sábado, 27 de fevereiro de 2010

O auto engano e a modelagem

Apesar do post anterior tratar de modo ruim o fato de selecionarmos a fatia de realidade que consideramos interessante, este mesmo conceito é chave na modelagem física de fenômenos.

A verdade é que na modelagem de fenômenos físicos é fundamental representar o fenômeno de forma mais precisa possíve com o menor número de variáveis possíveis.

Um exemplo: a famosa maça da gravidade teve como variáveis a posição e massa. Além disto temos a geometria, cor e etc...

Mas a pergunta é: a cor afeta a velocidade de queda da maça?

Na realidade sim. Existe a pressão luminosa, que no caso da maça tem mais efeito se a mesma é vermelha.

Entretanto, nas forças envolvidas, o efeito da pressão de radiação é desprezível.

E portanto não afeta o comportamento geral. Então o que se faz é desprezar os efeitos que são pequenos em comparação com o comportamento geral. E aí é que está a arte do negócio: quantificar os efeitos e saber quais deles desprezar.

Em geral isto está ligado a parte experimental, mas pode nascer do uso de insights.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O auto engano

Este é o título do livro de Eduardo Gianneti sobre o assunto. A resenha traz:

Este é um livro sobre as mentiras que contamos a nós mesmos. Mentimos para nós o tempo todo: adiantamos o despertador para não perder a hora, acreditamos nas juras da pessoa amada, só levamos realmente a sério os argumentos que sustentam nossas crenças. Além disso, temos a nosso próprio respeito uma opinião que quase nunca coincide com a extensão de nossos defeitos e qualidades. Sem o auto-engano, a vida seria excessivamente dolorosa e desprovida de encanto. Abandonados a ele, entretanto, perdemos a dimensão que nos reúne às outras pessoas e possibilita a convivência social.



O problema é que as mentiras que nos contamos não trazem seu nome verdadeiro estampado na fronte. É preciso, por isso, analisar os caminhos que nos levam até elas: encontraremos aí a origem de grandes conquistas e alegrias, mas também dos sofrimentos que muitas vezes causamos a nós mesmos e às pessoas que nos cercam.


Reflexão profunda e original sobre a necessidade que tem o ser humano de iludir a si mesmo, bem como sobre as implicações éticas dessa tendência na vida pública e na vida pessoal.
 
Eu quero frisar a parte que diz:
 
só levamos realmente a sério os argumentos que sustentam nossas crenças
 
Isto é bastante verdadeiro e um verdadeiro desafio de superação.
 
Quero propor ao leitor um desafio: identificar as vezes quando descartamos fatos que não são consistentes com a nossa forma de ver o mundo em nossa mente.
 
É um exercício esclarecedor

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Paulo Octávio novamente

Hoje 23/02/2010, o governador interino do DF, Paulo Octávio, renunciou ao cargo.

Porque? Bem fala-se de todos os motivos possíveis. Mas o mais estranho é que sua renúncia iria ajudar a governabilidade.

Como se chegou a esta conclusão ainda é um mistério para mim. A ascenção de Wilson Lima ao cargo de governador não trás nenhuma perspectiva de melhora para o problema.

Infelizmente, não vejo solução à vista diferente da intervenção.

E o pessoal não faz idéia do que é isto.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O que me dá uma idéia

Confusão - é o maior aliado e o maior inimigo de crises midiáticas!

Esta é a solução: em uma crise midiática se cria muito mais confusão do que os meios de comunicação estão dispostos a suportar. A racionalidade é simples, como os meios dependem de credibilidade para notícia, então a sequência de notícias que minem esta credibilidade é a cortina de fumaça correta para o problema.

Em resumo: com muitas notícias desencontradas, todas se alterando a medida que o tempo passa, a credibilidade do veículo passa a ser minada. Como fazer: histórias diferentes para jornalistas diferentes, só realizar esclarecimentos para negar todas as informações dos jornalistas.

Porque isto agora?

Minha análise do caso Paulo Octávio se provou correta. Não há fato novo que justifique uma renúncia neste momento. De ontem para hoje não houve mudanças significativas, então porque renunciar?

Para os que não sabem, no post anterior (15:32) eu fiz um mea-culpa por divulgar a notícia que P.O. iria renunciar. Depois de pensar um pouco vi que realmente não havia nenhum fato que justificasse a renúncia dele HOJE. E as 17:10 ele veio a público não renunciar.

Portanto: pensar é útil e ajuda a separar o joio do trigo

Eu devia ter mais confiança nas minhas análises

Como um papagaio, divulguei a mensagem que Paulo Octávio iria renunciar.

Li a notícia no blog do Josias do UOL e por isto passei para frente.

Mas depois comecei a ver alguns problemas com a idéia:

- Apesar de tudo, o governador Arruda não está impedido. E mesmo com a prisão, ainda corre o processo de impeachment dele. Então, oficialmente qual seria o efeito de P.O renunciar? Só o próprio iria sofrer algum efeito.

- De modo similar, os pedidos de impeachment do governador interino (P.O.) são baseados em evidências muito circunstanciais. O que se vê em gravações são pessoas que dizem estar falando em nome de Paulo Octávio. É verdade? Pode ser, mas também pode não ser.

- A expulsão do DEM é algo sério. Mas olhando desapaixonadamente o efeito mais sério é a impossibilidade de eleição em 2010. E só isto

Então não havia razão para que Paulo Octávio renunciasse agora. Talvez ele ainda o faça, mas fazer isto agora não tem efeito benéfico nem no curto, nem no médio prazo.

Em resumo: Porque Paulo Octávio renunciaria agora?

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Briga pela candidatura?

Yep. Não tem jeito.

O blog dos amigos do Magela tenta colocar em campo a candidatura do mesmo. Isto vai de encontro (ou seja chocar-se mesmo) com o que tem sido dito pela diretoria do PT em Brasília que o candidato é Agnelo.

Felizmente, este tipo de coisa não me surpreende.

Infelizmente, o mesmo parece ser verdade para quem deveria ficar surpreso.

É o estação dos cornos (chulo, eu sei - mas preciso)

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Governo Geral do Brasil

Estou lendo agora A Cruz, a Coroa e a Espada de Eduardo Bueno. E é um livro muito interessante.

Não estou muito adiantado no livro, mas vejo uma relação entre os direitos outorgados aos donatários pelo Rei e a subsequente confusão jurídica que se instalou nas capitanias que funcionaram.

Ao mesmo tempo é interessante a visão que a justiça daqueles tempos tem literalmente duas medidas diferentes para os delitos dependendo da classe social que o acusado pertencia.

Para quem era "comum", a justiça incluia até pena de morte. Já para quem não era "comum", as penalidades eram bem mais brandas.

Isto me faz pensar se este tipo de mentalidade não é o mesmo que encontramos aqui hoje em dia. Dado o que li no livro sobre Mauá, tendo a acreditar que parte dos nosso problemas começaram nesta época - o que mais ou menos quer dizer que não havia muita escapatória.

Ao mesmo tempo, a burocracia portuguesa era primariamente jurídica - era a burocracia dos juízes e desembargadores. O que de novo me faz pensar se não temos este ranço instalado no nosso sistema.

Pode ser paranóia, mas um país mais moderno precisa de uma burocracia mais eficiente. E isto mais ou menos alija a burocracia jurídica da jogada. Ao mesmo tempo, uma forma da burocracia jurídica retomar as rédeas da situação é engessando todas as iniciativas de eficiência que possam surgir.

Soa muito familiar, terrivelmente familiar. E o pior é que dados os privilégios, o engessamento não precisa nem ter fundamento - basta funcionar desta forma para atrapalhar.

Naturalmente, não acredito muito em conspirações - então se isto fosse verdade seria necessário uma forma de contraposição mais monolítica. Organizada não pela vontade humana, mas pelo coletivo de diversas vontades.

Monkeysphere

Este termo foi cunhado por David Wong para representar o número de Dunbar.

O conceito é intuitivo quando se sabe um pouco de sistemas de informações mas tem implicações profundas sobre como a sociedade funciona e como os seres humanos funcionam em geral.

A idéia principal é que qualquer que seja o funcionamento do nosso cérebro, existe uma capacidade de armazenamento finita nele. Então devido a esta capacidade de armazenamento finita o número de conexões estáveis que podemos realizar com outros seres humanos também é finito.

Um camarada chamado Robin Dunbar estimou este número em 150. Ele estimou baseado em regressões na população de símios e suas comunidades (tribos? bandos?).

A questão é que este número não pode realmente ser muito alto. Se considerarmos a quantidade de informação que guardamos com relação as pessoas que fazem parte do nosso círculo de relacionamentos, fica bem claro que não dá para realmente guardar informação de muitas pessoas.

Vamos fazer uma listinha?

- Nome
- Características físicas (isso é um monte de informação)
- Características vocais (isso também é um monte de informação)
- Dados pessoas (mini bio)
- Características do relacionamento entre si.
- Relacionamento com outras pessoas do seu círculo de relacionamentos.

Guardar estas características de todas as pessoas que você já conheceu pode se tornar rapidamente impossível (ou pelo menos tomando um bocado de energia).

Mas não é só isso. Ainda é necessário guardar informações dos relacionamentos entre as diversas partes. Como se vê rapidamente esta quantidade de informação cresce.

Então devem existir limites.

Do jeito que funcionamos, imagino que devemos categorizar as pessoas dentro de círculos de relacionamento. Os círculos mais internos contém maior quantidade de informação sobre as pessoas dentro daqueles círculos. Quanto mais externos, menos informações guardamos e progressivamente menos nos importamos.

Isto poderia explicar porque somos afetados mais pela vida das pessoas dos círculos internos do que dos externos.

E considerando nossa capacidade de abstração, imagino eu que juntamos mais e mais pessoas que não conhecemos dentro de categorias abstratas.

Então temos: o governo, os outros motoristas, os taxistas e afins...

Isto também explica um pouco a nossa sujeição aos preconceitos: eles não são coisas ruins criadas pela sociedade, mas meramente categorizações incompletas criadas por nós mesmos - com uma ajuda dos nossos relacionamentos.

A vida fica mais fácil e nos tornamos um tanto quanto indiferentes aos seres que não fazem parte dos nossos círculos. Seria de se esperar que como esta indiferança advém do nosso funcionamento, então nosso comportamento também reflita a mesma,

E as evidências suportam estas conclusões. Comportamentos como o da tragédia dos comuns cabem perfeitamente neste modelo.

O modelo é bem razoável e a evidência está a favor. Isto quer dizer que é a verdade? Não. Mas quer dizer que este modelo captura este aspecto da verdade com bastante exatidão.

E o que podemos extrapolar?

Bem, não somos exatamente egoístas. Mas enquanto amar a humanidade pode estar no nosso DNA, amar todos os membros da humanidade parece não estar. E isto torna formas de organização que não levam isto em conta sujeitas ao fracasso...

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Estrutura Fundiária do Brasil

Quando eu estava na escola de primeiro e segundo grau (hoje ensino fundamental e médio), ouvia incessantemente sobre como a estrutura fundiária do Brasil tinha começado errado desde as capitanias hereditárias.

E para mim, sempre considerei aquilo como verdade.

O problema é que não é.

As capitanias hereditárias, tirando a de Duarte Coelho, nunca funcionaram direito. Para ser mais claro: foi uma tentativa fracassada de colonização do Brasil.

Vamos uma a uma:

Capitania Limites aproximados[1] Donatário
Capitania do Maranhão (primeira secção) Extremo leste da Ilha de Marajó (PA) à foz do rio Gurupi (PA/MA) João de Barros e Aires da Cunha
Capitania do Maranhão (segunda secção) Foz do rio Gurupi (PA/MA) a Parnaíba (PI) Fernando Álvares de Andrade
Capitania do Ceará Parnaíba (PI) a Fortaleza (CE) Antônio Cardoso de Barros
Capitania do Rio Grande Fortaleza (CE) à Baía da Traição (PB) João de Barros e Aires da Cunha
Capitania de Itamaracá[2] Baía da Traição (PB) a Igaraçu (PE) Pero Lopes de Sousa
Capitania de Pernambuco Igaraçu (PE) à foz do Rio São Francisco (AL/SE) Duarte Coelho Pereira
Capitania da Baía de Todos os Santos Foz do Rio São Francisco (AL/SE) a Itaparica (BA) Francisco Pereira Coutinho
Capitania de Ilhéus Itaparica (BA) a Comandatuba (BA) Jorge de Figueiredo Correia
Capitania de Porto Seguro Comandatuba (BA) a Mucuri (BA) Pero do Campo Tourinho
Capitania do Espírito Santo Mucuri (BA) a Itapemirim (ES) Vasco Fernandes Coutinho
Capitania de São Tomé Itapemirim (ES) a Macaé (RJ) Pero de Góis da Silveira
Capitania de São Vicente (primeira secção)[3] Macaé (RJ) a Caraguatatuba (SP) Martim Afonso de Sousa
Capitania de Santo Amaro Caraguatatuba (SP) a Bertioga (SP) Pero Lopes de Sousa
Capitania de São Vicente (segunda secção) Bertioga (SP) a Cananéia/Ilha do Mel (PR) Martim Afonso de Sousa
Capitania de Santana Ilha do Mel/Cananéia (SP) a Laguna (SC) Pero Lopes de Sousa


Ao estudarmos estas capitanias veremos que o fracasso foi o destino de quase todas. Então como é que ficamos com a nítida impressão na escola que a estrutura fundiária vem daí?

Neste ponto acredito que é a junção de dois problemas: primeiro que a estrutura fundiária tem raízes em propriedades grandes mesmo e o fato das capitanias servirem como exemplo ajuda. E segundo que existe uma certa preguiça (ou talvez simplificação) no estudo do problema fundiário.

E a partir daí, a coisa desanda.

E naturalmente, ao ler um pouco mais sobre a capitania, pude entender finalmente porque o índio não se adaptou ao trabalho tendo sido substituído por escravos da África.

O índio não se adaptou ao trabalho escravo quando os mesmos não eram fornecidos de tribos rivais. Ou seja, os índios não tinham muito problemas desde que os colonizadores os deixassem em paz.

Não deixaram...

Então como prova da sua incapacidade de adaptação ao trabalho, os índios e aliados destruiram tudo que poderia funcionar nas capitanias em instalação. E no processo mataram um bom número de colonizadores.

Isso é que é falta de adaptação...

Mais problemas da URP

Recomendo aos interessados que dêem uma olhada no blog Ciência Brasil do Prof. Marcelo Hermes.

Há muita informação interessante lá que é do interesse dos possíveis prejudicados.

Em resumo: a situação está a ponto de complicar de um modo que nunca antes foi visto na UnB.

É uma pena, mas....

EU AVISEI,  EU AVISEI, EU AVISEI,  EU AVISEI, EU AVISEI,  EU AVISEI....

Sei que é deselegante fazer isto , mas é mais forte do que eu.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Bola de Cristal defeituosa?

Minhas previsões sobre a crise no DF se confirmaram em parte.

Mas ao mesmo tempo falharam em prever a prisão do governador ontem a noite.

E falharam mais ainda em que o STF iria negar o recurso de habeas corpus.

É bem verdade que eu havia dito:

Imagino que tivemos um pico de 2 mil a 3 mil no dia da repressão. E durante o tempo do conflito este número já era substancialmente menor. E ao contrário do que se tem falado, o número vem diminuindo a cada dia depois daquela tarde.

E realmente isto ser verificou, quando tentou-se repetir este número nesta quarta e o mesmo não chegou a 300 (e mesmo este número foi inchado).

Ao mesmo tempo boa parte do que foi predito realmente aconteceu:

  • Estamos no final do ano. Com um pouco de habilidade, este problema pode ser empurrado para 2010. Mas ele não vai sumir. Ainda assim o tempo é um aliado de algumas das pessoas sob acusação.

  • Os interesses minoritários irão certamente utilizar esta oportunidade para aumentar a sua projeção ao máximo possível. A estratégia natural destes é sempre de tentar criar maior espaço utilizando a confusão como arma.
  •  
  • Os interesses majoritários tem interesse em que várias da iniciativas do atual governo continuem, mas infelizmente para eles não há um modo correto ou fácil de proceder isto sem que mantenham o apoio e consequentemente se exponham a um possível ataque.

Nada mal como análise no dia 4 de dezembro.

Mas a prisão de Arruda e a negação do habeas corpus? Nunca imaginei mesmo

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Demografia e Democracia

Este post trata de uma coisa espinhosa.

A questão é o que chamamos de indústria do entretenimento de massa.

Primeiro temos que contrapor entretenimento elitista com entretenimento de massa. O entretenimento elitista é realizado com vista ao seu consumo por uma elite, ou pelo menos uma audiência restrita. Como isto é feito? Em geral, somente o que é do agrado desta audiência restrita é que é efetivamente consumido. O restante sobra e pode ser descartado.

No fundo todo entretenimento de massa é uma forma de entretenimento elitista. O que difere é essencialmente a escala. E aí vem o primeiro ponto:

1) O entretenimento é realizado com vista ao seu consumo pela audiência esperada. Não adianta tentar criar uma forma de entretenimento aonde não existe mercado para o mesmo. É perda de recursos. Portanto os autores do entretenimento o realizarão com o objetivo de agradar a audiência desejada.

2) Quanto maior a audiência atingida, maior é a economia de escala e maiores os retornos do entretenimento. Essencialmente isto é o formato mais comum de retorno - quanto maior a audiência, maior o retorno.

3) Devido ao seu formato limitado a audiências específicas, o entretenimento elitista não tem a mesma penetração do entretenimento de massa.

4) O entretenimento de massa pode introduzir elementos específicos, mas em geral irá ser realizado com a expectativa de utilizar elementos facilmente reconhecíveis e interessantes para a audiência. Em poucas palavras: a Ilíada é um grande poema, mas não vai ser um campeão de vendas no espaço que hoje existe.

5) Por fim, quanto maior a audiência mais diferenciados devem ser os mecanismos de cobrança. Portanto, mais diferenciados devem ser os métodos de medida da eficiência de penetração da audiência.

Por que tudo isto?

Bem, tudo isto é para dizer que o entretenimento é um reflexo da população alvo. Podem existir elementos diferentes e novos, mas o mesmo é primariamente o que a audiência quer.

De uma forma simples podemos imaginar como os produtores lançam uma moeda. Se acertarem o que a audiência está pensando eles ganham dinheiro. Vamos supor que um percentual da audiência quer cara e outro quer coroa - o que sair vai agradar um determinado potencial. Quanto maior for este percentual, maior será o sucesso.

Então de uma forma torta temos "Vox Populi, Vox Dei"

A questão que vem disto é que realmente é interessante.

Por vezes, determinados setores da sociedade não se colocam de acordo com o que é apresentado como entretenimento de massa. E naturalmente, atacar a razão do entretenimento ser na forma que é tem uma tendência a parecer extremamente autoritário e anti-democrático.

O que se faz então? Atacar a população por mau gosto é uma proposta indigesta. Sobra portanto atacar o produtor do entretenimento de massa, ou pelo menos um dos elos que fazem esta cadeia. E aí temos várias opções, mas via de regra sobra para o distribuidor do entretenimento.

O setor da sociedade está certo em sua ação? Er... Não! O método continua sendo anti-democrático. Só que travestido com uma bandeira diferente. E aí pode escolher o seu estandarte:

"Moral e Bons Costumes" ou "Dominação Cultural Alienante"

Os dois filmes tem o mesmo enredo e o mesmo final...

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Será o caso de dize-me com quem andas?

O blog da Ana Maria Campos mostra um pouco da história de Edson Sombra.

O que me interessa é este pedaço:

Com a voz grossa característica, ele comandou nos últimos quatro anos o programa "Na Boca do Povo", na rádio 104 FM que até o ano passado pertencia ao ex-senador Luiz Estevão. Com a venda da rádio, Sombra perdeu o programa.

Quem diria?

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Vítima de Preconceito

Ah, nossos preconceitos são muito fortes mesmo.

Eu listei anteriormente alguns traficantes de escravos que fizeram fortuna com suas viagens.

Mal sabia eu que estava caindo em uma armadilha preparada por anos de condicionamento: estave tentando associar estes homens à miséria do país. Como se os mesmos fossem parasitas da nação.

O problema é que as coisas não são tão simples: as famílias destas pessoas tiveram seu apogeu de glória e foram aos poucos diminuindo de importância.

Substituídos por novo dinheiro e novos interesses.

Certamente alguns ainda permanecem aqui e acolá, mas a grande maioria perdeu a importância que outrora teve. Desconfio até que de influência nacional, o poder foi gradualmente diminuindo até virar regional ou mesmo local.

E por fim a importância se torna mais imaginária do que real.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Mercadores de escravos

Como já disse antes: escravos não custavam pouco. E portanto, ter escravos era realmente para poucos.

Por curiosidade estou tentando relacionar o nome de alguns traficantes ou envolvidos no tráfico de escravos. Todos já morreram faz muito tempo mesmo

  1. Francisco Pinheiro Neto
  2. Antônio Pinheiro Neto
  3. Baltazar Álvares de Araújo
  4. José Narciso Soares
  5. João Bonifácio Alves da Silva
  6. Manoel José de Magalhães
  7. Francisco José Luís Vieira
  8. José de Assunção Melo
  9. Joaquim José de Andrade e Souza Meneses
  10. João Ferreira Guedes
  11. José Antônio Rodrigues Viana
  12. família carioca Ferreira dos Santos
  13. José Ricardo da Silva 
  14. família dos Velho da Silva
  15. Pedro Gomes Caldeira
  16. Simão Pinto de Queiroz
  17. Agostinho Gomes
  18. Antônio Cardoso dos Santos
  19. Luís Coelho Ferreira
  20. David de Oliveira Lopes
  21. Clemente José da Costa
  22. Inocêncio José da Costa
  23. Bernabé Cardoso Pereira Ribeiro
  24. José Pinheiro de Queirós
  25. Inácio Antunes Guimarães
  26. José Inácio Aviaivoli Vasconcelos Brandão

Fico curioso para saber como se sairam os descendentes

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

O problema histórico

Como fica fácil de ver, devido aos nosso preconceitos e tendência natural para ver padrões, o ensino de história tende a ser pouco confiável.

Os fatos e datas estão em geral mais ou menos corretos. Mas o problema é que misturam-se com fantasias e preconceitos. As vezes estes são do nosso tempo, mas na maioria das vezes vem de antemão.

Isto deveria nos alertar sobre o mal que os preconceitos fazem no estudo de história. Mas ao invés disto a tendência é que nos consideremos superiores e deixemos os mesmos como "tolices dos antepassados".

Caso em questão: Potosi. A história de Potosi e do Rei Branco não só soa como falsa como provavelmente assim o é.

Como sei disto? Números...

É algo como um trabalho de detetive. Precisamos antes de mais nada descobrir evidências. E só a partir destas evidências é que poderemos traçar hipóteses e teses.

No entanto, como somos "superiores" deixamos nossos preconceitos - que aqui funcionam como a palavra ideologia - nos dominarem.

Vamos aos casos: primeiro do pau Brasil. No texto que estou lendo falam sobre 2700 troncos de pau Brasil pesando 70 toneladas. Vamos arrendondar para 2800 troncos.

Ora se 2800 troncos pesam 70 toneladas então 40 troncos pesam 1 tonelada. Isto quer dizer que 1 tronco pesa 1/40 toneladas ou 25 kg.

Um tronco de 25 kg? Isto não faz muito sentido, faz? Faria muito mais sentido um tronco com 250 kg, o que faria um total de 280 troncos reais - algo muito mais razoável.

E aí temos um exemplo dos números ilustrando que algo está errado na contagem.

Vamos ao caso do Potosi.

A suposta montanha tinha seis mil metros cubicos de prata.

Quanto é isto? Eu não estou com acesso a wikipedia, mas eu tenho a impressão que 1 metro cúbico de prata pesa 10.5 toneladas.

Então a prata toda corresponde a 60 mil toneladas de prata.

Mas segundo o wikipedia foram extraídos de 1556 até 1783 cerca de 45 mil toneladas de prata. Isto dá quase 200 toneladas por ano.

Como se transporta isto com um número reduzido de homens?

Dá para ver que também há algo errado com os dados. Mesmo assim, os livros de Eduardo Bueno são muito interessantes.