terça-feira, 29 de setembro de 2009

E lá fui eu para a polícia...

Hoje tive de comparecer a delegacia da polícia civil.

A razão? Alguém em algum lugar do Brasil anda utilizando meu CPF para comprar coisas e aprontar em geral.

E eu que não tinha nada a ver com o peixe fui chamado. Um ponto interessante é que não tive documentos roubados ou furtados.

Fico pensando como fico sujeito a este tipo de dor de cabeça.

Então me lembro de duas coisas: currículo lattes e portal da transparência

No currículo Lattes há informações disponíveis sobre meu nome, aonde trabalho e inclusive alguns telefones para contato. No portal da transparência está o meu CPF. E daí pode-se fazer uma verdadeira investigação na pessoa.

Então vou fazer isto com um professor da UnB - e porque não? O magnífico reitor!

No portal da transparência temos este resultado. E agora sabemos o cpf dele! No currículo Lattes temos este resultado.

O que podemos fazer com isto? Ora colocamos o CPF no google e temos não só o CPF (191.173.968-91), mas

- Número da carteira de identidade (250.536 SSP/DF)
- Matrícula SIAPE (665274)
- Banco (Banco do Brasil - agência 1607-1 conta: 170500-8)
- Endereço (SQN 205 bloco I AP 104, Asa Norte, Brasília-DF - CEP: 70843-090)
- Carteira da OAB-DF nº 1614

Interessante é que encontrei isto ao procurar pelos dados. Naturalmente nada disto é muito complicado (inclusive os dados do reitor estão a disposição aqui).

E aí eu consigo informações aqui e aqui.

Naturalmente, para o reitor este tipo de problema é pequeno. Mas qualquer outra pessoa listada no portal da transparência pode ter sua vida revirada por conta disto.

Claro que ainda indo a receita federal eu ainda descubro que a situação do CPF dele é regular e indo ao site do crédito fácil, eu posso saber ser há problemas financeiros na vida dele por R$ 14,90

A verdade é que nesta era de informação as coisas ficaram um pouco mais complexas

(Ah, sim - com estes dados eu sei que ele doou R$ 1.200,00 para candidatura de Sigmaringa Seixas para deputado federal aqui no DF em 2006)

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Mundo bizarro

Adversários notórios, Roriz e Cristovam avaliam aliança

De Christiane Samarco:

A precipitação da corrida presidencial e a intensa movimentação dos pré-candidatos na reta final do prazo de filiação partidária para a eleição de 2010 abriu espaço a negociações inéditas.

Uma delas foi a reunião de dois ex-governadores do Distrito Federal - Joaquim Roriz (sem-partido) e o senador Cristovam Buarque (PDT) - para costurar acordos.

Tradicionais inimigos políticos, eles jantaram juntos na segunda-feira, na casa de um amigo comum, para costurar acordos. Não selaram um pacto, mas ficou a possibilidade de entendimento numa composição com Ciro Gomes (PSB) para presidente, Roriz para governador e Cristovam para o Senado.

No passado, o ex-peemedebista Roriz e o ex-petista Cristovam, que agora dividem a mesa, racharam ao meio o eleitorado do DF.

Ambos foram protagonistas de uma disputa política renhida em 1998, que por várias vezes terminou com os "azuis" do PMDB, partidários de Roriz, trocando sopapos com os "vermelhos" do PT de Cristovam nas ruas de Brasília. Os dois disputavam o Palácio do Buriti, o então petista como candidato à reeleição.

Agora fora das trincheiras partidárias, Roriz encontrou na pré-candidatura de Ciro um motivo para convidar Cristovam para jantar.

O pano de fundo da conversa foi a sucessão presidencial, mas o interesse de Roriz é de novo a sucessão ao governo do DF, para onde pretende voltar.

Mesmo fora do PMDB, Roriz avalia que é um candidato imbatível nas classes C, D e E, assim como, a seu ver, o pedetista o é nas classes A e B.

Mas recordar é viver, portanto:

DF: Roriz é condenado a indenizar Cristóvam Buarque

A Justiça condenou o governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz (PMDB), a indenizar o seu antecessor, Cristóvam Buarque (PT), por ter chamado o adversário de assassino em debate transmitido pela TV Globo, em 1998, às vésperas da eleição.

Durante o debate, Roriz teria dito que Cristóvam "mandou derrubar barracos e assassinar pobres", acrescentando que o adversário "derrama sangue".

As acusações referiam-se à morte de cinco pessoas em uma desocupação promovida pelo governo, à época em que Cristóvam ocupava o cargo.

Segundo o advogado de Roriz, seu cliente agiu em legítima defesa, porque teria sido injuriado e humilhado pelo adversário. Ainda cabe recurso da decisão.

Sobrou para todo mundo

Cristovam atacou Roriz, Arruda e Cariello em debate virtual na TV Bandeirantes
Mentira.’’ Assim o governador-candidato à reeleição, Cristovam Buarque, classificou as propostas do candidato Joaquim Roriz (PMDB) de adotar em Brasília o programa de segurança pública Tolerância Zero, importado de Nova York. ‘‘É coisa de marqueteiro. Do Duda Mendonça. Tanto que ele propôs em nove estados. Nem no céu haverá tanta paz como a que Roriz está prometendo’’, disse. Ninguém escapou dos ataques de Cristovam no debate com jornalistas ontem à noite no programa Entrevista Coletiva, da TV Bandeirantes. Sobrou também para os candidatos José Roberto Arruda (PSDB) e Orlando Cariello (PSTU). Arruda foi o entrevistado da semana passada e fez duras críticas ao governador, especialmente com relação aos altos índices de violência e desemprego no Distrito Federal. Cariello, cuja entrevista também foi exibida ontem, denunciou ‘‘irregularidades’’ nas obras do Metrô comprometendo Roriz, Arruda e Cristovam. Roriz, segundo a produção do programa, negou-se a participar por considerá-lo ‘‘uma forma de debate’’ que exporia os candidatos à comparação dos eleitores. Tranqüilo, Cristovam disse que não valia a pena responder às acusações do PMDB pelas ações violentas da PM na Estrutural. Minimizou, dizendo que o que os jornais publicaram é que, no inquérito, a Polícia Civil ‘‘considerou que houve uma morte não em combate. Isso a PM está apurando’’. Cristovam aproveitou para atacar. ‘‘Encontramos na Estrutural bombas e armas colocadas pelas pessoas que estão do lado do Joaquim Roriz. O que houve lá foi a morte de um soldado da minha PM’’. E continuou: ‘‘Um assassinato houve, sim, lá em Ceilândia, de um bandido chamado Papaléguas (Eliomar Ferreira Pinto, assassinado pela PM), e eu exonerei o responsável, hoje candidato a deputado federal pelo PMDB’’. Cristovam disse que vai continuar retirando os invasores da Estrutural ‘‘com a velocidade que evite mortes’’, deixando lá só aqueles que moram no local há mais de 15 anos. Mas fez uma advertência. ‘‘Eu sou governador para usar a força também. Não sou governador só para conversar, não. O governador, de vez em quando, tem que mostrar força’’. Ele considera que o excesso da PM na Estrutural foi ‘‘o excesso da hora do embate’’, não foi deliberado. Da invasão da Telebrasília, onde estão pessoas que construíram a cidade, Cristovam disse que não vai retirar ninguém. ‘‘Eles têm mais direito do que eu, que cheguei depois deles aqui’’, disse. O governador disse que é mentirosa também a proposta de Roriz de dar bolsa-desemprego para 150 mil pessoas. ‘‘Façam as contas para ver. Vai todo o orçamento. Aconselho vocês a acompanharem o programa desses cabras com uma máquina calculadora’’, disse. Sobre a declaração de que não é um governador dos pobres, ele a mantém, mas explica: ‘‘Eu luto para que não haja pobreza. Joaquim Roriz quer que os pobres continuem pobres, porque é assim que ele ganha votos. Trocando por coisinhas aqui e ali’’. E comparou Roriz com os senhores de escravos. ‘‘Eles davam chicotadas nos escravos durante toda a semana e no fim da semana davam açúcar para o escravo não fugir. E tinha outros caras que lutavam contra a escravidão. Eu sou desse grupo.’’ Sobre a proposta de Arruda de baixar impostos, Cristovam disse que baixou de 12 setores e ainda não obteve retorno em aumento de empregos. Sobre a saída de empresas, dando como exemplo a dos Irmãos Gravia, disse que não é verdade. ‘‘Outro dia ainda fui tomar café lá. E eles estão é ampliando a fábrica de Taguatinga e construindo outra na Ceilândia’’. ‘‘Teve empresas que saíram no tempo do Roriz. Outras queriam o perdão de impostos para voltar. Eu disse que esperassem o Arruda. Ele perdoa sonegador, eu não’’, disse. Sobre irregularidades que teriam sido apuradas por uma auditoria nas obras do Metrô, e que, segundo Cariello, teriam sido ‘‘escondidas’’ pelo governador, Cristovam disse que também é mentira. ‘‘Fizemos auditoria e não constatamos nada. Só irregularidades de engenharia. E ele (Cariello) era diretor da Novacap, ficou sabendo de irregularidades e não fez nada, nem pediu demissão’’.


ELEIÇÕES: Tensão marca 1º debate de Roriz e Cristovam na TV

BRASÍLIA, 19 de outubro - O alinhamento à política do presidente Fernando Henrique Cardoso deu o tom de abertura do primeiro debate, no segundo turno, dos candidatos ao governo do Distrito Federal, ontem à noite. Dentro do estúdio, os dois lados mantiveram a calma, apesar do clima tenso do debate. Do lado de fora, militantes dos dois candidatos - que assistiam ao debate por um telão, separados por uma cerca - trocaram paus, pedras, garrafas e ovos. Pelo menos duas pessoas foram pressas. Foi a primeira vez nesta campanha que os candidatos Joaquim Roriz (PMDB) e Cristovam Buarque (PT) debateram na televisão. O debate foi promovido pela TV Brasília e Correio Braziliense. No primeiro turno das eleições, foram promovidos 3 debates, mas Roriz - que liderava as pesquisas - não esteve em nenhum. O governador Cristovam Buarque - candidato à reeleição - fez questão de ressaltar esse detalhe logo no discurso de abertura. Roriz tentou destacar o tempo todo sua ligação pessoal com o presidente Fernando Henrique Cardoso, que o ajudaria a conseguir recursos para a realização de obras no Distrito Federal. Cristovam rebateu dizendo que apesar de ser de um partido de oposição, nunca foi perseguido pelo presidente, e acusou Roriz de querer aumentar os gastos justamente quando o governo federal - dito aliado por Roriz - recomendava o corte de despesas. O ponto mais tenso do debate foi uma pergunta feita por Cristovam a Roriz sobre como ele iria conseguir dinheiro para a construção da estação de tratamento de água de Santa Maria (um dos assentamentos criados no governo Roriz) . O ex-goverbador respondeu que conseguiria graças ao seu entrosamento com o presidente Fernando Henrique. Cristovam retrucou dizendo que a obra já havia sido inaugurada por ele. "Como é que o senhor conseguiria convencer o governo federal a lhe dar o dinheiro para construir uma obra que já está feita, que eu inaugurei em julho?", perguntou o governador. Roriz defendeu-se ao perceber a armadilha dizendo que Santa Maria precisava de mais estações de tratamento. ASSISSTENCIALISMO E GERAÇÃO DE EMPREGO Cristovam também acusou Roriz de assistencialista quando prometeu não cobrar mais os lotes do governo "doados" aos pobres. Segundo o governador, a população ficaria devendo a Roriz esse "favor", mas não deverá nada a ninguém se comprar os lotes. O governador também apresentou um panfleto, que Cristovam atribuiu a uma gráfica ligada a Roriz, anunciando o candidato do PMDB como o vitorioso do debate, de acordo com uma pesquisa realizada entre os eleitores. Roriz se defendeu dizendo que o PT costumava distribuir panfletos sem assiná-los. "Nossos panfletos são todos assinados", garantiu Cristovam. Roriz por duas ou três vezes chegou a dizer que Cristovam não o irritaria. Roriz pediu a Cristovam que explicasse como, em um mês, o governo teria conseguido aumentar o número de empregos em quase 40 mil. O governador teria dito em um debate que conseguiu gerar 106 mil empregos e um mês depois teria apresentado um número diferente: 143 mil. "Os números que eu tinha eram de 106 mil, mas meus assessores refizeram as contas e me mostraram que o número é maior", explicou Cristovam. Nesse número, o governador contabilizou as 25 mil bolsas-escola distribuídas pelo governo. O ex-governador também criticou o protocolo assinado pelo governo do DF com o Ministério da Fazenda, onde se compromete, entre outras coisas, a reduzir despesas com pessoal e privatizar empresas locais. Roriz disse que a medida prejudicava os funcionários públicos e que rasgaria o acordo assim que assumisse. Cristovam irronizou dizendo que o protolocolo se expirrava em 31 de dezembro e que, para 99, teria que haver outro tipo de negociação para conseguir recursos federais. O governador também prometeu não privatizar empresas com a Companhia de Eletricidade de Brasília (CEB) e a Companhia de Água e Esgoto de Brasília (Caesb). Roriz se embarraçou quando uma jornalista perguntou a ele porque uma propaganda dele dizia que o número 13 (nº do PT) dava azar, sendo que ele morava em uma casa com esse número e que, como católico, seria pegado pregar a supertição. Roriz respondeu que a propaganda já tinha sido tirada do ar porque já tinha causado os efeitos que tinha que causar. Um outro jornalista perguntou sobre as alianças do PT, em Brasília, para o segundo turno, que vão do PFL ao PPS. Cristovam afirmou que isso é democracia e que todo apoio é bem vindo, mas garantiu que não negociará os seus programas. "Na verdade, eles não estão vindo para mim, eles estão é fugindo da outra alternativa", afirmou ao encerrar o debate. (Renata Veríssimo, InvestNews da Gazeta Mercantil)

Quem te viu e quem te ve...

Possível saída para o impasse da sala de Libras

Em uma situação aonde a imagem sai perfurada na mídia existem algumas opções de ação:

1) Não fazer nada

2) Tentar reparar a imagem

A saída do "não fazer nada" é adotada com muita frequência em diversas situações. As vezes, ela decorre do que chamo de "arrogância da inocência". Posto de modo simples é o famoso pensamento "quem não deve não teme".

Dependendo de como foi o problema de imagem, esta saída pode ser utilizada com relativa tranquilidade. Se o problema não voltar de modo recorrente, ou não surgir um novo ângulo com fratura de imagem, então as chances são que o problema se esvazie por si mesmo.

Em geral, se não existe uma situação contenciosa com outras partes que podem se aproveitar da fraqueza demonstrada na imagem, então este é o curso normal de notícias na mídia relacionadas a problemas com imagem.

Já se não for o caso, a postura "quem não deve não teme" pode levar a todo um universo de problemas. A verdade é que infelizmente neste mundo complexo que vivemos, a percepção tem muito mais efeito do que a realidade. E aí, não é questão de não dever -mas se todos concordam que você não deve.

Então se uma postura mais proativa é necessária, várias opções são viáveis:

a) Dissociação da imagem com a entidade - isto remonta ao bode expiatório e requer que alguma parte leve a culpa pelo erro.

b) Concessão - isto implica em admitir o erro e tentar de algum modo uma certa reparação pelo mesmo

c) Determinação em manter a posição - em certas situações, é mais vantajoso manter a posição se há certeza que no longo prazo a imagem sai fortificada.

d) Explicação - pode ser usada em conjunto com a manutenção da posição ou a retirada da mesma. Mas consiste em esmiuçar o assunto fortalecendo os aspectos positivos da ação.

e) Censura - implica em encontrar elementos dentro da entidade que possam ser responsabilizados pela divulgação de aspectos da fratura de imagem e evitar que continuem esta divulgação.

f) Desqualificação da mídia - implica em mostrar que as informações veiculadas estão incorretas ou mesmo incompletas, evitando assim credibilizar o meio de divulgação.

A verdade é que não existe uma estratégia única, mas uma combinação de estratégias com maior probabilidade de sucesso (talvez fosse bom observar na mídia qual seriam as melhores estratégias)

De qualquer modo, no caso da invasão/ocupação da sala de Libras, temos que há duas possíveis estratégias: fazer algo ou não. Não fazer algo certamente terá custos futuros dentro do funcionamento da universidade.

Então sobra o que fazer? Neste caso uma estratégia mista de concessão (voltar atrás na ocupação) e dissociação de imagem (culpar a diretoria do atual centro acadêmico) parecem ser as medidas mais simples. No entanto, isto implica que os alunos do serviço social tem de se organizar para de um modo ou de outro fazer isto.

E claro que isto não é fácil...

domingo, 27 de setembro de 2009

Imagem e argumentação

Percepção é algo muito poderoso. Se tiver que chutar, diria que nossas decisões são primariamente baseadas em percepção. Apenas quando a complexidade se mostra em toda sua beleza é que passamos a pensar em racionalidade na resolução.

Porque isto?

Bem, nesta quarta-feira alunos do Centro Acadêmico do Serviço Social invadiram e ocuparam uma sala no instituto central de ciências.

Até aí seria apenas mais um capítulo no constante atrito que existe na questão do espaço físico na UnB.

O problema é que a sala era usada para o ensino de Libras.

Isto já torna o problema mais complicado.

Mas a cereja é que neste semana temos o Dia Mundial do Surdo.

Ou seja, nem se quisessem poderiam ter escolhido pior maneira de apresentar seu pleito.

E aqui entra a questão da percepção. O espaço para os centros acadêmicos sempre foi uma consideração de pouca importância para as administrações. Na realidade, o problema é costumeiramente jogado para o nível de departamento. E raramente se consegue algo daí.

Existe a percepção que o centro acadêmico é algo sem muita importância. E não ajuda o fato de ao se descrever os objetivos do centro acadêmico, tudo tem um certo ar de incerteza.

Mas são elas:

a) a organização de atividades acadêmicas extra-curriculares como debates, discussões, palestras, semanas temáticas, recepção de calouros e realização de projetos de extensão;

b) encaminhamento, mobilização e organização de reivindicações e ações políticas dos estudantes;

c) mediação de negociações e conflitos individuais e coletivos entre estudantes e a faculdade;

d) realização de atividades culturais como feiras de livros, festivais diversos, entre outros.

Como tudo no Brasil, existe até uma lei que regulamenta o Centro Acadêmico.

Portanto, dada a listagem dos objetivos mostrada como se caracterizam primariamente os centros acedêmicos da UnB?

A resposta é alguns até estão perto de cumprir seus objetivos, mas outros estão bem dissociados do seus objetivos. Muitos tem apenas o caráter de representação política.

Infelizmente, do modo que vejo o papel do centro acadêmico foi sendo gradativamente distorcido ao longo do tempo para se transformar em uma ferramenta política (por vezes até ideológica).

Bem, e onde entra isto no problema?

Justamente a dissociação entre as funções e a atuação real que pode ter sido pivô deste problema. Ficam as questões:

- A decisão de invadir foi apenas dos componentes do Centro Acadêmico ou de todos os alunos do curso?

- Ninguém levantou a questão que a sala era utilizada por alunos estudando Libras e que isto não teria uma boa imagem?

- Por que aquela sala foi escolhida em particular? (Aparentemente isto já era pensado há muito tempo).

E com isto fica a desagradável impressão de desrespeito que o centro acadêmico de serviço social tem por pessoas com desabilidade auditiva.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Um pouco mais sobre Zelaya

Eu não conseguir evitar: saí procurando no google news informações sobre o passado de Zelaya (antes de 2009). Mas só notícias oficiais:

De 2008

Petrocaribe cria fundo alimentício de US$ 450 milhões

"..O presidente hondurenho, Manuel Zelaya, indicou que o fundo "será destinado unicamente ao desenvolvimento de projetos alimentícios", e ressaltou que "esta é uma nova resposta a velhos problemas".

Zelaya explicou que os recursos serão distribuídos a organizações camponesas, cooperativas e grêmios de criadores de gado e agricultores, para que executem projetos que eles apresentem e que sejam aprovados pelo Conselho."

Principais partidos de Honduras definem candidatos à Presidência

"Tegucigalpa, 1 dez (EFE).- Os vencedores das eleições primárias realizadas domingo em Honduras, o liberal Mauricio Villeda e o opositor Porfirio Lobo, proclamaram seus amplos triunfos perante seus rivais, que também reconheceram suas derrotas.

Villeda, do governante Partido Liberal, e Lobo, do opositor Partido Nacional, ganharam assim as candidaturas presidenciais para as eleições gerais de 29 de novembro do próximo ano.

O Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) informou hoje que, com 65,71% dos votos apurados, Villeda acumula 51% e seu principal rival, Roberto Micheletti, 28%.

Villeda representa o movimento liderado pelo vice-presidente de Honduras, Elvin Santos, que não foi inscrito por impedimento constitucional, ao haver desempenhado a titularidade do Executivo, enquanto Micheletti era apoiado pelo presidente Manuel Zelaya."

Chávez diz que entrada de Honduras na Alba fortalece integração

"Caracas, 23 ago (EFE) - A Alternativa Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba), criada em 2004 por Venezuela e Cuba, recebe na próxima segunda-feira Honduras como novo membro do mecanismo, que coloca a integração regional com especial ênfase no desenvolvimento humano."

Honduras

"O Auditor Geral confirmou que foi aberta uma investigação sobre os gastos do governo do presidente Manuel Zelaya de mais de US$2 milhões na criação do semanário El Poder Ciudadano nos últimos nove meses, segundo Proceso Digital."

Denunciam ameaças ao dirigente camponês Rafael Alegria

"Adital -
Rafael Alegría, dirigente camponês de Honduras e membro da Comissão Coordenadoria Internacional da Via Camponesa, está sendo objeto de ameaças por parte de fazendeiros e membros da polícia nacional por conta de um enfrentamento sangrento pela Luta de terra , entre o Grupo Camponês Guadalupe Carney e a Família Osorto, ocorrido domingo (03) do ano em curso, na comunidade de Silin, Trujillo, Colón, onde resultaram 11 pessoas mortas e 2 feridas."

De 2007

Emissoras de Honduras são obrigadas a transmitir propaganda do governo

"LONDRES - O presidente de Honduras, Manuel Zelaya, determinou que todas as emissoras de TV e rádio do país passem a veicular duas horas de propaganda governamental por dia.

Segundo o presidente, essa medida é necessária para neutralizar o que ele define como uma "campanha de desinformação" sobre sua administração e permitir que o governo explique uma série de projetos que estão em andamento. "

HONDURAS: SHELL E PETROLÍFERA LOCAL PROCESSAM ESTADO POR PERDAS APÓS DECRETO

"Tegucigalpa, 9 mar (EFE).- A multinacional Shell e uma empresa petrolífera hondurenha abriram um processo contra o Estado de Honduras, devido às perdas sofridas após um decreto do presidente Manuel Zelaya que mudou a fórmula para fixar os preços dos combustíveis."

GRUPO DO RIO APÓIA A MANUTENÇÃO DA MINUSTAH NO HAITI

"GEORGETOWN, 3 mar (AFP) - O Grupo do Rio apoiou a manutenção dos capacetes azuis das Nações Unidas no Haiti em sua declaração final, no encerramento neste sábado da XIX reunião cúpula, em Georgetown, anunciou o presidente dominicano Leonel Fernández."

Presidente de Honduras imita Chávez com programa

"Irritado com a cobertura negativa da imprensa, o presidente de Honduras, Manuel Zelaya, está assumindo os horários noturnos para fazer transmissões pró-governo, que lembram as do venezuelano Hugo Chávez.

O governo Zelaya determinou que os canais nacionais de rádio e TV transmitam dez dos seus programas a partir da noite de segunda-feira, o que alarmou os defensores da liberdade de expressão no país centro-americano.

A Anarh, entidade nacional da mídia, disse que a ocupação das transmissões é "um ataque à liberdade de pensamento do tipo empregado em países governados por regimes totalitários".

Zelaya, que está no poder desde janeiro de 2006, acusa a imprensa hondurenha de exagerar nas críticas e diz que as notícias negativas são ruins para o clima de negócios no país.

Ex-magnata da madeira, o presidente já enfrentou greves de professores e renúncia de ministros, e se voltou contra jornalistas devido a reportagens sobre corrupção. "

PRESIDENTE HONDURENHO PILOTA AVIÃO DE COMBATE F5-F

"Tegucigalpa, 3 mai (EFE).- O presidente de Honduras, Manuel Zelaya, pilotou hoje um caça de combate F5-F, aterrissando em Tegucigalpa."

Dois dias de protestos contra políticas de um governo neoliberal

"Adital -
A Coordenação Nacional de Resistência Popular (CNRP) chama o povo hondurenho a se organizar e unificar esforços na mobilização que, de hoje (27) até amanhã, parará o país para protestar contra a política neoliberal promovida pelo governo de Manuel Zelaya e ditada pelos organismos financeiros internacionais. Apesar das ameaças das autoridades de reprimir violentamente as manifestações; os movimentos sociais e sindicais mantêm o programado. "

Depois eu volto com mais info

A questão de Honduras

O governo de Honduras passa por momentos difíceis. Ao mesmo tempo que o presidente eleito resolveu dar um "golpezinho", a solução utilizada pelo poder judiciário e legislativo tornou o problema ainda maior.

No melhor cenário, Zelaya ficaria na presidência até as eleições e passaria o cargo para o próximo presidente. Mas devido a uma série de circunstâncias, a solução encontrada foi provavelmente uma das piores possíveis.

Então como ficamos?

Não há muito o que discutir: houve um golpe e a solução é o retorno do presidente até as eleições. Mas isto é factível? Aí é duvidoso...

O problema é que muita gente, por absoluta ignorância, acredita no conto da carochinha que Zelaya mudou radicalmente de lado (viu a luz?).

Dado o histórico de todos, a maior chance é que ele esteja se aproveitando da guinada a esquerda da América Latina para se perpetuar no poder.

Infelizmente, muitos sequer consultaram a biografia de Zelaya. Ele não é uma pessoa sem posses e pelo que sei não se desfez delas quando teve sua "iluminação". Então quem acredita que ele é comunista também é capaz de acreditar em papai noel.

Mas deixando isto de lado, ainda há a questão da legalidade. E neste caso Honduras sofreu com os diversos golpes que já teve. Não interessa aos Estados Unidos tentar resolver esta situação, pois qualquer posição que tome fora da "golpe de estado que deve ser combatido" pode trazer mais sombras ao processo e a já debilitada reputação norte-americana.

Enquanto isto, Zelaya está na embaixada brasileira fazendo o que não devia: comícios! Então, fica-se em um impasse: Zelaya quer voltar a presidência e os golpistas não o querem lá.

Uma solução de compromisso é trazer Zelaya até o final do mandato e permitir que concorra a outras eleições que não presidente. Mas temos aí a questão de se manter cobras dentro de casa.

Só espero que não radicalizem um problema já por demais complicado.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Bola de Cristal II

Previsão de celulares no Brasil em 2009

Mínimo: 162.2 milhões
Esperado: 166.5 milhões
Máximo: 170.2 milhões

Valor atual (Agosto de 2009): 164.5 milhões

Será que a minha previsão irá se concretizar?

E para 2010? Entre 180 e 187 milhões!

Uau!

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Bola de Cristal I

Previsão do crescimento de celulares para o mundo em 2009

Valor esperado: 4,37 bilhões
Valor Mínimo: 4,14 bilhões
Valor Máximo: 4,63 bilhões

Resultado divulgado para o segundo trimestre: 4,3 bilhões

Será que acerto?

Blog muito interessante

Estou vendo este final de semana o blog do Claudiomar.

Recomendo a todos, pois trata das peripécias da figura ao redor do mundo. Taí uma coisa que bate uma vontade de fazer de vez em quando.

Mas quando vi os preços de uma estadia no Japão - Ixi!

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Algo de novo no ar

Estou vendo a entrevista com o Cabo Anselmo.

Olha, esta entrevista tem nove partes. Mas francamente é algo que merece ser assistido.

Talvez seja a conversa mais franca que já vi na televisão sobre a guerrilha no Brasil. Vou colocar o link:

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Preço de Banana

Esta semana começou a vigorar uma lei no Estado de São Paulo que demanda que a venda de bananas seja feita por quilo, ao invés de dúzia ou unidade.

Estranho?

Nem tanto, a questão da venda a quilo é mais embaixo. Quanto? Bem, é a nível do produtor.

O problema é que apesar do produtor vender a caixa de bananas - padrão de 20-23 quilos, o atacadista compra a chamada caixa cheia. E daí? Bem, se existem muitos produtores e muito menos atacadistas (não é um "se" na verdade, mas um "como") então o produtor, fica sob pressão para vender a caixa com mais bananas (cheia) e não pelo peso.

Isto é ruim? Bem, na realidade há um ganho da parte do atacadista nesta situação. Nada de ilegal, mas é como se as leis da oferta e da procura fossem ligeiramente pervertidas para que o lado do atacadista ganhasse sempre.

Então qual foi a solução? Os produtores se reuniram e através dos meios de pressão normais conseguiram uma lei que demandasse a venda por quilo. E a lei, depois dos trâmites normais, foi aprovada em 2008 e agora finalmente sancionada.

O que isto vai fazer? Bem, supondo que a caixa de 21 quilos ficasse na realidade com 23.1 quilos (10%) a mais, então o atacadista iria levar 10% a mais do que realmente pagou. Isto significa que ele leva mais bananas do que o corresponde aos 21 quilos. Quanto a mais? Bem depende da massa da banana.

Se uma banana corresponde a 125 gramas então cada 1 quilo são 8 bananas. Portanto 21 quilos são 168 bananas e 23.1 quilos são 184 bananas. Isto correspondem a 16 bananas a mais.

Mas em termos práticos?

No mercado de atacado de Brasília uma caixa de banana prata custa até R$ 26,00 no atacado. Se a caixa tem 20 quilos isto dá um preço de R$ 1,30 por quilo ou R$ 1,95 a dúzia. O preço mais barato é R$ 18,00 por caixa resultando em R$ 0,90 por quilo ou R$ 1,35 a dúzia.

Já no varejo temos que o preço quando a compra é realizada a R$ 1,24 o quilo, a venda é realizada a R$ 1,80. Multiplicando temos um fator de 1.45.

Mas isto é com valores medidos em quilos. Ok, já se ele compra uma caixa de 20 kgs e paga pelo equivalente a uma de 18 kgs, então há um fator adicional de 1.11.

Isto faz com que seu lucro tenha um fator de 1.61 ao invés de 1.45.

Esperto, não?

Bem, então o que acontecerá com o consumidor no final?

É possível que o preço se eleve. Se for para compensar a diferença então estamos falando de um aumento de 11%.

No entanto, devido a natureza do mercado eu desconfio que não será bem assim.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Falsas impressões

Já repararam em comercial para venda de carros?

Trânsito inexistente

Avenidas Largas

Espaços Amplos

E nos casos dos utilitários?

Então, o que exatamente eles estão vendendo? Melhor pensar que todos passeios de carro são assim ou mais próximos de um suplício em congestionamentos?

Bem, as pessoas tem vontade de acreditar em algo. Talvez seja por isto que enganar e ser enganado parece ser um traço comum das pessoas

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Decisões Irracionais

Recebi um e-mail faz pouco tempo clamando pela greve na UnB.

Ora, a greve feita desta maneira está fadada ao fracasso. Não existem dúvidas a respeito.

O caminho certo é o da negociação e principalmente da ação judicial. Mas porque então querer fazer a greve?

Ao meu ver há duas explicações: a primeira é um fracasso na avaliação do problema e com isto, parte-se para a solução que já é conhecida. Em outras palavras: se a única ferramenta que se tem é um martelo, então tudo se parece com prego.

A segunda explicação é um pouco mais sinistra: a proposta parte da avaliação correta que a greve será contraproducente e destinada ao fracasso. Então, partindo do princípio que isto é conhecido resta apenas o interesse que este seja o desfecho em questão.

Mas porque isto? Bem, uma greve destinada ao fracasso enfraquece uma categoria, mas também enfraquece a liderança desta categoria. E se for este o objetivo, então o salto lógico é justamente o de tentar desestabilizar esta liderança - com objetivos mais mundanos (poder).

Pode-se perguntar então porque a pessoa que propõe a idéia iria lucrar com isto já que a mesma está atrelada ao lançamento desta idéia. Mas neste caso, a solução é simples: caso a idéia seja aceita (a greve) então basta entrar em conflito com a diretoria em todos os instantes. Quando a greve fracassar, ficará a famosa pecha de "Não fizeram do jeito que falei, então afundaram a todos".

Caso a pessoa se mantenha fiel aos preceitos determinados pela diretoria durante a greve, então pode-se entender que é falha de avaliação mesmo.

Não se pode subestimar a capacidade das pessoas racionalizarem suas ações, não importa o quão irracionais estas sejam.

domingo, 13 de setembro de 2009

Série Historica da Inflação

















Acho melhor deixar absolutamente claro: foi o plano real que fez a inflação no Brasil cair. Tanto os esforços de Sarney quanto Collor acabaram por falhar levando a inflação a crescer novamente

sábado, 12 de setembro de 2009

Uma questão de escolha

Estava lendo sobre econofísica e pensei em um probleminha relacionado a escolha.

Imagino uma situação com dois payoffs P1 e P2 aonde a avaliação destes payoffs depende de coeficientes (entre 0 e 1) que são estimados pela pessoa que está interessada

A ação é baseada nestes coeficientes. Podemos pensar o número de unidades de cada um dos payoffs, dado que existem N recursos é:

A1=N*p*P1
A2=N*(1-p)*P2

O número total de unidades é dada por

A=A1+A2=N*(p*P1+(1-p)*P2)

Portanto podemos pensar que se p=1, então teremos somente unidades de payoff P1 e se p=0 teremos somente unidades de payoff P2

Ao mesmo tempo, vamos supor que p é estimado pelo interessado. Portanto a sua estimativa de p determina de um modo ou de outro como é a sua divisão de recursos nesta escolha.

Se ele determinar que p é mais próximo de 1, então valerá a pena escolher P1.

Imagino também que a cada novo passo de tempo ele compara o p estimado com o p real. E refaz sua escolha de acordo com o erro em p.

A priori, ve-se que um estimador de ordem zero é aquele que faz p=1/2.

Outro estimador mais sofisticado pode se basear nos payoffs em si. É de se esperar que menores payoffs tenham maior probabilidade de acontecer, de tal maneira que

p*P1=(1-p)*P2

Assim: p=P2/(P1+P2)

Neste modelo, a probabilidade é ajustada baseada no payoff dos dois eventos no passo anterior. É essencialmente:

p_k+1=p_k

Mas este modelo pode ser ainda mais sofisticado. Podemos incluir a derivada de p:

p_k+1=p_k+a*(p_k-p_k-1)

Isto pode ser rearranjado para:

p_k+1=(1+a)*p_k-a*p_k-1

Depois vou voltar a este ponto

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

11 de setembro de 2009

Faz 8 anos que o ataque as torres gêmeas ocorreu.

Naquela manhã de terça eu estava dormindo até mais tarde. Eu tinha reunião somente a a tarde na UnB e havia trabalhado a noite toda.

Me acordaram para noticiar o ataque.

Cheguei na cozinha, aonde a televisão estava ligada, pouco tempo depois de primeira torre cair.

Vi as repetições dos ataques diversas vezes na televisão

Então a segunda torre caiu.

Eu não podia acreditar no que estava vendo, mas sabia que nada seria mais como antes.

Pensei que eu tinha estado lá meses antes:

Eu tinha estado em Nova Iorque dois meses e meio antes, e me lembrava de ver as torres e a estátua da liberdade pela janela do avião, a medida que saia de Nova Iorque em direção ao Brasil.

Teve um congresso do IEEE MTTS e com isto, eu acabei indo a Boston.

Devido a uma série de eventos, minha viagem de volta ao Brasil demorou dois dias a mais do que o previsto (uma tempestade no primeiro dia - causando atraso, e um problema técnico no segundo dia).

Pensei sobre o que tinha lido a respeito do materialismo histórico de Marx. Lá dizia que as grandes transformações nunca são obras de poucos homens, mas da forças sociais.

Neste dia, senti que este conceito estava para sempre enterrado (apesar de ter gente que tenta desenterra-lo periodicamente).

E foi também neste dia, que para bem ou para o mal, se delineou o início do século XXI.

Foi, sem a menor sombra de dúvida, um evento histórico de grandes proporções.

E foi um dia muito muito triste.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Um novo curso de Engenharia Elétrica

Sempre achei que aqui no Brasil fazemos muita coisa sem saber exatamente porque estamos fazendo da maneira que fazemos.

Isto tem um nome: Cargo Cult.

A história em si é bem engraçada. copiando do wikipedia:

"Culto a Carga é um grupo de movimentos religiosos que aparece em sociedades tribais quando entram em contato com a civilização ocidental, industrializada. Surge com o fato de os nativos observarem grupos industrializados recebendo material por encomendas (cargas), geralmente grupos militares recebendo suprimentos por barcos e aviões.Os nativos acabam não compreendendo a origem destas cargas e atribuindo isto a causas sobrenaturais. Muitas vezes grupos ritualisticamente imitam a forma de andar e se vestir dos grupos industrializados na esperança de receber também a "carga" destas entidades sobrenaturais. Já foram registrados grupos que abriram clareiras na selva imitando aeroportos e construindo rádios, fones de ouvido e inclusive falsos aviões de madeira que serviriam como isca para chamar supostas entidades sobrenaturais com a carga. Rifles feitos de pedaços de pau com as inscrições "USA" já foram feitos imitando soldados americanos."

Em termos simples, o pessoal faz as coisas supondo que daquele jeito irá funcionar.

Eu tenho um nome diferente: a abordagem "Campo dos Sonhos"

O fato é que não há a menor razão para que isto realmente aconteça.

Olhando o currículo de Engenharia Elétrica no Brasil tenho quase a mesma sensação.

O fato é que nosso currículo é uma adaptação de currículos bem sucedidos mundo afora. Até aí nenhum problema.

O problema começa no ponto em que não sabemos direito o que nosso Engenheiro Elétrico deve fazer. E esta questão me deixa um pouco preocupado.

Talvez seja derivado do fato que a mão de obra no Brasil está dissociada da academia, ou que somos primariamente um país com baixo agregado tecnológico - mais consumidor do que fabricante. Enfim, parece existir uma série de fatores.

E nisto mora a complicação: o que queremos ser quando crescermos? Imagino que nosso desejo é construir dispositivos de alto valor agregado tecnológico. Mas aí temos diversos países que já fazem isto. Será factível tentar concorrer com eles no médio prazo?

Dado o que vemos hoje, acredito que não. É mais interessante partirmos para uma área nova, de mercado inicialmente interno e depois construírmos daí para cima. Mas então temos outro problema: mercado interno brasileiro? Ele tem peculiaridades muito complicadas.

Então para que novos produtos tenham aceitação, tem-se que criar uma cultura do novo. E isto, apesar de determinados benefícios, leva a uma cultura do superfluo também.

O que nos traz de volta ao problema: como deve ser nosso engenheiro?

Na falta de bola de cristal, imagino que uma solução possível é determinar que conteúdos básicos um engenheiro deve ter de modo a acompanhar a evolução tecnológica e atuar no mercado profissional. Mas, forçar isto não é uma boa idéia - costuma fracassar na maioria dos casos.

O ideal é que o engenheiro tenha consciência do que precisa. E para tanto é necessário uma visão de mundo, um modelo que possa definir coisas por vir...

E o que vem por aí?

Posso supor alguns cenários, mas não há cenário com duração infinita. Isto significa que qualquer previsão tem de ser ajustada com maior ou menor regularidade para que possa ser compatível com a realidade.

Então já temos um ponto: o currículo deve ser flexível o suficiente para permitir ajustes regulares. Além disto tem de incluir os conhecimentos básicos comuns a todos os possíveis cenários que possam ser imaginados (claro que é impossível ter isto para todos, mas é possível determinar alguns tópicos mais prováveis).

Exemplos:

-Eletrônica - necessária, porém com ênfase em reconfigurabilidade e velocidade (vem de cenários que consideram que empresas que possam atuar em diversas plataformas terão mais êxito nas vendas)

- Telecomunicações - ênfase mais restrita, mas com razoável expectativa de crescimento por alguns anos. Também ênfase na reconfigurabilidade e velocidade.

- Potência - necessária, há um problema com a geração de energia e sua consequente distribuição em rede. Isto certamente irá propelir esta área por décadas a fio.

- Controle - como queremos dispositivos cada vez mais simples de utilizar, esta área tem futuro garantido, porém tirando a área de sensores (que é mais eletrônica) teremos muita ênfase no uso de soluções com programação (software)

E daí?

Bem, primeiramente temos de configurar o curso de modo a minimizar o número de disciplinas e tempo de graduação. Isto significa grande conteúdo básico que permita o aprendizado nas várias áreas concentrado em algumas disciplinas fundamentais.

A partir deste ponto teremos de ter disciplinas profissionalizantes com vistas a realização de projetos e não apenas exercícios sem construção de protótipos

Complicado, mas factível

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O que está acontecendo?

Parece que não consigo visualizar mais o meu blog, apesar de conseguir postar nele

Muito bizarro.

Se eu fosse mais paranóico diria que é perseguição.

Mas acho que é mesmo erro no serviço

***************************************
Descobri!

Agora tem que colocar www

www.semverdades.blogspot.com

O que a nota do ENADE prova?

Bem, é uma informação importante. Mas infelizmente não diz que cursos são de excelência ou não.

A avaliação do MEC tem como objetivo classificar os cursos segundo um critério. E o critério é um conjunto de notas relativamente complicado (da qual o ENADE faz parte) que emite uma nota para cada curso.

Dados os cursos, a avaliação entre eles é relativa.

Em outras palavras, o que a avaliação diz é que tal curso foi melhor do que outro naquela escala.

Não há de modo nenhum avaliação absoluta.

O que é até óbvio, pois avaliação absoluta exige parâmetros absolutos. E isto é relativamente bem complicado.

No entanto, se a avaliação for bem feita é de se esperar que a escala relativa tenha algum grau de correlação com uma escala absoluta.

A verdade é que qualquer método de medição usa algum tipo de escala na qual seus resultados fazem sentido. Em outras palavras: distância temos o metro, tempo temos o segundo e massa temos o quilograma.

No caso da avaliação do ENADE a nossa métrica é a média. Por definição 50% estarão acima e 50% estarão abaixo.

Isto quer dizer que os que estão abaixo da média não funcionam bem? De modo algum.

Mas o que estiverem muito abaixo da média provavelmente tem este problema.

E o que é muito abaixo da média?

Ah, aí temos de definir uma escala para chegarmos nesta informação. Podemos usar os dados do post anterior e decidirmos que notas abaixo de 2 (ou de 1) são insuficientes. De acordo com o que temos, o quarto (primeiro) quartil é definido como abaixo da nota 175.

As notas 1 e 2 estão abaixo deste ponto e podem com relativa tranquilidade serem utilizadas para indicar rendimentos considerados insuficientes. Pois neste ponto, temos que o desempenho relativo destas instituições é substancialmente inferior a média (228 ou 216 - não me recordo).

domingo, 6 de setembro de 2009

A propósito

A lista de Cursos de Engenharia Elétrica NOTA 10 é:

ELETRÔNICA INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
TELECOMUNICAÇÕES INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
CONTROLE E AUTOMAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
COMPUTAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
ELETRÔNICA INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
ELETROTÉCNICA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
ELETROTÉCNICA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO
CONTROLE E AUTOMAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
COMPUTAÇÃO INSTITUTO TECNOLàGICO DE AERONÁUTICA
ELETROTÉCNICA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
TELECOMUNICAÇÕES UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
CONTROLE E AUTOMAÇÃO UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
CONTROLE E AUTOMAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
ELETROTÉCNICA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
CONTROLE E AUTOMAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
ELETROTÉCNICA INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
ELETROTÉCNICA UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO
COMPUTAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ - UNIFEI
COMPUTAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
COMPUTAÇÃO PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
ELETROTÉCNICA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
ELETROTÉCNICA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
COMPUTAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ELETROTÉCNICA UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO
ELETROTÉCNICA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
ELETROTÉCNICA FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA

Destes cursos, os únicos privados são os das PUCs.

Esta é classificação que deve ser apresentada com os dados baseados no que foi montado

A normal e o normal

Sairam os resultados no ENADE de 2009. Como sempre se fala muito sobre listas e tudo mais.

Mas o que o ENADE informa?

O exame é tratado de modo a funcionar como uma curva normal. Mas o problema é que não é:

Um normal tem skewness zero e excesso de curtose zero.

A curva do ENADE para engenharia no grupo II tem skewness 0.71 e excesso de curtose 0.3215

Parece pouco, mas não é. O problema é que olhando a distribuição, tem-se a nítida impressão que a curva é mais parecida com uma lognormal do que uma normal.

Mais ainda os quartis ficam designados da seguinte forma:

Primeiro quartil é definido como resultado superior a 275 (existem 67 instituições neste intervalo)

Segundo quartil é definido como resultados entre 275 e 215 (existem 67 instituições neste intervalo)

Terceiro quartil é definido como resultados entre 215 e 173 (existem 66 instituições neste intervalo)

E por fim o quarto quartil é definido como resultados abaixo de 173.

Mas se quisermos definir notas é melhor usar outra estratégia: zero a 20, 20 a 40, 40 a 60, 60 a 80 e 80 até 100.

Assim quem ficar entre 80 e 100 ganha nota 5 e assim por diante.

No caso a nota 5 corresponde a notas superiores a 287 (existem 53 instituições que satisfazem esta situação).

A nota 4 corresponde a notas entre 287 e 237 (existem 54 instituições que satisfazem esta situação).

A nota 3 corresponde a notas entre 237 e 201 (existem 53 instituições que satisfazem esta situação).

A nota 2 corresponde a notas entre 201 e 164 (existem 54 instituições que satisfazem esta situação).

A nota 1 corresponder a notas abaixo de 164

No caso de intervalos de notas 1 a 10:

Nota 10 - acima de 356 (26)
Nota 9 - entre 287 e 356 (53-26) 27
Nota 8 - entre 262 e 287 (80-53) 27
Nota 7 - entre 236 e 262 (108-80) 28
Nota 6 - entre 216 e 236 (134-108) 26
Nota 5 - entre 201 e 216 (160-134) 26
Nota 4 - entre 183 e 201 (187-160) 27
Nota 3 - entre 164 e 183 (213-187) 26
Nota 2 - entre 140 e 164 (241-213) 28
Nota 1 - abaixo de 140

Ou seja teremos 26 instituições com nota 10, 27 com nota 9, 27 com nota 8 e assim por diante.

Podemos é claro fazer listas no tipo 10 melhores, mas exatamente o que isto prova?

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Spin spin spin (sugar)

Estamos na era do spin.

O spin é simplismente a forma de noticiar de modo a criar um impacto desejado.

Esta semana o TCU resolveu que a UnB estava fazendo besteira.

Bem, não é surpresa. Em fevereiro eu já havia conversado com diversas pessoas sobre o assunto.

Mas a reitoria interpretou de uma forma equivocada descrita no Ato da Reitoria n. 372/2009 (16/02/2009). Ok, estou sendo light - a despeito de avisos insistentes, a reitoria decidiu que sua interpretação era a certa.

Avancem 4 meses - o TCU diz que não.

Avancem mais 2 meses - o reitor volta atrás e indiretamente culpa o TCU. Mais interessante - o ato em si parece ter sumido do site da UnB.

Mas o golpe ainda está por vir: o TCU está na UnB por conta da atual administração - e tem praticamente linha direta com a reitoria.

E agora vem dizer que ninguém fazia idéia?

Tsc, tsc...

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Evidências não evidentes?

Imagino com frequência sobre os equívocos e erros que trazem idéias do tipo "riqueza infinita".

Não é muito difícil provar que as idéias são bem equivocadas.

Então porque continuam a flutuar no ar?

Infelizmente, acredito que isto diz algo menos sobre a idéia e mais sobre os que acreditam nela. Não tenho certeza se é uma noção de um controle inexistente porém desejado, ou de uma forma de ver o mundo que impele que se descartem as evidências em contrário.

Aliás, porque descartamos evidências?

Sei mais do que muitos que um bom modelo depende do descarte seletivo de parâmetros em favor de outros. Em geral, um bom modelo mantém todos os parâmetros que são necessários para se chegar a um resultado dentro de um intervalo de tolerância.

Mas algumas evidências são muito fortes e indicam claramente que foram descartados parâmetros que não deveriam ter sido desconsiderados.

Mesmo assim, insistimos em afirmar que o nosso modelo é a realidade. Nesta concepção maluca o que está errado são as nossas métricas que utilizamos para medir a realidade.

Coisa de maluco, ou não?

Não, muito pelo contrário, isto é na realidade bastante humano.

O truque, que é bem difícil, é exatamente realizar uma análise não polarizada baseada nas evidências. Será que a dificuldade é por funcionarmos como máquinas de reconhecer padrões?

E quando vemos algo tentamos desesperadamente ajustá-lo ao padrão que construimos?

Desconfio que sim

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Mistura de Idéias

Pensando de novo sobre "A Onda" em conjunção com o experimento de Stanford e o de Milgram, passo a imaginar que talvez a questão mais importante seja o relacionamento das pessoas em grupo.

Talvez, de modo sucinto, nosso comportamento em grupo é diferente do nosso comportamento individual. Isto implica que os comportamentos grupais não simplesmente uma combinação de comportamentos individuais.

Tendo, talvez por meu background de engenharia, a tentar modelar este comportamento por uma série de Taylor multidimensional. Claro que não é verdade, mas pode ser que isto possa explicar comportamentos ou mesmo decisões individuais sendo moduladas por determinações coletivas.

Imaginando que uma decisão D de uma pessoa p0 dependa de outras pessoas, podemos modelar isto como uma série de Taylor.

Em uma primeira análise

D0(p0) = sum{a_n*p_n}{n=0..N}

Em uma análise mais elaborada

D1(p0)=(sum{a_n*p_n}+p0*sum{b_n*p_n}){n=0..N}

Então podemos considerar a primeira aproximação como uma média ponderada baseada na opinião de cada membro do grupo. Desta forma em uma dupla:

D0(p0)=a0*p0+a1*p1

D1(p0)=a0*p0+a1*p1+b0*p0^2+b1*p0*p1=a1*p1+p0*(a0+b0*p0+b1*p1)

A importância dos temos cruzados e dependentes de outros termos aumenta a medida que o número de termos aumenta

É uma idéia