quarta-feira, 31 de julho de 2013

Os Revolucionistas!

Muitos detalhes andam me deixando com menos fé nas pessoas. Um deles é saber que as pessoas são substancialmente menos racionais do que imaginam ser.
Deixa eu entender: você não consegue arrumar seu quarto e quer arrumar o país?
Este comportamento parece ser mais comum nos "revolucionistas!" de plantão. Esse termo creio que fui eu quem cunhei, e serve para destacar o grau de delírio de alguns "revolucionários!" (com ! mesmo) que pululam mundo afora.

A característica que julgo ser principal é uma tentativa de aparentar racionalidade como envelope de superficialidade, ignorância e muito, muito desconhecimento mesmo. Mas não é de todo mal, muitas vezes é apenas a natureza da nossa irracionalidade se mostrando...

Por que isso?

Várias razões (entre elas o cartaz mostrado acima), mas uma das principais é que encontrei uma carta dos tempos da ocupação da reitoria da UnB (2008) que creio demonstrar com bastante clareza a natureza revolucionista! dos ocupantes (prepare-se leitor: é de chorar... de rir).

"Galera, Companheiros, Amigos, 

A lei capitalista mundial proibe a internacionalização da luta. Os estrangeiros não podem se juntar ao movimento estudantil porque recebem na hora uma ameaça de deportação. Os governos oligarquicos fragmentam os povos porque eles têm medo de perder seu poder.

Se Timothy me ameace de expulsão, se o reitor recuse a transparência das contas, se ele não quiser falar da paridade, é porque ele morre de medo de NÓS. Somos poderosos, ele sabe. Estranhamente alguns estudantes duvidam disso.

Somós poderosos porque 3 dias depois do inicio do semestre, éramos 400 em assembleia geral. Somós poderosos porque 150 estudantes ocupam, desde quinta, a reitoria. Somós poderosos porque dentro do gabinete do ladrão, diversos grupos com ideais diferentes conseguiram a união para atingir um ojetivo comum.

O estado policial me obriga a me afastar do movimento MAS tenham a certeza que vocês têm meu apoio total e minha ajuda clandestina. Outros estrangeiros apoiam vocês mesmo se eles estejam a 10 000km.

A O.M.C impõe a privatização da educação no mundo inteiro. A resistencia deve ser MUNDIAL. A luta é GLOBAL. A vitoria será TOTAL."


E isso pelo menos confirma uma suspeita que eu tinha desde aqueles tempos: a maioria quer brincar de revolucionário - quer ser o Che (mas sem o final do mesmo). Ou seja: revolucionistas!

Em defesa deste tipo de pensamento: creio que todos queremos um futuro melhor, o problema é que a enorme maioria não faz a menor idéia de como fazer e isto. Daí há exageros, idealizações e muita, muita leitura equivocada de como as coisas estão.

Ainda há uma parcela que quer isso, mas sem muito trabalho, esforço, ou sacrifícios pessoais - dos outros tudo bem, é claro - mas isso fica para outro post...

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Mais sobre médias geométricas

Em mais uma pausa de comentários sobre o febeapá volto a questão das médias - em particular a geométrica. Como falei a idéia é que tenhamos uma distribuição de probabilidade uniforme entre magnitudes.

Então podemos ver o que acontece quando dividimos os intervalos em tamanhos iguais, só que de modo linear.

No caso vamos considerar três intervalos 1-10,10-100 e 100-1000. Cada um é equiprovável, ou seja, a área total é 1 e cada intervalo corresponde a 1/3 da área.

Se dividirmos linearmente entre 1-1000 teremos: 333, 666 e 1000. Mas entre 1-10 temos 1/3, então quanto temos entre 1 e 333? Teremos 1/27*9+1/270*90+1/2700*233 = 0.753 (75.3% da área da curva). Já entre 333 e 666 teremos 1/2700*333 = 0.123 (12.3% da área da curva) e finalmente entre 666 e 1000 teremos 0.124 (12.4% da área da curva).

O que dá para perceber é que há uma distorção sobre como se enxerga a curva, dependendo se estamos fazendo as contas de modo linear ou geométrico. Se formos colocar números podemos dizer que há 1 elemento entre 3 e 10, 10 elementos entre 10 e 100 e 300 elementos entre 100 e 1000 (total 111). Desta forma teremos 1/3 de probabilidade em cada intervalo.

Isto mostra alguma similaridade com o que conhecemos com distribuições com alta desigualdade - só que neste caso ao invés de termos maiores variações com menos elementos, temos maiores variações com mais elementos.

Para tornar a coisa mais próxima a este caso termos de fazer ao invés de dividir log(XF) por N [ou seja 1/N*log(XF), 2/N* log(XF) e assim por diante], teremos de fazer -1/N*log(XF), -2/N*log(XF) e assim por diante até (1-N)/N*log(XF). Isto não é uma divisão em intervalos de XF, mas uma divisão em intervalos de 1/XF. Ou seja de 1 até 1/XF ao invés de 1 até XF. Assim teríamos 1 até 0.1 de 0.1 até 0.01 e 0.01 até 0.001 como intervalos (se XF fosse 1000). Então no fundo as duas médias geométricas são relacionadas.

Ao colocarmos números teríamos:
1 até 0.1 - 100 elementos - probabilidade no intervalo = 1/3
0.1 até 0.01 - 10 elementos - probabilidade no intervalo = 1/3
0.01 até 0.001 - 1 elemento - probabilidade no intervalo = 1/3
Total de 111 elementos.
Daí teríamos a distribuição da desigualdade 90.9% dos elementos está na  primeira ordem de magnitude, 9.009% dos elementos na segunda ordem de magnitude e 0.9009% na terceira ordem de magnitude.

Já outra situação é quando há distribuição uniforme não entre diversas ordens de magnitude, mas ao longo de diversas magnitude.

Por exemplo, no caso entre a divisão entre 1 e 1000 linear temos como intervalos 333 e 666 (como já falamos). Mas entre 1 e 333 temos 75% da área. Já entre 333 e 1000 temos cerca de 25% dos área (o que significaria que o primeiro caso é 75/25 = 3 vezes mais provável que o segundo).

Isto é consistente com o caso que vimos anteriormente de distribuição da desigualdade.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Preste atenção nas idéias desse camarada

Pois o que ele propõe é, em poucas palavras, a suspensão da presunção de inocência.
Parece mesmo do tipo de boas intenções levando a uma enorme dor de cabeça.
Yep!
O que ele deseja é avançar o projeto de lei 5586/2005 de modo a alterar o código penal. Como?

Assim: "A proposta de lei formulada na CGU busca prencher esse vácuo. "A nossa ideia é que essa vinculação (entre o crime e o enriquecimento) não seja mais necessária. Caberá ao servidor comprovar a origem de seu patrimônio. E, não comprovando, isso já é uma conduta criminosa. A obrigação de provar que seu patrimônio tem origem lícita caberá ao agente público e não ao Estado."".

Parece uma boa idéia? Bem, caro leitor, perceba que isto significa que o servidor é culpado até prova em contrário - ele é obrigado a garantir que seu patrimônio está Ok.

Parece boa idéia? Bom... já pensou se for com você caro leitor? Você tem como provar a origem legal de tudo que é seu? Sério? Então imagino que tenha nota fiscal de tudo, não?

terça-feira, 16 de julho de 2013

30 dias se passaram...

E como ficou o interesse nas manifestações? Bem, isto não dá para dizer com certeza, mas é possível ver a evolução no Google Trends.

Pois é gente, tivemos um pico (justo no dia 21 de junho) e depois a coisa foi diminuindo...

Já o termo o gigante acordou teve um pico no dia 18 de junho.

E o termo vandalismo tem um pico em 21 de junho

E 20 centavos tem um pico em 18 de junho...

E protesto tem um pico em 21 de junho.
Eu tenho uma teoria sobre o que isto significa, mas vou deixar para um post futuro...

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Médias

Algo que sempre quis colocar aqui é a discussão sobre diversos tipos de média.

Hoje eu vejo médias como algo análogo a valores mais prováveis (também conhecidos como expectativas ou valor esperado). Então no caso de uma variável (X) que pode assumir dois valores (X1 e X2) o valor esperado é dado por:

E{X} = p*X1+(1-p)*X2.

Aonde p é a probabilidade do evento X ter resultado X1. No caso de que os dois valores sejam equiprováveis temos:

E{X} = 0.5*X1+0.5*X2 = (X1+X2)/2

Se temos mais variáveis (n) temos algo do tipo:

p1+p2+..+pn & X1, X2,.., Xn

Com valor esperado:

E{X} = p1*X1+p2*X2+..+pn*Xn

No caso que todos os eventos são igualmente prováveis temos:

E{X} = 1/n*X1+1/n*X2+..+1/n*Xn

Alternativamente podemos dizer que XF = X1+X2+..+Xn e:

E{X} = XF/n

Ou seja E{X} é a a média aritmética simples (não ponderada) de XF. Agora podemos pensar em termos de dividir XF com um valor final e dividir o mesmo em intervalos equiprováveis:

  • 2 intervalos equiprováveis -0 até XF/2 e de XF/2 até XF (note que os intervalos tem tamanhos iguais a XF/2). Cada um dos intervalos pode ser visto como tendo uma probabilidade 1/2.
  • 3 intervalos equiprováveis - 0 até XF/3, de XF/3 até 2/3*XF e de 2/3*XF até XF (note que os intervalos tem tamanhos iguais a XF/3). Cada um dos intervalos pode ser visto como tendo uma probabilidade 1/3.

Ou seja se eu quiser dividir XF em N eu tenho: 0 até XF/N, XF/N até 2/N*XF, 2/N *XF até 3/N* XF e assim por diante até (N-1)/N*XF e XF. Mas e se tivermos ordens de magnitude equiprováveis? Isso também é interessante, e pode ser representado pelo logarítimo:

1/N*log(XF) até 2/N*log(XF), 2/N*log(XF) até 3/N*log(XF) e assim por diante até (N-1)/N*log(XF) e log(XF).

Do ponto de vista dos exponentes temos:

  • intervalo 1: de 1 até (XF)^(1/N)
  • intervalo 2: de (XF)^(1/N) até (XF)^2/N
  • ...
  • intervalo N: de (XF)^((N-1)/N) até XF.

Vamos ver as diferenças? O mais interessante é olhar o caso de três intervalos. Vamos usar o número 100 para simplificar. No caso linear:

  • intervalo 1 de 0 até 100/3 com probabilidade de 1/3
  • intervalo 2 de 100/3 até 200/3 com probabilidade de 1/3
  • intervalo 3 de 200/3 até 100/3 com probabilidade de 1/3

No caso geométrico:

  • intervalo 1 de 1 até 4.64 com probabilidade de 1/3
  • intervalo 2 de 4.64 até 21.54 com probabilidade de 1/3
  • intervalo 3 de 21.54 até 100 com probabilidade de 1/3

Notem que se fizemos ao invés de 100, utilizassemos 1000 teríamos:

  • intervalo 1 de 1 até 10 com probabilidade de 1/3
  • intervalo 2 de 10 até 100 com probabilidade de 1/3
  • intervalo 3 de 100 até 1000 com probabilidade de 1/3

Ou seja este é o caso que as ordens de magnitude são igualmente prováveis. Uma questão interessante é que a média aritmética poderia ser feita ao invés de utilizarmos de 0 até XF poderíamos ter utilizado de 0 até 1 e multiplicado por XF, mas o mesmo não poderia ser feito com relação a média geométrica - ou seja o valor importa! Isto tem diretamente relação com o que poderíamos expressar em porcentagens! O que isto quer dizer?

Vamos pegar o caso de XF igual a 100 e XF igual a 1000.

  • intervalo 1 corresponde a 4.64% do total no caso que XF é igual a 100 e 1% no caso que XF é igual a 1000
  • intervalo 2 corresponde a 16.90% do total no caso que XF é igual a 100 e 9% no caso que XF é igual a 1000
  • intervalo 1 corresponde a 78.46% do total no caso que XF é igual a 100 e 90% no caso que XF é igual a 1000
Isto tem ramificações interessantes quando tratamos de uma variável aleatória que tem a propriedade curiosa de ser equiprovável com relação a ordem de magnitude. Mas isso fica para outro post...

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Previsões de Inflação

Apesar do que o pessoal anda falando, parece que a melhora na inflação é real.
Inflação de 2013 - Muito provavelmente entre 5.3% e 7.1% (com 95% de probabilidade de ser abaixo de 7.1%). Está vendo a diferença entre achismo e matemática? Os números...
Comparando os resultados só com janeiro (6.32%), incluindo até fevereiro (6.44%), incluindo até março (6.43%), incluindo até abril (6.51%). incluindo até maio (6.39%), com o valor calculado com a inclusão de junho (6.16%) temos uma melhora - precisamente porque junho teve IPCA mais baixo (0.26%).

Naturalmente o valor esperado não é tudo. Muito mais útil são os intervalos de confiança. No caso atual, com os dados de junho temos uma chance de 0.7% da inflação ficar acima de 8.012% (a chance que a inflação fique acima de 7.1% é de 5.3%). Podemos afirmar que há uma chance de 99% da inflação de 2013 ficar abaixo dos 8%.

O limite inferior é 5.31% (compare com janeiro - 4.77%, e os acumulados até: fevereiro (5.04%), março (5.17%), abril (5.38%) e maio (5.4%)). Já o superior teve um progressão similar: 14.96%, 14.28%, 13.46%, 12.73%, 11.82% e finalmente 10.78% (incluindo junho). Sendo que valores superiores a 8.93% tem probabilidade inferior de ocorrência 0.05%.

As notícias não são ruins, muito pelo contrário.Claro que não sou uma firma que faz previsões de inflação, mas se eu tiver que estimar (chute educado) diria o seguinte:
  • 36% de chance da inflação abaixo de 5.3%
  • 76% de chance da inflação abaixo de 6.2%
  • 95% de chance da inflação abaixo de 7.1%
  • 99% de chance da inflação abaixo de 8%
E vejamos como a coisa irá se desenrolar...

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Pensando Fora da Caixa

Quando você se encontra com um problema aparentemente muito difícil de resolver, ou mesmo aparentemente sem solução: Lembre-se

Às vezes é só uma questão de olhar o problema de forma diferente

terça-feira, 2 de julho de 2013

Do que as Manifestações não tratam

Os dados mostrados aqui anteriormente servem pelo menos para explicar que diversas motivações tidas como verdadeiras pela imprensa e analistas não são verdadeiras. Mas creio ser melhor explicitar isso em números: vamos considerar uma manifestação "padrão" com mil (1000) participantes.

  • A manifestação não teve como motivo principal uma reação a ação violenta da polícia. Ou seja dos mil participantes, cerca de 13 estavam lá só por causa da reação a ação violenta da polícia. Se contarmos o pessoal que estava lá por outros motivos, mas apoiava a reação este número sobe de 13 para 41.
  •  A questão transporte público explica 376 dos 1000 participantes. Mas nesses casos, eu suspeito que este efeito foi maior em cidades aonde o problema da tarifa estava acontecendo (o que não foi o caso de Brasília, por exemplo). Dos 376 manifestantes, 278 tem como motivo principal serem contrário ao aumento, 77 tem como motivo a melhoria do sistema, 10 tem como motivo o aumento da frota, 9 o desconforto de viagem e 3 tem como motivo principal o passe livre. Se contarmos o pessoal que não lista isso como motivo principal, este número sobe de 376 para 537 (ou seja de 161 participantes)
  • O ambiente político explica 299 dos mil participantes. No caso, dos 299, 242 tem como motivo principal a oposição à corrupção, 21 a favor de mudanças, 19 tinham como motivo principal a insatisfação com governantes, 11 a insatisfação à políticos em geral, 4 contrários ao Feliciano (ou a Cura Gay), 1 tinha como motivo principal a saída de Renan Calheiros, 1 como motivo o ficha limpa e 1 contra partidos. Se considerarmos o pessoal que não lista isso como motivo principal aí temos que 490 dos 1000 estão lá contra corrupção/ desvio de dinheiro público.

Então o que isso nos ensina? Dos 1000 manifestantes temos que a razão principal da manifestação é que:

  • 278 estão lá contra o aumento do transporte público
  • 242 estão lá contra o corrupção/desvio
  • 121 estão lá por causa da saúde
  • 77 estão lá pela melhoria do sistema de transporte público
  • 55 contra a PEC 37
  • 53 pela educação
  • 45 por causa dos gastos com a copa.

Já com relação aos motivos comuns temos:

  • 490 estão lá contra corrupção
  • 405 contra o aumento do transporte público
  • 366 por melhorias na saúde

Com exceção do transporte público, estas demandas são genéricas. Isso quer dizer que você dificilmente vai encontrar alguém que seja contrário a elas (o que me faz suspeitar que este conjunto descreve cerca de 90% dos manifestantes - mas isso é só suspeita).

Já entrando no universo das causas comuns de 200 manifestantes, há reclamações contra o dinheiro da Copa (cerca de 150 manifestantes dos mil) e contra a PEC 37 (cerca de 119 dos 1000 manifestantes - 64 estão insatisfeitos, mas este não é o motivo principal), mas ainda há 114 manifestantes que demandam necessidade  de mudança no ambiente político, 99 insatisfeitos com governantes em geral e 95 demandam melhorias na segurança pública.

Qual a conclusão? Responda uma pergunta, caro leitor: as respostas dos governantes contemplam estas demandas?

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Porque se Manifestar?

Ao contrário dos adivinhos de plantão, eu ainda acredito no poder da estatística bem feita. No caso a seguir não posso garantir tudo, mas tenho uma suspeita que os resultados são válidos.

O IBOPE traçou um perfil dos manifestantes há alguns dias. Isso pode não ser muito, mas é substancialmente melhor do que ler achismo dos Intelectualóides de plantão. Vamos aos dados.

Primeiro motivo das manifestações. Há duas colunas, uma com respostas como primeira menção (podem ser consideradas como motivo principal dos manifestantes perguntados) e outra com outras menções (que podem ser consideradas como causas secundárias dos manifestantes perguntados). Vamos primeiro às causas principais:

  1. Transporte Público (37.6%)
  2. Ambiente Político (29.9%)
  3. Saúde (12.1%)
  4. Contra PEC 37 (5.5%)
  5. Assuntos de Educação (5.3%)
  6. Gastos com Copa do Mundo/ Confederações (4.5%)
  7. reação à Ação Violenta da Polícia (1.3%)
  8. Justiça/ Segurança Pública (1.3%)

Esta lista constitui 97.5% dos motivos colocados pelos manifestantes. Dos itens em questão temos:
Transporte Público (37.6%)

  • Conta o aumento (27.8%)
  • Favor da melhoria do sistema (7.7%)
  • Aumento da Frota (1%)
  • Desconforto em Viagem (0.9%)
  • Passe Livre (0.3%)

Ambiente Político (29.9%)

  • Contra corrupção/ desvio (24.2%)
  • Mudança (2.1%)
  • Insatisfação com Governantes (1.9%)
  • Insatisfação com Políticos em geral (1.1%)
  • Fora Feliciano/ Contra Cura Gay (0.4%)
  • Contra Renan Calheiros (0.1%)
  • Ficha Limpa (0.1%)
  • Contra Partidos (0.1%)

Gastos com a Copa do Mundo/ Confederações (4.5%)

  • Contra desvios de dinheiro (1.6%)
  • Dinheiro deveria ir para coisas mais importantes (1.8%)
  • Contra a Copa (1.2%)

Reação Violenta da Polícia (1.3%)

  • Contra a ação violenta da Polícia  (0.8%)
  • Direito à Reivindicação (0.2%)
  • Em apoio ao movimento (0.2%)

Justiça/ Segurança Pública (1.3%)

  • Melhorias na Segurança Pública (1.1%)
  • Melhoras na justiça (0.1%)
  • Contra Violência (0.1%)

Se olharmos já o conjunto de menções (ou poderíamos chamar de listas de reivindicações?) temos um quadro diferente:

  1. Ambiente Político (65%)
  2. Transporte Público (53.7%)
  3. Saúde (36.7%)
  4. Copa do Mundo/ Confederações (30.9%)
  5. Educação (29.9%)
  6. Contra PEC 37 (11.9%)
  7. Justiça / Segurança Pública (10.2%)
  8. Reação à Ação Violenta da Polícia (4.1%)
  9. Administração Pública (2.9%)
  10. Direitos/ Democracia (1.8%)
  11. Demandas Específicas (2.7%)

Então vamos aos casos mais específicos:

  • Contra corrupção/ desvio de dinheiro público - 49%
  • Contra o aumento do transporte público - 40.5%
  • Melhorias na Saúde (36.6% - 0.1% é contra o ato médico)
  • Precariedade do sistema de transporte público (14%)
  • Desvio de Dinheiro na Copa (13.8%)
  • Uso do dinheiro da Copa poderia ser usado em coisas mais importantes (12.4%)
  • Contra PEC 37 (11.9%)
  • Necessidade de mudança do ambiente político (11.4%)
  • Insatisfação com os governantes em geral (9.9%)
  • Melhorias na Segurança Pública (9.5%)

Estas demandas caracterizam praticamente 90% dos manifestantes. E posso dizer que suspeito que a questão do transporte público é específica de determinados locais.

Em termos de demografia temos:

  • 43% tem entre 14 e 24 anos
  • 20% tem entre 25 e 29 anos
  • 18% tem entre 30 e 39 anos
  • 19% tem 40 anos ou mais.

Portanto 63% tem menos de 29 anos. Mas ao mesmo tempo temos que 49% tem colegial completo (ou superior incompleto) e 43% tem curso superior completo. Sendo que 52% estuda atualmente, e 76% trabalha. Com relação aos rendimentos 23% tem renda familiar maior que R$ 6780,00, 49% maior R$ 3390,00, e cerca de 79% maior que R$ 1356,00.

Conforme já noticiado a mobilização através do Facebook foi de cerca de 77%, 1/3 acreditam que as depredações são justificáveis, 89% não se sentem representados por quaisquer partidos, 86% não são filiados a órgãos de classe (sindicato ou entidade estudantil).

Este é o perfil... Na falta de outras pesquisas é o que se tem para trabalhar. E em posts futuros, vou me dedicar a destrinchar (ou pelo menos clarificar) algumas conclusões que correm soltas por aí.