segunda-feira, 30 de junho de 2014

Uma forma de sentir as probabilidades

Pelo que já andei relatando, nós temos problemas para "acompanhar" o que significa probabilidade.

Mas creio que há algo que possa ajudar, pelo menos no caso mais simples.

Vamos dizer que eu lhe desse duas moedas, e dissesse para você: Muito bem, você sabe que a chance de tirar cara é 50% e coroa é 50%. Mas como fica a chance de você tirar pelo menos 1 cara com essas duas moedas? Ou seja você joga as duas moedas e o que desejo saber é qual é a chance de pelo menos 1 cara.

Ora, este processo pode ser analisado por tentativas de Bernoulli.

(p+q)^2.

p^2 - 2 caras
p*q - 1 cara na primeira tentativa
q*p - 1 cara na segunda tentativa

Então dá para ver que a única configuração que leva a perda é tirar duas coroas. Portanto a chance de tirar pelo menos 1 cara é

p^2+2*p*q=1-q^2 = 3/4

Portanto a chance de tirar pelo menos uma cara é 75%. Até que não é ruim, não?
Mas e se eu quisesse, digamos 90%?

Ora aí é a questão de resolver a equação 1-(1/2)^n=0.9

Esta equação pode ser simplificada usando logaritimos (base 2 é melhor)

log[(1/2)^n] =log(1-0.9) -> n=-log(0.1)

Bem dá para ver o que número não é inteiro (3.32). Para que o número seja inteiro, o valor dentro do logaritmo tem de ser uma potência de 2.

Mas vamos fazer uma tabela
  • A chance de tirar pelo menos 1 cara com 1 moedas é  50%
  • A chance de tirar pelo menos 1 cara com 2 moedas é  75%
  • A chance de tirar pelo menos 1 cara com 3 moedas é  87.5%
  • A chance de tirar pelo menos 1 cara com 4 moedas é  93.75%
  • A chance de tirar pelo menos 1 cara com 5 moedas é  96.875%
  • A chance de tirar pelo menos 1 cara com 6 moedas é  98.4375%
  • A chance de tirar pelo menos 1 cara com 7 moedas é  99.21875%
  • A chance de tirar pelo menos 1 cara com 8 moedas é  99.609375% 
  • A chance de tirar pelo menos 1 cara com 9 moedas é  99.8046875%
  • E por fim, a chance de tirar pelo menos 1 cara com 10 moedas é  99.90234375%
Então dizer que há 99.9% de chance é equivalente a dizer: esta é a mesma chance que você teria de tirar pelo menos uma cara jogando 10 moedas (simultaneamente ou em sequência - aí não faz diferença)

quarta-feira, 25 de junho de 2014

O que o pessoal parece não compreender

Copa está aí. E como já indiquei nesse blog, a tendência é de que todo mundo entre no espírito.

As pesquisas estavam disponíveis para quem quisesse enxergar: 81% estavam interessados na copa.

Mas o pessoal preferiu enxergar apenas o que queria: que a maioria achava que a copa seria apenas "regular"

O que deu errado nas análises? Bem, os dados estavam claros - eu mesmo disse aqui neste blog. Mas parece que havia uma "pauta" negativa.

Interesse? Conspiração?

Não acredito nisso. Acredito na navalha de Occam: a explicação mais simples e que satisfaz todos os dados disponíveis é, provavelmente, a verdadeira: as pessoas enxergaram o que queriam enxergar, nem que para isso tivessem que "arrumar" os dados.

Este tipo de atitude (selection bias) me leva a dois outros acontecimentos recentes: o xingamento da presidente na abertura e uma análise recente sobre mídias sociais e seus impactos.

Vamos por partes: primeiro o xingamento

Fenômenos de massa em estádios são extremamente bem documentados e xingamentos não são nada novo. A análise mais simples não é que uma "elite branca racista" foi responsável.

A análise mais simples é que as pessoas estão realmente com raiva da presidente. A idéia que foi uma elite é apenas mais uma tentativa de dividir o "nós contra eles" que tanto apetece aos demagogos. Aliás, suspeito que o efeito real é justamente o contrário: a explicação das "elites" só fez quem tem raiva ficar com mais raiva e quem não tem raiva começar a ter um pouquinho.

A raiva tem uma razão bem simples: a presidente tem em suas mãos um país aparentemente em pior estado do que recebeu. E isso as pessoas perceberam. Adicione a isso as dores de cabeça que transtornaram os cidadãos nos últimos anos em função das promessas não cumpridas e a deterioração do que antes mal ou bem funcionava e aí temos um bom motivo para a raiva.

O segundo ponto é sobre a questão das mídias sociais: o que mudou de 2013 para cá? Em 2013 tivemos manifestações gigantes conclamadas por mídias sociais. A enorme maioria sem uma agenda claramente definida. O ponto de partida comum era a insatisfação.

E a mesma só aumentou (não se iluda, caro leitor, com o efeito da copa - este só veio do início de junho para cá e a insatisfação não desapareceu).

Então o que mudou? Aonde estão as manifestações gigantes? De novo parto para explicação mais simples: os convites para as manifestações ainda estão lá nas mídias sociais, mas as pessoas simplesmente não estão aderindo as mesmas,

Vejamos então: os convites estão lá, a insatisfação continua, então qual o ingrediente que está faltando?

Aí tenho apenas uma suspeita: as pessoas não estão acreditando em quem faz os convites. Agora também há uma desconfiança sobre a agenda de quem organiza as manifestações. Por mais isentos que pareçam, vários já mostraram que querem mais participantes apenas para fazer número para satisfazer suas demandas.

E aínda assim, com números reduzidos, esse pessoal diz representar o povo.

Francamente, a cara de pau é inacreditável!

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Agora com a Inflação de maio

Sei que ando meio desleixado com o blog - o mundo anda maluco (o PT reclamando de xingamentos contra a presidente - gente, o PT!). E eu, sem muita paciência...


Mas vamos lá.

Com os dados do IPCA de maio, posso fazer algumas estimativas para inflação de 2014.

Como já havia mencionado em outro post, abril tinha 50% de ter inflação de 0.17% e 50% de 0.56% (ou 60% de 0.21% e 40% de 0.61%). O resultado oficial ficou em 0.46%.

Com os dados de maio, a inflação estimada fica em 6.3%. Vamos as probabilidades:

    97% de estar entre 5.3% e 7.3%
    99% de chance da inflação ficar abaixo de 7.3%
    50% de chance da inflação ficar abaixo de 6.1%

 Já a inflação de junho tem 50% de ficar em 0.11% e 50% de ficar em 0.50% , Ou 60% de ficar em 0.15% e 40% de ficar em 0.55%. Algo na vizinhança de 0.31%.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Palhanagem!

Palhanagem, caro leitor é um neologismo por mim cunhado significando a mescla de palhaçada com sacanagem.

Leio nesta segunda (02/05) um texto em um blog: O problema não é o Brasil. É você.  Não gostei do texto e vou dizer porque, mas antes vamos a questão da autoria.

A autora chama-se Priscilla Silva e este é, aparentemente, o único texto do seu blog.

Sua descrição diz em ser: "Jornalista, feminista e mais alguns outros “istas”. Fã de gastronomia e de literatura de esquerda. Procurando entender o mundo, um dia de cada vez."

Dou uma olhada na foto é vejo que é Simone de Beauvoir.
Então temos o seguinte: uma jornalista feminista com um blog que contém um único texto! Como o mesmo foi postado no dia 27 de maio, então é de supor que a jornalista tenha sido um tantinho relapsa com seu blog.

Isso tudo acende uma luz amarela com relação ao texto. Mas, para evitar problemas com falácias, eu costumo não fazer julgamentos baseados em "quem escreveu!", mas "no que escreveu". Mesmo assim, uma luzinha amarela indica palhaçada!

E vamos ao texto:

Toda vez que um assunto polêmico surge na mídia, viraliza nas redes sociais e chega às rodas de amigos, reuniões de família e mesas de bar, começam a pipocar, por toda parte, juízos de valor genéricos a respeito “do Brasil” e “do povo brasileiro”.

Essas “análises”, que estão em alta no atual período pré-Copa, costumam ser, mais especificamente, materializadas na forma de chavões babacas mais antigos que a minha avó: são os famosos “só no Brasil”, “isso é Brasil!”, e, ainda, o clássico e meu preferido “o problema é a cabeça do brasileiro” (que também pode aparecer na carinhosa versão “o povo brasileiro é burro”).

Ah, os chavões babacas! Esses mudam de dono, mas não perdem a majestade. Me lembro bem do "Agora mais do que nunca: e povinho bunda!". Quando vem com um texto adjetivando chavões com babacas, imediatamente voou pela janela a imparcialidade. Portanto, cuidado leitores!
Isso é bem antigo mesmo...
Que a internet e os círculos sociais estão recheados de ideias idiotas, preconceituosas e desprovidas de qualquer senso lógico ou nexo com a realidade não é novidade.

O problema aqui é que as pérolas pertencentes à categoria “Brasil é uma merda porque é uma merda, e eu não tenho nada a ver com isso” não vêm sendo enquadradas como apatia mental, como deveriam, mas como demonstração de revolta consciente e politizada “contra tudo que está aí”.

Notaram, caros leitores? "Revolta consciente e politizada". Já dá para ver aonde este boi está indo, não?

Um quarto dos brasileiros acha que uma mulher de shortinho merece ser estuprada? “Isso é Brasil!”. A Petrobrás fez um mau negócio em Pasadena? “Brasil, né?”. Algumas obras da Copa do Mundo atrasaram? “Só no Brasil mesmo!”.

Algumas obras? Sério que foram apenas algumas? Ah, caro leitor, já deu para ver que isso é encomendado. Mas vamos continuar.

Não. Não. E não. Na verdade, esse tipo de pensamento vazio, reducionista e arrogante empobrece o debate dos problemas que estão por detrás dos acontecimentos (que acabam sendo levianamente rotulados como “coisa do Brasil”), além de estimular e legitimar uma atitude resignada e egoísta ao melhor (ou pior) estilo Pôncio Pilatos (“lavo minhas mãos, porque a merda já estava feita quando eu cheguei aqui”).

Ah, aqui temos um clássico da Izquerda revoltada : Pensamento vazio, reducionista e arrogante. Não disse porque é vazio, nem porque é reducionista, e nem porque é arrogante. Isso apenas é xingamento. Duvida? Vamos contar a adjetivação típica de revoltados?
  1. Vazio
  2. Reducionista
  3. Arrogante
  4. levianamente
  5. rotulados
  6. egoísta
  7. atitude resignada
Uau! Sete em um parágrafo de três linhas! Talvez isso seja um recorde.

“Só no Brasil”? Não.

Em primeiro lugar, vale uma pesquisa prévia a respeito do assunto sobre o qual se está emitindo opinião: será mesmo que o Brasil é o único país a enfrentar esse problema específico que você conheceu superficialmente através do link que seu amigo compartilhou no Facebook? Pode ter certeza que, em 99% dos casos, a gente carrega o fardo junto com mais algumas dezenas de países (se não com todas as nações do planeta), ainda que ele pese mais ou menos conforme o caso.

Isso é 100% verdade: muito provavelmente o Brasil não é o único país a enfrentar este problema específico.

E não estamos falando apenas de países considerados “mais atrasados” e “menos civilizados” que o Brasil.

Tem corrupção na Europa, os Estados Unidos mal possuem um sistema público de saúde, o racismo segue forte em diversos países “desenvolvidos”, e a Inglaterra é descaradamente sexista. Por isso, antes de iniciar um festival de ignorância, babar ovo de gringo gratuitamente e resumir seu discurso a uma frase despolitizada como essa, lembre-se que o Google está a apenas um clique.

Claro que tem corrupção, claro que há problemas na saúde, claro que há racismo! O problema é o grau! Se formos comparar o grau do problema no Brasil e nestes países, chegaremos a conclusão que são iguais? Hummm, dificilmente! E não podemos deixar de notar mais um cacoete de izquerda: mais xingamentos com uma pitada de xenofobia seletiva:
  1. Festival de Ignorância
  2. Babar ovo de gringo
  3. Frase despolitizada.
Caso contrário, você corre o risco de continuar contribuindo para que 40% dos nascidos no Brasil prefiram ter outra nacionalidade (apesar de o Brasil ser sonho de consumo internacionalmente).

Hummm, senti uma referência oblíqua ao amei-o ou deixe-o. Mas pode ser impressão... Já o Brasil ser sonho de consumo internacional? Acho que alguém está acreditando demais no marketing do partido.

Se “isso é Brasil”, então “isso” é você também.

Dou a qualquer um o direito de achar o Brasil uma merda monumental e sem precedentes, desde que admita ser uma merda de pessoa também. Assim, quando alguém disser “o Brasil é um lixo” ou “o povo brasileiro é burro”, na verdade estará dizendo “eu sou um lixo” e “eu sou burro”. Combinado?

Porque, caros amigos niilistas radicais, é estranhamente conveniente excluir-se, deliberadamente, do conjunto de brasileiros, negando a própria cultura e origem, bem na hora em que “a coisa aperta”, não é?

Não, caro marketeiro(a)! A média ser ruim não quer dizer que todos são ruins. Assim como dizer que a média é boa não quer dizer que todos são bons. Eu posso achar o Brasil uma merda monumental e sem precedentes e não me considerar ser uma merda de pessoa! Isso não é arrogância. Eu posso - e é meu direito, achar o que bem entender - posso achar que Cuba é uma merda, que a Coréia do Norte é uma merda e não preciso me considerar uma merda de pessoa. O fato de ser brasileiro não me faz igual a todos os brasileiros e - pasmem caros leitores: o fato de eu ser engenheiro não me faz igual aos demais engenheiros.

Ora bolas, os demais engenheiros não são iguais entre si.

Portanto: não, não está combinado não...

As expressões “isso é Brasil” ou “esse é o povo brasileiro” não são, portanto, apenas generalizantes e reducionistas, mas também um tanto arrogantes. Quem as profere se julga acima dos defeitos da sociedade brasileira, e é incapaz de perceber que suas próprias convicções, ideias e preconceitos são na verdade um reflexo das características e problemas da sociedade brasileira como um todo.

Olha o toc do izquerdista natural:
  1. generalizantes
  2. reducionista
  3. arrogantes.
E mais uma vez: os defeitos da sociedade brasileira não são compartilhados por todos os brasileiros!

Nem é preciso nem dizer que esse tipo de perspectiva segregatória, em que o locutor se coloca em posição imparcial e de superioridade em relação ao restante da população, gera verdadeiros fenômenos de cegueira coletiva.

Será que o izquerdista natural não percebeu que este parágrafo se aplica não apenas aos outros?

Um exemplo clássico é a inabilidade de algumas pessoas em enxergar o próprio racismo, o que popularizou expressões como “não sou racista, mas…”, culminando com a negação da existência de racismo no Brasil por determinadas “correntes ideológicas”.

Então, antes que comecemos a negar outros “ismos” por aí (o que, a bem da verdade, já acontece), vamos parar de subir em pedestais imaginários e nos colocar em nossos devidos lugares: na arquibancada junto com o resto do povão e toda a torcida do Flamengo.

De novo: a lógica do autor(a) é torcida: ao conclamar os dissidentes a se juntar a massa, ele não está justamente considerando que os mesmos são realmente diferentes? Ou será que existem diferentes, mas só entre os izquerdistas?

Se “isso é Brasil”, repetir esse chavão não vai mudar nada (talvez só pra pior).

Não, você não entendeu nada! O chavão é um desabafo, um reclame, uma desesperança - é o reconhecimento que não vai mudar!

Imagine a seguinte situação hipotética: um sujeito dito “politizado” está surfando na rede, checando o feed de notícias do Facebook, dando um rolê pelo Twitter e teclando no WhatsApp, quando, casualmente, se depara com uma notícia revoltante (sabemos que a internet está cheia delas).

Indignado com a situação ultrajante da qual acaba de tomar conhecimento, nosso amigo resolve mostrar toda a sua revolta por meio de um comentário impactante no perfil de quem, muito sagazmente, compartilhou aquela notícia chocante com ele. “Fazer o que, né, colega? Isso é o país em que vivemos. Viva o Bra-ziu!”.

Satisfeito com sua contribuição, o internauta bem informado segue para os próximos “hits do dia” nas redes sociais, afinal, “isso é Brasil” — não tem jeito. E ele, pessoa politizada e, portanto, ciente do “beco sem saída” que é o nosso país, nem vai se dar ao trabalho de pensar sobre o assunto (e muito menos fazer algo a respeito), uma vez que essa nação é feita de pessoas naturalmente incompetentes e políticos naturalmente corruptos. Confere? Não confere. Na verdade, cidadão politizado, o problema, neste cenário, não é o Brasil. É você.

Quando um indivíduo, ao deparar-se com determinado problema que considera sério, resume seu pensamento e manifestação à depreciação verbal genérica e gratuita de seu país, só podemos concluir que ele atingiu um nível sobre-humano de apatia mental e social.

Isso eu meio que concordo, mas suspeito que tem mais a ver com as mídias sociais do que outros fatores.

Além de não mover uma palha para mudar a situação que o indignou, contribui para difundir um clima negativo, conformista e preguiçoso por onde passa, contagiando outras pessoas com a ideia deturpada de que é impossível mudar as coisas para melhor (ou que simplesmente não vale a pena), porque “o povo brasileiro é assim mesmo”.

Olha o toc de novo:
  1. Negativo
  2. Conformista
  3. Preguiçoso
Resumo da ópera: quem não quiser realmente tentar entender o problema, trocar ideias sobre como solucioná-lo, contribuir com organizações e movimentos sociais envolvidos no assunto, criar ou participar de campanhas de conscientização, e procurar votar em políticos empenhados na causa em questão, que pelo menos pare de encher o saco com reducionismos pessimistas e burros. A esfera pública agradece.

Ah, movimentos sociais... Hummm. E se a pessoa que está apática e desesperançada tem realmente razão de estar apático e desesperançado? Então como ficamos? E já que estamos nisso:
Reducionismos pessimistas e burros
encher o saco

“Isso é Brasil” agora, mas pode mudar. E depende de você também.

Imaginem se, há 30, 40 anos atrás, quando ainda vivíamos uma ditadura, todos pensassem que o “Brasil é assim mesmo”, que “somos um povo submisso que só funciona na ‘base da porrada’”?

Imaginem se a população tivesse desistido de exigir a redemocratização, e se resignado, limitando-se a comentar com seus conhecidos, em cafés e restaurantes, que “aquilo era o Brasil”.

Foi porque as pessoas não se conformaram com o que o Brasil era ou parecia ser que hoje nós vivemos uma democracia plena, onde todos podem se manifestar da forma que julgam melhor (até de forma superficial e não construtiva, como a que estamos tratando neste texto).

Essa parte me irrita em particular. Isso porque claramente o autor(a) não viveu nessa época e está fazendo inferências sobre quem viveu nesta época. Eu sei, porque eu estava lá. Havia sim o "aquilo é Brasil", lembram-se do "Eta povinho bunda"?

O direito à liberdade de pensamento e expressão é indiscutível, e o que deixo aqui é apenas um humilde conselho: vamos usar essas prerrogativasde verdade. Para debater, e não para cair em chavões limitados e vazios de que o país é uma porcaria generalizada, pior que qualquer outro, que nosso povo é burro e corrupto, que estamos no fundo poço e nunca sairemos dele, e que é impossível mudar a realidade em que vivemos.

Aí o problema é que debater com assessor de imprensa é difícil. Debater com militante é muito difícil e finalmente debater com assessor de imprensa militante é praticamente impossível.

Isso não quer dizer, de forma alguma, que devemos fugir dos problemas ou nos conformarmos com o que já foi conquistado, pois ainda existem inúmeros desafios a serem superados nesse Brasil continental. Se “isso” é mesmo o Brasil, a mudança só depende de nós.

Ah, quem dera que tudo dependesse apenas de nós. Infelizmente o Brasil é muito mais complicado do que se pensa, e infinitamente mais delicado do que se faz parecer....

Só pode ser sacanagem...