimes foram cometidos.

Então isto explica tudo? Ah, isto leva apenas à fronteira da questão principal: se o objetivo é manter ou aumentar as vendas, então este tipo de informação interessa a quem compra o jornal? Esta é uma pergunta malvada...

Ela é malvada porque indiretamente mostra que o responsável pela audiência, e em última análise sobre quais os assuntos de interesse a serem publicados tem nome e sobrenome. Os americanos o chamam de John Q Public. Ele é o responsável pela programação apavorante da televisão, pelas revistas de fofoca, pelos sites com agendas fundamentalistas e pela dominância dos enlatados norte-americanos.

A verdade é que ele é o homem comum, o espectador que é responsável pela audiência do canal de televisão/ programa de rádio/ filme/ jornal/ revista mais popular. Ele é quem determina o que é popular ou não, ele é quem determina o sucesso ou fracasso de um aventura cultural.

Em outras palavras: o News of the World buscava fornecer a sua audiência exatamente o que a mesma desejava. Para tanto não teve vergonha de usar meios "menos dignos" para obter, ou mesmo fabricar notícias. E tudo estaria muito bem se o esquema não tivesse sido descoberto...

A verdade é que o público tem responsabilidade na criação do monstro. E por conseguinte, o público TAMBÉM tem pelo menos uma parcela de responsabilidade nas ações de sua criação. Pode-se dizer que as atitudes do público favoreceram determinados comportamentos que deveriam ter sido considerados moralmente repreensivos, senão intoleráveis.

Mas a coisa é ainda mais interessante...

Com a mesma voracidade que se banqueteou das fofocas e reducionismos do tablóide, agora o público demanda sangue, bem talvez com um pouco menos de voracidade que determinados setores sociais. Mas ainda assim, há quem aproveite o embalo para propor um controle mais restrito da mídia.

* Um pequeno parêntese: não deixa de ser irônico ao extremo que os setores que querem controle social da mídia usassem o reino unido como exemplo de forma social de controle. *

E o mais interessante é: há quem caia nesta história! Aí eu submeto minha hipótese: no fundo não é o controle da mídia, mas o auto-controle do público que está com problemas. Ao ser confrontado com as consequências de ter dado atenção à organizações midiáticas que buscavam atender seus desejos, o público resolve aceitar que a culpa seja despejada única e exclusivamente no orgão transgressor.

Ou seja, ao invés de fazer a auto-crítica, fica mais conveniente e fácil simplesmente culpar alguém pelo que aconteceu....

Mutatis Mutandi, É mais ou menos como culpar o McDonalds por ser gordo

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Telefonia celular bate outro recorde: 217 milhões

Notícia fresquinha: o número de celulares bate outro recorde (e minhas previsões ficaram bem atrás).

Mas ao mesmo tempo encontrei uma notícia que achei bem interessante:

18/07/2011

O desrespeito dos bancos

Débitos não autorizados ou cobrança irregular de serviços não contratados são as principais queixas de clientes bancários, segundo o ranking de reclamações do Banco Central. Os números de junho comprovam que o desrespeito é maior por parte do Santander. Ele se manteve na liderança do ranking das cinco instituições financeiras com mais de um milhão de clientes mais reclamadas. O banco registrou índice de queixas de 2,03 a cada 100 mil pessoas. O Banco Central precisaria ser firme para alterar isto, mas na prática não é o que se constata.

A parte interessante é a taxa de queixas de 2.03 a cada 100 mil pessoas. Como é que isso compara com as taxas de queixas da telefonia celular?

  • TIM - 4.59 reclamações a cada 100 mil aparelhos


  • Oi - 8.40 reclamações a cada 100 mil aparelhos


  • Claro - 6.27 reclamações a cada 100 mil aparelhos


  • Vivo - 1.54 reclamações a cada 100 mil aparelhos

  • Então, dá para perceber que a taxa do banco (Santander) é maior que a taxa da operadora de celular! Mas é só isso? Nope, mesmo usando os dados globais chega-se a uma taxa de 3.5 a cada 100 mil aparelhos.

    Há serviços com taxas piores? Sim os serviços de TV por assinatura tem taxa de 6.69 a cada 100 mil.

    Mas há uma coisa interessante nesta história: uma mistura de estatísticas - às vezes usa-se a estatística cheia (reclamações atendidas e não atendidas) com a vazia (reclamações não atendidas).

    Não venho aqui defender grupo A ou B, mas apenas para esclarecer que, por vezes, há uma polarização dos divulgadores das notícias que precisa ser ponderada.

    Então, para tanto deixo algumas perguntas malvadas:
    1. Qual é o percentual de reclamações em termos da base instalada?
    2. Há outros serviços/indústrias com percentual de reclamações em termos da base instalada comparável aos dados que vocês estão divulgando?
    3. Comparado com o resto do mundo, isto é muito ou é pouco?
    Estas são algumas perguntinhas que precisam ser feitas se a ponderação é desejada.

    domingo, 17 de julho de 2011

    Contando pessoas - de novo

    Foto aérea mostra o desfile da última Parada Gay
    Neste domingo saiu um artigo na folha de São Paulo sobre contagem de multidões em alguns dos eventos que ocorreram recentemente.

    Eu mesmo já tinha expressado dúvidas sobre as contagens que aparecem no Jornal e outros locais. Nas minhas contas eu utilizei a idéia de que uma pessoa em posição de sentido ocupa aproximadamente o tamanho de uma folha de jornal (1 página). Estas folhas tem 60 cm por 38 cm. Isto dá 0.228 metros quadrados. No modo relaxada isto dá 0.456 metros quadrados (2 páginas de jornal).

    Depois de diversas análises temos no primeiro caso 4.39 pessoas por metros no caso mais apertado e 2.19 pessoas por metro quadrado no caso mais relaxado. Este número pode variar bastante de menos de uma pessoa por metro quadrado a mais de 8 pessoas por metro quadrado. É possível chegar a mais de 8 pessoas por metro quadrado, mas aí as coisas começam a ficar perigosas (uma pessoa ocuparia perto de 0.125 metros quadrados).

    No caso a reportagem usa 7 pessoas por metro quadrado, o que na minha idéia é exagerado.

    Usando a UT podemos fazer cálculo pelo menos mais precisos. Mas se queremos um máximo e mínimo podemos considerar 8 pessoas por metro quadrado e 1 pessoa por metro quadrado e ter uma estimativa do tipo máximo-mínimo.

    Assim, na Paulista temos um mímino de 216 mil pessoas e um máximo de 1.728 milhões de pessoas (tirando a média temos 972 mil pessoas. No Campo de Bagatele temos um mínimo de 164 mil pessoas e um máximo de 1.312 milhões de pessoas (média de 738 mil pessoas). No Anhangabaú temos um mínimo de 54 mil pessoas e um máximo de 432 mil pessoas (média de 243 mil pessoas).

    Se eu tiver que chutar, chutaria pela média...

    sexta-feira, 15 de julho de 2011

    Projeto de Lei 220/2010 - Vendendo gato por lebre

    Em poucas palavras: é justificado por falácias. O projeto está disponibilizado no site do senado, sendo que a íntegra do mesmo pode ser vista aqui, e o relatório aqui.

    Mas quais são as falácias que o justificam? Bom aí tem que entra um estudo mais aprofundado de qual a sua justificativa e qual a proposta que ele apresenta. Vamos ao texto do relatório.

    Chega a esta Comissão o Projeto de Lei do Senado (PLS) nº  220, de 2010, de autoria da Comissão de Serviços de Infraestrutura desta Casa.
    O PLS pretende alterar o art. 66 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (LDB), que fixa as diretrizes e bases da educação nacional, para facultar aos portadores de curso superior não titulados em nível de pós-graduação o acesso ao magistério na educação superior.
    O art. 1º do projeto explicita, ao acrescer ao art. 66 um segundo parágrafo, que serão admitidos como docentes nas áreas tecnológica e de infraestrutura, na forma de regulamento, os portadores de diploma de graduação, desde que comprovem relevante experiência profissional.
    A justificação se concentra em dois argumentos: o da preocupante falta de docentes pós-graduados, particularmente com mestrado e doutorado, nas áreas de tecnologia e engenharias – o que comprometeria seriamente o ritmo de desenvolvimento econômico exigido para o País no momento – e a existência de profissionais de notório saber nessas áreas, que têm seu acesso à docência cerceado pela exigência do atual parágrafo único, a saber, o reconhecimento por universidade que tenha programa de doutorado na área. 
    O art. 2º do projeto prevê que a lei proposta entre em vigor na data de sua publicação.

    Vamos então a análise.
    Há falta de docentes pós-graduados nas áreas de engenharia?

    Para investigar esta afirmação temos de saber quantos cursos temos, quantos docentes em média cada curso tem, taxa de aposentadoria e criação de novos cursos.

    O número de estudantes matriculados em cursos de engenharia é cerca de 420 mil. O número de engenheiros formados em 2008 foi de 30 mil. Estes números não deveriam ser tomados como estado permanente pois o número de matrículas em cursos de engenharia vem crescendo faz algum tempo, mas não fazer isto dificulta a análise. Como o curso de engenharia tem uma duração de 4 a 5 anos, se considerarmos estes dados temos que deveriam estar se formando anualmente de 105 a 84 mil alunos. Com uma saída de 30 mil anualmente, isto implica em uma evasão entre 65% e 72%.

    Mas há realmente falta? Segundo este artigo esta possível falta esta sendo exagerada. Mas isto não vem realmente ao caso, pois o interesse é estimar o número de docentes médio, o número médio de cursos e se há realmente falta de docentes com pós-graduação.

    O MEC tem uma meta de 18 alunos por professores (vamos assumir o pior caso arredondar para 10 alunos por professor). Assim temos cerca de 42 mil professores de engenharia no país. Segundo este artigo, o número de cursos é de cerca de 2 mil. ( O que dá 21 docentes/curso e 210 alunos por curso).

    Supondo aposentadoria aos 30 anos de serviço temos a cada ano uma demanda de 1400 docentes por ano só devido a aposentadoria. Com um crescimento de 5% ao ano nos cursos, mantida a demanda então seriam necessários mais 2100 docentes por ano. Assumindo 1% de taxa de má sorte, temos um adicional de 400 docentes adicionais. Então no final a demanda de crescimento de disponibilização de novos docentes é de 1400+2100+400=3900 docentes/ano

    Segundo o portal geocapes, em 2009 tivemos 1097 mestrandos titulados e 267 doutorandos titulados na área de engenharias I (civil). Em engenharias II (química, minas, materiais e metalúrgica) este número foi de 933 mestrandos e 339. Em engenharias III (naval, mecânica, aeroespacial e produção) o número foi de 1324 mestrandos e 335. Finalmente, nas engenharias IV (elétrica e afins) o número foi de 1005 mestrandos e 323.

    Então para engenharia temos anualmente um fluxo de 4359 mestres e 1264 doutores. Isto dá 5623 docentes/ano

    Comparando a demanda de 3900 docentes/ano com a oferta de 5623 docentes/ano pode-se dizer que não há falta de docentes pós-graduados nas áreas de engenharia.

    Bem, visto que a premissa principal do projeto é falsa, então qual é a razão do mesmo existir? Você deve ter notado que o desequilíbrio entre a demanda e a oferta está do lado da oferta, mas professores com pós-graduação devem receber salários mais altos do que professores sem pós-graduação!

    Ah, aí está o cerne da questão: não é o desenvolvimento do país que é a preocupação, mas a oferta de mão de obra mais barata para a docência.

    Então viram? O real objetivo do projeto é poder ter docentes com menor custo na oferta de cursos de engenharia (e tecnológicos). Nada a ver com o bem do país e com crescimento sustentado.

    E a propósito, este projeto não é filho apenas do PSDB não...

    quinta-feira, 14 de julho de 2011

    Mas Falem de Mim...

    Hoje o ex-presidente Lula foi ao congresso da UNE e deu umas pancadas na imprensa...

    Por que? Talvez isto explique:

    E no caso da Dilma:

    Notem com do início de 2011, o grande vilão de Lula diminuiu significativamente o volume de informações sobre ele, ao contrário do que ele afirma.

    Talvez a razão seja que agora ele está recebendo as informações sem os filtros dos assessores...

    Tudo o que poderia ter sido, mas não foi

    Nesta semana li um pedaço da tese/memorial que o Prof. Cristovam Buarque escreveu para a sua banca de concurso para titular na UnB.

    Naquele texto aonde ele fala sobre a economia e seu papel (até bem interessante por sinal), ele apresenta o seguinte texto:

    A Ciência Econômica não fez o mundo melhor nem mais belo. Apenas o fez mais rico, definindo riqueza como aquilo que a economia produz. A Ciência Econômica tornou-se tautológica: ela afirma que seu propósito é aumentar a riqueza, e define riqueza como aquilo que ela ajuda a produzir.
    Nos últimos anos, entrevistando economistas[4], perguntei se eles ajudaram a melhorar o mundo. A maior parte respondeu que sim. Apesar da desigualdade social, das crises cíclicas e do desequilíbrio ecológico, para eles o mundo de hoje é melhor do que aquele de há 50 anos. Mas creio que a resposta não seja tão simples. Como disse o Professor Ignacy Sachs, “não se pode responder, porque não se pode comparar alternativas que não ocorreram”.
    Creio que a resposta não deve comparar pontos extremos no começo e no fim do século, mas sim o começo e os finais hipotéticos do que poderia ter acontecido, se a organização e o funcionamento econômico tivessem perseguido outros propósitos e usado outros meios, em vez de terem determinado os destinos do mundo moderno.

    Bem, de início pensei que ear muito cruel a idéia que "não se poderia responder porque não se poderia comparar as alternativas que não ocorreram". Afinal, que parâmetro de comparação justo é o que poderia ter ocorrido e não ocorreu?

    Temos de lembrar que costumamos julgar as pessoas pelo que fizeram e não pelo que poderiam ter feito (Beeemmm, isto não é inteiramente verdade - mas de qualquer modo mesmo nessa questão nosso julgamento costuma ser polarizado negativamente para as pessoas).

    Então como avaliar o que poderia ter sido? Foi aí que vi que havia uma certa sabedoria em julgar o que poderia ter sido e não foi...

    Sim, eu comecei a ver que realmente isto poderia ser uma forma interessante de ver o problema. A idéia vem de física quântica com a soma das histórias (a interpretação de Feynman é bem interessante, mas alternativamente podemos seguir a idéia de um multiverso).

    Só que os eventos possíveis não são equiprováveis! Esta é a questão que realmente torna-se chave neste estudo. Mais ainda, com o uso do Teorema de Bayes, estas probabilidades poderiam ser ajustadas a medida que determinados eventos ocorressem.

    Claro que o problema da determinação das probabilidades dos mais diversos cursos de ação é que é difícil de estabelecer. Mas para tanto há uma alternativa desde que se tenha conhecimento suficiente do sistema - um método do tipo Monte Carlo pode verificar algumas ramificações e verificar o que poderia ser diferente. Isto poderia ser feito como uma investigação exaustiva das possibilidades e cobriria parcialmente o espaço de probabilidades.

    No fundo, uma versão mais simplificada poderia ser feita caso houvesse paralelo com determinados eventos de probabilidade conhecida. Infelizmente, meu conhecimento econômico é fraco nesse sentido e, como tantos, sou vítima dos meus preconceitos e superstições quando se trata de estimar probabilidade de eventos.

    Talvez assim poderia se julgar o sucesso ou fracasso baseado no que poderia ter sido.

    quarta-feira, 13 de julho de 2011

    Sinal dos tempos 2

    Como escrevi ontem a situação econômica mundial pode estar se encaminhando para um desequilíbrio. No entanto há mais informações nos jornais (aqui, aqui e aqui).

    Mas temos um texto de Martin Wolf que mais ou menos sumariza algumas de minhas idéias a respeito.
    Na zona do euro, a crise fiscal está chegando à Itália. Nos Estados Unidos, o governo declara que ficará sem fundos no início do mês que vem caso o teto da dívida não seja elevado. Bem menos europeus do que americanos acreditam que calotes do setor público são benéficos. Mas europeus importantes compartilham o ponto de vista de republicanos de que há resultados muito piores. Para os europeus relutantes, a zona do euro não deve ser uma “união de transferência”. Para os republicanos recalcitrantes, impostos não devem ser aumentados. Fiat justitia, et pereat mundus –faça-se a justiça, mesmo que pereça o mundo– é o lema.
    As crises fiscais que vemos são um legado do excesso de endividamento dos setores público e privado do Ocidente nas últimas décadas. Como o McKinsey Global Institute nos diz em uma atualização do estudo do ano passado sobre o período pós-bolha de crédito, este é um estágio inicial de um processo doloroso de desalavancagem em várias economias.* “Se a história servir como guia”, notou o relatório de 2010, “nós podemos esperar muitos anos de redução de dívida em setores específicos de algumas das maiores economias do mundo, e este processo exercerá um freio significativo no crescimento do PIB”. É como está comprovado, com decepção em quase toda parte.
    O elo entre dívida pública e privada é íntimo. Em alguns países, notadamente na Grécia, o crédito fácil levou a um grande aumento da tomada de empréstimo pelo setor público. Em outros, notadamente a Itália, ele encorajou os governos a relaxarem sua atenção à redução da dívida: o orçamento fiscal primário (antes dos juros) passou de um superávit de 6% do produto interno bruto em 1997, antes do ingresso na união monetária, para 0,6% em 2005. Em outros lugares, o fim repentino do boom de crédito no setor privado levou diretamente a colapsos na receita do governo e aumentos de gastos públicos: Estados Unidos, Reino Unido, Espanha e Irlanda são exemplos.
    A explosão dos déficits fiscais são principalmente resultado dos colapsos na atividade e receita, e não dos resgates aos bancos. Mas a fraqueza fiscal mina os bancos, em parte porque estes são detentores de grandes quantidades de dívida pública doméstica e em parte por dependerem de apoio fiscal. Os setores público e privado estão interligados. A visão dos falcões republicanos nos Estados Unidos e dos falcões alemães na Europa de que as crises têm raízes apenas fiscais é equivocada. Crédito fácil termina em crises fiscais.
    A evidência americana é notável. Compare as previsões para os anos fiscais de 2010, 2011 e 2012 nos orçamentos presidenciais de 2008 e 2012, o primeiro sob George W. Bush, pouco antes da crise, e o segundo sob Barack Obama, bem depois dela. O déficit de 2011 foi previsto em 2008 como sendo de meros US$ 54 bilhões (0,3% do PIB). Mas no orçamento de 2012, a previsão é de que seja de US$ 1,645 trilhão (10,9% do PIB). A receita inesperadamente baixa é responsável por 58% desse aumento e apenas 42% se deve ao aumento de gastos, ambas mudanças em grande parte por causa da crise financeira, não devido ao modesto pacote de estímulo (cerca de 6% do PIB).
    A característica mais notável da posição fiscal federal é que a previsão era de que as receitas seriam de meros 14,4% do PIB em 2011, bem abaixo da média pós-guerra, próxima de 18%. A previsão é de que o imposto de renda de pessoa física seja de meros 6,3% do PIB em 2011. Este não-americano não consegue entender o motivo de tanto estardalhaço: em 1988, no final do mandato de Ronald Reagan, as receitas foram de 18,2% do PIB. A receita tributária precisa aumentar substancialmente caso haja interesse de eliminação do déficit.
    Não é que lidar com a posição fiscal americana seja urgente. Em um momento de desalavancagem do setor privado, é útil. Os Estados Unidos podem tomar emprestado em termos fáceis, com rendimentos dos títulos de 10 anos próximos de 3%, como previram os poucos não-histéricos. O desafio fiscal é a longo prazo, não imediato. Uma decisão de não permitir que o governo tome emprestado para financiar os programas já ordenados pelo Congresso seria insano. Como argumentou o especialista fiscal, Bruce Bartlett, a lei que exige aprovação pelo Congresso de endividamento adicional pode até mesmo ser inconstitucional.
    Mas, surpreendentemente, muitos dos republicanos contrários ao aumento do teto da dívida americana não desejam apenas coibir os gastos federais: eles desejam entusiasticamente um calote. Ou eles não têm ideia de quão profundo seria o choque para a economia e sociedade de seu país de um repúdio das dívidas contraídas legalmente por seu Estado, ou eles se enquadram na categoria de revolucionários utópicos, totalmente inconsequentes. Enquanto isso, na Europa, felizmente ninguém acredita que calotes são bons. Mas os europeus estão presos a seu próprio projeto utópico: a moeda única. Assim como os membros do Tea Party (Festa do Chá, movimento republicano que faz referência à Festa do Chá de Boston, um protesto antitaxação no século 18) odeiam pagar impostos para aqueles que consideram indignos, os europeus solventes odeiam transferências para aqueles que consideram irresponsáveis.
    A propósito, como muitos há muito previam, aquilo que seria, na ausência de uma união monetária, uma crise monetária comum, agora se transformou, dentro dessas limitações, em uma agonizante crise financeira e fiscal. Pior, os spreads entre os títulos de 10 anos espanhóis e italianos e os títulos alemães já atingiram 328 e 296 pontos-base, respectivamente.
    Em economias de baixo crescimento com taxas de câmbio reais sobrevalorizadas, esses spreads começam a ficar perigosos. Se chegarem e permanecerem, digamos, a 400 pontos-base, a taxa de juros real sobre a dívida a longo prazo seria de 5%. Esses países então passariam lentamente de um bom equilíbrio, com uma dívida administrável, para um equilíbrio ruim, com uma dívida próxima de não administrável. A Itália, com a quarta maior dívida pública do mundo, é provavelmente grande demais para salvar: os próprios italianos devem tomar as medidas decisivas necessárias para aumentar a taxa de crescimento. Essa combinação é viável? Apenas com dificuldade, é a resposta.
    Estes são tempos perigosos. Os Estados Unidos podem estar à beira de cometer os maiores e menos necessários erros fiscais da história mundial. A zona do euro pode estar à beira de uma crise fiscal e financeira capaz de destruir não apenas a solvência de países importantes, mas até mesmo a união monetária e, na pior das hipóteses, grande parte do projeto europeu. Estes tempos exigem sabedoria e coragem entre aqueles encarregados de nossos interesses. Nos Estados Unidos, utópicos da direita estão buscando esmagar o Estado que surgiu após os anos 30 e a Segunda Guerra Mundial. Na Europa, os políticos estão lidando com o legado de um projeto utópico, que exige certo grau de solidariedade que seus povos não sentem. Como esses confrontos entre utopia e realidade terminarão? No final de agosto, quando eu voltar das minhas férias, nós poderemos saber ao menos algumas das respostas.
    * Post-scriptum: aqui tem uma análise bem mais sombria da situação.

    terça-feira, 12 de julho de 2011

    Sinal dos tempos

    Estamos vivendo tempos curiosos. Há uma sombra de crise econômica de uma magnitude nunca antes encontradas, mas todos fazem o máximo para ignorar a existência da mesma.

    O Euro pode virar geleia se as predições mais sombrias se concretizarem. Os países chamados hoje de PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha), podem criar instabilidades na zona do Euro com potencial de se propagar por todo o mundo.

    Do outro lado do Atlântico, flerta-se com a possibilidade que os Estados Unidos não possam rolar sua dívida. Isto terá consequências sérias em praticamente todos os países do globo (China inclusive). O que pode acontecer?

    Ninguém faz idéia, porque ninguém quer realmente contemplar a possibilidade. Talvez por ter ramificações praticamente ilimitadas no sistema econômico (a questão do padrão dólar), talvez porque se a hipótese for seriamente considerada será necessário se preparar para tal, ou talvez porque se acredite que as pessoas não serão loucas o suficiente para permitir que isso aconteça.

    Não posso falar das primeiras razões, mas posso falar da última.

    A verdade é que as pessoas são loucas o suficiente para permitir que isso aconteça. Digo isso porque esse tipo de comportamento já foi visto antes - mais recentemente na crise de 2008.

    Talvez 2012 tenha uma certa ressonância com a realidade.

    segunda-feira, 11 de julho de 2011

    Bueiros explosivos?




    Como é possível? Na verdade é fácil. O Rio de Janeiro não é o único com estes problemas. Existem várias localidades que sofrem deste problema. O que acontece?

    É a velha combinação de gás + fonte de ignição.Claro que com manutenção adequada este problema pode ser minimizado.

    Suspeito que no caso do Rio de Janeiro a tubulação de gás subterrânea pode ter ajudado um pouco nas explosões.

    Não é exatamente culpa da privatização... apenas da natureza humana (brasileira?)

    domingo, 10 de julho de 2011

    Dois pesos e duas medidas

    Com certeza o leitor já ouviu esta expressão. Mas qual é sua origem?

    Corre a informação que é de Voltaire. Mas o problema é que não se encontra a citação original nas citações do mesmo. Há indicações que a frase é bem mais antiga, estando presente na bíblia no livro de provérbios.

    Mas há o problema da tradução. Se partirmos do original em hebráico, a frase toma forma diferente.

    O texto fica mais ou menos assim (אֶ֣בֶן וָ֭אֶבֶן אֵיפָ֣ה וְאֵיפָ֑ה תֹּועֲבַ֥ת יְ֝הוָ֗ה גַּם־ שְׁנֵיהֶֽם׃ ):
    Pesos diferentes e medidas diferentes são igualmente abomináveis para o Senhor.
    Comparando com outra tradução:
    O peso fraudulento e a medida falsa são abominação ao Senhor, tanto uma como outra coisa.
    E ainda uma versão mais corrente:
    Dois pesos diferentes e duas espécies de medida são abominação ao SENHOR, tanto um como outro
    Podemos traduzir do Latim (Pondus et pondus, mensura et mensura : utrumque abominabile est apud Deum):
    Pesos diversos e medidas diversas: ambos são abomináveis diante de Deus.

    Ou seja, todos querem dizer essencialmente a mesma coisa - padrão duplo não é aceitável por Deus.

    Me parece que a frase original é uma versão posterior deste dito bíblico.

    quinta-feira, 7 de julho de 2011

    Escuta de Celular no Reino Unido

    Para os que não sabem Rupert Murdoch se meteu em confusão no Reino Unido. A razão foi o uso de escutas ilegais para notícias em um de seus jornais.

    Mas como isso é feito? Na realidade é mais simples do que se imagina. Os serviços de correio-de-voz das operadoras de telefonia celular geralmente tem um código de acesso que é necessário caso o usuário esteja acessando o mesmo não do seu telefone.

    O problema é que este código geralmente não é alterado pelo usuário (que costuma usar o celular, aonde este código não é requerido).

    Mas uma pessoa pode acessar o SEU correio-de-voz desde que saibam a senha. A verdade é que raramente, muito raramente mesmo o usuário chega a alterar a senha default do sistema. E aí basta saber a senha default para poder acessar o seu correio de voz. Este tipo de problema é até muito comum devido a divulgação das senhas padrão.

    Mesmo no Brasil isto pode acontecer, tanto a Claro, quanto TIM, quanto OI, quanto Vivo estão passíveis deste problema.

    Então o que pode acontecer? Bem, alguém, de algum telefone, liga para o seu número enquanto o mesmo estiver ocupado. Essa pessoa será direcionada para caixa postal, lá ele/ela pode fornecer a senha padrão e escutar TODAS as mensagens armazenadas para você.

    Um pouco assustador, não?

    quarta-feira, 6 de julho de 2011

    Uma carta de outra pessoa

    Por motivos apenas de duplicação coloco aqui a carta do Prof. Márcio Pimentel que foi enviada a SECOM - UnB. Tenho muito respeito pelo Prof. Pimentel e prefiro divulgar a íntegra de suas considerações ao invés de me aventurar a tecer interpretações ou teorias.

    À Secom/UnB
    Em função da matéria recentemente veiculada por Veja sobre a UnB e sobre a resposta do reitor à mesma, nas quais sou citado, solicito que a mensagem abaixo seja divulgada. Não tenho outro meio de divulgação na UnB, portanto busco a Secom.
    Apesar de me encontrar em missão oficial no exterior, acompanhei a matéria publicada na revista Veja e a resposta do reitor à mesma. No que me toca, acredito que alguns pontos têm que ser esclarecidos; tanto em relação à matéria da revista quanto à resposta do Reitor. Esclareço que depois de deixar a Universidade de Brasília nunca mais me manifestei publicamente sobre a atual gestão da UnB. Não foi diferente em relação à recente matéria da Veja. 
    Por motivos obviamente éticos, simplesmente sempre me recusei a emitir publicamente qualquer juízo sobre a atual administração da UnB, uma vez que fui candidato na última eleição para a reitoria da UnB. Eu e minha esposa fomos, de fato, há cerca de dois meses, procurados pelo repórter de Veja. Entretanto, simplesmente nos recusamos a emitir qualquer comentário sobre a UnB. Julgamos que isso não nos diz mais respeito. Hoje faço parte do quadro docente de outra universidade federal e não me toca mais emitir juízo sobre o que se passa na UnB. Confesso que muito me entristeceu a matéria de Veja, assim como me decepcionou a resposta da reitoria que nos acusa de intolerância ao procurar a imprensa para divulgar nossas frustrações ou queixas. Esse definitivamente não foi o caso.
    Não procuramos ninguém pois isso não faz parte de nossas motivações e nossas prioridades. Buscamos nossas satisfações pessoais em outras fontes. Assim, ao sermos procurados pela imprensa, não nos manifestamos e definitivamente nos recusamos a falar com o repórter. Portanto, não há porque nos cobrar provas sobre o que foi alegado em relação à perseguição política, como sugerido por alguns, simplesmente porque não formulamos qualquer acusação em relação a isso.
    Espero que o episódio represente um ponto final de nossa história com a UnB, o que eu achava que já havia ocorrido.
    Márcio Pimentel

    terça-feira, 5 de julho de 2011

    Presente, Passado e Futuro

    Na minha universidade está ocorrendo uma verdadeira comoção. O motivo é uma reportagem da revista Veja intitulada o Madraçal do Planalto.

    A reportagens traz alguns exageros e alguns pontos que não podem ser tão facilmente esquecidos. Em resposta a carta tivemos uma carta do reitor aonde ele contesta diversos pontos da reportagem.

    Em adição a tudo isto ainda tivemos manifestações de diversas partes tomando lados a respeito da questão. Coloco aqui um artigo a favor da reportagem e outro contra a reportagem. Por uma questão de simetria coloco aqui também o texto que o DCE-UNB fez a respeito do tema.

    Posso colocar a argumentação das diversas partes aqui e entrar mais ainda na confusão do que é ou não verdade, do que aconteceu ou não, e do que apenas imagina-se que aconteceu.

    Mas meu ponto vai ser outro...

    Hoje eu exemplificar como há conivência coletiva tanto no esquecimento de mentiras quanto de verdades.

    Em 2008, o reitor Timothy Mulholland sofreu uma série de acusações. Na época, tentou-se fazer uma oposição ao movimento que denunciava suas ações como moralmente erradas. Os defensores do reitor afirmavam existir uma campanha midiática contra a Universidade.

    Avancemos 3 anos

    Em 2011, o reitor José Geraldo de Sousa Júnior sofreu de uma série de acusações. Na época, tentou-se fazer uma oposição ao movimento que denunciava suas ações como moralmente erradas. Os defensores do reitor afirmavam existir uma campanha midiática contra a Universidade.

    Soa similar? Think again... Os defensores de 2008 e 2011 são completamente diferentes. Digamos que os de 2011 tem mais proeminência. E alguns bem visíveis.

    O fato é que estas duas atitudes não tão diferentes assim separadas por 3 anos deveria servir de baliza para a conduta das pessoas tanto na defesa de um ou outro reitor.

    Mas o privilégio de memória curta e descorrelacionada parece estar se espalhando com rapidez.

    sábado, 2 de julho de 2011

    Hackear era coisa do meu tempo, hoje em dia a coisa é diferente...

    Como assim? Bem deixo aqui dois vídeos relacionados a ataques DDoS. É extraordinário como este tipo de ataque se tornou simples com ferramentas como o Hotspot Shield e o DoShttp.

    Bem aqui vai o vídeo sobre o Hotspot Shield (usado anteriormente para jogos):

    E aqui sobre o como fazer um ataque DDoS:

    Pequenas Pérolas do Cinema - XV

    Hoje é dia de La Cité des Enfants Perdus. Este é um filme com um visual impressionante.