Pois é, caros leitores, a UnB está uma confusão com a situação da greve dos professores.
Para os que não estão acompanhando, uma
assembléia de professores determinou o fim da greve e retorno às aulas. Os professores que tiveram seu voto vencido
acusaram a Adunb de golpe e
fizeram atos e manifestações. Eu já escrevi um pouco sobre isso nos últimos posts. Mas aqui vão alguns detalhes que ficaram de fora.
Vamos por partes...
Em primeiro lugar, o
grupo derrotado na assembléia acusa a Adunb de golpe. Dizem que a decisão foi legal, mas
políticamente ilegítima. O raciocínio foi o seguinte:
Integrante do comando de greve, a professora Raquel Nunes admitiu que a reunião da ADUnB foi feita "de forma legítima, mas a decisão pelo fim da greve foi incorreta porque deveria ter sido discutido amplamente". Ela entregou à direção da ADUnB um abaixo assinado de 230 professores pedindo a manutenção da assembleia prevista para amanhã. (fonte aqui)
Pois bem, a decisão do fim da greve foi tomada em uma
assembléia de mais de 250 pessoas, enquanto a decisão do ínício da greve foi tomada em
assembléia com 176 pessoas. Pode-se perguntar o que torna uma decisão de 176 pessoas mais legítima do que uma de 250 pessoas, mas certamente a réplica vai ser "Ah, mas no tempo da assembléia de início de greve, a universidade não estava esvaziada."
Claro que a tréplica é: se a universidade estava esvaziada, então como é que
a greve é forte, com bastante mobilização e um retumbante sucesso? Isso mostra que o argumento do esvaziamento só é usado quando beneficia o argumentador, quando ele atrapalha a argumentação é rapidamente invertida.
Provavelmente a resposta seria que "RAX está distorcendo o que foi dito, mas o importante é que a Adunb deu o golpe na convocação de uma assembléia esvaziada!". O problema é que foi o próprio
CLG que pediu a convocação a Adunb (inclusive com menos de 48 de antecedência). Porque? Ora,
adiamento da eleição para reitor. Naturalmente, o
CLG negou isso, mas teve que reconhecer que foi ele mesmo que pediu a convocação.
Então o argumento passa a ser que a mudança de pauta foi uma grave falha no regimento. O problema é que o próprio CLG já havia conseguido a
instalação da Assembléia Permanente. E aí no regime da Assembléia permanente permite coisas como
suspender simplesmente a assembléia, ou incluir itens de pauta -
desde que a inclusão ocorra antes da aprovação da pauta:
Art. 16 – A Assembléia Geral deverá ser convocada com pelo menos, quarenta e oito horas de antecedência, com divulgação ampla da pauta proposta em todas unidades da UnB.
§ Único – A Assembléia Geral aprovará a pauta no início dos trabalhos, sendo que nenhum ponto poderá ser acrescentado após esta aprovação.
A assembléia foi convocada com menos de 48 horas - o que só pode ser feito devido a instalação de assembléia permanente (apesar do estatuto não indicar isto, mas se o CLG diz que pode então como é que de repente não pode?). Isto indica que o trâmite normal foi seguido, ou seja: a assembléia foi realmente 100% legal.
Creio que neste caso a resposta seria "RAX está distorcendo o estatuto de forma que beneficie a argumentação, mas o importante é que como a assembléia estava esvaziada os professores acabaram não sendo ouvidos!"
Bom, aí o problema é mais sério.
A Adunb tentou fazer com que
o maior número de professores fossem ouvidos na assembléia de 30 de julho. Isto foi
razoavelmente divulgado. Só que neste caso foi o
CLG que disse que isso não poderia ser feito.
O embate começou na abertura da assembleia, às 15h38, quando a ADUnB propôs consulta por meio de urna, que seria aberta após os debates e ficaria à disposição dos professores até às 21h de terça-feira. O resultado, a ser apurado na quarta-feira, definiria os rumos da paralisação. Por 162 votos a 146, e em meio a forte discussão, os docentes rejeitaram o modelo de votação proposto, elaboraram uma nova pauta e iniciaram os debates para encaminhamento da votação durante a própria assembleia.
Então, os mesmos professores que dizem ter sido vítimas de um golpe, de não ter sua voz ouvida, não desejavam ouvir a maioria dos professores
Os vídeos estão disponíveis nos links para quem quiser o tira-teima.
Mas imagino que aí o argumento é que eu reacionário,
timotista, feio, bobo e fedorento...