quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Inventor da Corrupção?

Eu estou recebendo frases no facebook a respeito do PT e da corrupção.

No embalo da absolvição dos mensaleiros, cabe discutir um pouco sobre uma delas. Uma das variantes da frase é essa a seguir:

NÃO SEJAMOS HIPÓCRITAS NEM IDIOTAS. Não foi o PT que descobriu ou inventou a corrupção no Brasil. Se acusarmos APENAS UM PARTIDO estaremos absolvendo os outros. Não caia nessa armadilha, que só interessa aos outros corruptos. TODOS OS PARTIDOS precisam responder pelos seus erros e ter compromisso com a nação.


Ah... por onde eu começo?


Bem, o maior problema com o PT e a corrupção nunca foi ter inventado a dita cuja. O problema com o PT e a corrupção é esse:


Entenderam, caros leitores? (entendeu Gilberto Carvalho?) Não votamos no PT para continuar com a corrupção (confesso que eu votei no Lula em 2002). E é Isso que torna o caso de corrupção do PT particularmente mais grave (e traiçoeiro).

O parágrafo foi construído para tentar minimizar a culpa do PT no tema corrupção através de alguns truques bem fáceis de convencer a maioria dos leitores. Vamos a eles:

NÃO SEJAMOS HIPÓCRITAS NEM IDIOTAS.

Isso mesmo: sejam honestos e inteligentes como os petistas! A frase é essencialmente um chamado: se você acredita que o PT é totalmente culpado então você é Hipócrita e/ou Idiota. Logo, como você não é hipócrita ou idiota, então você não pode acreditar que o PT é totalmente culpado! A saída? Bom eu tento não ser hipócrita ou idiota, mas nem sempre consigo. Então... permita-me pensar diferente até que você apresente sua argumentação...

Não foi o PT que descobriu ou inventou a corrupção no Brasil.

É óbvio que não. O que o PT fez foi enganar todo mundo dizendo que iria acabar com a corrupção (em defesa do PT: isso é tolice! O problema é muito mais profundo do que um bando de bandidos). Ah, e antes que digam: "Mas foi no governo do PT que se combateu mais a corrupção!" - isso é frase feita e não tem sentido: você não combate promiscuidade f... tudo que aparece pela frente. Em outras palavras: combater a corrupção criando mais corrupção é um tanto quanto contraditório (para ser bem light).

Se acusarmos APENAS UM PARTIDO estaremos absolvendo os outros.

Isso simplesmente não é verdade: primeiro não é um único partido que esta sendo acusado (PT, PL, PP, PTB e PMDB - duvida? Olhe aqui) . E segundo que acusar um partido não absolve os outros. E naturalmente: a lógica por trás dessa frase é: o PT tem corruptos, mas como os outros partidos também tem então não dá para acusar (o que é totalmente falso e além do mais, vide o comercial ratos)

Não caia nessa armadilha, que só interessa aos outros corruptos.

A armadilha aqui é tentar fazer você pensar que o PT não pode se acusado já que há outros corruptos que não foram acusados. Também não é verdade: não existe fila, senha ou atendimento preferencial para combater a corrupção. Quem tem interesse que você pense que temos que processar primeiro o tesoureiro de Tomé de Sousa para depois seguir em frente é o PT.

TODOS OS PARTIDOS precisam responder pelos seus erros e ter compromisso com a nação.

Duvido que alguém discorde disso: ninguém esta acima da lei! Bem, talvez exceto alguns iluminados aparentemente...

Um último ponto: por vezes também ouço a defesa: "Você está generalizando um partido por uns poucos!" É verdade, e eu geralmente não faria isso... Bem, não faria isso se:
  1. O PT não fizesse isso direto (mais ou menos como o MP)
  2. Os caciques do partido é que estavam metidos na confusão - e não a "plebe rude". Ou seja, isto é forte indício que o problema era institucional mesmo.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

A violência nossa de cada dia

Violência está em alta... Pelo menos segundo os noticiosos aqui da terrinha.

Está mesmo? Bem, creio que sempre esteve (as taxas oscilam entre 22 e 27 homicídios por 100 mil habitantes desde 2000)...

Mas há a sensação de descontrole. E isso é bem curioso. Do jeito que vejo parte do problema, os "vigilantes" que surraram e amarraram um menor infrator (estou sendo light: ele era mesmo bandido) estavam de uma forma torta "dando uma lição no bandido" (o que certamente não funcionou)

Pode-se argumentar que pelo menos não foi do nível do esquadrão da morte, mas o vigilantismo é talvez a face mais realista do mundo com os heróis de histórias em quadrinhos (surrar e amarrar em um poste é algo que diversos personagens de quadrinhos fizeram e continuam fazendo).

Mas ao ler um texto postado na internet e divulgado por várias pessoas fiquei pensando:
  • Será que bandido nasce bandido?
  • Será que reabilitação funciona?
  • Será que a sociedade torna as pessoas bandidas?
Suspeito que as respostas a estas perguntas não é tão simples quanto o texto em questão tenta colocar. Em outras palavras, talvez reformulando as questões a dúvida torne-se mais evidente:
  • Há algum fator psicológico que aumente a probabilidade de cometer crimes?
  • Haverá pessoas nas quais a reabilitação não funciona?
  • O efeito da sociedade tende a inibir ou fortalecer tendências criminosas?
Aí creio que a resposta ao invés de Não, Sim e Sim passa a ser Talvez, Talvez e Não sei. A diferença de como as perguntas foram feitas torna a resposta diferente? Sim, por que temos a tendência a não responder as questões complicadas (já falei sobre isso: substituição).

A verdade é que nenhuma das questões tem respostas "preto no branco".

Provavelmente há fatores psicológicos, é bem capaz de haver casos impossíveis de serem reabilitados e suspeito que a sociedade tem um efeito sim que pode enfraquecer ou fortalecer tendências criminosas.

Qual é a força de cada um desses fatores? Aí, meus caros leitores, é necessário fazer um estudo profundo e bem fundamentado (com dados) para poder começar a mensurar alguma coisa.

E nisso eu concordo com o texto: precisamos saber as causas se quisermos resolver o problema.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Big Brother Brasil - culpa da Globo?

Bem, caros leitores, eu já tinha mencionado sobre o BBB. A razão que ele continua no ar é porque as pessoas assistem.

E aqui está a audiência para comprovar:
  • BBB 1 – 49 pontos (estréia) e 59 (final)
  • BBB 2 – 29 (estréia) e 45 (final)
  • BBB 3 – 38 (estréia) e 55 (final)
  • BBB 4 – 42 (estréia) e 56 (final)
  • BBB 5 – 46 (estréia) e 57 (final)
  • BBB 6 – 45 (estréia) e 51 (final)
  • BBB 7 – 43 (estréia) e 48 (final)
  • BBB 8 – 37 (estréia) e 46 (final)
  • BBB 9 – 37 (estréia) e 41 (final)
  • BBB 10 – 30 (estréia) e 40 (final)
  • BBB 11 – 35 (estréia) e 30 (final)
  • BBB 12 - 33 (estréia) e 26 (final)
  • BBB 13 - 25 (estréia) e 28 (final)

Notem que há realmente um declínio do BBB 1 até o BBB 13. A audiência de estréia do BBB 14 teve 30 pontos no IBOPE (como cada ponto corresponde a 65 mil domicílios na grande SP, então estamos falando de algo na vizinhança dos 2 milhões de domicílios). Para ter uma idéia, o IBOPE da novela Avenida Brasil foi de 51 pontos. A verdade é que o BBB nunca chegou nem perto do maior IBOPE da Globo (Roque Santeiro).

"Ah, RAX, mas a audiência tem clara tendência de queda! Então vai acabar em breve!"

Bem, eu também não sou fã do BBB. Mas tenho de me render as evidências: mesmo com a audiência em queda, a mesma ainda é muito maior que muita coisa que está no ar.

Então, caros leitores, apesar de não estar no patamar dos 50 pontos do IBOPE do início, creio que teremos de conviver com esse programa por alguns anos ainda...

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Calendários doidos

Eu estava lendo sobre o calendário métrico desenvolvido na revolução francesa e pensei comigo mesmo: será que não podemos criar um calendário que servisse para nós?

Um calendário sem anos bissextos, ou mesmo um calendário aonde todos os anos são bissextos, ou até um calendário mais, digamos divisível...

Seria possível?

1 ano tem 31558149.5 segundos
1 mês (lunar) tem 2360584.685
1 dia tem 86400 segundos

Um ano de 365 dias tem 31536000 segundos
Um ano de 364 dias tem 31449600 segundos

Por que 364? Porque 364 é divisível por 7 (52), 13 (28) e 28 (13). Assim temos um ano com 13 meses de 28 dias, com 52 semanas de 7 dias.

Bem, com um ano com 364 dias fixos (sem anos bissextos), cada unidade de segundo novo deste novo ano é 31558149.5/31449600 (1.003451538) vezes maior que o segundo como conhecemos.

Se quisermos manter coerência significa que o novo minuto será cerca de 0.34% maior (o que também significa que tanto a hora, quanto o dia serão cerca de 0.34% maior).

Se você acha muito isso significa que o dia se alongaria de cerca de 298 segundos antigos (quase 5 minutos antigos).

Parece até uma boa idéia, não?

Mas há um problema que estraga todo esse esquema: a duração real dos dias não é de 24 horas... Esta duração segue uma equação chamada de Equação do Tempo. E não só não é constante, como varia a cada dia.

E aí não adianta mudar a aumentar a duração dos segundos: como esta mudança é acumulativa o erro iria apenas se acumular.

Mas existe uma solução: fazer a duração dos segundos ser diferente de acordo com os meses...

Mas francamente, aí já começa a valer a pena ter que se preocupar se o mês tem 28,29,30 ou 31 dias e quantos dias tem o ano.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Algumas Verdades Absolutas

Sempre me incomodei quando alguém dizia "Não existem Verdades Absolutas!" (ou versões similares - mas em defesa do autor, ele meio que percebeu isso)

Suspeito que a maioria que proclama isso não percebe que ao afirma que "Não existem Verdades Absolutas" está criando um paradoxo lógico (muito similar ao paradoxo do barbeiro):

Se não existem verdades absolutas, então a frase é verdadeira e é uma verdade absoluta. Mas se a frase é verdadeira então ela deve ser falsa, pois não existem verdade absolutas.

E assim por diante...

A verdade é que existem sim verdades absolutas. Só que a enorme maioria está no reino da matemática. Quer saber de algumas?
E assim por diante...

Mas então de onde vem essa história de não existe verdade absoluta? Ora, da Escola de Frankfurt... Mais especificamente desse camarada aqui.

Só que... ele falou isso no contexto de ciências sociais e não no contexto de ciências naturais.

Então... o que aconteceu é que alguns transporam essa barreira - talvez sem pensar, talvez de forte convicção.

Mas fique tranquilo, caro leitor: existem sim verdades absolutas. Só que por enquanto isso so é possível de ser provado categoricamente na matemática (não coincidentemente através de uma prova matemática - um exemplo aqui).

Claro que se o leitor aceitar o sentido definido atualmente da flecha do tempo, então dá para gerar um bando de verdades absolutas, mesmo no campo social. Algo do tipo: Homero não conheceu a televisão, Shakespere não leu os livros de Paulo Coelho e assim por diante...

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

A Vida de Cada Um

Eu estava lendo um artigo sobre o crime contra o jornalista quando me deparei com duas frases intrigantes:

Não interessa porque, numa República, não há vidas mais importantes do que outras. A vida de Santiago era tão preciosa quanto a vida de qualquer cidadão.

Quero que o leitor também pondere uma dúvida: há ou não vidas mais importantes do que outras?


Temos dois extremos aqui: para os próprios (ou seja cada um), certamente a própria vida é mais importante que as outras. Mas ao mesmo tempo há espaço para mais aprofundamento:  há vidas cujo legado transcende o próprio tempo?

Minha resposta é SIM.

Estas vidas são mais importantes que outras? Bom, para os herdeiros do legado certamente parece desta forma. Alguns exemplos: se JK não tivesse construído Brasília na forma e no tempo que construiu, então eu não estaria aqui. Para mim a importância dele é bem maior que um a vida de um seringueiro no Amazonas no mesmo período.

Mas ao mesmo tempo este impacto também é relativo. Há um sem número de conexões entre diversas vidas (inclusive através dos descendentes). Então não é só a vida da pessoa, mas a vida de todas as pessoas que são tocadas pelos efeitos dessa vida.

Então talvez seja o caso de considerar que talvez haja mais importância relativa, mas isso é muito difícil de se estabelecer de forma clara.

Mas de uma coisa eu tenho convicção: Toda vida é preciosa, e essa preciosidade não pode ser mensurada na balança de causa e efeito. Toda vida tem o potencial de mudar o mundo, e não apenas enquanto o indivíduo está por aí caminhando sobre a terra. E por isso que, vez por outra, fico ponderando que cada vez que uma vida é subtraída, talvez todos saiam perdendo, em última análise.

Tragédia Anunciada

Infelizmente a violência de manifestantes fez sua primeira vítima.
Não posso dizer que isso não era imprevisto. O problema da violência em manifestações é que, eventualmente, alguém paga o pato. Geralmente alguém que não tinha nada a ver com o babado.
Possivelmente este aí é que armou o babado.
Pois é, depois de tanto se falar de violência da polícia, foram os manifestantes que fizeram a primeira vítima. Tudo isso é muito triste, mas longe de ser imprevisível.
Bem previsível...
A questão está longe de terminar, pois se comprendi direito a "fúria santa" de certos grupos, creio que dificilmente irão voltar atrás e admitir que violência não irá resolver o problema. É psicologia, e gostem ou não acontece de verdade.
Mas há algo que me espanta muito nisso: a incapacidade de entender que as propostas, a forma, o modus operandi é algo que toda sociedade já viveu antes e sabe (ou deveria saber) que não funciona. O efeito das redes sociais é um efeito multiplicador, mas a forma de ação já tem séculos. Mas certos grupos parecem acreditar que tudo que estão fazendo é novo e nunca foi feito. Isso mostra um desconhecimento enorme do passado.
É ainda mais antigo do que isso...
Culpa de quem? Bem, aí podemos distribuir a culpa por muitos.

Mas há algo ainda mais sério:

Há uma certa arrogância nesse grupos que é comum a todos os fanáticos: a certeza que a causa é santa e que tudo que fizerem é plenamente justificado. Isso é uma enorme ignorância (da braba).
As manifestações não são novas, o que é novo é a escala e a velocidade. O que antes demandava muito esforço, convencimento e uma boa dose de sorte tornou-se muito mais simples de ser realizado.
Eu sei, eu estava lá, E não tinha sequer internet na época.
Mas o preço é exatamente a perda de foco. Isso não é de todo mau, mas agrega ao grupo tendências que podem, em última análise, comprometer seriamente as reivindicações.

O mais triste de tudo isso é que creio que os grupos mais radicais que não aprenderam absolutamente nada. Estes vão continuar culpando a todos pelas consequências de suas escolhas...

Todos, exceto aqueles que realmente tem alguma responsabilidade real: aqueles que olham de volta no reflexo do espelho.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Previsão de Inflação 2014

Com os dados do IPCA de janeiro, posso fazer algumas estimativas para inflação de 2014.

Como já havia mencionado em outro post, janeiro tinha 50% de ter inflação de 0.42% e 50% de 0.81% (ou 60% de 0.46% e 40% de 0.86%). O resultado oficial ficou em 0.55%.

Com os dados de janeiro, a inflação estimada fica em 5.45%. Vamos as probabilidades:
  • 97% de estar entre 3.4% e 6.8%
  • 97% de chance da inflação ficar abaixo de 6%
  • 30% de chance da inflação ficar abaixo de 4.3%
 Já a inflação de fevereiro tem 50% de ficar em 0.40% e 50% de ficar em 0.79% , Ou 60% de ficar em 0.43% e 40% de ficar em 0.83%. Algo na vizinhança de 0.59%.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Estatísticas, Rendimento, Discriminação e Enrolação

Em setembro saiu a estatística: aumentou a diferença salarial entre homens e mulheres.

Deixe eu clarificar um ponto: sempre que li ou ouvi dados sobre diferenças salariais entre homens e mulheres, eu pensava em duas pessoas no mesmo tipo de cargo recebendo salários diferentes.

E isso me deixava muito irritado porque era claramente discriminatório.

Só que...

A coisa não é bem assim.

Quando falamos nas diferenças salariais, estamos falando nas diferenças salariais médias. E não estamos levando em conta a distribuição. Pode parecer um detalhe, mas por vezes não é...

E antes de continuar quero deixar claro: existe discriminação sim, mas cada dia mais suspeito que o problema não está sendo apresentado de forma honesta (por ignorância, má-fé ou outro motivo - isso eu não sei).

Como posso clarificar isso? Podemos olhar em duas tabelinhas do PNAD 2012:
  1. Rendimento médio por sexo (deveria ser gênero, mas vá lá).
  2. Rendimento por sexo e classes de rendimento.
Notaram alguma coisa, caros leitores?

A primeira tabela é justamente o ponto que causa revolta: a "óbvia" diferença salarial.

Mas a segunda tabela conta uma história um pouco diferente.... Se olharmos os dados brutos e não a parte debaixo da tabela... Observem
  • Dos que ganham até 1 salário mínimo: 40% são homens e 60% são mulheres
  • Dos que ganham entre 1 e 2 salários mínimos: 53% são homens e 47% são mulheres
  • Dos que ganham entre 2 e 3 salários mínimos: 63% são homens e 37% são mulheres 
  • Dos que ganham entre 3 e 5 salários mínimos: 64% são homens e 36% são mulheres  
  • Dos que ganham entre 5 e 10 salários mínimos: 63% são homens e 37% são mulheres 
  • Dos que ganham entre 10 e 20 salários mínimos: 69% são homens e 31% são mulheres 
  • Dos que ganham mais de 20 salários mínimos: 77% são homens e 23% são mulheres  
  • Dos sem rendimento: 34% são homens e 65% são mulheres  
Note que isso pinta um quadro diferente: as mulheres ganham menos do que os homens pois são maioria apenas em posições com menores rendimentos. Isso e naturalmente que a massa que compõe as posições de até 1 salário e sem rendimento é de 50% do número total.

Então perceba, caro leitor: o problema não é homens e mulheres recebendo salários diferentes enquanto trabalhando em posições iguais. O problema é que as mulheres não estão adequadamente representadas nas posições de maior rendimento.

Por que? Bem aí existem vários motivos, inclusive discriminação...

Ah sim, a distribuição "ideal" seria de 51% para as mulheres e 49% para homens aproximadamente.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

De novo sobre o problema do tanque

Eu já mencionei anteriormente sobre o problema do tanque: como descobrir quantos tanques foram fabricados a partir de um conjunto de amostras.

Este foi um problema real resolvido na época da segunda guerra e equivale ao seguinte problemas: Eu tenho N bolinhas numeradas de 1 até N. Eu tiro uma amostra com M bolinhas. Como eu estimo o valor de N a partir desta amostra?

Bem, neste caso temos uma distribuição uniforme aonde podemos retirar M amostras. Como a distribuição é uniforme então a probabilidade de cada número é 1/N.

Se calcularmos o valor esperado desta distribuição é simplesmente somar 1 até N e dividir por N. A soma dá N*(N+1)/2. Portanto o valor esperado é E{x}=(N+1)/2.

O que fazemos é calcular o valor esperado das M amostras, que iremos chamar de E'{x}

Então temos que E'{x} é aproximadamente (N+1)/2. Portanto N é aproximadamente 2*E'{x}-1

Mas esta não é a única maneira de calcular o valor de N. A variância da distribuição uniforme é (N^2-1)/12. Portanto também poderiamos encontrar o valor de N através da estimativa da variância da amostra. Se s^2 = (N^2-1)/12

Então

12*s^2+1=N^2 ou N=raiz(12*S^2+1)

Então temos dois estimadores de N. Qual deles é o melhor? Bem, há um estimador melhor ainda, mas vamos ficar com esses dois por agora. NO caso, a convergência da variância é mais lenta que a da média, então usar

N=2*E'{x}-1

provavelmente é mais confiável do que

N=raiz(12*s^2+1).

Mas vamos a alguns testes?

Primeiro com 10 amostras.

Sequência: 239    23   251   219    91   154   436   408   500   123

Estimador pela média: 487.8000
Estimador pela variância: 547.7045
Média dos dois: 517.7523
Valor real de N: 500

Sequência:
522         479        2945        3002        1632         225        1445        4600        4731         156

Estimador pela média:  3.9464e+003
Estimador pela variância: 6.0664e+003
Média dos dois: 5.0064e+003
Valor real de N: 5e+003

Sequência: 791729      570820      425124      665681      964834     1117070       34250      778756    944644      157673

Estimador pela média:  1.2901e+006
Estimador pela variância: 1.2215e+006
Média dos dois:  1255800
Valor real de N: 1234567

Isso tem algumas utilidades práticas. Por exemplo se em uma maratona você tem os competidores numerados de 1 até N, então é possível estimar a quantidade de corredores através de fotos contendo corredores (no entanto é necessário garantir a aleatoriedade). Você também pode estimar a quantidade de produtos de uma linha pelo seu número de série, a quantidade de pessoas com determinado documento (por exemplo passaporte) através de uma inspeção aleatória.

O inacreditável é que se possa saber tanto com aparentemente tão pouco...