sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Estacionamento na UnB

Sairam duas notícias sobre a questão do estacionamento na UnB no Correio e na Agência UnB.

O texto da SECOM é mais ácido e diz textualmente

Sobram vagas para estacionar na UnB
Apesar das reclamações e infrações cometidas nos estacionamentos do campus, especialista afirma que o problema é a preguiça de andar
João Campos - Da Secretaria de Comunicação da UnB
Nos horários de maior movimento – das 8h às 10h e das 14h às 16h – não é difícil flagrar irregularidades no trânsito da Universidade de Brasília. A maioria em relação a estacionamento. Placas desrespeitadas, filas duplas e retornos interrompidos são alguns dos problemas mais freqüentes no campus Darcy Ribeiro. Apesar da reclamação sobre a falta de vagas por parte de estudantes e funcionários, informações da Prefeitura e de especialistas revelam que sobram vagas na universidade. E que, na realidade, muitos motoristas têm preguiça de andar um pouco mais até o destino....
Este é mais um daqueles casos aonde se diz a verdade, ou melhor quase toda verdade.

Se formos olhar o quadro completo vermos que a outra parte torna as coisas um pouco mais complicadas do que o texto divulgou E que faltam vagas na UnB.

Com uma leitura adicional temos o seguinte trecho:

PONTO CRÍTICO – O estacionamento da Biblioteca, onde há 559 vagas, é um dos pontos mais preocupantes em relação há falta de lugares próximos para parar. Ali, motoristas improvisam em filas entre as vagas regulares e estacionam ao longo do meio fio, mesmo com placas de “proibido estacionar”. “Já bati meu carro aqui, pois não tinha espaço para manobrar. Estacionamento na UnB é um problema”, reclamou a estudante de farmácia, Marina Carvalho. Segundo ela, na Faculdade de Saúde o problema também se repete. “São lugares que não tem estacionamentos perto”.

Então, há vagas sobrando ou não?

Sim, claro que há. Nisto o texto não está errado nem de longe.

O problema é aonde estas vagas se encontram. E aí que mora o pepino.

Há realmente locais na UnB aonde é complicado estacionar. E há locais aonde existem vagas sobrando mesmo.

E sim, há pessoas que estacionam irregularmente por comodidade.

Mas também há pessoas que estacionam irregularmente por preocupação. Afinal, temos de lembrar que a UnB tem um problema de segurança com relação aos seus locais de estacionamento.

E aí a pecha de "especialista afirma que o problema é a preguiça de andar" torna uma notícia que tem elementos de verdade em uma acusação de "o problema é causado por vocês e nós não temos nada com isto" (que é uma falácia)

Não fica bem...

Mas irá se tornar um problema danado. A razão é que a universidade está aumentando o número de vagas. Em uma das propostas temos o acréscimo de 492 vagas por semestre (492 alunos por semestre - só para esclarecer não 492 novas vagas de estacionamento).

Como estamos com relação ao aumento de alunos?

Bem no 1/2008 tivemos 1013 vagas.
No 1/2009 tivemos 1042 vagas.
No 1/2010 teremos 1569 vagas.

Isto significa que o número de alunos irá aumentar significativamente.

E o que isto fará com os estacionamentos? Bem, na minha visão devemos estar com cerca de uns 70% de ocupação (quiça mais).

Supondo linearidade, bastaria pouco mais de 40% de aumento para acabar com a idéia de "Sobram Vagas de Estacionamento"de uma vez por todas. Não será instantâneo, mas em pouco mais de 5 semestres veremos o quadro em toda sua grandeza.

O aumento do 1/2009 para o 1/2010 é de mais de 50%.

O que vai acontecer?

Hummm, será que eu preciso mesmo dizer?

* O tópico deste post foi abordado primeiramente pelo blog Ciência Brasil. Obrigado, Marcelo!

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Uma forma de ver Monty Hall

Um jeito de enxergar o problema de Monty Hall de modo intuitivo é:

"Qual é minha chance de escolher o prêmio?"

Se eu tenho 3 portas, então a chance é 1/3
Se eu tenho 4 portas, então a chance é 1/4
Se eu tenho 10 portas, então minha chance é 1/10

Ok. então faça a seguinte pergunta:

"Qual é a minha chance de ter escolhido a porta errada?"

Neste caso é fácil ver que, para 3 portas é 2/3, para 4 portas é 3/4 e para 10 portas é 9/10

Então vamos ao caso: o ânfitrião vai abrindo portas e perguntando se você quer mudar logo antes de abrir.

Ele sempre vai abrir portas aonde o prêmio não está.

Agora imagine um problema com 4 portas. Você escolhe uma porta - sua chance de acertar é 1/4.

Ele abre outra porta. E pergunta se você quer mudar.

Você diz que não.

Então ele abre mais uma porta e pergunta se você quer mudar.

Qual é o comportamento lógico?

Mudar, e isto vai resultar no prêmio 75% das vezes.

Porque? Porque ele NUNCA vai abrir uma porta aonde o prêmio está.

De novo o problema das probabilidades

Tenho tentado utilizar os conceitos bayesianos para entender um pouco mais sobre as probabilidades condicionais. O exemplo que é tradicional é o jogo de Monty Hall.

Essencialmente a pergunta é se mudar a escolha após um fato novo vale a pena.

O jogo consiste no seguinte: Monty Hall (o apresentador) apresentava 3 portas aos concorrentes, sabendo que atrás de uma delas está um carro (prémio bom) e que as outras têm prêmios de pouco valor.

  1. Na 1ª etapa o concorrente escolhe uma porta (que ainda não é aberta);
  2. De seguida Monty abre uma das outras duas portas que o concorrente não escolheu, sabendo à partida que o carro não se encontra aí;
  3. Agora com duas portas apenas para escolher -- pois uma delas já se viu, na 2ª etapa, que não tinha o prêmio -- e sabendo que o carro está atrás de uma delas, o concorrente tem que se decidir se permanece com a porta que escolheu no início do jogo e abre-a ou se muda para a outra porta que ainda está fechada para então a abrir.

Qual é a estratégia mais lógica? Ficar com a porta escolhida inicialmente ou mudar de porta? Com qual das duas portas ainda fechadas o concorrente tem mais probabilidades de ganhar? Porquê?

A resposta é que vale a pena mudar. Mas como isto é possível?

Escolho a porta certa
p=1/3
Opções
Troco - perco
Mantenho - ganho

Escolho porta errada 1
p=1/3
Opções
Troco - ganho
Mantenho - perco

Escolho porta errada 2
p=1/3
Opções
Troco - ganho
Mantenho Perco

Como posso ganhar?

Escolhi a porta certa e mantive
Escolhi a porta errada 1 e troquei
Escolhi a porta errada 2 e troquei

Como posso perder?

Escolhi a porta certa e troquei
Escolhi a porta errada 1 e mantive
Escolhi a porta errada 2 e mantive

Então se eu trocar eu tenho duas vezes mais chance de ganhar do que se mantiver a porta.

Alternativamente podemos ler isto de modo diferente:

Opção 1: Escolhi a porta certa - qualquer troca vai me fazer perder
Opção 2: Escolhi uma das portas erradas - qualquer troca vai me fazer ganhar
Opção 3: Escolhi outra das portas erradas - qualquer troca vai me fazer ganhar

Como eu tenho a chance de escolher a porta certa é de 1/3 e a chance de escolher a porta errada é de 2/3 então é uma estratégia melhor mudar após uma das portas serem abertas, pois sempre serão abertas portas aonde o prêmio não está.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Pensamentos lentos

Por algum motivo, desde quinta passada eu tenho estado um tanto quanto lento no meu pensar.

Será que foi algo que comi?

Bem, mas isto não importa realmente. O meu ponto deste post é que racionalizar nem sempre é a melhor forma de acertar.

E por vezes tentamos desesperadamente nos esquecer que o mundo nos afeta.

Caso em questão: UnB

Já falei muito sobre a UnB e seus problemas em posts anteriores. Mas não mencionei um dos efeitos colaterais que esta confusão me trouxe.

Infelizmente, o efeito é que ir para a UnB não é mais tão divertido quanto já foi. Talvez seja o fato que esta situação indefinida cria uma certa inércia difícil de vencer, talvez esta inércia seja apenas reflexo da situação ou seja apenas um efeito colateral.

Mas o fato é que tirando as aulas e a ocasional idéia para pesquisa, não tenho mais tanta paixão quanto já tive.

É uma pena

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Até onde a aproximação da distribuição vale?

Bem, o que foi montado foi uma distribuição com a mesma média, desvio, skew e kurtosis que os dados sugerem para a distribuição.

Então podemos ter alguma confiança nos resultados.

O que podemos tirar disto é que aparentemente passamos do ponto de máxima contágio e estamos delicadamente diminuindo. Isto é consistente com o modelo do mercado que já havia discutido anteriormente.

No entanto, ao contrário da secante hiperbólica temos uma gaussiana modificada. Isto por si não é ruim, pois indica uma dinâmica similar a que foi apresentada em posts anteriores.

Mas há um porém: estamos chegando no inverno no hemisfério norte que é a época mais propícia para propagação de gripes. E com a capacidade de viagem que existe hoje, há uma possibilidade que não é tão remota dos números desta gripe escalarem de modo acentuado nos países do norte.

E isto é um pouco assustador.

Ainda assim, as taxas de contágio não parecem ser muito elevadas, ao contrário do que originalmente foi imaginado.

Então o modelo parece que funciona

Vamos ver

domingo, 25 de outubro de 2009

Gripe Suína - ordem 4


Ou será esta a cara da distribuição?

Quais são suas caraterísticas?

Bem, se supormos que o valor máximo é de 2283 então podemos imaginar um total final de 10521 casos no Brasil

Gripe Suína - Ordem 3


Será esta a cara da distribuição?

Quais são suas caraterísticas?

Bem, se supormos que o valor máximo é de 2283 então podemos imaginar um total final de 11415 casos no Brasil

Evolução da Gripe Suína


Bem, realmente a curva final parece bastante com uma normal modificada.

Os dados de contágio da gripe são os seguintes:

Semana Casos
20 0
21 2
22 0
23 5
24 30
25 66
26 107
27 54
28 300
29 1017
30 1450
31 2283
32 1545
33 1028
34 837
35 490
36 35

O interessante é que isto pode servir com um preditor. Se utilizarmos os momentos como preditores podemos chegar a alguns resultados interessantes:

A média é de 11.26 semanas
O desvio é de 2 semanas
O skew é de -0.34
O excesso de kurtosis é de 0.74
O quinto momento normalizado é: 1.86
O sexto momento normalizado é: 28.73

Então temos agora a nossa distribuição aproximada que pode ser obtida por uma gaussiana. Vou começar com uma de ordem 3 de depois ir subindo

O clima esquenta

A UnB está em águas turbulentas novamente.

O sindicato dos professores encontra-se as turras com a reitoria. Apesar de reconhecer que a última nota do sindicato intitulada prisão do reitor certamente errou o tom, posso também dizer o mesmo da reitoria.

Mas julguem por vocês mesmos:

A nota da Adunb:

Prisão do Reitor

No dia de hoje a ADUnB, através da sua assessoria jurídica, entrou com petição no Supremo Tribunal Federal solicitando as providências necessárias ao cumprimento das recentes medidas judiciais.

A demanda foi feita tendo em vista a comunicação do reitor da UnB, professor José Geraldo de Sousa Junior, de que não houve o pagamento da URP, no dia de ontem, em oficio, contrariando o que havia sido determinado pela ministra Carmem Lúcia do Supremo Tribunal Federal.

Entre as medidas postuladas na petição está o “cumprimento da decisão anteriormente proferida, sob as penas da lei”. As penas da lei, no caso de descumprimento, é um crime passível de prisão, no caso prisão do reitor e do secretário do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Duvanier Paiva Ferreira.

Descumprir uma decisão judicial pode levar até a prisão daqueles que perpetram esse crime em um regime democrático. O crime é confessado no oficio exarado pelo reitor. Entendemos que houve negligência e omissão das autoridades no atendimento das ordens emanadas da justiça. Uma óbvia transgressão dos direitos fundamentais do homem em um regime democrático.

Espera-se que tal fato não ocorra, pois a aposta é que os atores envolvidos buscarão com bom senso e acuidade resolver as pendências burocráticas para atingir o necessário respeito as decisões judiciais, mas é necessário continuar a luta para que nossos direitos não sejam perdidos nas ruas da burocracia do governo.

Diretoria da ADUnB em 22 de outubro de 2009.

A nota do reitor:

Esclarecimento à comunidade acadêmica


Professor José Geraldo de Sousa Junior - Reitor da UnB

A Administração da UnB lamenta o conteúdo falso e irresponsável da nota “Prisão do Reitor”, publicada pela diretoria da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília – ADUnB. Esse é um momento delicado para a manutenção dos salários de todos os servidores da Universidade, objetivo principal a preservar. Esse grave procedimento é calunioso porque imputa falsamente ao reitor o cometimento de crime e confunde tanto a nossa comunidade como a sociedade em geral. São necessários, portanto, os seguintes esclarecimentos:

1. Foram feitos todos os esforços para preparar a folha de salários, garantindo a URP integral. O que ocorreu foi o bloqueio no sistema de pagamento de pessoal do serviço público federal, que é controlado pelo Ministério do Planejamento. Assim que foi informada da manutenção do bloqueio, na noite do dia 20 de outubro, a Administração agiu imediatamente. A UnB comunicou à ministra Cármen Lúcia, do STF, a impossibilidade de cumprir a decisão do Supremo. O contato do Reitor também com o ministro de Planejamento, Paulo Bernardo, permitiu a reabertura da folha de pagamento em 23 de outubro. Tais providências têm como objetivo, justamente, garantir o pagamento da URP.

2. Não houve, nem poderia haver, descumprimento de decisão judicial. A Administração, irmanada com toda comunidade, apoia e quer fazer valer a decisão do Supremo. Não é tolerável que a direção da ADUnB dissemine a falsa ideia de que a UnB tem total controle sobre sua folha de pagamento. Sempre defendemos esse controle no contexto da luta pela completa autonomia universitária mas, infelizmente, não é essa a realidade, como bem sabem a comunidade e os dirigentes sindicais. É fundamental manter o foco, ou seja, trabalhar para que prevaleça nossa posição de que a URP deve ser mantida integralmente.

3. Em razão das gestões feitas pela Reitoria nos dias de ontem e de hoje, a Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento reabrirá, de 9h às 19h do dia 23 de outubro, o sistema de pagamentos. A comunidade será esclarecida logo que tivermos novas informações.

4. A Administração da UnB é formada por seus servidores próprios. Ela sempre defenderá as conquistas e as necessárias melhorias salariais e de condições gerais de trabalho. Nesse sentido, chama toda comunidade para refletir sobre a importância da união em defesa da causa comum.

Respeitamos a autonomia das organizações representativas dos trabalhadores, mas lamentamos a postura injustificada e imprópria da direção da ADUnb. Sabemos que esta atitude não condiz com a heróica história de nossa entidade.

Como já disse, isto é apenas mais uma etapa em um processo bem mais complicado.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A questão da grilagem versus invasão

Como já havia dito anteriormente: em uma batalha a primeira vítima é a verdade.

Temos que o MST invadiu e destruiu alguns pés de laranjeiras em uma fazenda da Cutrale.

Devido a reação que esta ação criou, o MST publicou nota aonde afirma:

3. Também ocupamos as fazendas que têm origem na grilagem de terras públicas, como acontece, por exemplo, no Pontal do Paranapanema e em Iaras (empresa Cutrale), no Pará (Banco Opportunity) e no sul da Bahia (Veracel/Stora Enso). São áreas que pertencem à União e estão indevidamente apropriadas por grandes empresas, enquanto se alega que há falta de terras para assentar trabalhadores rurais sem terras.

Verdade? Hummm, quase - trata-se de uma meia verdade. Vamos a notícia que trata da grilagem da Cutrale:

O superintendente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em São Paulo, Raimundo Pires Silva, disse ontem que estão irregularmente em terras da União todos os proprietários e empresas com fazendas no antigo Núcleo de Colonização Monções.

Ok isto é grave!

A área, de 50 mil hectares, fica no centro-oeste do Estado, entre os municípios de Iaras, Borebi, Agudos, Lençóis Paulistas e Águas de Santa Bárbara. Ali está a fazenda de 2.400 hectares da Cutrale invadida pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) na semana passada. Os sem-terra ficaram no local por dez dias, derrubaram pés de laranja e depredaram tratores, caminhões e imóveis da sede.

Dá até para dar razão ao MST com isto!

Segundo Silva, a região onde fica a fazenda foi comprada pela União em 1909 para instalar colonos. O projeto não vingou, e as áreas ficaram desocupadas, levando a um processo de ocupação irregular. O superintendente diz que o Incra, em 2003, foi condenado pela Justiça a implantar assentamentos no local. A partir daí foi feito um levantamento para identificar o histórico das terras. Os atuais ocupantes foram informados sobre a titularidade irregular.

Opa, pera-lá! 1909? O governo não fez nada por 100 anos? E agora está dizendo que a culpa é dos ocupantes?

"É um patrimônio público, pertence ao povo", disse Silva. Segundo ele, não foram verificados casos de falsificação de documentos e grilagem: as ocupações foram feitas de "boa-fé".
O Incra afirma que tentou acordo com as empresas. A Lwarcel Celulose reconheceu que sua terra era da União, propôs ficar ali e, em troca, deu ao órgão uma área em outra região. As empresas que chegaram a acordos são as únicas regularizadas, juntamente com descendentes dos antigos colonos do núcleo, segundo o Incra.

E a ocupação não foi feita de má-fé? Foi tudo de boa fé?

Na Justiça, há 50 processos questionando a posse das terras -entre eles o da Cutrale. Uma decisão da Justiça Federal entendeu que o órgão não tinha direito de reclamar a terra da multinacional, mas ainda não julgou se a propriedade é mesmo pública. O Incra recorreu.

Olha, não é por nada não, mas eu também acho que depois de 100 anos o Incra não pode mesmo reclamar a terra não. A sentença faz sentido.

O diretor de relações institucionais da Cutrale, Carlos Otero, não quis polemizar: "Nosso foco agora é recuperar o que foi destruído." Ele descartou firmar um acordo com o Incra. Diz que a a Cutrale "é dona" da área e tem documentos. Ontem, a Polícia Civil de Borebi anunciou que mais quatro integrantes do MST que invadiram a fazenda da Cutrale em Iaras (SP) foram identificados. Agora são 11 as pessoas do movimento reconhecidas. Anteontem, o delegado Jader Biazon, responsável pelo inquérito sobre a invasão, anunciou que indiciará e pedirá a prisão temporária de integrantes do MST, que atribuiu a depredação a uma "armação" da Cutrale.

Ok, agora fica claro que a história da grilagem é balão de ensaio para tentar desviar a culpa para a empresa. E se a Cutrale tem documentos, então o superintendente comeu mosca.

Mas é melhor do que isto. O Superintendente não só comeu mosca como está sendo processado por improbidade administrativa. E os próprios funcionários gostariam que ele saisse. E mesmo sendo militante do PT, ainda tem uma longa história de confusões.

Portanto: Verdade? Não, apenas SPIN.

Mas não sou infalível mesmo

e nem bruxo

O número de celulares esperado previsto em agosto (ou setembro) para o final de 2009 foi de 166.5 milhões.

O número preliminar de celulares em setembro já é de 166.1 milhões.

Claro que o número máximo previsto para 2009 é de 170.2 milhões. Mas dado que o aumento esperado até o final do ano era de 2 milhões e este ocorreu em um mês. Isto é um bom indicador que provavelmente minha previsão estará errada.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Nada mal como previsão

Em agosto deste ano, eu disse neste post:

Como um chute é tão bom quanto outro, eu diria que a gripe terá uma taxa de incidência de:

3*10+1.5*10 = 45% (máximo) - e isto terá uma duração de umas 20 semanas ou uns 5 meses. Dado que começou no Brasil em maio ou julho teremos de esperar até outubro ou novembro para ficarmos bem aliviados

Nada mal para uma previsão, já que o UOL tem a notícia:

O número de casos graves de influenza A (H1N1) - gripe suína - no Brasil caiu 97,3% em dois meses, passando de 2.828 na semana encerrada em 8 de agosto para 78 em 10 outubro, de acordo com boletim divulgado hoje (19) pelo Ministério da Saúde.

De abril a outubro, o país registrou 17.219 casos da nova gripe, com 1.368 mortes confirmadas. A taxa de mortalidade da doença no Brasil é 0,7 por 100 mil habitantes. No último boletim, de setembro, o Brasil registrava 899 mortes. No entanto, de acordo com o ministério, o acréscimo não se refere a casos novos de pessoas que morreram no período analisado, mas aos casos que tiveram confirmação laboratorial entre os dias 12 de setembro e 10 de outubro.

Sim, meus números máximos estavam muito altos. Mas mesmo assim, parece que a gripe realmente se comportou com a dinâmica de uma população em busca de um mercado consumidor.

Nada mal mesmo...

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Esclarecendo a confusão

Então como é que o fato do nome da menina ser Flórida altera a probabilidade?

Isto é sútil, mas muito interessante.

Vamos ao caso antes de sabermos qual era o nome da dita cuja:

(menino, menino), (menino, menina), (menina, menino), (menina, menina).

Bem, então se uma das crianças era menina, então o espaço amostral é:

(menino, menina), (menina, menino), (menina, menina).

Portanto, dado que queremos saber qual é a probabilidade de termos duas meninas, já que uma das crianças é menina então teremos:

Uma possibilidade [(menina, menina)] das três possibilidades [(menino, menina), (menina, menino), (menina, menina)]

Já no caso da garota Flórida temos:

(menino, menino), (menino, Florida), (Florida, menino),
(Florida, menina), (menino, menina), (menina, menino),
(menina, menina), (menina, Florida), (Florida, Florida).

Total de 9 possibilidades, aonde somente as que tem Flórida são interessantes. Reduzindo o espaço amostral, teremos 5 casos envolvendo a Flórida:

(menino, Flórida), (Flórida, menino), (Flórida, menina), (menina, Flórida) e claro que (Flórida, Flórida).

Destes 5 casos, se considerarmos que Flórida é uma característica a parte como o gênero, teríamos nossa solução de modo simples:

somente 4 amostras são efetivamente o espaço amostral e apenas 2 são viáveis (Flórida, menina) e (menina, Flórida). O que dá 2/4 ou 1/2

Mas perceba que é como se tivessemos interessados em agrupar 3 variáveis 2 a 2. Variáveis: menino, menina e Flórida.

Bem, Flórida é uma menina, mas nem todas as meninas são Flórida. E isto é o cerne do problema.

Incerteza

Não, não é sobre o filme.

Estou lendo "O andar do bêbado" de Leonard Mlodinow.

O livro é realmente muito interessante e bem elucidativo. Mas tem um problema: tende a forçar a questão da aleatoriedade de modo um tanto quanto exagerado.

Eu explico, e talvez seja melhor através de exemplos:

Um casal deseja ter dois filhos. Qual a chance de que pelo menos uma das crianças seja menina?

Bem, para analisar temos de ver as diversas combinações:

(Menino, Menino), (Menino, Menina), (Menina, Menino), (Menina, Menina)

Das quatro possibilidades, três satisfazem o critério de pelo menos uma das crianças ser menina. Bem, isto quer dizer que 3 de 4 opções ou 75% é a chance de que pelo menos uma das crianças seja menina.

E a chance que pelo menos uma das crianças seja menino?

Ora, 75% também.

Mas e se o casal já tem os dois filhos. Sabendo que um deles é menina, qual é a chance que o outro também seja menina?

Ora neste caso temos as seguintes combinações:

(Menino, Menina), (Menina, Menino), (Menina, Menina)

1 das 3 combinações tem como segunda criança também uma menina, logo a chance é de 1/3 (ou 33.3%)

E qual a chance de ser menino, dado que um deles é menina?

2/3 ou 66.7%

Claro que existe um ponto de confusão dado que para muitos (menino,menina) corresponde a (menina, menino). Mas não é bem assim, no caso da listagem das possibilidades a ordem realmente importa, veja só:

Pode nascer primeiro um menino e depois uma menina
ou
Pode nascer primeiro uma menina e depois um menino
ou
Podem nascer duas meninas

Portanto existem DOIS modos pelos quais teremos um total de uma menina e um menino e apenas UM modo pelo qual teremos duas meninas.

Mas então ele atravessa a ponte com pedágio e tudo perguntando qual é a chance da segunda criança ser menina dada que uma é menina e se chama Flórida.

E aí a porca torce o rabo, pois na realidade o conhecimento do nome não trás informação relevante. Mas ele trabalha como se trouxesse.... O raciocínio é o seguinte: uma das crianças é uma garota chamada Flórida. Portanto teremos

(menino, menina F), (menina F, menino), (menina F, menina NF), (menina NF, menina F), (menina F, menina F)

Portanto temos 5 possibilidades, sendo que 3 destas satisfazem a pergunta. Isto daria 3/5 que são diferentes de 1/3. Se desconsiderarmos a possibilidade das duas garotas se chamarem Flórida então termso 4 possibilidades e 2 satisfazendo o critério.

O que mudou?

Se olharmos o que é diferente é o fato de termos duas opções

(menina F, menina NF) e (menina NF, menina F)

que significa que a outra criança é menina e não tem o nome Flórida. A questão é: isso mudaria se fosse menina e o nome começasse com X? Ah...

(menino NX, menina X), (menina X, menino NX), (menino X, menina X), (menina X, menino X), (menina X, menina NX), (menina NX, menina X), (menina X, menina X)

Aí muda, pois agora temos 7 possibilidades e 3 favoráveis. Excluindo a possibilidade de duas meninas terem o nome começando com a mesma letra temos 2/6 ou novamente 1/3.

Mas o princípio é válido

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Naturalmente, ou não?

Ao esticarmos o nosso parco conhecimento sobre diversos tópicos para mares nunca dantes navegados, costumamos nos surpreender quando a realidade resolve nos dar porrada.

Vamos a questão: eleições presidenciais

Boa idéia, não? Você tem candidatos que expõem honestamente suas idéias e, de acordo com a opinião de cada um, nos alinhamos com o candidato que nos parece representar mais...

Humm, mas é assim que as coisas realmente acontecem?

Mas é óbvio que não. O candidato irá expor honestamente suas idéias se não tiver esperanças de ganhar a eleição.

Sim, pois o objetivo de um candidato a eleição presidencial sério é ganhar a eleição presidencial. E aí é que a porca torce o rabo.

Isto porque infelizmente, a enorme maioria dos votantes não irá compreender as sutilezas envolvidas nas políticas do candidato (e estou assumindo que o candidato tem uma posição a respeito delas - o que, em alguns casos, é claramente irreal).

Mais ainda, além desta enorme maioria que não tem chance de entender as ramificações que uma escolha em eleições trás, ainda há outro contingente, em geral extremamente trabalhador, que só não quer ser chateado - ou seja desde que as coisas não piorem significativamente para eles, então está beleza.

E por fim, existem os demais. E neste saco de gatos que compõe uma minoria temos fundamentalistas, engajados, e outros tipos de pessoa que realmente se importam com o resultado das eleições.

Acho que está ficando claro não? Então de modo aproximado:

Temos uns 2/3 que realmente não usam o programa dos candidatos como a ferramenta de decisão. Um 1/6 que não tem preferência nos candidatos e 1/6 que depois de deliberação cuidadosa chegou a decisão sobre qual irá votar.

Então, para 2/3 da população a eleição é apenas um concurso de popularidade.

Que tal essa: para definir quem vai nos governar resolvemos fazer um concurso de popularidade!

Priceless

Estes números são completamente ao acaso, mas desconfio que as percentagens reais são próximas deste valores mesmo...

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Grandes idéias?

É um fato bem divulgado que o script de Star Wars foi recusado muitas vezes antes de ser finalmente filmado.

Hoje parece que foram decisões estúpidas, não?

Certamente qualquer pessoa hoje faria diferente.

Certamente você faria diferente.

Bem, você já leu o script original?

Acho que talvez seja hora de rever seus conceitos...

Mais do menos

Estamos de novo com novidades na UnB: o Centro de Física da Matéria Condensada sairá de Brasília para ir para o Rio Grande do Norte.

Porque? Bem, francamente está difícil decidir se o motivo é real ou não. Também não sei se é melhor ou não.

A matéria jornalística se encontra aqui.

Depois eu volto a falar disto.

domingo, 11 de outubro de 2009

O amanhã está no ontem?

Pensando um bocado sobre relações de causa e efeito, tento ver como é o melhor rumo a se tomar em uma situação complexa.

Temos, na UnB, um problema muito complicado. Em poucas palavras: devido a uma série de eventos que foram tratados da maneira mais pateta possível tivemos o reitor ejetado do seu assento.

Então quando a maioria pensava que o pior já havia passado, um grupo se organizou no vácuo da retirada do reitor e de modo muito habilidoso, enquanto o restante levava fogo de todos, arranjou um meio de ganhar o assento do reitor.

Bem, o grupo tem uma visão bastante distorcida dos problemas da universidade e outra ainda mais distorcida do funcionamento do mundo.

Para completar, devido a suas maquinações, o grupo só conseguiu ganhar o poder por alianças com outros que tem o costume de quebrar acordos.

E naturalmente, nenhum dos membros do grupo tem a menor noção de como funciona administrativamente a universidade.

Por fim, se acham os donos da verdade.

Então fico pensando: qual é a melhor estratégia para se sobreviver a esta situação?

a) Atacar diretamente e com força todas as ações
b) Atacar diretamente somenta as ações de resultados ruins
c) Aguardar que o pelotão vá por água abaixo

A última opção é conhecida como política de terra arrasada. E tem o infeliz problema de ser fiel ao seu nome.

  1. Então, ao atacá-los indistintamente a tendência é tentarem abater os atacantes e fortalecer o seu controle.
  2. Ao atacá-los seletivamente há um risco não pequeno que quando eles cairem, você seja chamado a ação.
  3. E ao deixar a política de terra arrasada, eles nunca mais voltam e o nome deles vira barro. Mas ao mesmo tempo, tudo tem de ser reconstruído.

Infelizmente, minha tendência é ir pela política de terra arrasada.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Salsichas Lógicas

Você sabe o que é uma salsicha lógica?

Bem, creio que eu inventei o termo. Uma salsicha é um alimento feito de carne, gordura animal, ervas, especiarias e outras coisitas.

Mas o real significado da salsicha no termo advém de uma frase famosa atribuída a Otto Von Bismark (mas na realidade deste camarada):

"Os cidadãos não poderiam dormir tranqüilos se soubessem como são feitas as salsichas e as leis"

Então uma salsicha lógica é isto: uma coleção de argumentos lógicos, alguns perfeitamente verdadeiros em si e outros talvez nem tanto que são combinados na tentativa de formalizar um argumento lógico consistente para defender um determinado ponto de vista.

O problema é que a combinação destes argumentos é realizada de um modo nem claro nem inteiramente razoável.

E aí temos a salsicha lógica: um ponto de vista que se você souber como as idéias fundamentais se combinam, nunca mais vai acreditar na argumentação.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Complexidades intrínsecas

Apesar de existir muito preconceito, acredito que as ciências sociais não podem prescindir de matématica no seu objeto de estudo.

Pronto, falei! Isto estava engasgado na minha garganta faz anos.

Como se pode conceber uma ciência aonde qualquer resultado pode ser explicado, mas nada pode ser predito acerca de possíveis saídas?

Como se pode conceber uma ciência em que duas explicações diversas e contraditórias para o mesmo problema sejam igualmente aceitas como válidas?

Como se pode conceber uma ciência aonde não se consegue diferenciar variáveis de controle com as de saída?

O argumento é sempre o da complexidade.

Mas isto é válido? Existem realmente elementos entrelaçados que impedem a visão clara da dinâmica social?

Ehhhh, não!

Encontrar um modelo que represente exatamente o problema ainda não foi possível. Mas encontrar modelos que representem aspectos fundamentais do problema ou mesmo leis de formação (Lei de Smeed por exemplo) não só é possível como realizável.

Temos teoria dos jogos, modelo de competição, modelo de consumo, modelo de cooperação. Todos estes modelos recriam aspectos de problemas aonde prevalecem determinados comportamentos.

Mas isto certamente não é suficiente.

Da minha parte, eu acredito muito no modelo de um jogo em que as regras e as recompensas se alteram com o evolução do jogo. Por exemplo:

Podemos ter dois jogadores e um vetor de possíveis estratégias. Inicialmente o vetor de possíveis estratégias tem poucos estados disponíveis para os jogadores. A medida que o jogo é realizado, dependendo de quem ganha a rodada, mais (ou menos) estados vão ficando disponíveis para os jogadores.

E naturalmente os payoffs podem também ser determinados a partir do resultado do jogo.

Um exemplo: 2 jogadores

O vetor de estratégias para os dois jogadores tem o mesmo tamanho.

Jogador 1: realiza A, não realiza A
Jogador 2: realiza B, não realiza B

Jogo A+B

Se 1 realiza A e 2 realiza B - ambos ganham 0
Se 1 realiza A e 2 não realiza B - 1 ganha 1
Se 1 não realiza A e 2 não realiza B - ambos ganham 0
Se 1 não realiza A e 2 realiza B - 2 ganha 1

Assim a estratégia é realizar, pois só é possível ganhar assim. Mas tem que se torcer para que o adversário não realize nada.

Jogo A e B

Se 1 realiza A e 2 realiza B - ambos ganham 1
Se 1 realiza A e 2 não realiza B - ambos ganham 0
Se 1 não realiza A e 2 não realiza B - ambos ganham 1
Se 1 não realiza A e 2 realiza B - ambos ganham 0

A estratégia de realizar ou não realizar é que vai determinar a saída. Neste caso tem que se apostar que o jogador oposto não irá realizar.

A escolha da estratégia neste caso irá depender da percepção da realização - então podemos assinalar probabilidades para os casos, baseados em percepção.

Para o jogador 1

Probabilidade do jogador 2 realizar B =1/3
Probabilidade do jogador 2 não realizar B =2/3

Para o jogador 2

Probabilidade do jogador 2 realizar A =3/4
Probabilidade do jogador 2 não realizar A =1/4

Então no jogo A e B

O jogador 1 acredita que há apenas 33% de chance de 2 realizar B e o jogador 2 acredita que há 75% de chance de 1 realizar A

Então a estratégia para A é não realizar e a de B é realizar

E no jogo A + B a estratégia para A é realizar e de B é realizar (se B quer ganhar e não quer que A ganhe).

Se mudarmos as probabilidades, as estratégias também irão se alterar:

Para o jogador 1

Probabilidade do jogador 2 realizar B =1/3
Probabilidade do jogador 2 não realizar B =2/3

Para o jogador 2

Probabilidade do jogador 2 realizar A =1/3
Probabilidade do jogador 2 não realizar A =2/3

No jogo A e B a estratégia para âmbos é não realizar

No jogo A + B, a estratégia para âmbos é realizar.

Muito interessante e curioso - talvez exista algo nisto.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Vídeo do Furto das Provas do ENEM



Este vídeo é do UOL - site original aqui.

De adianta gravar se ninguém nunca vê?

Mais sobre o vazamento

Bem a polícia terminou o inquérito. Pela notícia informada no G1 não haverá prisões pelo menos por enquanto.

Aparentemente o caso é mais um exemplo de confusão típica que se dá ao levar a situação de modo leva. A história é que as provas foram furtadas da gráfica nos dias 21 e 22 de setembro por funcionários da gráfica Plural (do grupo Folha).

A gráfica que se isentou de responsabilidade ficou com a imagem chamuscada na história.

No fundo não existiu uma conspiração para fraudar o ENEM, mas ficou claro que o esquema de segurança era para lá de falho. E infelizmente algumas das pessoas se aproveitaram desta falha para ganhar algum dinheiro.

Claramente a intenção não era iniciar uma fraude.

No entanto, com esta confusão o consórcio que ganhou a licitação também teve sua imagem chamuscada. Primeiro pela suspeita, depois pela verificação que o desempenho anterior de alguns dos membros era menos do que estelar.

E para piorar, o membro que foi o eventual responsável pelo roubo, era contratado do membro restante do consórcio (o único que não tinha tido problemas anteriormente). Na gráfica ele era responsável por fazer a conferência e lacrar as caixas com provas.

O que fica de tudo isto?

- Não havia uma intenção de fraude.
- O esquema de segurança da gráfica foi falho
- O consórcio não tomou os devidos cuidados na seleção do seu pessoal

Bom, sobram agora para o consórcio Cesgranrio/Cespe a realização das provas. Uma dor de cabeça enorme dados os prazos que terão de ser cumpridos.

E claro, o custo final do processo será com certeza muito mais elevado do que o inicialmente estipulado.

Uma complicação enorme.

domingo, 4 de outubro de 2009

Da corrupção

O que são os fatores determinantes na corrupção?

Ao ser indagado se o tamanho do estado tem efeito na corrupção, encontrei este artigo interessante.

O assunto é exatamente sobre o que são os elementos que determinam a corrupção. O conceito é basear-se no índice de corrupção estabelecido pela transparência internacional.

Neste índice, quanto mais baixo o valor maior a corrupção.

Então como foi o artigo?

A autora examinou a correlação entre o índice de corrupção e diversos indicadores do país. Então com o valor da correlação pode-se de um modo ou de outro determinar quais são os fatores importantes.

Bem e como determinar isto?

Correlação 0 indica que não existe relacionamento entre as duas variáveis
Correlações abaixo de 0.5 indicam relacionamento fraco
Correlações entre 0.5 e 0.75 são consideradas de relacionamento médio
E acima disto são consideradas de relacionamento forte.

Então vamos a de relacionamento forte:

  • Eficácia governamental - 0.928
  • Estado de direito - 0.954
  • Qualidade do Clima Regulador - 0.9
  • Voz e Responsabilização - 0.922
  • Ética nas empresas - 0.956
  • Suborno no Estrangeiro - 0.89
  • Ética no setor público - 0.966
  • Índice de Subornos (também o índice 100 indica 0 subornos) - 0.931

Agora os de relacionamento médio:

  • Estabilidade Política e ausência de violência - 0.755
  • Prosperidade - 0.589
  • Desigualdade - 0.704 (negativo)
  • Inflação - 0.584 (negativo)
  • Capital humano - 0.65
  • Remuneração Média na Administração Pública - 0.695
  • Dimensão da economia paralela - 0.699 (negativo)
  • Liberdade econômica - 0.632
  • Liberdades civis - 0.711
E os de relacionamento fraco?

  • PIB per capita - 0.493
  • Despesas Públicas - 0.293
  • Nível de fiscalidade - 0.411
  • Peso da dimensão do setor público - 0.384 (negativo)
  • Libertade de investir - 0.412 (negativo)

Com isto podemos finalmente fazer um lista com a importância das ações para diminuição da corrupção. Se associarmos um custo a cada uma das ações podemos ver quais ações escolher de modo a ter o menor custo possível.

Mais uma das maravilhas que a matemática fornece.

Claro que tudo depende da qualidade dos dados

Culpados?

A notícia de hoje sobre o ENEM é que a polícia está atrás de três pessoas que possivelmente foram responsáveis pelo vazamento.

O texto está disponível na Folha, Estado e Globo.

Um dos acusados é o dono da pizzaria aonde foi realizado o encontro, o outro é um DJ e por fim temos um terceiro.

Eu não vou colocar os nomes pois acredito ser ainda incerta a veracidade da informação. Mas os jornais colocam os nomes com todas as letras.

Aparentemente, a terceira pessoa é a responsável por obter as provas. Como são todos do Estado de São Paulo, a tendência é acreditar que o vazamento também se deu neste estado.

Isto aponta para a Gráfica como local do vazamento.

Má notícia para o pessoal do grupo Folha.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Mais lama para todos

A Consultec também está bem enrolada:

"Consultec já tinha tido gabarito vazado na Bahia

Publicada em 02/10/2009 às 00h00m

Amélia Vieira e Danile Rebouças - Da Agência A Tarde

SALVADOR - No vestibular deste ano, a Universidade Estadual da Bahia (Uneb) teve o gabarito das provas elaboradas pela Consultec - a mesma responsável este ano pelo Enem -, mas a informação vazou e as provas foram adiadas dois dias antes da sua aplicação. Nove meses já se passaram e a universidade não tem uma resposta sobre a forma como o conteúdo sigiloso se tornou público e quem são os responsáveis pela fraude. Mesmo assim, a empresa venceu a licitação novamente e continua à frente do processo. O vestibular 2010 também será realizado pela Consultec, nos dias 6 e 7 de dezembro.

Responsável pelas investigações da fraude no ano passado, a delegada Carmen Dolores, do Departamento de Crimes Contra o Patrimônio, afirmou que aguarda laudo pericial do Departamento de Polícia Técnica (DPT) para finalizar o inquérito e, então, encaminhar para o Ministério Público.

- Como o material foi extenso, ele ainda não foi encaminhado - disse, sem definir prazo para o encaminhamento e dizendo que agora cobrará pressa no laudo.

A direção da Uneb disse, na época da fraude, que só comentaria o assunto com o fim das investigações. Nesta quinta-feira, a universidade informou que não recebeu novos dados sobre o assunto e justificou a vitória da Consultec no processo licitatório, mesmo após o vazamento, por ter se mostrado a mais competente em termos técnicos.

"A Consultec não tem muitos concorrentes"

Com exceção do ano de 1998, a Consultec venceu todas as licitações para elaborar o vestibular da Uneb entre 1996 e 2010. A empresa de consultoria também realiza há mais de dez anos processos de seleção das outras três universidades estaduais da Bahia.

" O processo é feito por um grupo, e falhas podem ocorrer. Todos têm responsabilidade "

A coordenadora de educação superior da Secretaria de Educação (SEC) da Bahia, Gelcivânia Silva, disse que as instituições têm autonomia pela lei estadual de licitação para dirigir o processo de contratação de empresas para a elaboração das provas.

- Vence aquela que tiver melhor técnica e menor preço. A Consultec não tem muitos concorrentes - disse ela, destacando que a secretaria acompanha o orçamento das universidades e recebe relatórios do Tribunal de Contas do Estado. - Até então nunca recebemos do tribunal qualquer tipo de queixa em relação aos processos seletivos.

Adelaide Rezende, sócia-diretora da Consultec, disse nesta quinta-feira que não poderia falar sobre o vazamento das provas do Enem "para não comprometer a investigação".

- O processo é feito por um grupo, e falhas podem ocorrer. Todos têm responsabilidade - afirmou ela, que refuta a possibilidade de os candidatos ao vestibular da Uneb estarem inseguros quanto à idoneidade do processo. - No ano passado refizemos a prova e deu tudo certo.

Também em dezembro do ano passado, a Consultec plagiou 20 das cem questões de um concurso para médicos recém-formados, o que levou ao adiamento da aplicação das provas. As questões copiadas eram das especialidades de ginecologia e obstetrícia e foram retiradas de duas provas aplicadas no ano passado pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).

Entretanto, a Comissão Estadual de Residência Médica (Cerem), responsável pela contratação da Consultec, não se considerou lesada e não acionou empresa judicialmente. O processo seletivo do dia 6 de dezembro foi anulado e uma nova prova foi aplicada em 18 de janeiro deste ano, com oferta de 300 vagas de residência em hospitais públicos, privados e filantrópicos da Bahia, disputadas por mais de mil médicos.

Consultec opta pelo silêncio

A Consultec optou pelo silêncio ao ser questionada sobre a fraude na prova do Enem, mesma estratégia adotada ao ser procurada para se pronunciar sobre o vazamento da prova da Uneb, que veio à tona dois dias antes da aplicação do exame, em 21 de dezembro do ano passado. A empresa foi responsável pelos dois projetos seletivos sob suspeita. Segundo a sócia-diretora da instituição, Adelaide Rezende, "por uma questão de alinhamento, a decisão é que todo o pronunciamento oficial será feito pelo MEC".

Ela disse que essa é a posição do Consórcio Nacional de Avaliação e Seleção (Connasel), único concorrente e vencedor da licitação do MEC para a realização do Enem. O Connasel é encabeçado pela Consultec, integrado ainda pelo Instituto Cetros, de São Paulo, e pela Funrio, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Questionada sobre o funcionamento do esquema de segurança, suas etapas e sobre o ponto ela considera mais vulnerável e passível de ter ocorrido o vazamento da prova, Adelaide disse que "pela amplitude do Enem, todo o processo de segurança foi amplificado e os cuidados tiveram maior sofisticação".

Arguida sobre a informação obtida junto ao Inep de que a prova elaborada teria chegado à Bahia via mídia digital e que alguém da Consultec a teria levado à gráfica em São Paulo, ela mais uma vez disse não saber de nada.

- Se o Inep falou então é oficial - limitou-se a dizer.

A recusa de resposta também ocorreu em relação à gráfica. A sócia-diretora afirmou não quis explicar como foi feita e seleção para a escola da Plural Editora e Gráfica, de São Paulo, integrante do Grupo Folha. A Consultec é uma empresa fundada em 1991 pelas professoras e educadoras Itana Marques e Adelaide Rogério de Rezende e é responsável por vestibulares de instituições como a Uneb, Universidade do Sudoeste da Bahia (Uesb), Unifcas e Unijorge. Além disso, organiza concursos públicos para o governo baiano e prefeituras do estado.

Há uma semana, Itana reagiu às suspeitas sobre a Consultec - devido aos problemas ocorridos na organização do vestibular da Uneb - e usou como argumento o fato de a empresa ter sido escolhida pelo MEC para realizar o Enem. Em entrevista à Tarde On-line, disse que "se ainda houvesse suspeita sobre a nossa credibilidade, não teríamos sido aceitos na licitação do MEC". O caso do vestibular da Uneb ainda está sob investigação.

A fim de atestar a idoneidade da empresa, Itana destacou o esquema montado para o Enem deste ano. Cerca de 500 pessoas foram contratadas para o maior processo realizado pela Consultec. "Nos organizamos para cumprir todas as etapas da seleção, incluindo a impressão, empacotamento, distribuição, confecção de cartões dos candidatos, aplicação e processamento dos resultados", detalhou Itana."

Mas há uma certa linha de investigação interessante. Quem der uma olhada no blog da Renata Cafardo pode ter mais informações sobre o furo do Estadão.

Vale a pena

Jogando Lama

Bem estamos de novo com o Correio Brasiliense jogando lama no nome do CESPE.

O que me importa?

Muito pouco na realidade. O que realmente me deixa com a pulga atrás da orelha é sempre o porque?

Bem o correio diz que o CESPE esteve envolvido em Fraudes em 2008.

Felizmente temos o Google news.

E aí? Quantas fraudes que envolviam o CESPE ocorreram em 2008?

ZERO! Teve o caso do reitor, mas o CESPE não estava no meio.

E em 2007?

ZERO!

A única denúncia real de fraude é a causada pela quadrilha descoberta em 2005 (se lembram de Hélio Ortiz?).

Porque não dar uma olhada no histórico da Funrio?

E qual o interesse do Correio ficar sujando o nome do CESPE por ai? Isso eu ainda vou descobrir.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Furo espetacular do R7 - Vazamento do ENEM




Esta gravação é propriedade do grupo R7 (link original)

Absolutamente Bizarro

As vezes eu penso se não estou sendo mais realista do que o rei ao usar luvas de pelica.

Temos algumas situações interessantes para comentar aqui: o vazamento da prova do ENEM, o comentário do juiz da suprema corte de Honduras, e a interminável novela da ocupação da sala da UnB destinada ao ensino de Libras.

Vamos por partes.

O Vazamento da prova do ENEM é absolutamente hilário. Não pelo fato em si, mas pelas características do problema. Temos um consórcio privado sem a experiência devida escolhido através de um sistema de menor preço, terceirizando parte dos seus serviços que exigiam altíssima segurança, e com um histórico de erros.

E agora todo mundo fica surpreso?

Felizmente a polícia federal vai realizar investigações e, desconfio eu, irá causar mais manchetes a respeito em veículos de comunicação. Então temos aí um problema que já havia sido cantado em ocasião anterior que acabou se concretizando.

Vamos ao outro fato:

"
...

Abriram o dia com uma visita à Suprema Corte de Honduras. Reuniram-se com todos os magistrados. Presente inclusive o presidente, Jorge Rivera.

Um dos juízes queixou-se, em timbre acerbo, da forma como o presidente deposta Manuel Zelaya foi admitido na embaixada do Brasil em Tegucigalpa.

Disse que o Brasil deveria ter concedido asilo a Zelaya. Ao mantê-lo como apenas como hóspede, etaria violando o Direito Internacional.

Citou uma convenção interamericana celebrada na capital Venezuelana, Caracas, em 1954. Houve certo desconforto.

...

"

E estamos falando do país que expulsou um de seus cidadãos ao arrepio da lei (eu não entro no mérito da deposição - mas da expulsão).

E por fim temos a atual ocupação da sala de Libras na UnB. Os alunos do serviço social desalojaram deficientes auditivos e interessados em aprender Libras para instalar seu centro acadêmico - a revelia de todas as regras.

E alguns dizem que estão fazendo isto para garantir a qualidade de ensino.

Naturalmente, o fecho de ouro é que parece que convenceram os demais centros acadêmicos.

Não é de se esborrachar de rir?