terça-feira, 30 de novembro de 2010

Wikileaks

Seria o vazamento um evento cisne negro? Se for então podemos nos preparar para conseqüências inesperadas e de grande impacto.

Para a maioria do público nacional, a política externa é algo não muito bem compreendido. No fundo é a defesa de interesses. Alguns tem maior poder de barganha, outros nem tanto, uns tem mais credibilidade, outros nem tanto... e assim toca-se o barco.

Mas uma constante em todas as negociações entre países tem sido a duplicidade. Há a "verdade pública" e a "verdade de gabinetes". Tudo isto é tácito e bem resolvido nesta esfera do mundo.

O problema é que por vezes, discursos políticos aproveitadores, velhos rancores e simplesmente má sorte podem acabar ditando política interna e política externa. E aí é que o vazamento entra.

Temos uma quebra de barreira entre as verdade pública e de gabinete. E as pessoas não estão muito acostumadas com isto.

Mas não deixa de ser engraçado ver uma superpotência envergonhada do que pode ser divulgado (e sim, isto é uma grande questão). Não podemos nos esquecer que este tipo de informações traz alguns depoimentos muito cândidos que nunca veriam a luz da divulgação pública se tivessem chance.

Então o potencial para confusão está criado. Vou fazer minha parte e divulgar links de informações interessantes a medida que elas surjam.

Começando aqui.

domingo, 28 de novembro de 2010

O cisne negro

O conceito do cisne negro é o de um evento que é raro e tem grande impacto. Essencialmente a idéia está ligada à distribuições com grande distorção e curtosis.

Alguns tipos de distribuição podem ser associados a este tipo de situação.

Ao meu ver, um evento do tipo cisne negro só é mais comum caso tenhamos sucessivos eventos raros que possibilitem a sua ocorrência. Em suma há uma série de eventos raros que devem ocorrer para que um evento do tipo cisne negro ocorra com maior facilidade.

Mas é claro que aí temos a chave do problema: os eventos que podem aumentar a probabilidade de um evento do tipo cisne negro podem ou não ser independentes. E a falha em perceber uma possível dependência pode levar a subestimar a probabilidade de ocorrência de um evento do tipo cisne negro.

Fico imaginando que espécie de eventos que podem ocorrer desta forma, então me vem a mente o conceitos de eventos periódicos cuja combinação de máximos pode levar a problemas. Mas nem de longe precisa ser algo assim... Um problema do tipo cisne negro...

Talvez seja melhor que o criador do conceito recente fale a respeito:


E a continuação:

sábado, 27 de novembro de 2010

Perigos

Com esses dados é possível dizer que a chance de se morto por motivo de agressão é quase doze (12) vezes maior para homens em comparação com mulheres.

Resta calcular as chances de cada uma das causas externas para homens e mulheres.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Viver é perigoso, mas como é mais perigoso morrer?

Neste post vou torcer um pouco os mitos que se vêem rodando pela internet. Mas vou falar mais sobre estes dados em outro post.

Eu estava vendo as tabelas de morbidade do DATASUS. Encontrei alguns dados interessantes.

Cerca de 29 mil pessoas morrem por ano devido ao trânsito no Brasil. Este número está crescendo, mas em compasso com o aumento população. Destas fatalidades cerca de:
  • 34% são pedestres
  • 6% são ciclistas
  • 28% são motociclistas
  • 28% estão em carros
  • 1% estão em caminhonetes
  • 3% estão em caminhões
Já com relação a agressão, temos cerca de 47 mil mortes anuais. Com relação ao gênero:
  • 92% são homens
  • 8% são mulheres
Com relação a cor
  • 32% são brancos
  • 9% são negros
  • 59% são pardos
Com relação a escolaridade
  • 6% não tem
  • 24% tem de 1 a 3 anos
  • 44% tem de 4 a 7 anos
  • 22% tem de 8 a 11 anos
  • 4% tem 12 ou mais anos
Com relação ao estado civil
  • 80% são solteiros
  • 16% são casados
  • 1% são viúvos
  • 3% são separados
Estes números podem ser utilizados para obtermos probabilidades. Mas o mais interessante é realizar as probabilidades cruzadas. Isto eu vou fazer em um futuro post

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Quem é pobre?

Esta perguntinha é mais complicada do que parece. Aonde está a linha?

"O Brasil diminuiu a pobreza", "Milhões saíram da pobreza nos últimos anos"

Estas manchetes são apenas reconstruções de lembranças que tivemos recentemente. Ah, mas aí vem a pergunta: quem é pobre?

Felizmente teve um bocado de gente que se dedicou a isto, mas há diferentes noções sobre o que significa ser pobre.

Neste texto, temos que a linha de pobreza é definida por quem ganha menos do que meio salário mínimo por mês, mas existe o índice de multipobreza que inclui outros fatores.

De qualquer maneira, o IPEA usa o método reportado acima (de meio salário).

Este critério é bem mais rígido que adotado pelo BIRD (Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento). Mas ainda assim o critério do IPEA ainda é menos detalhado do que o mostrado neste artigo.

O interessante é que para o Brasília a linha de pobreza é uma renda mensal por pessoa de R$ 240,15 e a linha de indigência é de R$ 54,62.

Se olharmos quanto valia o salário mínimo em setembro de 2004 (época do cálculo acima) teremos R$ 260,00.

Ora mas como metade do salário mínimo era R$ 130,00, então como pode a linha da pobreza ser R$ 240,15? podem perguntar alguns...

A resposta é simples: R$ 130,00 é o valor médio no Brasil. Quem fizer a conta com todas as regiões chega aos tais R$ 130,00.

Bem e segundo esta conta quantos são os pobres e indigentes? Em Brasília a estimativa de pobres é de 944.695 (42,4%) e a de indigentes é de 182.684 (8,2%).

E o Brasil como um todo? Segundo a metodologia do IPEA temos 57.698.195 pobres (33,2%) e 13.894.982 indigentes (10%).

Mas se utilizarmos a metodologia do índice multipobreza está escala cai para cerca de 8,5%. Qual usar? Bem, a escala do IPEA leva em consideração alimentação e outras itens.

Uma visão de um julgamento pelos falsos positivo e negativo

Em uma série de posts lá de janeiro eu explorei a questão e a importância do sensitividade e sensibilidade dos testes biológicos.


Em poucas palavras, as duas questões que me chamaram a atenção foram a do falso positivo (o teste indica que sim mas não é verdade) e o falso negativo (o teste indica que não mas é verdade).


No caso temos:

  • P(+|Problema) - constitui o que é chamado de sensitividade do teste.
  • P(-|Não Problema) - constitui o que é chamado de especificidade do teste.

Mas não estamos interessados nisso, estamos interessados em

  • P(Problema|-) - constitui o falso negativo
  • P(Não Problema|+) - constitui o falso positivo

O interessante é que na série anterior o procedimento mais efetivo para se limitar o efeito de falsos positivos e negativos foi o uso dos grupos de risco.

No caso, a pessoa em questão estar ou não no grupo de risco pode ser interpretado de diversas formas. Uma delas é não ser réu primário, ou seja já ter burlado a lei. Outra forma é o que se chama de ter motivo, oportunidade e meios.

Este é um tópico interessante que merece ser revisitado. Depois eu volto a estes pontos

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Espectro de Escassez

Estou lendo uma reportagem a respeito do risco de uma escassez no espectro de freqüências em um futuro próximo.

E realmente é um problema em potencial. De modo simples podemos fazer uma conversão entre o espectro (em Hertz) para taxas utilizando a eficiência espectral. De modo simples é uma conversão de bit/s por Hertz.

Assim se um sistema tem uma eficiência espectral de 1.3 bit/s por Hertz equivale a dizer que em uma banda de 30 kHz transmite-se a uma taxa de 39 kbit/s.

No caso dos sistemas de transmissão de dados celulares há mais em jogo, pois o sítio da transmissão também deve ser fatorado nesta questão.

Em todo caso o fato é o seguinte: mais pessoas demandam mais taxas e mais taxas demandam invariavelmente mais banda para transmissão. O problema é que o espectro de freqüências tem espaço limitado, então o que fazer?

Bom, para começar temos de ver o tamanho do espectro que pode ser usado para comunicações móveis. Na realidade ele tem de ser dividido em 2 - um para uplink  (terminal para rádio-base) e downlink (o reverso).

Ainda há questões de propagação, relação sinal-ruído e muito mais coisas. Mas temos de partir do básico.

Essencialmente temos algo que iria de um tanto menos de 1 GHz até um tanto mais de 2 GHz. Vamos dizer que o comunicação de dados é simétrica (e não assimétrica).

Bem resta então cerca de 1 GHz para uso. Quanto de taxa podemos colocar em 1 GHz? Se supormos uma fabulosa taxa de 16 bit/s/Hz. Neste caso teríamos 16 Gbps.

Eu diria que este seria algo como o limite superior (se colocarmos na fórmula de Shannon chegaríamos a uma relação sinal ruído de cerca de 36 dB - muito difícil pelo que sei do ambiente de comunicação móvel).

Na minha visão, acredito que seria mais factível algo na faixa de 4 Gbps (que resulta em uma relação sinal-ruído de cerca de 12 dB).

Para os níveis de hoje parece bom. Mas e para daqui a 10 anos?

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Picuinhas

Existem certos tópicos que inadvertidamente ou não eu já tenho picuinha contra. E um destes pontos é justamente algo que chamo de ciência ideológica. Há bastante divergência sobre o que seja ciência ideológica, mas na minha acepção, o conceito pode ser resumido na idéia que a realidade tem que satisfazer as particularidades da ideologia.

Isto é inacreditavelmente estúpido - mas é tão comum que chega a nem ser percebido. Um dos efeitos mais comuns é o descarte de partes do problema que não satisfaçam a explicação baseada na ideologia. Outro efeito é procurar por sinais que seriam de "validação" da teoria ideológica e não pontos de refutação.

Isto acontece em todos os ramos, mesmo nas ciências ditas exatas (o chamado modelo padrão de física poderia facilmente ter seções incluídas na categoria de ciência ideológica).

Mas a coisa realmente alcança níveis épicos nas ciências humanas. Vou dar um exemplo:

"Não é sem razão que no interior das salas de aula a história muitas vezes foi tida como uma disciplina chata. Isto se deu especialmente devido a pouca relação estabelecida entre o que era ministrado e os problemas concretos vividos pelos alunos. Não existia qualquer convicção de que o aprendizado da história pudesse ajudá-los desvendar e, principalmente, transformar o mundo em que viviam.

O problema é que o passado do historiador não deveria ser – e não é - algo morto, como o fóssil de um dinossauro encravado numa rocha ou exposto num museu. Os fatos, como uma espécie de matéria-prima da história, não são coisas mortas que apenas devem ser coletados e colocados numa seqüência rigorosamente cronológica.

Repito, não é possível estudar uma comunidade humana e seu desenvolvimento histórico como se fosse uma colméia ou um conglomerado de rochas. Estranhamente, este passado continua vivendo e produzindo seus efeitos sobre nós e é, justamente, por isso que deve ser estudado e melhor compreendido.

No caso das ciências humanas – ao contrário das ciências naturais e exatas – não há uma muralha da China separando o objeto a ser estudado (as sociedades) e o sujeito que o estuda (o historiador, o sociólogo etc.), mesmo tratando-se do estudo de agrupamentos que viveram há milhares de anos."

Bem, isto não é verdade. Comunidades e seu desenvolvimento podem ser estudadas como se fossem uma colméia ou um aglomerado de rochas. A diferença é que a descrição é substancialmente mais complicada. Mas a existência da dependência não é garantia de impossibilidade de isenção - apenas torna as coisas mais difíceis, e só.

"Para os antigos historiadores, de tendência positivista, os fatos eram como coisas brutas. Eles estavam permanentemente atrás dos fatos puros, duros e irretorquíveis.

Contra os fatos não há argumentos, gostavam de dizer. Contudo, os fatos não falam por si mesmos, como afirma o senso comum positivista. Segundo o historiador inglês Edward Carr, “os fatos falam apenas quando o historiador os aborda: é ele quem decide quais os fatos que vem à cena e em que ordem e em que contexto”. E conclui: “A convicção num núcleo sólido de fatos históricos que existem objetiva e independentemente da interpretação do historiador é uma falácia absurda, mas que é muito difícil de ser erradicada”.

No entanto, o historiador que se propõe fazer perguntas ao passado não é um ser desencarnado, separado do mundo. Ele é membro de uma determinada sociedade, de uma determinada época, de uma determinada classe social. Ele se encaixa no interior de determinadas ideologias e perspectivas teórico-metodológicas, que, na maioria das vezes, têm um forte sentido classista. Portanto, o historiador não é neutro diante dos conflitos e dos problemas que aparecem à sua frente durante a pesquisa que realiza.

É sua situação no mundo que determina as perguntas e as escolhas cotidianas que faz. Isto, é claro, vai direcionar as respostas que ele procura encontrar. Um historiador liberal-burguês, por exemplo, jamais colocaria a questão: De onde vem a exploração do trabalho? Para ele, o conceito exploração nada teria de científico, não passaria de uma excrescência ideológica - invenção de alguns socialistas inconformados.

A história não é a simples catalogação neutra de fatos ocorridos no passado. A missão dos historiadores é relacioná-los numa totalidade concreta (processo histórico) e, principalmente, interpretá-los. E a interpretação sempre tem por base determinada teoria ou ideologia. A partir dos mesmos fatos podemos construir várias e contraditórias interpretações."

Sim, é absolutamente verdade que contra fatos não há argumentos. Mas quanto a interpretação do significado dos fatos é um problema diferente. A decisão de incluir ou excluir fatos é sim uma interpretação da história. Mas o mesmo não pode ser dito com relação a mera repetição dos fatos ocorridos. O difícil é correlacionar os fatos de modo coerente e científico, fugindo da interpretação instintivamente pessoal. Aí é que começa a desgraça da ciência ideológica - primeiro confundindo o fato com a interpretação do fato e mais ainda duvidando da existência do fato devido a ideologia de quem o relatou.

Mas a coisa piora bastante...

"O historiador marxista tem como objetivo fornecer uma explicação coerente das origens e desenvolvimento das sociedades humanas em suas diversas dimensões. Compreender as inúmeras transformações por que elas passaram. As mudanças sociais devem ser, em última instância, os verdadeiros objetos da história.

As sociedades humanas – como tudo no universo - estão num constante movimento. Elas nascem, desenvolvem-se - conhecem várias fases – e depois fenecessem. Estas transformações podem se dar lentamente – quase imperceptíveis - ou de maneira abrupta, como ocorre nas guerras e nas explosões revolucionárias.

Mas, qual é o motor dessas permanentes mudanças? São as contradições existentes no seio de cada sociedade, que se traduzem naquilo que os marxistas chamaram de lutas de classes."

Aí vem o segundo grande pecado: tentar torcer tudo que se encontra de acordo com a ótica própria - e nisto compremetendo diferentes interpretações futuras. O conceito de luta de classe não é lei universal, muito pelo contrário - é até bem ocidental (sem falar que é equivocado, mas a discussão ficaria mais complicada se fossemos por esta estrada). Então em casos aonde não se enxerga a luta de classes se inventa uma luta de classes (existindo ou não).

Nisto também há outro pecado embutido que é a crença na evolução moral da sociedade ser intrínseca a evolução da sociedade. A "evolução da sociedade" tem tanto sentido moral quanto um gomo de laranja (o gomo de laranja é um produto de processos evolucionários milenares - e não há um pingo de sentido moral nisto). A evolução moral é antes de mais nada uma fantasia nossa...

E nisto o exemplo de caso é bem claro:

"Por isso, as classes dominantes sempre procuraram reconstruir o passado para, no presente, justificar sua própria dominação. Os líderes das nações imperialistas também buscaram se utilizar da chamada história universal para justificar a dominação e a exploração que exerciam sobre outros povos, considerados inferiores.

Vejamos alguns exemplos extremos destas tentativas: os faraós do Egito foram transformados em filhos diletos do Deus Rá, alguns governantes gregos e romanos também foram transformados em descendentes de deuses e heróis olímpicos. Para justificar a escravidão africana, os negros foram considerados descendentes de Cam, o filho amaldiçoado de Noé. Deveriam pagar, através da servidão, pelos pecados de seus antepassados. Estes são apenas exemplos mais descarados da reconstrução mítica da história feita pelos membros das classes proprietárias no poder e seus escribas. Existem outros exemplos mais sutis, menos perceptíveis, mas, nem por isso, menos perversos.

Os deserdados da terra, os povos explorados, escravizados - ou mesmo eliminados - deixaram poucos rastros na história. Os escravos do Egito, Roma e Grécia não nos deixaram nenhuma obra escrita, apresentando seu ponto de vista sobre a situação na qual viviam. Quem escreveu a história dessas sociedades antigas foram homens livres e, na sua quase totalidade, proprietários de terras e de escravos. Alguns imperadores, também, aventuraram-se no oficio de escrever história. É claro que para enaltecer os seus próprios feitos e dos seus antepassados."

Naturalmente que mencionar que a escravidão no período mencionado não era apenas de negros mas de todos, por ser puramente de conquista. Este ponto destrói esta argumentação de samba de afro descendente com desabilidade mental. Mas isto não impede o "historiador" - pois tem um monte de leitores que não sabem disso.

"No Brasil, as coisas não podiam ser diferentes. Aqui, também, não foram os índios e negros escravizados que escreveram a história do país. Afinal, a quase totalidade deles não sabia ler e escrever – era lhes proibido freqüentar escolas. O que sabemos deles, num primeiro momento, nos foram contados por viajantes estrangeiros e jesuítas. Relatos que muitas vezes descreviam o martírio desses povos, mas, em geral, vinham carregados de inúmeros preconceitos e graves incompreensões.

Somente na segunda metade do século XIX, ao começar ser questionada a escravidão, surgiu pela pena dos abolicionistas uma outra história, mais crítica ao passado escravista. Mesmo assim, apesar de sua boa vontade, os abolicionistas não poderiam expressar adequadamente as opiniões dos explorados. E aqui não vai nenhum demérito a eles. Pois, foi através dos óculos desses escritores que começamos conhecer um pouco mais da evolução e vicissitudes de nossa sociedade.

Não quero dizer com isto que se os índios e os negros escravizados soubessem ler e escrever produziriam uma interpretação exata da sociedade na qual viviam. Eles ainda não tinham o instrumental teórico necessários para isso. Mas, com certeza, seus depoimentos nos permitiram ver a realidade por outros ângulos e acabar de montar o quebra-cabeça do que foi a nossa sociedade colonial e escravista. O olhar da senzala jamais será o mesmo da Casa Grande, mesmo que por ela pudesse ser fortemente influenciado. Este, inclusive, o erro daqueles que pretendem generalizar as conclusões de Gilberto Freyre na sua obra magna.

Podemos dizer que somente com o advento do capitalismo e a formação de uma classe operária moderna, que sabia ler e escrever – podendo, assim, produzir seus próprios intelectuais orgânicos -, é que foi possível construir uma história mais coerente das classes exploradas. Apesar disso, por um bom tempo, esta nova história (socialista) tendeu a ser marginal, fora dos grandes circuitos, como as academias e o mercado editorial. Afinal, as idéias dominantes são sempre – ou quase sempre – as idéias das classes dominantes.

Somente tendo a consciência que a história é um espaço de luta de classes, os trabalhadores poderão se dedicar com mais afinco ao seu estudo e elaboração. O domínio da história e da dinâmica das sociedades em que vivem – como das experiências de resistência desenvolvidas por seus antepassados - os ajudará travar, de maneira mais conseqüente, as lutas do presente, avançando rumo ao socialismo.

Saber que as sociedades se transformam – que nada é imutável -, e que o principal instrumento dessas mudanças é a ação consciente dos homens, tem um efeito decisivo no processo de constituição da classe dos trabalhadores, como agente ativo de sua própria história."

Ok, aqui o camarada está francamente de sacanagem. Não dá para levar a sério

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Regra dos Sete, mais ou menos 2 é claro

Este número mágico foi descoberto por George Miller em 1956. No artigo "The Magical Number Seven, Plus or Minus Two: Some Limits on Our Capacity for Processing Information", Miller aponta que a capacidade de guardar pedaços de informações em memória de curto prazo é limitada à 7 (mais ou menos 2).

Este resultado é extraordinário por vários motivos. Primeiro porque indica que existem limitações na quantidade de informação que guardamos na memória de curto prazo. Segundo porque este artigo tem sido utilizado em diversas formas de projeto de interface com os seres humanos.

Quando eu digo isto trato desde da quantidade de informações a serem memorizadas para uma navegação na internet até como um display de informações deve ser usado.

No caso o estudo de Miller tratou dos pedaços de informações que uma pessoa normal conseguiria memorizar sem precisar de papel e lápis. Números de telefone? Bem, se eles passarem de 9 dígitos a coisa vai pegar para maioria.

Uma seqüência de direções? Mesma coisa - mais de 7 ou mais itens então começa a ficar difícil lembrar dos passos. Este tipo de coisa pode ser a razão da brincadeira do telefone sem fio ser tão interessante. Fale mais do que 7 pedaços de informação para o voluntário e a coisa fica complicada para memorizar.

Mas o que são pedaços de informação? Aí podem ser as mais diversas coisas: números, cores, locais, sons, seqüências e coisas afins. Alternativamente, é possível que esta mesma lei inclua argumentações - ou seja, 7 é o máximo nível de encadeamentos lógicos que podemos memorizar sem precisar de papel.

Claro que este número pode ser aumentado com treinamento, mas desconfio que podemos dizer que incialmente nosso buffer de informações tem espaço para apenas 7 itens.

E isto traz uma série de repercussões interessantes: é possível fazer uma pessoa se perder em uma argumentação lógica se forem utilizados mais do que sete níveis de encadeamento. Também é perfeitamente possível que parte da nosso aprendizado evolucionário, ou seja como formamos opiniões, também seja limitado por esta regra dos sete.

O que isto quer dizer? Bem, que talvez o limite de memória para decidirmos se algo é correlacionado ou não é 7. Só isto já vale investigar...

A triste luta contra imprensa chapa-branca

Eu terminei de ler Em Brasília 19 Horas de Eugênio Bucci. Pois bem, já havia mencionado isto em um post anterior sobre isto (os sete pecados capitais da imprensa). Mas existem também os sete pecados capitais do discurso autoritário

Para tornar mais claro vou listar os 7 aqui mesmo:
Os sete pecados capitais do discurso autoritário: 

I - O esquecimento proposital - sonegar a história e ocultar os fatos que não convêm ao argumento. 

II - O coletivo compulsório - Dizer "nós" para impor obediência e intimidar as divergências. 

III - A futrica instrumental - semear a intriga palaciana para prejudicar os que pensam diferente. 

IV - A apologia do aparelhismo - promover - abertamente ou, se necessário, de forma dissimulada - o uso dos meios de comunicação públicos para fins do grupo que governa. 

V - O ódio à imprensa - banir reportagem e profetizar que todo jornalismo será castigado. 

VI - A arrogância sem substância - desdenhar dos outros para desqualificá-lo. 

VII - Condenar a priori - Acusar pelas costas, na escuridão, sem provas e sem tolerar o direito de defesa. 


Além destes existem os sete pecados capitais da imprensa:
  1. Distorção deliberada ou inadvertida; 
  2. culto das falsas imagens; 
  3. invasão da privacidade; 
  4. assassinato de reputação; 
  5. superexploração do sexo; 
  6. envenenamento das mentes infantis
  7. abuso de poder

Bem, vou mostrar um texto aqui publicado ontem na página da UnB. Vejam se o mesmo sofre ou não de alguns dos pecados listados ou no discurso autoritário ou nos pecados da imprensa.

A outra UnB
Ex-aluno e jornalista João Campos fala sobre as mudanças testemunhadas na universidade nos últimos três anos

João Campos - Da Secretaria de Comunicação da UnB
Quando me formei jornalista pela Universidade de Brasília, há apenas três anos, a UnB era outra. Não via estudantes, professores e técnicos abraçados, como na emocionante luta junto à administração pela manutenção salarial dos servidores, que resultou na greve mais longa da história do país, no primeiro semestre de 2010.
Não via a presença de servidores técnico-administrativos e jovens alunos nas salas de reunião da administração superior. Era coisa rara e, quando ocorria, os segmentos tradicionalmente excluídos das decisões sobre a instituição que ajudam a construir não tinham voz diante da supremacia declarada dos docentes.
Não se via obras para a expansão da universidade. A criação de novos cursos não era assunto nos corredores. Os campi de Planaltina, Gama e Ceilândia, talvez o projeto mais ambicioso e necessário da UnB, estavam aprisionados no papel. A vida circulante em uma das maiores universidades desse gigantesco país, com suas Artes, Tecnologias, Humanidades, Exatas e Ciências da Vida, estava apagada por uma apatia geral e obscura.
Quando convidado para deixar um grande jornal da cidade e agregar a equipe da Secretaria de Comunicação da UnB, há cerca de dois anos, me surpreendi. Encontrei o diálogo que serviu de base para a construção de um modelo inovador e democrático de gestão compartilhada, onde quem é da UnB – independente do grau de escolaridade ou do tempo de casa – consegue ser ouvido.
Encontrei um campus vivo, com suas Aulas da Inquietação, reuniões constantes e legítimas do Conselho Universitário e eventos à altura da UnB, como a Semana Universitária. Encontrei a ética numa gestão transparente, que reduziu drasticamente os gastos, principalmente dos famigerados cartões coorporativos. Encontrei portas abertas para os reclames e protestos de uma comunidade participativa e, acima de tudo, fiscalizadora. Encontrei, principalmente, coragem para abrir o debate e o caminho rumo a construção coletiva de um Congresso Estatuinte para a UnB. 
E encontrei problemas. Vários deles. Como o desafio de promover uma expansão histórica sem perda de qualidade na formação dos estudantes e nas condições de trabalho dos profissionais, a desvalorização dos servidores que carregam o ensino superior nas costas e a dificuldade de regularizar a situação de centenas de funcionários ainda sem vínculos formais com a universidade.
Como jornalista, prezo, acima de tudo, a ética no meu trabalho. Não sou um criador de ilusões para os leitores nem para os meus chefes. Mas não posso fechar os olhos ao que salta à vista nas caminhadas diárias pelos campi. E é por isso que afirmo: dois anos depois de o professor José Geraldo de Sousa Junior e sua equipe assumirem a administração, a UnB é outra. 

Alternativamente, pode-se também analisar isto não como uma peça de jornalismo mas de publicidade institucional. Aí o texto está dentro do que se espera, apenas com a formatação de peça jornalística - neste caso é importante que se reconheça pelo que ele realmente é: propaganda.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Quantas pessoas em uma sala...

Estão fazendo aniversário naquele dia?

Esta reposta dependerá do número de pessoas na sala. Mas mais interessante do que isto é a pergunta: para ter uma probabilidade de 50% de X acontecer quantas pessoas devem estar em uma sala?

Um exemplo: Quantas pessoas devem ter em uma sala para ter uma probabilidade de 50% de duas pessoas terem o mesmo dia de aniversário? A resposta neste caso é 23 pessoas. Parece contra-intuitivo mas na realidade não é.

Outro exemplo: Quantas pessoas devem ter em uma sala para ter uma probabilidade de 50% de outra pessoa ter o mesmo dia de aniversário que você? A resposta neste caso é 253 pessoas. Este número é mais alto que a metade +1 das pessoas na sala.

A diferença entre os dois casos é que no primeiro caso não nos importamos com quais pessoas terão o mesmo aniversário, mas no segundo nós nos importamos.

O conceito é simples ao extremo. Supondo uma distribuição uniforme de 0 a M teremos que para o primeiro exemplo, a probabilidade é dada por:

p(n) = 1-M!/(M)^N * 1/(M-N)!

No segundo caso teremos:

p(n)= 1 - (1-1/M)^N

Podemos utilizar isto para as mais variadas formas de encontrar "coincidências" em uma sala. Note que no caso do aniversário M=365. Mas e se estivermos tratando de um acontecimento que ocorre em média a cada mês ao invés de a cada ano?

Neste caso a coisa fica mais interessante: Para o caso de não nos importamos quais as pessoas precisamos de 7 pessoas para probabilidade maior que 50%. E para o outro caso precisamos de 21 pessoas.

Em um post futuro vamos entrar em mais detalhes nisto...

99+%

O título indica que é mais de 99% e menos de 100%.

O que é bem apropriado para a questão que levanto hoje: o quanto é razoável? Ou seja com que precisão podemos declarar "Ah, tá bom!"

Em engenharia utiliza-se 90% e mais recentemente 95%. Mas nem sempre é o suficiente. As vezes chega-se a 99.999999% ou mais (a situação de comunicações digitais tem casos assim).

Mas vamos ficar com os 90% por enquanto. Ele diz literalmente "Em média, de cada 10 avaliações teremos 9 corretas". Parece pouco? Bem, considere outras situações menos técnicas: o sistema judiciário tem uma taxa desta ordem (1 errada em 10 avaliações?). Na realidade não chega nem perto disto.

Outra alternativa melhor são os 95%. Isto que dizer "Em média, de cada 20 avaliações teremos 19 corretas". Bem já é melhor, mas ainda parece pouco?

Ahhh... o que você quer é certeza, não?

Então pode esquecer: isto não existe! O que existe é a chance de estar certo (que pode ser bem alta em várias situações - mas não há maneira de garantir que será 100%).

Este é um resultado importante: vão acontecer atrasos, motores irão pifar, vai chover quando não se espera, tudo isto faz parte dos resultados possíveis.

O truque é sempre este: saber que isto faz parte e que deve-se estar preparado para tanto. No caso de atrasos e problemas mecânicos um telefone celular (ou mesmo um cartão telefônico) pode fazer a diferença. No caso de chuva, guarda-chuvas nos locais aonde você mais passa seu tempo podem não vir a serem inúteis.

É o famoso caso do "Não é Se, mas Quando.". Existem outros mecanismos para se evitar que um acontecimento improvável se transforme em um acontecimento imprevisto.

Mas o mecanismo mais adotado pela sociedade é o seguro.

Essencialmente ele considera que você paga para ser ressarcido no caso de determinadas situações. Quanto menor a chance do evento acontecer, menor é o pagamento. A idéia é que um possível prejuízo seja anulado por quantidade cuidadosamente acertada.

Essencialmente é baseado na expectativa de perda. Vamos supor que haja dois eventos mutuamente exclusivos. E1 e não E1. Se não E1 ocorre você não perde nada, mas se E1 ocorrer você perde R$ X.

Tudo fica a cargo das probabilidades: p(E1) e 1- p(E1). O Valor esperado da perda é:
p(E1)*X+(1-p(E1)*0 = p(E1)*X

Se p(E1) é suficientemente pequeno, o valor esperado da perda é pequeno também. Mas para tornar mais claro vamos dizer que se não E1 ocorrer você terá um pequeno ganho tal que:

p(E1)*X+(1-p(E1))*Y = 0 ou Y= p(E1)/(1-p(E1)*X

Este é o valor da aposta que deve ser feito para compensar 1 tentativa com E1 e não E1.

Colocando em números: se X é R$ -1000,00, p(E1)=0.01 então Y = R$ 10,10

Este seria o valor do seguro! Mas vamos supor que ao invés de uma tentativa temos agora várias:

A probabilidade de não ocorrer E1 depois de N tentativas é: 1- (1-p(E1))^N . O seguro neste caso foi N*Y.

Então se fizermos N=100 teremos 1-(1-p(E1))^N = 0.6339676587 e teríamos gasto R$ 1010,10. O valor esperado da perda, ao invés de R$ 1000,00 passou a ser de apenas R$ 264,24.

Esta é a filosofia por trás do seguro. Se aumentarmos o valor do prêmio, podemos equilibrar mesmo após várias tentativas.

E um ponto muito interessante: o seguro implica em planejamento e quantificação de risco. Ou seja, o seguro é um passo além da análise qualitativa e um dentro da análise quantitativa.

domingo, 14 de novembro de 2010

Encontrando soluções

Na realidade, encontramos raízes.

Em uma equação as vezes é necessário encontrar a solução. Por que? Isto depende, pode ser que esta solução defina um ponto ótimo de operação ou coisa que valha. Mas o interesse de hoje é em como encontrar uma solução.

O melhor exemplo é o seguinte: peça para um colega escolher um número de 1 a 100. E diga que vai descobrir o número somente com respostas do tipo sim ou não.

Para começar você começa com a pergunta: este número é maior que 50?

E aí com uma série de perguntas é possível descobrir que número é esse. Vamos fazer o processo para 2 casos (37 e 62)

No caso de 37:
  1. o número é maior que 50? Não
  2. o número é maior que 25? Sim
  3. o número é maior que 38? Não
  4. o número é maior que 32? Sim
  5. o número é maior que 35? Sim
  6. o número é maior que 37? Não
  7. o número é maior que 36? Sim
Então o número é 37 - e encontrei com 7 perguntas

No caso de 62

  1. o número é maior que 50? Sim
  2. o número é maior que 75? Não
  3. o número é maior que 63? Não
  4. o número é maior que 57? Sim
  5. o número é maior que 60? Sim
  6. o número é maior que 62? Sim

Então o número é 63 - e encontrei com 6 perguntas.

Esta não é a unica maneira, se pudermos usar mais informações além do sim ou não, a coisa pode ser ainda mais rápida. No caso consideremos duas possubilidades (para o caso do número 37)
a) o número é menor que 33
b) o número é maior que 66
c) nenhuma das duas
No caso do 37 temos:
Letra c. Próximas perguntas:
a) o número é menor que 44
b) o número é maior que 55
c) nenhuma das duas
Letra a. Próximas perguntas:
a) o número é menor que 37
b) o número é maior que 41
c) nenhuma das duas
Letra c. Próximas perguntas
a) o número é menor que 38
b) o número é maior que 40
c) nenhuma das duas
Letra a. O número é 37

Desta vez, encontramos o número com apenas 4 perguntas. Estes esquemas são encontrados para encontramos raízes em equações, mas o princípio pode ser usado para virtualmente qualquer coisa.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Qual é a probabilidade de escolhermos aleatóriamente um número par?

Esta é uma questão ligada a proporções. No fundo, pela definição frequentista da probabilidade temos uma proporção entre os números pares e os números ímpares.

Números Pares: 2*n
Números Ímpares: 2*n-1

Números totais (pares + ímpares): 4*n-1

Portanto temos:

p(par) = 2*n/(4*n-1)
p(ímpar) = (2*n-1)/(4*n-1)

Se fizermos n tender a infinito temos:

p(par) = 1/2
p(ímpar) = 1/2

Mas e que o número seja múltiplo de 2? Neste caso é a mesma questão que seja par (pois todo par e múltiplo de 2)

E se for múltiplo de 3?

Neste caso temos 3*n são os números múltiplos de 3. Mas não temos uma expressão para os que não são múltiplos de 3. No entanto sabemos que em um intervalo 1 a k existirão no máximo k/3 múltiplos.

Isto pode ser testado com k=10 e k=20

Para k=10, teremos no máximo 10/3 ou 3.333 múltiplos (3, 6 e 9)
Para k=20, teremos no maximo 20/3 ou 6.666 múltiplos (3, 6, 9, 12, 15 e 18)

E assim sucessivamente. Portanto dividindo k/3 por k temos uma aproximação da razão e logo da probabilidade.

O mesmo pode ser usado para qualquer número, mas se quisermos encontrar este número para mais de um denominador comum a coisa complica. Vamos exemplificar:

Qual é a chance que um número seja múltiplo de 2 ou 3?

No intervalo de 1 a 10 podemos fazer este cálculo (2, 3, 4, 6, 8, 9, 10). Ou seja 7/10 (0.7).

Se fizemos as contas com as fórmulas 1/2+1/3 = 5/6 (0.8333). Por que deu diferente? Porque 6 é múltiplo de 2 e 3. Se retirarmos deste intervalo a contagem dupla teremos 1/2+1/3-1/10 (que daria 0.7333, já bastante próximo do valor real 0.7).

Este tipo de problema fica mais complicado a medida que os números aumentam, pois no final um número muito grande começa a se tornar múltiplo de diversos denominadores comuns.

Isto é um fator importante quando queremos descobrir qual é a probabilidade de escolhermos um primo ou um produto de primos em um determinado intervalo. Sabemos que por definição esta probabilidade é 1 (na realidade bem próxima - há a questão do número 1).

No caso temos 1/2+1/3+1/5+1/7 = 247/210 (1.1762)

Menos a probabilidade de ser 6 e 10 (1/10+1/10 = 2/10)

O resultado é 1/2+1/3+1/5+1/7-2/10 = 41/42 (0.9762)

Mas isto traz uma questão interessante: qual é a probabilidade de escolhermos aleatóriamente um número primo?

Sabemos que:
de 1 a 10 temos 4 primos (0.4)
de 1 a 20 temos 8 primos (0.4)
de 1 a 30 temos 10 primos (0.3)
de 1 a 40 temos 12 primos (0.3)
de 1 a 50 temos 15 primos (0.3)
de 1 a 60 temos 17 primos (0.283)
de 1 a 70 temos 19 primos (0.271)
de 1 a 80 temos 22 primos (0.275)
de 1 a 90 temos 24 primos (0.267)
de 1 a 100 temos 25 primos (0.25)
...
De 1 a 1000 temos 168 primos (0.168)
De 1 a 10.000 temos 1229 primos (0.1229)
De 1 a 100.000 temos 9592 primos (0.09592)

Claramente ao aumentarmos o intervalo a probabilidade de escolhermos aleatóriamente um número primo diminui enormemente.

Mas a investigação das consequências disto fica para um post futuro.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O passado desconstrói o nosso presente - parte 5

Estou lendo o livro Em Brasília 19 Horas de Eugênio Bucci. O livro é bem interessante e razoavelmente isento.

O tópico principal é a tentativa que foi realizada de tornar a Radiobrás mais democrática e menos "chapa-branca".

Fiquei curioso a respeito de um personagem que ele mencionou: Bernardo Kucinski.

Ele não coloca este referido jornalista e professor em termos elogiosos. Mas inclui no texto algo sobre um livro que ele escreveu: As cartas ácidas da campanha de Lula de 1998

Para minha sorte o livro está disponível no Google Books. É bem verdade que não está inteiro, mas a leitura é menos interessante. Um ponto muito interessante é que nele podemos ver claramente os sete pecados capitais da imprensa que Eugênio Bucci explicita em outro livro (Sobre a Ética e a Imprensa).

Em poucas palavras, o autor de Cartas Ácidas mostra como enganar, iludir, dissimular, explorar meias verdades - tudo em benefício de um "bem maior".

Este tipo de comportamento tem nome e sobrenome...

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O passado desconstrói o nosso presente - parte 4

Desta vez fui dar uma olhada sobre a questão da moralidade nas campanhas eleitorais.

Não dos candidatos, mas dos seus militantes...

E o resultado que sumarizo aqui é bem interessante:

"Nas menções que se referiram à ética pessoal de José Serra, 89% foram negativas, enquanto para Dilma Rousseff esse percentual foi de 70%."

" Entre os tópicos relacionados à moral, o aborto foi mais citado, e há mais menções sobre o tema com atributos negativos ao candidato Serra (71%) que à candidata Dilma (54%)."

"A arena em que as militâncias políticas se enfrentaram foi o Orkut. As comunidades da rede social mais tradicional e de maior alcance no pais foram palco de longas discussões entre apoiadores dos dois candidatos.
O Twitter foi a rede mais neutra: mais da metade das menções analisadas repercutiam dados factuais da corrida eleitoral, cobertos pela grande mídia.
Em todas as redes, os conteúdos positivos e neutros sobre a candidata Dilma Rousseff superaram os negativos, enquanto para José Serra essa proporção só se deu no Twitter."

Mais uma vez: as pessoas justificaram suas opiniões com seus próprios preconceitos.

Seria bom se prestássemos atenção a isto

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O passado desconstrói o nosso presente - parte 3

Estou vendo na internet uma série de discussões sobre a anistia (de 1979).

Enquanto há algumas questões pertinentes, há outras totalmente fora de propósito.

É com a finalidade de esclarecer alguns pontos que coloco o seguinte clip:

Uma falácia bastante comum hoje em dia

Existem diversas classificações de falácias. Entre elas destaco a do historiador. Em poucas palavras está falácia é a incapacidade das pessoas do passado de saberem o futuro.

E com isto obviamente, estas pessoas não tinham a capacidade de saber se suas ações iriam ou não dar certo.

Hoje nós sabemos o resultado, eles não sabiam.

E pela mesma lógica inexorável, se nós estivéssemos nos sapatos delas não teríamos como saber o desenrolar de nossas decisões.

Isto indica que avaliar decisões passadas supondo que as pessoas envolvidas tinham conhecimento dos desenvolvimentos futuros é uma falácia lógica - um anacronismo. Naturalmente isto quer dizer que uma avaliação tem que levar em conta a natureza incerta que qualquer decisão tomada possui naturalmente.

O que não quer dizer que determinados resultados não sejam mais prováveis do que outros. E nisto é que mora a verdadeira força de uma análise bem realizada. Claro que o difícil é exatamente descobrir o que era mais provável e se as pessoas envolvidas nas decisões tinham acesso a estas informações.

É muito fácil criticar uma decisão errada após o acontecido. Difícil mesmo é criticar uma decisão errada antes de se saber que ela é realmente errada - e acertar os resultados é claro.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

E o caso Finatec continua

Hoje eu tenho uma opinião muito distinta da que tinha anteriormente: se a administração superior e os pseudo-magister querem tanto acabar com as fundações de apoio, então que acabem.

Tive notícias que um dos ex-dirigentes da Finatec foi condenado em justiça. A notícia não é clara, mas pode ser que o mesmo tenha sido condenado a 10 anos e 10 meses. Isto me deixa muito triste de dois modos: o primeiro é que acreditei na inocência do mesmo e assim agora não posso mais crer nisto com tanta certeza. E naturalmente o segundo modo é que isso é mais munição para acabar com a Finatec.

Os outros pedaços de informação vem de abaixo assinado de colegas em um blog e outro texto escrito claramente por alguém da UnB ligado ao Partido da Causa Operária (PCO).

Em suma: no blog queriam que o credenciamento não ocorresse porque as contas não foram aprovadas (e nem rejeitadas) e no blog basicamente chamam todos os que votaram pelo recredenciamento de criminosos.

Pesquisas e Equívocos 14

Depois do resultado temos um caso interessante advindo dos resultados. Afinal, os votos dos candidatos teriam de vir de algum lugar. E este lugar é evidentemente o poço dos votos no primeiro turno.

Podemos tentar estimar a transição dos votos após o primeiro turno utilizando Bayes a posteriori

Então, utilizando a linguagem das probabilidades podemos dizer que:
  • Votos de Dilma no primeiro turno = P(Dilma 1o turno)
  • Votos de Serra no primeiro turno = P(Serra 1o turno)
  • Votos de Marina no primeiro turno = P(Marina 1o turno)
  • Votos de Branco/Nulo no primeiro turno = P(Branco/Nulo 1o turno)
Então temos que necessariamente:
  • P(Dilma 2o turno) = P(Dilma 2o turno | Dilma 1o turno)*P(Dilma 1o turno) + P(Dilma 2o turno | Serra 1o turno)*P(Serra 1o turno) + P(Dilma 2o turno | Marina 1o turno)*P(Marina 1o turno) +P(Dilma 2o turno | Brancos/Nulos 1o turno)*P(Brancos/Nulos 1o turno)
E para Serra e Brancos/Nulos teremos uma análise semelhante. De acordo com a pesquisa do Datafolha:

  • P(Dilma 2o turno) = 0.91*0.4285+0.06*0.2979+0.35*0.1766+0.22*0.0864 = 0.488627
  • P(Serra 2o turno) = 0.06*0.4285+0.9*0.2979+0.47*0.1766+0.27*0.0864 = 0.40015
  • P(Brancos/Nulos 2o turno)=0.01*0.4285+0.01*0.2979+0.12*0.1766+0.42*0.0864 = 0.064744

Isto dá 0.953521 portanto ficam cerca de 0.046479 ainda sem contar

Se compararmos com os resultados finais temos:

  • P(Dilma 2o turno) = 48.8627% e votação 52.29%
  • P(Serra 2o turno) = 40.015% e votação 41.01%
  • P(Brancos/Nulos 2o turno) = 6.4744% e votação 6.70%

Os resultados de todos são próximos com exceção do de Dilma, mas se contarmos os 4.65% que sobram estes poderiam explicar a divergência

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Voce sabe que os idiotas estão dominando o mundo quando...

"Conselho Nacional da Educação caracteriza como racista o conteúdo da obra Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato, considerado um dos maiores escritores de literatura infantil do país."

Não estou brincando, triste não?

terça-feira, 2 de novembro de 2010

29 milhões,197 mil e 152 eleitores

Este é o número de eleitores que não compareceram a eleição no último domingo. Os "analistas" dizem que a culpa é do feriado.

Mas será mesmo verdade? Como descobrir? Bem, podemos utilizar como linha base a abstenção no primeiro turno. Esta foi de 24 milhões, 610 mil e 296 eleitores.

Hummm, não é tão diferente assim, não é mesmo? Temos que no segundo turno um acréscimo de 4 milhões, 586 mil e 856 eleitores ao número já alto do primeiro turno. Podemos assinalar todo este efeito ao feriado?

Talvez seja interessante comparar a abstenção de primeiro e segundo turno de outras eleições.

  • 2010 - Primeiro turno: 24.610.296 (18,12%), Segundo turno: 29.197.152 (21,50%), Diferença: 3.38%
  • 2006 - Primeiro turno: 21.092.675 (16,75%), Segundo turno: 23.914.714 (18,99%), Diferença: 2.24%
  • 2002 -  Primeiro turno: 20.448.233 (17,74%), Segundo turno: 23.589.188 (20,47%), Diferença: 2.73%

Com base nestes nisto é difícil dizer que a culpa é do feriado.