terça-feira, 29 de junho de 2010

Teoria de Conspiração - A um palmo do Nariz

Eu estava olhando algumas teorias de conspiração. E cheguei a uma conclusão interessante: parece que todas se baseiam em sociedades ou associações todo poderosas que, por algum motivo desconhecido, deixam pistas que os "iniciados" na teoria podem interpretar como sinais da "gigantesca conspiração existente".

Tudo absolutamente maluco.

Uma das teorias fala sobre uma conspiração judaico-massônica-comunista mundial. Não estou brincando...

Olhem só o texto da wikipedia:


"A Conspiração judaico-maçônica-comunista internacional, às vezes chamada de Conspiração judaico-maçônica-marxista internacional, ou simplesmente deconspiração judaico-maçônica, é uma teoria da conspiração envolvendo uma aliança secreta entre judeus, maçons e comunistas. O objectivo obscuro da aliança, seria a dominação do mundo.
A ausência de evidência de uma conspiração mundial que medem é tida como demonstração da influência dos conspiradores, que devem ser entendido que trabalham para suprimir a evidência da sua atividade."


Notem que a inexistência de evidências é considerada evidência da existência. Isto por si só já daria para escrever um livro sobre a insanidade coletiva da humanidade.

Mas fica pior...

No passado os judeus foram ligados a usura e por este mesmo motivo foram considerados como responsáveis pela desgraça coletiva (ninguém gosta de um cobrador por mais razão que ele tenha - isto é praticamente universal). E como tal foram sempre elevados a condição de bodes expiatórios.

O que leva ao fato da conspiração ser supostamente comunista. Isto é baseado no fato que Karl Marx era de família judia...

E isto se prolongou por centenas de anos... Até o holocausto. Nesse ponto a coisa realmente passou do âmbito da perseguição imaginária sem motivo para perseguição real sem motivo. E os judeus sofreram um dos maiores genocídios documentados da história (juntamente como ciganos, aleijados e outros).

E neste contexto, vem alguém dizer que existe uma conspiração dos judeus para dominar o mundo? E isto vem acontecendo há séculos...

O que me traz para outro tipo de conspiração também sem sentido:

A conspiração dos donos do Capital.

Esta é certamente uma das mais malucas que existem. E é relativamente antiga. Determinados traços desta teoria da conspiração podem ser identificados em "O Capital" de Marx. Essencialmente ela pressupõe uma aliança entre os donos do Capital para oprimir as massas.

Não importa que os donos do Capital estejam hereditariamente, geograficamente, culturalmente ou mesmo economicamente desconectados. Segundo esta teoria, todos estão trabalhando para opressão da classe trabalhadora.

Vou dar um exemplo baseado em um texto:

"Esse tipo de abordagem desconsidera que o capital procura a sua valorização de acordo com condições objetivas de rentabilidade, o que não deve ser confundido com qualquer tipo de viés ideológico ou político. A China hoje, além de promover uma formidável expansão de sua infra-estrutura econômica, o que demanda a importação, por exemplo, do nosso minério de ferro, abriga um diversificado setor de bens de consumo duráveis e não-duráveis, que se deslocou dos Estados Unidos para aquele país. Há, inclusive, analistas que consideram que as mais de setenta mil filiais de empresas norte-americanas operando em território chinês consolidam uma integração produtiva sino-americana que conforma uma solidez estratégica entre esses dois países, que em muito extrapola a propalada relação do Estado chinês com a dívida pública do Tesouro americano.


Mas, especialmente, é uma análise que procura desconsiderar a nossa real inserção na economia global. Nossa presença comercial no mundo se baseia no modelo agro-mineral-exportador, tão criticado historicamente pela esquerda e por todos os setores que já alimentaram a esperança do estabelecimento no Brasil de um autêntico projeto nacional de desenvolvimento.


Ao mesmo tempo, com nossa estrutura produtiva cada vez mais desnacionalizada, importamos máquinas, equipamentos, peças e componentes industriais ao sabor das definições estratégicas das matrizes das corporações estrangeiras, aqui presentes através de suas filiais.


E para financiarmos tudo isso, para sustentarmos essas importações e as elevadas remessas de lucros e dividendos para os controladores externos de nossa economia, a devastação promovida pelo agronegócio, por mineradoras e siderúrgicas de produtos semi-elaborados ganha a sua funcionalidade, através de nossas exportações."

O que tem de teoria de conspiração aqui? Primeiro, o texto outorga superpoderes (onipresença, onisciência e onipotência) ao capital. Não podemos nos esquecer que muito recentemente, muitos "donos de capital" se viram em uma tremenda confusão por causa da recessão causada pelos mercado imobiliário americano.

Que grande capacidade de visão é esta, que tropeça bem no quintal de casa?

A China é uma aposta. Uma boa aposta, como todos os indicadores mostram, mas ainda assim uma aposta. Quem apostou primeiro teve maior retorno. Mas não existem garantias.

Segundo, o modelo agro-mineral exportador não descreve bem as facetas econômicas do Brasil. A agricultura não é mais este componente máximo da economia do Brasil. E isto já faz um certo tempo...

E terceiro, ao contrário das filiais em apuros (como a GM e Ford), as montadoras brasileiras vem tomando posição de frente no faturamento das companhias.

Existem ainda outros pontos que poderíamos nos alongar, mas isto fica para outro post

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Hugh Laurie overdrive - A Bit of Fry and Laurie











Qual é o peso de um vice?

Esta semana um dos candidatos a presidência finalmente escolheu o vice. No caso o candidato foi José Serra e o vice é Álvaro Dias.

Ambos pertencem ao mesmo partido. Isto é praticamente novidade na política tupiniquim.

Minha análise inicial é que isto foi uma péssima escolha. Um vice melhor seria uma pessoa do sexo feminino que trouxesse um pouco de equilíbrio a disputa (Marina e Dilma são as concorrentes).

No entanto, vejo esta escolha como uma oportunidade. Agora podemos ter uma idéia da influência do vice na campanha. As próximas pesquisas vão permitir finalmente mensurar este efeito.

Será que o percentual de Serra diminuirá, manterá o mesmo ou amentará?

Façam suas apostas

domingo, 27 de junho de 2010

Mais incerteza com periodicidade

A questão do El-Ninõ pode ser tornada mais sofisticada com a introdução do dipolo do atlântico.

O dipolo tem periodicidade de uma componente de 8 a 11 e outra de 12 a 20 anos. Mas ao mesmo tempo, uma análise temporal leva a outros números.

Nesta análise vamos considerar o El-Ninõ com uma periodicidade de 1 a 5 anos (distribuição uniforme) e o dipolo com periodicidade de 1 a 13 anos (distribuição uniforme). Vamos usar a metodologia dos pontos sigmas para verificarmos como podemos propagar os períodos conjuntos.

El-Ninõ: Pontos sigma 2 e 4 (âmbos com probabilidade 1/2)
Dipolo quente: Pontos sigma 3 e 9 (âmbos com probabilidade 1/2)

Combinação de âmbos em:
2 e 3 = 6 anos
4 e 3 = 12 anos
2 e 9 = 18 anos
4 e 9 = 36 anos

Então teríamos combinação média a cada 18 anos. Com um desvio de 11.23 anos.

Ele se combinaram pela última vez em 1979.

Seguindo a idéia teríamos outra combinação em 1997, 2015 e 2033. Olhando a tabela aqui, vemos que realmente temos uma conjunção em 1997 - como esperado.

Podemos também olhar o passado: 1961, 1943, 1925 e 1907. Neste caso vemos que no ano de 1961 não houve El-Ninõ (houve em 1962), mas a variação está dentro do desvio esperado de 11.23 anos.

Podemos fazer uma análise similar para o dipolo frio. Neste caso a periodicidade é de 1 a 7 anos. Fazendo o cálculo dos pontos sígma temos:

Dipolo frio: Pontos sigma 2.5 e 5.5 (âmbos com probabilidade 1/2)

Combinação de âmbos em:
2.5 e 3 = 7.5 anos
5.5 e 3 = 16.5 anos
2.5 e 9 = 22.5 anos
5.5 e 9 = 49.5 anos

Então teríamos combinação a cada 24 anos com desvio de 15.67 anos.

Ele coincidiram em 1965, então teríamos outra conjunção em 1989, 2013 e 2037. E no passado teríamos 1941, 1917 e 1893.

No entanto vemos pela tabela mencionada que houve coincidência em 1986 e 1994, ou seja ainda dentro da margem de 15.67 anos, mas não tão centrado como esperado.

Vamos ver agora os anos muito secos e muito chuvosos no Nordeste desde o início das medições:

- Anos muito secos: 1914, 1915, 1919, 1932, 1951, 1953, 1958, 1970, 1983, 1993, 1998
- Anos muito chuvosos: 1924, 1926, 1935, 1940, 1964, 1968, 1974, 1985, 1986

A priori não há indicação clara de relação

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Incerteza e periodicidade

Por vezes a natureza nos lança algumas surpresas. Uma das minhas primeiras surpresas de aplicação da matemática na natureza é a a do mínimo múltiplo comum.

Na realidade existe uma aplicação bastante interessante em biologia do modelo presa-predador que está intimamente ligado ao mínimo múltiplo comum.

No caso estou interessado em eventos comuns porém descritos como uma composição de diversos ciclos em diversas frequências - ou periodicidades.

Vamos supor no caso acima um fenômeno como El-Ninõ. Sua periodicidade é de 2 a 7 anos. No caso o valor com pico fica em 5 anos. Podemos associar probabilidades de ocorrência a estes períodos. Por exemplo:

3 - 1/6
5 - 2/3
7 - 1/6

Em outra situação temos por exemplo o ciclo de manchas solares, que por simplificação vamos adotar:

10 - 1/6
11 - 2/3
12 - 1/6

A ocorrência dos fenômenos conjuntos seria descrita por uma probabilidade associada ao mmc dos mesmos:

3 e 10 - a cada 30 anos com probabilidade de 1/36
3 e 10 - a cada 33 anos com probabilidade de 1/9
3 e 12 - a cada 12 anos com probabilidade de 1/36

De modo similar:

5 e 10 - a cada 10 anos com probabilidade de 1/9
5 e 11 - a cada 55 anos com probabilidade de 4/9
5 e 12 - a cada 60 anos com probabilidade de 1/9
7 e 10 - a cada 70 anos com probabilidade de 1/36
7 e 11 - a cada 77 anos com probabilidade de 1/9
7 e 12 - a cada 84 anos com probabilidade de 1/36

Rearranjando, as probabilidades de coincidência entre ciclo solar e el-ninõ seriam

1/9 a cada 10 anos
1/36 a cada 12 anos
1/36+1/9 a cada 30 anos (5/36)
1/9 a cada 33 anos
4/9 a cada 55 anos
1/9+1/9+1/36 a cada 60 anos (1/4)
1/36+1/9 a cada 70 anos (5/36)
1/9 a cada 77 anos
1/36+1/36 a cada 84 anos (2/18)

Isto significa uma chance de 11% a cada 10 anos, uma chance de 14% a cada 30 anos, 11% a cada 33 anos, 44% a cada 55 anos e 25% a cada 60 anos

quinta-feira, 24 de junho de 2010

O passado desconstrói o nosso presente - parte 2

O que dizimou a civilização asteca?

Alguns dizem que foram os conflitos com os espanhóis. Isto é mais propaganda do que verdade. O número de astecas estava na casa dos milhões, enquanto os dos espanhóis estava nos de milhar.

Outra teoria mais aceita é que foram as doenças trazidas da Europa. Esta teoria faz muito mais sentido. No entanto há evidências que a doença era na realidade do continente americano.

O nome era Cocoliztli.



E o que isto tem a ver - se foram as doenças do Velho Mundo ou do Novo Mundo?

Aí é um dos exemplos que o passado pode desconstruir nosso presente: tanto a forma ideológica quanto o nacionalismo de meia tigela pode causar danos inimagináveis.

A doença pode voltar novamente - e o mundo moderno nunca a encontrou antes.

Enterrar a cabeça na areia sem procurar saber o que aconteceu pode custar caro. O que os olhos não vêem, o coração pode sentir...

terça-feira, 22 de junho de 2010

Um problema com a verdade

Li que 70% dos alimentos consumidos pelo brasileiro vem da agricultura familiar.

Fiz umas pesquisas rápidas e vi que a cois parece não ser inteiramente verdade. Casos em questão: arroz e feijão. O Arroz pode ser obtido de diversos produtores, mas existem alguns produtores mais conhecidos - a Josapar (que faz o arroz Tio João é só um deles). Mas vamos ao que temos no supermercado então:

Tio João, Casino, Albaruska, Prato Fino, Camil, Momiji, Uncle Ben, Blue Ville, Mãe Terra, Ráris, Guin, Qualitá, Namorado - aí temos provavelmente quase 100% do mercado brasileiro.

Sim, alguns deles são beneficiadoras - mas não então a definição entre agricultura patronal e agricultura familiar não está um tanto quanto arbitrária? Quando convém a agricultura passa a ser patronal ou familiar?

Cheira a Spin

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Um grande artigo de Joaquim Falcão

Da folha:

A pena é o processo


A qualquer hora, pode um oficial de Justiça lhe trazer notificação judicial. Ou por correio lhe chegar intimação administrativa. Um processo lhe foi ou será instaurado.
Um em cada quatro brasileiros tem processos na Justiça. É normal na democracia. É direito constitucional todos se defenderem e peticionarem. É dever do Ministério Público e de procuradores fiscalizar contribuintes, empresas, concessionárias e governos.
Mas não é normal o abuso do direito, o processo administrativo ou judicial como estratégia de intimidação política, fiscal ou mercadológica. A linha é tênue entre intimar e intimidar.
O processo impõe custos instantâneos ao pretendido réu. Custos muitas vezes maiores do que a incerta condenação legal. Não são impostos pelo juiz nem pela lei. São custos colaterais. Verdadeiras penas sem julgamento.
Primeiro são os custos financeiros de defesa -advogado, perito, custas judiciais- com que o réu, culpado ou não, arca por cerca de 5 anos, tempo médio do processo.
Audiências, embargos, recursos, agravos, via-crúcis ineficiente e deslegitimadora da administração pública e judicial.
Acresça custos de oportunidade.
O tempo que empresa, cidadão ou agente público terá de dedicar à sua defesa. O que de produtivo deixará de fazer. Há os custos psicológicos.
A tensão durante anos. A sentença saiu, quando, como?
Se o réu é do governo, obras públicas poderão ser paralisadas e adiadas. A imagem do político e do servidor se tisna com o eleitor e a mídia. Os crescentes custos de se defender do processo, intimidador, afastam do serviço público os melhores quadros nacionais.
Se o réu é empresa privada ou cidadão, a situação é tão pior quanto.
Hoje, patrimônio indispensável, mensurável monetariamente, é a marca, credibilidade com vizinhos, credores, consumidores e concorrentes. A estratégia intimidatória combina abertura do processo com sua divulgação.
Produz rumor revestido de legalidade, diria Cass Sunstein. E pode gerar danos. Ao colocar o contribuinte no Serasa, sem decisão judicial, o Fisco diz: "Não discuta, pague. O dano à sua imagem será provavelmente maior que a sua vitória ao final do procedimento".
O simples existir do processo retém o investimento, torna bens indisponíveis, paralisa a circulação da riqueza e o prestígio político e moral. Fecham-se contas bancárias. Retira-se o principal documento da cidadania de mercado: o cartão de crédito.
Na democracia, porém, o direito de defesa não deve sofrer constrangimentos. O réu pode até ser inocentado. Mas jamais terá sido totalmente imune. A pena é o processo com seus custos colaterais.
Não é por menos que juízes concedem cada dia mais danos morais e condenam por lide temerária.
O processo intimidatório impõe também custo orçamentário ao Tesouro. Acionar a máquina da Justiça é acionar o taxímetro da despesa pública. Cada intimação temerária é desperdício potencial.
Não se trata de restringir o direito de peticionar ou o dever de fiscalizar e cobrar. Mas, numa sociedade cada vez mais de resultado e menos de valores, fazer a análise de custo e benefício financeiro, político, psicológico ou mercadológico do processo é inevitável.
É hora de a sociedade discutir uma ética do processo. Novas jurisprudência e legislação poderiam evitar estratégias intimidatórias.
Responsabilizar quem indevidamente impõe custos colaterais a cidadãos e desperdício ao Tesouro. A crescente processualização administrativa ou judicial da vida cotidiana não é expansão da legalidade. É inchaço. Não é saúde. Pode ser doença. Há que se tratar.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Discursos Dilma e Serra

O que Dilma falou mais no seu Discurso?


Word cloud made with WordItOut

O que Serra falou mais em seu Discurso?




Word cloud made with WordItOut

terça-feira, 8 de junho de 2010

Passe Livre? Ops, não existe almoço grátis...

Sim, como descoberto tardiamente por todos, o passe livre custa dinheiro.

Os números são grandes: 120 mil estudantes em Brasília

Se considerarmos a passagem média a R$ 2,00 e 4 viagens por dia, temos um gasto de:

R$ 960 mil reais/dia - ou seja perto de R$ 1 milhão por dia.

30 dias (1 mês) - 30 milhões, 1 ano (12 meses) - 360 milhões.

Quem paga? Não existe nada de graça.

Pedir que os empresários de transporte arquem com 360 milhões pode parecer uma boa idéia. Até que peçam concordata e saiam do negócio de transporte público.

E aí sobra o governo - e por tabela a população - para pagar pelo benefício.

Culpa de quem? Ora, os estudantes fizeram o seu papel. Mas não cabia a eles determinar o quão era factível o passe livre. E nesse ponto, o GDF e a CLDF falharam de modo olímpico...

Legalidade e Impessoalidade

Foram estes os termos utilizados pelo Conselho Superior do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios para arquivar a denúncia contra dois promotores.

Quero colocar aqui algo que um desses promotores disse a imprensa:

" XXX XXX* chamou a atenção para o fato de os dirigentes da Finatec, “professores universitários, quererem manter a todo custo cargos para os quais não recebem salários, ou seja, têm atuação voluntária”. “Que amor é esse a esses cargos? A sociedade tem que se perguntar isso”."

Isto parece impessoal para alguém? Isto parece legal para alguém?

Dado o que está acontecendo a outros promotores no mesmo MP não será o caso de bradar a toda voz:

Quem vigia os vigilantes?
* O nome é bem conhecido das confusões de 2008 na UnB

segunda-feira, 7 de junho de 2010

A questão do aborto

No caso de outra questão polêmica temos que 68% da população é contrária à modificações na lei do aborto.

Este é um daqueles problemas que tem ramificações sérias com relação aos candidatos. Com relação a escolaridade 71% dos entrevistados com ensino fundamental não desejam mudanças na lei, 68% dos entrevistados com ensino médio não desejam mudanças na lei e quando chegamos ao ensino superior este percentual passa a 54%.

Já os que desejam que o aborto deixe de ser crime em qualquer caso temos 11% para os entrevistados com escolaridade fundamental e média e 12% para os com escolaridade de nível superior.

Com relação à avaliação do presidente Lula temos que os que querem que a Lei continue como está tem cerca de 68% de avaliação positiva, neutra e negativa. E os que querem que aborto deixe de ser crime em qualquer caso tem avaliação 11% positivo, 10% neutro e 14% negativo.

Com relação a cenário político temos que

  • José Serra - 70% querem que a lei fique do jeito que está, 13% que haja modificações e 12% que seja permitida em qualquer caso
  • Dilma - 65% querem que a lei fique do jeito que está, 12% que haja modificações e 18% que seja permitida em qualquer caso.

Nesta comparação vemos que cerca de 65% dos eleitores de Dilma e 70% dos de Serra são contrários a modificações na lei. E o número é ainda maior considerando os que são contrários ao aborto em qualquer caso.

Em outras palavras: uma posição clara no aborto pode custar caro aos dois candidatos.

E neste ponto talvez os radicais possam causar mais dano do que qualquer dossiê vazado para imprensa.

domingo, 6 de junho de 2010

Estimativa para 2010

Pelas contas e aproximações teríamos a distribuição de votos segundo os favoráveis a união civil
  • Serra - 37%
  • Dilma - 41%
  • Marina - 10%
  • Brancos/Nulos e não sabem - 12%
Dos que não são favoráveis teríamos:
  • Serra - 37%
  • Dilma - 34%
  • Marina - 11%
  • Brancos/Nulos e não sabem - 17%
Ou algo similar

sábado, 5 de junho de 2010

Temas polêmicos em campanhas políticas

Uma questão interessante na eleição é a de qual o efeito que um programa pode ter na campanha. Geralmente isto é resolvido na forma que os programas descrevem essencialmente platitudes - sem entrar nos detalhes complicados que causam polêmica.

Mas ao mesmo tempo, determinadas posições são naturalmente polêmicas. Alguns exemplos são: união civil entre homossexuais, legalização de drogas e aborto.

Um estudo interessante é como isto pode ser dividido. Em outras palavras, caso um candidato assuma determinada postura, qual é o efeito que isto pode ter em sua votação.

Para tanto vamos ver a questão da união civil de homossexuais e qual o efeito que pode ter em segmentos da população e nos candidatos.

Temos uma pesquisa DATAFOLHA a respeito deste assunto. Nela vemos que:

  • 42% dos eleitores de Serra são favoráveis à união civil, 44% dos eleitores são contrários à união civil, 13% são indiferentes e 1% não sabe
  • 46% dos eleitores de Dilma são favoráveis à união civil, 44% dos eleitores são contrários à união civil, 11% são indiferentes e 0% não sabe
Ao mesmo tempo temos que:

  • 38% da população com avaliação positiva do governo é favorável à união civil, 45% da população com avaliação positiva é contrária à união civil, 14% é indiferente e 2% não sabe
  • 40% da população com avaliação neutra do governo é favorável à união civil, 44% da população com avaliação neutra é contrária à união civil, 15% é indiferente e 1% não sabe
  • 42% da população com avaliação negativa do governo é favorável à união civil, 44% da população com avaliação negativa é contrária à união civil, 12% é indiferente e 1% não sabe 
O que fazer disto?

Temos p(favorável|positivo)=0.38, p(favorável|neutro)=0.40, p(favorável|negativo)=0.42. Como:

  • p(favorável)=p(favorável|positivo)*p(positivo)+p(favorável|neutro)*p(neutro)+p(favorável|negativo)*p(negativo)= 0.38*55+0.44*0.33+0.42*11= 38,72
  • p(desfavorável)=p(desfavorável|positivo)*p(positivo)+p(desfavorável|neutro)*p(neutro)+p(desfavorável|negativo)*p(negativo)= 0.45*55+0.44*0.33+0.44*11= 44,11
  • p(indiferente)=p(indiferente|positivo)*p(positivo)+p(indiferente|neutro)*p(neutro)+p(indiferente|negativo)*p(negativo)= 0.14*55+0.15*0.33+0.12*11= 13,97
  • p(não sabe)=p(não sabe|positivo)*p(positivo)+p(não sabe|neutro)*p(neutro)+p(não sabe|negativo)*p(negativo) = 0.02*55+0.01*0.33+0.01*11= 1,54


Uma vez tendo estas informações podemos encontra agora:
  • p(positivo|favorável)=p(favorável|positivo)*p(positivo)/p(favorável) = 0.38*0.55/0.3872=0.54
  • p(neutro|favorável)=0.34
  • p(negativo|favorável)=0.12
  • p(positivo|desfavorável)=0.56
  • p(neutro|desfavorável)=0.33
  • p(negativo|desfavorável)=0.11
  • p(positivo|indiferente)=0.55
  • p(neutro|indiferente)=0.35
  • p(negativo|indiferente)=0.10
  • p(positivo|não sabe)=0.71
  • p(neutro|não sabe)=0.21
  • p(negativo|não sabe)=0.07

Isto quer dizer que dos que tem:
  • Avaliação favorável a união civil entre homossexuais: 54% tem avaliação positiva do governo Lula, 34% tem avaliação neutra do governo Lula, 12% tem avaliação negativa do governo Lula
  • Avaliação desfavorável a união civil entre homossexuais: 56% tem avaliação positiva do governo Lula, 33% tem avaliação neutra do governo Lula, 11% tem avaliação negativa do governo Lula
  • Avaliação indiferente a união civil entre homossexuais: 55% tem avaliação positiva do governo Lula, 35% tem avaliação neutra do governo Lula, 10% tem avaliação negativa do governo Lula
  • Não sabem quanto a união civil entre homossexuais: 71% tem avaliação positiva do governo Lula, 21% tem avaliação neutra do governo Lula, 7% tem avaliação negativa do governo Lula
Com isto podemos fazer a mesma coisa com relação ao perfil do eleitorado de cada candidato:

p(favorável|Serra)=0.42, p(favorável|Dilma)=0.46, p(favorável|Ciro)=0.4, p(favorável|HH)=0.45, p(favorável(Branco)=0.33

Este cenário é o de 2008, mas vamos usa-lo para poder construir mais ou menos um retrato um pouco distorcido do que seria hoje. (Neste caso os pessoas são 0.38, 0.03, 0.3,0.14,0.15)

Assim:
p(favorável)=0.42*0.38+0.46*0.03+0.4*0.3+0.45*0.14+0.33*0.15=0.4059
p(desfavorável)=0.446
p(indiferente)=0.1387
p(não sabe)=0.0112

p(Serra|favorável)=p(favorável|Serra)*p(Serra)/p(favorável)=0.393
p(Dilma|favorável)= 0.03
p(Ciro|favorável)=0.30
p(HH|favorável)=0.16
p(Branco|favorável)=0.12

Em termos práticos isto quer dizer que uma sala cheia de pessoas favoráveis ao união civil entre homossexuais, 39% seriam eleitores de Serra, 3% eleitores de Dilma, 30% eleitores de Ciro, 16% eleitores de Heloisa Helena e 12% votariam em Branco ou nulo.

Mas podemos utilizar a mesma lógica para os dados de hoje - e isto fica para um post futuro

quinta-feira, 3 de junho de 2010

O duro espaço de quem não tem espaço

Como já li algo sobre a evolução da humanidade fiquei muito interessado no documentário do NatGeo sobre os efeitos do fim da última era glacial na população humana.

Curiosamente, talvez este fim tenha precipitado o desenvolvimento da raça humana.

Ao contrário de vários cientistas sociais que formulam a hipótese e depois procuram os fatos que façam sentido dentro da hipótese, eu nunca fui muito fã deste conceito.

É o velho problema do conflito do "armchair specialist" versus "field collector". O ideal é sempre uma integração dos dois, mas isto é mais complicado do que parece.

Um dos pontos do programa é que o assentamento de populações forçou o desenvolvimento da agricultura e isto por si levou a estrutura social que eventualmente conhecemos hoje.

Temos aí um problema de ovo e galinha, pois não se sabe o que gerou o que.

Mas o programa levanta pontos interessantes: determinadas culturas de plantas tem constantes de tempo maiores que outras. Enquanto algumas culturas levam semanas, outras podem levar meses ou mesmo anos.

Então entender esta questão é um trabalho de detetive a saber: quais as culturas que surgiram primeiro e como evoluiram para outras culturas de alimento.

Ou seja, é o traçado da história da gastronomia. E também a história da nossa sociedade...

É a história de quanto espaço efetivamente ocupamos, ou nosso "global footprint"

terça-feira, 1 de junho de 2010

Uma curiosidade

Observando os dados eleitorais não posso deixar de pensar sobre a questão das distribuições marginais
Sim, o que vem a mente é se podemos supór que uma amostra com as mesmas distribuições marginais não terá maior proximidade com a distribuição conjunta final.

Assim, um dos critérios para escolha da amostra seria invariavelmente que as distribuições marginais das amostras fossem próximas das distribuições marginais CONHECIDAS da população total.

Será que isto é válido? É um caso a se pensar

Se as distribuições forem independentes podemos tentar algo como calcular as probabilidades do evento não ocorrer dado que a distribuição está correta. E pela independência seria possível encontrar encontrar a probabilidade do evento não ocorrer de modo total - bastando multiplicar as probabilidades com cada distribuição (devido a independência).

p(evento não ocorrer | distribuição 1 está correta)

ou será

p(evento ocorrer | distribuição 1 não está correta)

Estas dúvidas é que complicam a análise. Vou pensar mais a respeito...

Inconveniência nos dados

Após um certo trabalho encontrei notícias no site do TSE sobre o perfil do eleitor brasileiro.

E qual não foi minha surpresa quando vi que os percentuais de eleitores nos graus de ensino são diferentes tanto do DATAFOLHA, quanto do SENSUS e Vox Populi.

Temos então que o TSE calculou quanto a escolaridade:

Não informado 165.000 (0.15%)
Analfabeto 8.100.000 (6.2%)
Le e escreve 20.400.000 (15.6%)
Primeio grau incompleto 44.500.000 (34%)
Primeio grau completo 10.150.000 (7.8%)
Segundo grau incompleto 23.650.000 (18.9%)
Segundo grau completo 15.850.000 (12.1%)
Superior incompleto 3.300.000 (2.5%)
Superior completo 4.600.000 (3.5%)
Total 130.600.000 (100%)

Portanto, ao dividirmos em três grupos (até o fundamental, até o ensino médio e ensino superior) temos:

Grupo 1 (Fundamental) - 63%
Grupo 2 (Médio) - 31%
Grupo 3( Superior) - 6%

Isto é significativamente diferente dos valores que tínhamos nas pesquisas.

Felizmente, a substituição destes valores não causa um efeito significativo nos resultados finais. Mas eu vou procurar traçar estes dados de modo mais preciso com estas informações

No caso das faixas etárias temos:

16-24 anos: 19%
25-34 anos: 24%
35-44 anos: 20%
45-59 anos: 22%
+60 anos: 15%

Este comportamento de diminuição percentual entre 35 e 44 é muito curioso, mas está de acordo com os dados.

De forma similar, 24% do eleitorado está nas capitais e 76% no interior (municípios do interior, é claro). E também 52% do eleitorado é feminino (48% masculino).