terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Sobre anonimidade

No dia de hoje recebi a notícia que um auditor da ANEEL foi detido na suspeita de propina.

Bem, isso não é insuspeito no Brasil, então por que eu estaria trazendo isso como postagem?

O ponto dessa postagem não é tanto sobre a prisão, mas como é simples encontrar informação a respeito de alguém a partir de pequenos pedaços. Neste caso:
Qual a lição de tudo isso? Muito cuidado com a informação nos dias de hoje.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Descontruindo a Desconstrução IV

Caros leitores, hoje vamos dar uma olhada na dívida do FMI
Então, Lula pagou a dívida com o FMI?  A resposta simples é sim.

Mas tem alguns poréns:

  1. Pagar a dívida com o FMI não é o mesmo que pagar a dívida externa. Na realidade, as duas coisas são muito diferentes: "O Brasil saldou em dezembro passado, de maneira antecipada, toda a dívida que havia contraído com o FMI por US$ 15,57 bilhões. Esse era o valor que restava ser pago em 2006 e 2007 de um empréstimo de US$ 41,75 bilhões negociado com a entidade multilateral em 2002."
  2. Mesmo dentro das "esquerdas" este pagamento não foi exatamente comemorado na época.
  3. Na realidade, tanto o pagamento da dívida pública externa quanto do empréstimo do FMI foram feitos com emissão de títulos públicos, ou seja aumento da dívida interna.

Então o que foi falado é verdade? Bem, estritamente falando o empréstimo com o FMI realmente foi pago. E quanto ao preço? Bem, aí o Leitor decide...

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Sobre Inflação

Eu parei de postar sobre inflação desde agosto. A verdade é que eu fiquei com preguiça.

Então vou me colocar em dia.
  • IPCA previsto de Agosto: 0.31% (intervalo entre 0.12 e 0.5%). Valor real: 0.25%
  • IPCA previsto de Setembro: 0.37% (intervalo entre 0.18 e 0.56%). Valor real: 0.57% 
  • IPCA previsto de Outubro: 0.45% (intervalo entre 0.26 e 0.64%). Valor real: 0.42% 
Já os de novembro e dezembro estão estimados em:
  • IPCA previsto de Novembro: 0.53% (intervalo entre 0.34 e 0.72%). 
  • IPCA previsto de Dezembro: 0.59% (intervalo entre 0.4 e 0.78%).
E a previsão de inflação para o ano? Bom podemos pegar o menor e o maior cenários e ver como fica.
  • Melhor cenário: 5.8%
  • Pior cenário: 6.6%
Já o Valor esperado é: 6.2%

Vamos ver como fica

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Desconstruindo a Desconstrução III

Caro leitor, hoje vamos voltar a tabelinha e analisar o dólar
Bem, então o dólar chegou a R$ 3,00 reais durante FHC e o R$ 1,78 durante Lula? Bem vamos dar uma olhada no gráfico desde 1999 (em 1994 R$ 1,00 = US$ 1,00).
Certamente houve grande variações. No dia 2 de janeiro de 2003 (início do governo Lula) US$ 1,00 = R$ 3,54. Já no dia 2 de janeiro de 2011 (início do governo Dilma) US$ 1,00 = R$ 1,65.

A verdade é que a variação é bem grande ao longo do tempo, tanto que temos praticamente US$ 1,00 = R$ 4,00 no dia 10 de outubro de 2002. E em outras épocas, como por exemplo no dia 4 de janeiro de 1999, US$ 1,00 = R$ 1,21.

Então, aonde está a verdade? Infelizmente, essa é uma daquelas coisas que é difícil provar que está certo ou errado. Se o valor na tabela fosse a cotação média do mandato, ao qualquer outra forma que caracterizasse que não é apenas um número escolhido da forma que quiser, então eu poderia criticar de forma consistente.

Neste caso, o máximo que eu posso dizer é que Lula recebeu o mandato com o dólar a R$ 3,54 e entregou o mandato com o dólar a R$ 1,65. Já FHC recebeu o mandato com o dólar a R$ 0,84  (ou R$ 1,21 se contarmos a partir do segundo mandato) e entregou com o dólar a R$ 3,54.

Portanto: o governo Lula teve um dólar mais baixo que o governo FHC.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Desconstruindo a Desconstrução - II

Agora chegou a vez o salário mínimo. Vamos de novo a tabela.
Mas agora também vou incluir uma outra.
E então? O salário foi de US$ 78, 00 em FHC e US$ 287,00 em Lula? Bem, segundo esta tabela acima isto não é verdade (mesmo documentos do PT usam dados das mesmas fontes da tabela).

Mas o que isto significa? Caro leitor, a própria cartilha do PT dá o valor (em valores de 2014) do salário mínimo no final do mandato de FHC como R$ 406,00, e em 2013 como R$ 706,00 (vide a página 8 do documento). O valor hoje é de R$ 724,00.

Em suma: os dados sobre salário mínimo da tabela comparando Lula a FHC são distorcidos!

Por que a discrepância? Não há porque negar que o salário mínimo cresceu na era Lula-Dilma em relação a FHC. Mas por que maquiar os dados para tornar o ganho maior ou diminuir o que foi feito no governo anterior? De novo, minhas suspeitas se voltam para desconstrução do governo FHC.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Desconstruindo a Desconstrução

Agora vamos entrar em outro ponto da tabela: o risco brasil

A questão é sobre como assim o risco é de 2700 pontos no FHC e 200 pontos no Lula? Isso é verdade?

Bem, vamos dar uma olhada no gráfico
Está vendo, caro leitor? O valor máximo do risco nunca chegou a 2700 pontos, mas chegou a 2446 pontos (ou 2436 dependendo da contagem).

E claro, variou também bastante durante o governo Lula - chegando ao valor mínimo de 137 pontos (2007 - ou 142 pontos dependendo de como se conta).

E hoje? Hoje o custo fica na faixa de 240 pontos.

Em resumo o governo de Lula e Dilma mantiveram o risco bem abaixo do governo de FHC sim.

O único problema é que a tabela foi feita com dados escolhidos a dedo - o valor de 2700 para FHC e o de 200 para Lula.

Suspeito que 200 deve ter sido o risco em alguma data que a tabela foi feita. Seria melhor que usassem os dados reais (do próprio PT)

  • Risco Brasil FHC: 868 pontos
  • Risco Brasil Lula: 377 pontos
  • Risco Brasil Dilma: 193 pontos

Os dados são favoráveis ao governo do PT, mas parece que os respectivos estão mais interessados em desconstruir o que FHC fez do que exaltar suas conquistas reais. Do contrário porque insistir na mentira de 2700 contra 200?

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

E eu não sabia

Já há muito tempo segue pela internet uma das peças na desconstrução de FHC que é cheia de meias verdades.

Bem, creio que chegou a hora de desconstruir a desconstrução. E por que não começar com algo que sempre achei que fosse verdade, mas não é.

Qual é o ponto? FHC não criou nenhuma universidade!

Bem, isso é mentira.

Duas universidades foram criadas por FHC (Univasf e UFT) e Cinco por Lula (UFABC, Unipampa,  Unila,  Unilab e Ufesba).

Mas e o restante? A figura acima fala de 10 universidades. Então o que se passa?

Em resumo, o panfleto é de antes do final do governo Lula (2010). E ainda não tinham contado as "criações" de Dilma.

Então o que são as outras universidades? São essencialmente mudança de nome ou desmembramento.

Ou seja a lista completa é essa:
  1. Universidade Federal do ABC (UFABC) - criada por Lula
  2. Universidade Federal de Ciências da Saúde de PA (FUFCSPA) - mudança de nome da Faculdade Católica de Medicina de Porto Alegre
  3. Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL) - mudança de nome da Escola de Farmácia e Odontologia de Alfenas
  4. Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) - mudança de nome da Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro
  5. Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) - mudança de nome da Faculdade de Odontologia de Diamantina
  6. Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA) - mudança de nome da Escola Superior de Agricultura de Mossoró
  7. Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) - mudança do CEFET-PR
  8. Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) - mudança de nome da UEMT
  9. Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) - criada por desmembramento da Universidade Federal da Bahia
  10. Universidade Federal do Tocantins (UFT) - criada por FHC
  11. Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) - criada por Lula
  12. Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) - criada por FHC
  13. Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) - criada por Lula
  14. Universidade Federal da Integração Luso-Afro-Brasileira (UNILAB) - criada por Lula
  15. Universidade Federal do Cariri (UFCA) - criada por desmembramento da Universidade Federal do Ceará
  16. Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA) - criada por desmembramento da universidade federal do Pará
  17. Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB) - criada por desmembramento da Universidade Federal da Bahia
  18. Universidade Federal do Sul da Bahia (UFESBA) - criada por Lula
Bem, Note, caro leitor, que tanto a UFT como a Univasf foram listadas como criadas por Lula, mas foram criadas por FHC...

domingo, 26 de outubro de 2014

Sobre a Eleição

Bom, ela finalmente acabou. Dilma com quase 52 e Aécio com pouco mais de 48%. Este resultado foi bem próximo do que a pesquisa Ibope divulgou ontem.

Neste turno os institutos de pesquisa não erraram tanto (pelo menos com relação a disputa para presidente).

Aliás, neste assunto, após uma entrevista da diretora do Ibope à Miriam Leitão, ficou claro que a margem de erro listada é na realidade de mentirinha. E isso meio que atrapalha todo aquele belo raciocínio matemático que listei no último post - afinal tudo aquilo foi feito considerando pesquisa probabilística, que não é o caso nem da pesquisa do Ibope, nem do Datafolha.

Mas o post de hoje é mais para colocar alguns pontos sobre o pós-eleição: já tive tanto do lado vitorioso, quanto do lado perdedor (que é o caso aqui). E o importante é entender que um resultado de eleição não pode definir quem você é.

Esse só será o caso se você deixar. Há horas que se ganha, há horas que se perde. Mas o importante é continuar, mesmo ganhando ou perdendo. Sei que há um investimento emocional ao se "adotar um candidato" e também sei que há um custo intrínseco quando as coisas não saem do jeito que a gente quer. Mas a gravidade disto está nas mãos de cada um.

Naturalmente, nem tudo são flores. Nesta eleição tivemos discurso de ódio vindo de apoiadores dos dois candidatos. Da minha parte, decidi que quem espalha discurso de ódio não merece minha atenção - seja torcedor (essa sim uma palavra correta) de Dilma ou de Aécio.

Então, um dos saldos dessa eleição foi que deixei de seguir algumas pessoas no facebook. Discurso de ódio não ajuda e sarcarsmo também não ajuda muito.

Agora que saíu o resultado só posso fazer uma coisa: parabenizar os vitoriosos! Não irei parar de trabalhar, nem deixarei de seguir com minhas tarefas.

E claro, vou torcer loucamente para que as minhas análises sobre mais quatro anos de PT estejam fundamentalmente erradas. Caso isso se verifique então ficarei bastante feliz... mas...caso as análises tenham realmente fundamento, bem... vamos todos ter que aguentar de um jeito ou de outro não?

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Sobre resultados

Conforme eu esperava, a diferença apontada no último post é bastante significativa quando olhada em cada uma das capitais.
Na cidade de São Paulo
  • Dilma teve votação 6 pontos abaixo do esperado
  • Marina teve votação 7 pontos abaixo do esperado 
  • Aécio teve votação 13 pontos acima do esperado
Na cidade do Rio de Janeiro
  • Dilma teve votação 9 pontos abaixo do esperado
  • Marina teve a votação esperada 
  • Aécio teve votação 9 pontos acima do esperado
Na cidade de Belo Horizonte
  • Dilma teve votação 9 pontos abaixo do esperado
  • Marina teve votação 1 ponto acima do esperado 
  • Aécio teve votação 8 pontos acima do esperado
Na cidade de Fortaleza
  • Dilma teve votação 6 pontos abaixo do esperado
  • Marina teve votação esperada 
  • Aécio teve votação 7 pontos acima do esperado
Na cidade de Curitiba
  • Dilma teve votação 9 pontos abaixo do esperado
  • Marina teve votação 3 pontos abaixo do esperado 
  • Aécio teve votação 12 pontos acima do esperado
Na cidade de Porto Alegre
  • Dilma teve votação 9 pontos abaixo do esperado
  • Marina teve votação 3 pontos abaixo do esperado 
  • Aécio teve votação 11 pontos acima do esperado
Na cidade de Recife
  • Dilma teve votação 9 pontos abaixo do esperado
  • Marina teve votação 6 pontos acima do esperado 
  • Aécio teve votação 3 pontos acima do esperado
O que isso quer dizer? Bem, um erro de 13 pontos é muito sério e não dá para ser atribuído a incerteza intrínseca a metodologia de pesquisa. Mesmo o erro de 9 pontos não pode ser atribuído a incerteza da metodologia.

O que aconteceu? Eu não sei dizer, mas eu tenho um modelo que possivelmente pode explicar parte do problema.

Considere duas urnas. Uma com X bolinhas e outra com Y bolinhas. A proporção de bolinhas brancas na urna X é p1 e na urna Y é p2.

Se fosse uma urna só e tirássemos N bolinhas, a variância do erro (máxima) é de 1/(4*N). Mas como temos duas urnas, a coisa complica...

Então, no caso de uma urna temos que, dado a média das amostras Ma e a média real M:
E{(Ma-M)^2} menor ou igual 1/(4*N)

No caso, M é calculado usando:
w1=X/1(X+Y) e w2=Y/(X+Y)

Logo:
M=w1*p1+w2*p2

Mas, como temos duas urnas temos que considerar quantas bolinhas tem em cada uma (a proporção).  No final das contas, a variância do erro neste caso é:

w1^2*E{(M1a-p1)^2}+w2^2*E{(M2a-p2)^2}+2*w1*w2*E{(M1a-p1)*(M2a-p2)}

Aonde M1a é a média amostral da urna 1 e M2a é a média amostral, e E{(M1a-p1)*(M2a-p2)} é a correlação entre a urna 1 e a urna 2.

Bem, para simplificar vamos assumir que não há correlação (pode ou não ser verdade, mas vamos simplificar). Neste caso, o valor máximo de cada erro é:
E{(M1a-p1)^2} menor ou igual a 1/(4*N1) - aonde N1 é o número de bolas amostradas da urna 1
E{(M2a-p2)^2} menor ou igual a - aonde N2 é o número de bolas amostradas da urna 2

Então temos, se não houver correlação, que a variância do erro é limitada por:

erro menor ou igual a w1^2/(4*N1)+w2^2/(4*N2)

Bem, sabemos que w1+w2=1. Então qual será o valor para que este seja máximo (ou mínimo)? w1=N1/(N1+N2) e w2=N2/(N1+N2)

Neste caso teremos:
erro menor ou igual a (N1/(N1+N2))^2*/(4*N1)+(N2/(N1+N2))^2/(4*N2)=1/(4*(N1+N2));

Isto quer dizer: se amostramos na proporção da população teremos que o erro será limitado pelo valor que obteríamos se fosse apenas uma urna. Exemplo:

w1=0.25, w2=0.75, N1=250 e N2=750

Pela fórmula:
erro menor ou igual a 1/(4*(250+750) = 1/4000=0.00025

Note que se  w1=0.75, w2=0.25, N1=250 e N2=750,então:

erro menor ou igual a 0.75^2/(4*250)+0.25^2/(4*750) = 0.00058

O que dá mais do que o dobro da variância de erro obtida. Naturalmente este é um exemplo extremo, mas indica que se a amostragem proporcional estiver com os pesos errados, então a coisa não vai funcionar direito.

Mas e quanto a correlação? Esta pode ser positiva ou negativa, mas sempre será limitada pelo produto dos desvios padrões.

E{(M1a-p1)*(M2a-p2)}^2 menor ou igual a E{(M1a-p1)^2}*E{(M2a-p2)^2}

Portanto:

E{(M1a-p1)*(M2a-p2)}^2 menor ou igual a 1/(16*N1*N2), ou de outra forma:

-1/(4*raiz(N1*N2)) menor ou igual a E{(M1a-p1)*(M2a-p2)} menor ou igual a 1/(4*raiz(N1*N2))

Ou seja, existe um termo extra (e não contabilizado) caso haja correlação:

w1^2/(4*N1)+w2^2/(4*N2)-w1*w2/(4*raiz(N1*N2)) menor ou igual a erro menor ou igual a w1^2/(4*N1)+w2^2/(4*N2)+w1*w2/(4*raiz(N1*N2))

Neste caso o peso para erro mínimo passa a ser diferente:

w1=N1*(sqrt(N1*N2)-N2)/(N2*sqrt(N1*N2)+N1*sqrt(N1*N2)-2*N1*N2)

Que é diferente do anterior....

Então talvez também haja uma questão de correlação, pois considerando a mesma o erro salta de 0.0025 para 0.00046. Já com o erro também na proporção o salto é maior: 0.0008!

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Eleições a hora da verdade

Semana passada eu postei:
"Dilma - entre 34% e 42%
Marina - entre 21% e 30%
Aécio - entre 16% e 21%"

Se considerarmos votos válidos teremos:
"Dilma - entre 37% e 42%
Marina - entre 23% e 35%
Aécio - entre 18% e 25%"

E o resultado do pleito? Pois bem, no final das contas o resultado foi:
Dilma - 41.59%
Marina - 21.32%
Aécio - 33.55%

Tanto Dilma quanto Marina foram dentro ou próximos das margens que foram estabelecidas no post. Mas o que deu errado na predição? Foi Aécio!

O erro foi maior que 8.6% - se considerarmos a média esperada temos 12%. Isto é MUITO superior ao que é estatisticamente aceitável.

Eu vou estudar para ver o que deu errado - minha hipótese é que o erro é consistente: deve ter se repetido nos estados aonde a diferença para governador também saiu fora da margem: Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia

Eu irei estudar isso em detalhe.

Mas antes uma notícia relevante: o governador do DF perdeu a chance de se reeleger.  Ele ficou em terceiro lugar.

A pérola é a seguinte: ele só ficaria em segundo lugar (aonde teria chances de disputar a reeleição) em três zonas eleitorais: Zona 001, Zona 011 e Zona 014.

Suas piores votações foram: Zona 002, Zona 007 e Zona 0013

Adivinhem em quais zonas eleitorais vive a "elite branca do país"?

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Previsão para Eleição

Fazendo as previsões para eleições (95%)

Dilma - entre 34% e 42%
Marina - entre 21% e 30%
Aécio - entre 16% e 21%

Chances de haver segundo turno provavelmente na vizinhança de 100%.

Já fazendo um monte de suposições não garantidas, ou seja  com 95% de certeza - Dilma e Marina no segundo turno.

Já se subir para 99% de certeza temos chance de um segundo turno com Dilma e Aécio. Mas as chances são pequenas.

O que vai dar? Temos que esperar até domingo


segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Réplica

Muito se falou sobre a entrevista da candidata Luciana Genro à Danilo Gentili no The Noite

Mas não se falou tanto assim da réplica

O duro foi ver o discurso pró-Maduro no vídeo - isso acaba com qualquer boa vontade.

E olha que eu estou lendo o livro do Piketty e achando bem interessante...

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

A Coisa mais Feia

Essas eleições vão ficar para história. O nível de críticas contra os candidatos da oposição está além do imaginado.

Mas, não é esse o ponto que quero discutir. O ponto é que, infelizmente, não dá mais para descontar opiniões preconceituosas (até um tanto violentas), distorção de dados (mentiras, na realidade), e antagonismos sem necessidades na conta do "inocente útil", ou do "bom mocinho que foi enganado", ou do "idealista sem noção".

Não, realmente não dá.

Agora está claro: é mau caratismo mesmo. Desde artigos cheios de "críticas fundamentais ao programa*" ou "presunção da inocência**", passando por "esses corruptos que estão por aí***" a coisa deixou de ser simplesmente atribuível aos exageros da inocente devoção e passaram à cara de pau explícita.

Mas ao contrário do que um assessor da presidência fala, construir pontes é muito mais difícil do que destruí-las. E ganhar o pódio presidencial não é garantia de mares tranquilos daí por diante.

Aliás, temos exemplos de sobra de gente que achou que ser presidente é o mesmo que ser rei.

O fato é: tirando o pessoal menos escolado politicamente, pessoas que já se decidiram e os que não ficam tentando catequizar os demais, já não dá mais para aceitar certos posicionamentos na conta das boas intenções. Não, caros leitores, é mau-caratismo mesmo.

PS:
* Basicamente a crítica do articulista é que gente rica apoia a Marina. Por esta razão ela não deve ser eleita.
** No mesmo artigo que o articulista ruge para não julgar apressadamente, ele rapidamente passa a julgar sobre o mensalão mineiro  - aquele que o STF dos ministros de Lula mandou para instâncias inferirores
*** O artigo em si é verdadeiro, o problema é o pessoal colocando mesmo no facebook esquecendo convenientemente que a data de publicação do mesmo foi em 2012.

Tem horas que tendo a concordar com que Luiz Felipe Pondé escreve...

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

O PT como PDS

É triste, mas era esperado...

Com o surgimento de Marina na campanha, o PT mais uma vez bandeou para o discurso do medo: agora é sobre a autonomia do banco central



E não é apenas um comercial, mas dois...



Francamente, quem é petista devia ter vergonha.

Eu, como não sou, só fico relembrando o passado... quando eu acreditava no PT.

Mas é pior do que isso: eu fico pensando em quem acredita no PT. O que eu devo pensar de uma pessoa que compactua com a racionalidade que "desde que eu ganhe, tudo está valendo"?

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Duas notícias curiosas e uma opinião parecida

A primeira é que pela primeira vez a Venezuela estuda importar petróleo. Mas antes de mais nada, não é por falta de petróleo. É para melhorar a aceitação no mercado internacional.

Mas não deixa de ser um pouco engraçado...

A segunda é que um grupo de livrarias deseja que o governo estabeleça um preço mínimo nos livros. Sério, está na folha de São Paulo. Basicamente, o livro da Amazon é pelo menos uma ordem de magnitude mais barato que o vendido pelas livrarias.

E isso porque a Amazon aposta no livro eletrônico (que já aderi há muito tempo).

E para não terminar sem uma opinião, segue um texto que explica mais ou menos o que penso sobre como as pessoas decidem eleição.

Em resumo: os eleitores dificilmente perguntam qual é o melhor candidato, em geral perguntam qual é o candidato que eu gosto mais.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Chacoalhando as Eleições

Ontem teve o primeiro debate entre os candidatos a presidente. Francamente não vi, apenas ouvi os comentários (já cheguei a conclusão que há muito pouca racionalidade envolvida na escolha de candidatos).

Mas o melhor é que pouco antes do debate, saiu uma pesquisa dando 29% para Marina, 34% para Dilma e 19% para Aécio.

Então não é de surpreender que a nova postulante ao cargo desse show. Os demais ficaram atônitos.

E claro, vieram as análises de fundo de quintal dizendo que "pesquisa-não-representa-nada-quando-não-é-ao-meu-favor" comuns a partido que há 12 anos aproveita da "viúva". Mas há uma questão interessante aqui: não é a primeira vez que Marina chega perto dos 30% dos votos para eleição de 2014! Em Abril deste ano ela tinha 27%.

Então temos que lembrar que a Rede foi impedida de participar com candidatos, o que levou Marina a optar pelo PSB de Eduardo Campos.

E a cereja do bolo: há chances de ter sido um golpe para evitar que Marina concorresse. E na época do julgamento da Rede suas chances não eram desprezíveis.

Então estamos aqui: depois de uma tentativa de impedir Marina de ser candidata, coube ao imponderável trazer de volta a possibilidade dela ser vitoriosa.

Há, talvez, uma lição profunda nisso tudo. Mas duvido bastante que tenhamos capacidade de aprendê-la.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Cenário Imponderável

Como todos sabem, na semana passada tivemos o falecimento trágico de Eduardo Campos. E como o mesmo era um dos candidatos a presidência, sua tragédia embolou completamente o meio de campo político no Brasil.

O ponto deste post é mostrar como isso mudou a corrida presidencial.

Antes tínhamos o seguinte quadro:

  • Dilma - 36%
  • Aécio - 20%
  • Campos - 8%
  • B/N (Brancos e Nulos) - 13%
  • NS (Não sabe) - 14%
  • Outros - 8%

Agora o quadro é o seguinte:

  • Dilma - 36%
  • Aécio - 20%
  • Marina - 21%
  • B/N (Brancos e Nulos) - 8%
  • NS (Não sabe) - 9%
  • Outros - 5%

O que mudou? O que mudou foi exclusivamente B/N, NS e Outros. Poderíamos assumir  que o eleitorado de Campos foi transferido para Marina e mais alguns entraram no barco. Se entraram no barco devido ao fator emocional ou não é também bastante relevante, mas de difícil quantificação. De qualquer forma, a rejeição de Marina é baixa (11%) quando comparada aos outros candidatos (Aécio tem 18% e Dilma 36%).

Esta rejeição esta associada aos possíveis limites de crescimento de cada candidato.

  • Dilma - entre 36% e 64%. - Média de 50%
  • Aécio - entre 20% e 88% - Média de 51%
  • Marina - entre 21% e 82% - Média de 54%

Eu tenderia a considerar a média como alvo.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Preconceito Linguístico

Toda vez que falam de preconceito linguístico eu me lembro desta foto.

Um indício ruim

Como muitas pessoas não tem e-mail, então é comum que outras ofereçam o e-mail para facilitar a conexão online.

Eu costumo fazer isso para pessoas que confio e gosto, caso as mesmas não tenham acesso a internet - ou não saibam como acessa-la.

E é por isso que fiquei sabendo do que se segue.

Na segunda feira chegou na minha caixa o seguinte e-mail:

 
Este é o primeiro texto de um conjunto que integrará a análise dos governos do presidente Lula e da presidenta Dilma, para subsidiar o trabalho dos diretórios municipais e da militância na campanha de 2014. Futuramente, estes conteúdos farão parte do novo caderno 2 do módulo 2 da Jornada Nacional de Formação. Os demais textos trarão análises, números, dados e resultados das políticas do governo, e serão publicados periodicamente no portal da Escola Nacional de Formação do PT. Compartilhe, Clique Aqui
Acompanhe, utilize e divulgue!
Sorg
Clique aqui para descadastrar.

 Bem, até ai nada demais. A internet é cheia de spam.

Mas havia algo mais. Hoje recebi este e-mail:




O que diferencia o Partido dos Trabalhadores dos outros é, justamente, a sua história, a sua construção a partir de bases populares.
O PT é fruto de uma ação coletiva permanente, voltada para o bem estar dos trabalhadores e o desenvolvimento da nação.
Esse esforço contínuo, levado a cabo ao longo de mais de três décadas, é resultado do trabalho de uma militância forjada nas ruas, na luta política, na vontade do povo.
Para reeleger Dilma Rousseff presidenta do Brasil, o PT abriu, agora, um espaço virtual de doação voluntária onde cada militante, eleitor e simpatizante do partido poderá contribuir em dinheiro para esse esforço de campanha.
Novamente, o PT precisa da ação solidária e generosa de sua militância para continuar o mais bem sucedido projeto de governo já colocado em prática no Brasil.
Leve sua bandeira para as ruas, faça a sua camiseta, leve a mensagem do PT a todos que estiverem a seu alcance.

E faça a sua doação.

É fácil, simples e você pode doar qualquer valor.
O mais importante, como sempre, é a sua participação.
A presidenta Dilma e o PT agradecem muito a sua colaboração.

#MaisMudançaMaisFuturo
Muito bem, e qual é o problema?

O problema é que o e-mail chegou direcionado a uma candidata do Minha casa, minha vida que, por um acaso do destino, teve o meu e-mail divulgado como seu para receber informações.

O problema é que o PT está se valendo de informações de programas governamentais para fazer propaganda eleitoral.

É só o PT que faz isso? De modo algum, é bem comum em várias candidaturas.

Está certo? De modo algum. Isso é misturar governo com partido.

Mas, em defesa do PT, isso é extremamente comum aqui na terrinha. Só que está errado.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Inflação de 2014

Depois de verificar o IPCA de julho a estimativa de inflação de 2014 ficou em 6.0%

Vocês não sabem o alívio que isto me dá.

E não é por conta do governo ser do PT, ou que inflação estava muito alta... nada disso

A questão é que as estimativas mês a mês estavam sendo consistentemente subestimadas. Ou seja, eu predizia 0.4% e era 0.5% e assim por diante. Eu predisse no mês passado:

"Já a inflação de julho tem 50% de ficar em 0.09% e 50% de ficar em 0.50% , Ou 60% de ficar em 0.12% e 40% de ficar em 0.52%. Algo na vizinhança de 0.28%."

E o resultado foi 0.01% (praticamente zero). Se não tivesse pelo menos um resultado bem abaixo do esperado eu iria ficar preocupado.

Isto podia indicar que meu sistema baseado em sazonalidade e na incerteza. E aliás: a partir de agosto a inflação mensal deve dar uma subidinha (por causa da sazonalidade)

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Ferramenta Incrível

O pessoal da Carnegie Mellon fez um gol: uma ferramenta que permite explorar em 3D objetos em fotografias 2D.

Em outras palavras, caro leitor: veja o vídeo.

Mas o leitor deve saber: não é mágica. O objeto em questão deve ter um modelo 3D disponível na internet.

O vídeo completo tem mais informação:

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Alguns pensamentos sobre a eleição

Ao contrário de muitos eu tenho dúvidas sobre qual é o melhor resultado nas eleições para presidente em 2014.

Não é que eu goste do PT, muito pelo contrário. Mas é necessário olhar a situação com a fieza necessária.

De 2002 até 2008, aos trancos e barrancos o governo Lula teve bons momentos - creio que foi positivo. O problema começou quando a crise mundial das hipotecas deu as caras.

Ao contrário de muitos, acredito que Lula é uma pessoa inteligente, razoavelmente bem informada e com uma capacidade de empatia por comunicação muito rara.

Mas ele também sabia que a crise possivelmente afetaria negativamente sua imagem e possivelmente os dois anos restantes para o final de seu mandato.

Então ele escolheu um remédio heterodoxo: manter a economia aquecida criando demanda. Isso a custa de renúncia fiscal, benefícios especiais e outras coisitas. Parece a saída perfeita: não afeta negativamente a popularidade e, se administrado corretamente, pode suavizar a crise.

Mas se administrado na dose errada... aí tem consequências - só que a maior parte delas não é imediata.

E o remédio foi tão mal administrado que até pouco tempo estava ainda em ação total (agora só está em ação parcial).

Isto talvez tenha sido por insistência do próprio PT - com vistas a manutenção de poder. Não sei...

Mas a sucessora não só não arrumou a casa quando entrou, como também desorganizou mais o país.

E agora, praticamente quatro anos depois, estamos com várias bombas armadas que não tem solução popular: a questão elétrica, a questão do petróleo, a questão dos serviços governamentais, a questão dos incentivos à produção e não esqueçamos da bomba mor - o efeito que o aumento dos juros pode causar em situações já delicadas.

Então por que tenho dúvidas sobre qual deve ser o novo governante? Bem, porque o próximo governante vai encarar quatro anos muito complicados, com chance de tempestades razoáveis. E se o PT perder, ele vai ser o causador de diversas destas tempestades.

Em suma o PT vai fazer de tudo para o próximo governo ser um inferno.

Mas, se o PT ganhar há uma excelente chance de não sobreviver ao mandato. Não como um partido de grandes proporções, pelo menos.

Vejamos as coisas pelas probabilidades.

p(ser um bom mandato) =p(ser um bom mandato | PT perder)*p(PT perder) + p(ser um bom mandato | PT ganhar)*p(PT ganhar).

Eu estimo que:

p(PT ganhar) seja uns 60% (portanto p(PT perder) = 40%
p(ser um bom mandato | PT perder) = 50%
p(ser um bom mandato | PT ganhar) = 25%

Então temos

p(ser um bom mandato) =0.5*0.4 + 0.25*0.6 = 0.35 ou 35% (o que dá 65% de chance de ser um mau mandato).

Mas olhemos os componente individuais: p(ser um bom mandato | PT perder) é 50% (simplesmente não sei, mas suspeito que seja menor). Já p(ser um bom mandato | PT ganhar) é 25% (isso é baseado no que vi do mandato Dilma até agora - na minha visão ela errou bem mais do que acertou).

Então qual é a melhor opção?

Bem, eu não irei votar na Dilma, mas ainda creio que há chances razoáveis (60%) dela verncer. Talvez seja melhor, talvez não...

Só sei que se outro ganhar e depois o PT voltar, então podemos apenas torcer para que as próximas gerações consigam consertar o estrago.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Haha! Sujei o punho dele com meu sangue!!!

A Copa terminou, a Alemanha venceu e ouvimos por aí aos quatro ventos que fizemos a Copa das Copas!

Ou alternativamente que um milhão de estrangeiros vieram ao país! Isto indicaria o sucesso pois a Copa de 2010 (Africa do Sul) teve cerca de 300 mil.

Mas aí eu começo a ficar irritado. Creio que isso é porque fico com a impressão que as pessoas que criam estes "factos" tem certeza que eu sou abestalhado o suficiente para acreditar piamente nisto. Sim, sim, sei que na realidade os "magos da mídia" estão tentando mesmo é convencer o maior número de pessoas possível - e para isso se valem de algumas suposições heurísticas perfeitamente válidas dentro do contexto (brasileiro e preguiçoso - e não pesquisa por isso, brasileiro é ruim de matemática - e estatística, e por fim, brasileiro quer acreditar que seu país é realmente porreta).

Não foi um milhão, mas 700 mil (segundo a polícia federal). Vamos então comparar com outros anos? Neste caso em 2012 tivemos 735 mil desembarques internacionais. Então qual foi o ganho mesmo?

"Ah, RAX! Mas 735 mil inclui brasileiros e não brasileiros, enquanto os 700 mil são só de estrangeiros!".

Yep, mas adivinha o efeito disso! Podemos comparar o movimento total internacional de vários anos. De janeiro a junho de 2013 tivemos cerca de 3.3 milhões de passageiros internacionais. E de janeiro a junho de 2014? 3.1 milhões.

Estão notando um padrão? Ao anunciar o milhão de estrangeiros, o governo brasileiro "esquece" de dizer que a) pode não ser um milhão, b) provavelmente representa um encolhimento em relação ao normal total de junho.

Isso me lembra um filme aonde o cara tomou uma surra e saia dizendo: "Ganhei! Sujei todos os punhos de sangue!"

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Três mil quilômetros

Cheguei a uma marca há muito esperada: 3 mil quilômetros andando de bicicleta.

Posso estar enganado, mas creio que já andei mais de bicicleta neste último ano do que em todo tempo anterior.

Se somar o total (bicicleta+caminhadas) dá 5637 km!

De bicicleta foram 1847 km em 2013 e até agora 1163 km em 2014.
Já caminhando foram 1106 km em 2012, 1265 km em 2013 e 213 km em 2014 (a diminuição é esperada dado que estou usando quase somente a bicicleta).

Nada mal

sábado, 12 de julho de 2014

Agora com a Inflação de junho

Com os dados do IPCA de junho, posso fazer algumas estimativas para inflação de 2014.

Como já havia mencionado em outro post, junho tinha 50% de ter inflação de 0.11 e 50% de 0.50% (ou 60% de 0.15% e 40% de 0.55%). O resultado oficial ficou em 0.40%.

Com os dados de maio, a inflação estimada fica em 6.2%. Vamos as probabilidades:

    97% de estar entre 5.4% e 7.5%
    98% de chance da inflação ficar abaixo de 7.1%
    54% de chance da inflação ficar abaixo de 6.2%

 Já a inflação de julho tem 50% de ficar em 0.09% e 50% de ficar em 0.50% , Ou 60% de ficar em 0.12% e 40% de ficar em 0.52%. Algo na vizinhança de 0.28%.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

E o Brasil perdeu para Alemanha

É assim mesmo. Futebol tem destas coisas.

Mas perder por 7 a 1? Poxa, aí foi fogo. Isso me faz pensar sobre qual era a chance do Brasil ganhar afinal. Isso pode ser pensado em termos estatísticos: número esperado de gols.

(p+q)^8

Aonde teríamos: 8*p*q^7.

Se p fosse a chance do Brasil ganhar, talvez seja o caso de encontrar o valor de p que faria esta expressão ser máxima. Calculando a derivada temos: p=1/8. Com este gráfico:

O que dá uma probabilidade de 0.3926959038 da goleada de 7 a 1.  Isto coloca as coisas em perspectiva:
  • Probabilidade de 8 a 0 para Alemanha: .3436089158
  • Probabilidade de 7 a 1 para Alemanha: .3926959038
  • Probabilidade de 6 a 2 para Alemanha: .1963479519
  • Probabilidade de 5 a 3 para Alemanha: .0560994148
  • Probabilidade de 4 a 4 para Alemanha: .0100177527
E daí, só piora....(Probabilidade de resultado positivo .9887521862) Mas agora tudo isso é passado.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Copo Meio Vazio

De novo saiu uma notícia mostrando o copo meio vazio para Fernando Haddad.

Segundo o jornal sua aprovação é de 17%!

De novo, isso é apenas um pedaço da história. Para saber a história inteira precisamos determinar: quem não rejeita e quem rejeita.

Aí temos outra história. Rejeitar é o equivalente a Ruim ou Péssimo. Não rejeitar é todo o resto.

No caso dos últimos prefeitos temos
  • Jânio Quadros - 66% rejeita
  • Luiza Erundina - 42% rejeita
  • Paulo Maluf - 36% rejeita
  • Celso Pitta - 54% rejeita
  • Marta Suplicy - 38% rejeita
  • José Serra - 8% rejeita
  • Gilberto Kassab - 35% rejeita
  • Gilberto Kassab - 26% rejeita
  • Fernando Haddad - 36% rejeita
Então veja como a coisa muda de figura. A rejeição de Haddad é praticamente a mesma de Maluf, Marta Suplicy e do primeiro mandato de Gilberto Kassab.

E não, eu não sou petista ou torço pelo Haddad (aliás eu acho que os paulistas erraram escolhendo ele). Apenas prefiro que as coisas fiquem claras.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Uma forma de sentir as probabilidades

Pelo que já andei relatando, nós temos problemas para "acompanhar" o que significa probabilidade.

Mas creio que há algo que possa ajudar, pelo menos no caso mais simples.

Vamos dizer que eu lhe desse duas moedas, e dissesse para você: Muito bem, você sabe que a chance de tirar cara é 50% e coroa é 50%. Mas como fica a chance de você tirar pelo menos 1 cara com essas duas moedas? Ou seja você joga as duas moedas e o que desejo saber é qual é a chance de pelo menos 1 cara.

Ora, este processo pode ser analisado por tentativas de Bernoulli.

(p+q)^2.

p^2 - 2 caras
p*q - 1 cara na primeira tentativa
q*p - 1 cara na segunda tentativa

Então dá para ver que a única configuração que leva a perda é tirar duas coroas. Portanto a chance de tirar pelo menos 1 cara é

p^2+2*p*q=1-q^2 = 3/4

Portanto a chance de tirar pelo menos uma cara é 75%. Até que não é ruim, não?
Mas e se eu quisesse, digamos 90%?

Ora aí é a questão de resolver a equação 1-(1/2)^n=0.9

Esta equação pode ser simplificada usando logaritimos (base 2 é melhor)

log[(1/2)^n] =log(1-0.9) -> n=-log(0.1)

Bem dá para ver o que número não é inteiro (3.32). Para que o número seja inteiro, o valor dentro do logaritmo tem de ser uma potência de 2.

Mas vamos fazer uma tabela
  • A chance de tirar pelo menos 1 cara com 1 moedas é  50%
  • A chance de tirar pelo menos 1 cara com 2 moedas é  75%
  • A chance de tirar pelo menos 1 cara com 3 moedas é  87.5%
  • A chance de tirar pelo menos 1 cara com 4 moedas é  93.75%
  • A chance de tirar pelo menos 1 cara com 5 moedas é  96.875%
  • A chance de tirar pelo menos 1 cara com 6 moedas é  98.4375%
  • A chance de tirar pelo menos 1 cara com 7 moedas é  99.21875%
  • A chance de tirar pelo menos 1 cara com 8 moedas é  99.609375% 
  • A chance de tirar pelo menos 1 cara com 9 moedas é  99.8046875%
  • E por fim, a chance de tirar pelo menos 1 cara com 10 moedas é  99.90234375%
Então dizer que há 99.9% de chance é equivalente a dizer: esta é a mesma chance que você teria de tirar pelo menos uma cara jogando 10 moedas (simultaneamente ou em sequência - aí não faz diferença)

quarta-feira, 25 de junho de 2014

O que o pessoal parece não compreender

Copa está aí. E como já indiquei nesse blog, a tendência é de que todo mundo entre no espírito.

As pesquisas estavam disponíveis para quem quisesse enxergar: 81% estavam interessados na copa.

Mas o pessoal preferiu enxergar apenas o que queria: que a maioria achava que a copa seria apenas "regular"

O que deu errado nas análises? Bem, os dados estavam claros - eu mesmo disse aqui neste blog. Mas parece que havia uma "pauta" negativa.

Interesse? Conspiração?

Não acredito nisso. Acredito na navalha de Occam: a explicação mais simples e que satisfaz todos os dados disponíveis é, provavelmente, a verdadeira: as pessoas enxergaram o que queriam enxergar, nem que para isso tivessem que "arrumar" os dados.

Este tipo de atitude (selection bias) me leva a dois outros acontecimentos recentes: o xingamento da presidente na abertura e uma análise recente sobre mídias sociais e seus impactos.

Vamos por partes: primeiro o xingamento

Fenômenos de massa em estádios são extremamente bem documentados e xingamentos não são nada novo. A análise mais simples não é que uma "elite branca racista" foi responsável.

A análise mais simples é que as pessoas estão realmente com raiva da presidente. A idéia que foi uma elite é apenas mais uma tentativa de dividir o "nós contra eles" que tanto apetece aos demagogos. Aliás, suspeito que o efeito real é justamente o contrário: a explicação das "elites" só fez quem tem raiva ficar com mais raiva e quem não tem raiva começar a ter um pouquinho.

A raiva tem uma razão bem simples: a presidente tem em suas mãos um país aparentemente em pior estado do que recebeu. E isso as pessoas perceberam. Adicione a isso as dores de cabeça que transtornaram os cidadãos nos últimos anos em função das promessas não cumpridas e a deterioração do que antes mal ou bem funcionava e aí temos um bom motivo para a raiva.

O segundo ponto é sobre a questão das mídias sociais: o que mudou de 2013 para cá? Em 2013 tivemos manifestações gigantes conclamadas por mídias sociais. A enorme maioria sem uma agenda claramente definida. O ponto de partida comum era a insatisfação.

E a mesma só aumentou (não se iluda, caro leitor, com o efeito da copa - este só veio do início de junho para cá e a insatisfação não desapareceu).

Então o que mudou? Aonde estão as manifestações gigantes? De novo parto para explicação mais simples: os convites para as manifestações ainda estão lá nas mídias sociais, mas as pessoas simplesmente não estão aderindo as mesmas,

Vejamos então: os convites estão lá, a insatisfação continua, então qual o ingrediente que está faltando?

Aí tenho apenas uma suspeita: as pessoas não estão acreditando em quem faz os convites. Agora também há uma desconfiança sobre a agenda de quem organiza as manifestações. Por mais isentos que pareçam, vários já mostraram que querem mais participantes apenas para fazer número para satisfazer suas demandas.

E aínda assim, com números reduzidos, esse pessoal diz representar o povo.

Francamente, a cara de pau é inacreditável!

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Agora com a Inflação de maio

Sei que ando meio desleixado com o blog - o mundo anda maluco (o PT reclamando de xingamentos contra a presidente - gente, o PT!). E eu, sem muita paciência...


Mas vamos lá.

Com os dados do IPCA de maio, posso fazer algumas estimativas para inflação de 2014.

Como já havia mencionado em outro post, abril tinha 50% de ter inflação de 0.17% e 50% de 0.56% (ou 60% de 0.21% e 40% de 0.61%). O resultado oficial ficou em 0.46%.

Com os dados de maio, a inflação estimada fica em 6.3%. Vamos as probabilidades:

    97% de estar entre 5.3% e 7.3%
    99% de chance da inflação ficar abaixo de 7.3%
    50% de chance da inflação ficar abaixo de 6.1%

 Já a inflação de junho tem 50% de ficar em 0.11% e 50% de ficar em 0.50% , Ou 60% de ficar em 0.15% e 40% de ficar em 0.55%. Algo na vizinhança de 0.31%.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Palhanagem!

Palhanagem, caro leitor é um neologismo por mim cunhado significando a mescla de palhaçada com sacanagem.

Leio nesta segunda (02/05) um texto em um blog: O problema não é o Brasil. É você.  Não gostei do texto e vou dizer porque, mas antes vamos a questão da autoria.

A autora chama-se Priscilla Silva e este é, aparentemente, o único texto do seu blog.

Sua descrição diz em ser: "Jornalista, feminista e mais alguns outros “istas”. Fã de gastronomia e de literatura de esquerda. Procurando entender o mundo, um dia de cada vez."

Dou uma olhada na foto é vejo que é Simone de Beauvoir.
Então temos o seguinte: uma jornalista feminista com um blog que contém um único texto! Como o mesmo foi postado no dia 27 de maio, então é de supor que a jornalista tenha sido um tantinho relapsa com seu blog.

Isso tudo acende uma luz amarela com relação ao texto. Mas, para evitar problemas com falácias, eu costumo não fazer julgamentos baseados em "quem escreveu!", mas "no que escreveu". Mesmo assim, uma luzinha amarela indica palhaçada!

E vamos ao texto:

Toda vez que um assunto polêmico surge na mídia, viraliza nas redes sociais e chega às rodas de amigos, reuniões de família e mesas de bar, começam a pipocar, por toda parte, juízos de valor genéricos a respeito “do Brasil” e “do povo brasileiro”.

Essas “análises”, que estão em alta no atual período pré-Copa, costumam ser, mais especificamente, materializadas na forma de chavões babacas mais antigos que a minha avó: são os famosos “só no Brasil”, “isso é Brasil!”, e, ainda, o clássico e meu preferido “o problema é a cabeça do brasileiro” (que também pode aparecer na carinhosa versão “o povo brasileiro é burro”).

Ah, os chavões babacas! Esses mudam de dono, mas não perdem a majestade. Me lembro bem do "Agora mais do que nunca: e povinho bunda!". Quando vem com um texto adjetivando chavões com babacas, imediatamente voou pela janela a imparcialidade. Portanto, cuidado leitores!
Isso é bem antigo mesmo...
Que a internet e os círculos sociais estão recheados de ideias idiotas, preconceituosas e desprovidas de qualquer senso lógico ou nexo com a realidade não é novidade.

O problema aqui é que as pérolas pertencentes à categoria “Brasil é uma merda porque é uma merda, e eu não tenho nada a ver com isso” não vêm sendo enquadradas como apatia mental, como deveriam, mas como demonstração de revolta consciente e politizada “contra tudo que está aí”.

Notaram, caros leitores? "Revolta consciente e politizada". Já dá para ver aonde este boi está indo, não?

Um quarto dos brasileiros acha que uma mulher de shortinho merece ser estuprada? “Isso é Brasil!”. A Petrobrás fez um mau negócio em Pasadena? “Brasil, né?”. Algumas obras da Copa do Mundo atrasaram? “Só no Brasil mesmo!”.

Algumas obras? Sério que foram apenas algumas? Ah, caro leitor, já deu para ver que isso é encomendado. Mas vamos continuar.

Não. Não. E não. Na verdade, esse tipo de pensamento vazio, reducionista e arrogante empobrece o debate dos problemas que estão por detrás dos acontecimentos (que acabam sendo levianamente rotulados como “coisa do Brasil”), além de estimular e legitimar uma atitude resignada e egoísta ao melhor (ou pior) estilo Pôncio Pilatos (“lavo minhas mãos, porque a merda já estava feita quando eu cheguei aqui”).

Ah, aqui temos um clássico da Izquerda revoltada : Pensamento vazio, reducionista e arrogante. Não disse porque é vazio, nem porque é reducionista, e nem porque é arrogante. Isso apenas é xingamento. Duvida? Vamos contar a adjetivação típica de revoltados?
  1. Vazio
  2. Reducionista
  3. Arrogante
  4. levianamente
  5. rotulados
  6. egoísta
  7. atitude resignada
Uau! Sete em um parágrafo de três linhas! Talvez isso seja um recorde.

“Só no Brasil”? Não.

Em primeiro lugar, vale uma pesquisa prévia a respeito do assunto sobre o qual se está emitindo opinião: será mesmo que o Brasil é o único país a enfrentar esse problema específico que você conheceu superficialmente através do link que seu amigo compartilhou no Facebook? Pode ter certeza que, em 99% dos casos, a gente carrega o fardo junto com mais algumas dezenas de países (se não com todas as nações do planeta), ainda que ele pese mais ou menos conforme o caso.

Isso é 100% verdade: muito provavelmente o Brasil não é o único país a enfrentar este problema específico.

E não estamos falando apenas de países considerados “mais atrasados” e “menos civilizados” que o Brasil.

Tem corrupção na Europa, os Estados Unidos mal possuem um sistema público de saúde, o racismo segue forte em diversos países “desenvolvidos”, e a Inglaterra é descaradamente sexista. Por isso, antes de iniciar um festival de ignorância, babar ovo de gringo gratuitamente e resumir seu discurso a uma frase despolitizada como essa, lembre-se que o Google está a apenas um clique.

Claro que tem corrupção, claro que há problemas na saúde, claro que há racismo! O problema é o grau! Se formos comparar o grau do problema no Brasil e nestes países, chegaremos a conclusão que são iguais? Hummm, dificilmente! E não podemos deixar de notar mais um cacoete de izquerda: mais xingamentos com uma pitada de xenofobia seletiva:
  1. Festival de Ignorância
  2. Babar ovo de gringo
  3. Frase despolitizada.
Caso contrário, você corre o risco de continuar contribuindo para que 40% dos nascidos no Brasil prefiram ter outra nacionalidade (apesar de o Brasil ser sonho de consumo internacionalmente).

Hummm, senti uma referência oblíqua ao amei-o ou deixe-o. Mas pode ser impressão... Já o Brasil ser sonho de consumo internacional? Acho que alguém está acreditando demais no marketing do partido.

Se “isso é Brasil”, então “isso” é você também.

Dou a qualquer um o direito de achar o Brasil uma merda monumental e sem precedentes, desde que admita ser uma merda de pessoa também. Assim, quando alguém disser “o Brasil é um lixo” ou “o povo brasileiro é burro”, na verdade estará dizendo “eu sou um lixo” e “eu sou burro”. Combinado?

Porque, caros amigos niilistas radicais, é estranhamente conveniente excluir-se, deliberadamente, do conjunto de brasileiros, negando a própria cultura e origem, bem na hora em que “a coisa aperta”, não é?

Não, caro marketeiro(a)! A média ser ruim não quer dizer que todos são ruins. Assim como dizer que a média é boa não quer dizer que todos são bons. Eu posso achar o Brasil uma merda monumental e sem precedentes e não me considerar ser uma merda de pessoa! Isso não é arrogância. Eu posso - e é meu direito, achar o que bem entender - posso achar que Cuba é uma merda, que a Coréia do Norte é uma merda e não preciso me considerar uma merda de pessoa. O fato de ser brasileiro não me faz igual a todos os brasileiros e - pasmem caros leitores: o fato de eu ser engenheiro não me faz igual aos demais engenheiros.

Ora bolas, os demais engenheiros não são iguais entre si.

Portanto: não, não está combinado não...

As expressões “isso é Brasil” ou “esse é o povo brasileiro” não são, portanto, apenas generalizantes e reducionistas, mas também um tanto arrogantes. Quem as profere se julga acima dos defeitos da sociedade brasileira, e é incapaz de perceber que suas próprias convicções, ideias e preconceitos são na verdade um reflexo das características e problemas da sociedade brasileira como um todo.

Olha o toc do izquerdista natural:
  1. generalizantes
  2. reducionista
  3. arrogantes.
E mais uma vez: os defeitos da sociedade brasileira não são compartilhados por todos os brasileiros!

Nem é preciso nem dizer que esse tipo de perspectiva segregatória, em que o locutor se coloca em posição imparcial e de superioridade em relação ao restante da população, gera verdadeiros fenômenos de cegueira coletiva.

Será que o izquerdista natural não percebeu que este parágrafo se aplica não apenas aos outros?

Um exemplo clássico é a inabilidade de algumas pessoas em enxergar o próprio racismo, o que popularizou expressões como “não sou racista, mas…”, culminando com a negação da existência de racismo no Brasil por determinadas “correntes ideológicas”.

Então, antes que comecemos a negar outros “ismos” por aí (o que, a bem da verdade, já acontece), vamos parar de subir em pedestais imaginários e nos colocar em nossos devidos lugares: na arquibancada junto com o resto do povão e toda a torcida do Flamengo.

De novo: a lógica do autor(a) é torcida: ao conclamar os dissidentes a se juntar a massa, ele não está justamente considerando que os mesmos são realmente diferentes? Ou será que existem diferentes, mas só entre os izquerdistas?

Se “isso é Brasil”, repetir esse chavão não vai mudar nada (talvez só pra pior).

Não, você não entendeu nada! O chavão é um desabafo, um reclame, uma desesperança - é o reconhecimento que não vai mudar!

Imagine a seguinte situação hipotética: um sujeito dito “politizado” está surfando na rede, checando o feed de notícias do Facebook, dando um rolê pelo Twitter e teclando no WhatsApp, quando, casualmente, se depara com uma notícia revoltante (sabemos que a internet está cheia delas).

Indignado com a situação ultrajante da qual acaba de tomar conhecimento, nosso amigo resolve mostrar toda a sua revolta por meio de um comentário impactante no perfil de quem, muito sagazmente, compartilhou aquela notícia chocante com ele. “Fazer o que, né, colega? Isso é o país em que vivemos. Viva o Bra-ziu!”.

Satisfeito com sua contribuição, o internauta bem informado segue para os próximos “hits do dia” nas redes sociais, afinal, “isso é Brasil” — não tem jeito. E ele, pessoa politizada e, portanto, ciente do “beco sem saída” que é o nosso país, nem vai se dar ao trabalho de pensar sobre o assunto (e muito menos fazer algo a respeito), uma vez que essa nação é feita de pessoas naturalmente incompetentes e políticos naturalmente corruptos. Confere? Não confere. Na verdade, cidadão politizado, o problema, neste cenário, não é o Brasil. É você.

Quando um indivíduo, ao deparar-se com determinado problema que considera sério, resume seu pensamento e manifestação à depreciação verbal genérica e gratuita de seu país, só podemos concluir que ele atingiu um nível sobre-humano de apatia mental e social.

Isso eu meio que concordo, mas suspeito que tem mais a ver com as mídias sociais do que outros fatores.

Além de não mover uma palha para mudar a situação que o indignou, contribui para difundir um clima negativo, conformista e preguiçoso por onde passa, contagiando outras pessoas com a ideia deturpada de que é impossível mudar as coisas para melhor (ou que simplesmente não vale a pena), porque “o povo brasileiro é assim mesmo”.

Olha o toc de novo:
  1. Negativo
  2. Conformista
  3. Preguiçoso
Resumo da ópera: quem não quiser realmente tentar entender o problema, trocar ideias sobre como solucioná-lo, contribuir com organizações e movimentos sociais envolvidos no assunto, criar ou participar de campanhas de conscientização, e procurar votar em políticos empenhados na causa em questão, que pelo menos pare de encher o saco com reducionismos pessimistas e burros. A esfera pública agradece.

Ah, movimentos sociais... Hummm. E se a pessoa que está apática e desesperançada tem realmente razão de estar apático e desesperançado? Então como ficamos? E já que estamos nisso:
Reducionismos pessimistas e burros
encher o saco

“Isso é Brasil” agora, mas pode mudar. E depende de você também.

Imaginem se, há 30, 40 anos atrás, quando ainda vivíamos uma ditadura, todos pensassem que o “Brasil é assim mesmo”, que “somos um povo submisso que só funciona na ‘base da porrada’”?

Imaginem se a população tivesse desistido de exigir a redemocratização, e se resignado, limitando-se a comentar com seus conhecidos, em cafés e restaurantes, que “aquilo era o Brasil”.

Foi porque as pessoas não se conformaram com o que o Brasil era ou parecia ser que hoje nós vivemos uma democracia plena, onde todos podem se manifestar da forma que julgam melhor (até de forma superficial e não construtiva, como a que estamos tratando neste texto).

Essa parte me irrita em particular. Isso porque claramente o autor(a) não viveu nessa época e está fazendo inferências sobre quem viveu nesta época. Eu sei, porque eu estava lá. Havia sim o "aquilo é Brasil", lembram-se do "Eta povinho bunda"?

O direito à liberdade de pensamento e expressão é indiscutível, e o que deixo aqui é apenas um humilde conselho: vamos usar essas prerrogativasde verdade. Para debater, e não para cair em chavões limitados e vazios de que o país é uma porcaria generalizada, pior que qualquer outro, que nosso povo é burro e corrupto, que estamos no fundo poço e nunca sairemos dele, e que é impossível mudar a realidade em que vivemos.

Aí o problema é que debater com assessor de imprensa é difícil. Debater com militante é muito difícil e finalmente debater com assessor de imprensa militante é praticamente impossível.

Isso não quer dizer, de forma alguma, que devemos fugir dos problemas ou nos conformarmos com o que já foi conquistado, pois ainda existem inúmeros desafios a serem superados nesse Brasil continental. Se “isso” é mesmo o Brasil, a mudança só depende de nós.

Ah, quem dera que tudo dependesse apenas de nós. Infelizmente o Brasil é muito mais complicado do que se pensa, e infinitamente mais delicado do que se faz parecer....

Só pode ser sacanagem...

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Falta de Paciência

Ontem, para o "deleite" de todos os motoristas de Brasília, tivemos uma manifestação dos "Índios" contra a Copa (aparentemente)

Olha, isso já cansou.

"Sabia que você era um reaça contrário as manifestações por causas sociais, RAX"

Sério? Peço que dê uma olhada nessa imagem - que acredito sumarizar o movimento.
Muito bem! Isso mostra um "índio" usando um arco contra a "puliça" repressora, não?

Pois bem, agora, caro leitor, peço que veja essa imagem aqui:
Sem falar que este índio está em forma física consideravelmente melhor.
Agora, a semelhança é impressionante, não? Afinal somente os Índios para atirar assim para se defender!

Bem, o caso é que possivelmente índios realmente atiravam assim... se fossem caçar aves.
Ou que esse fosse um típico policial brasiliense.
Como a "puliça" não é composta de homens-passáros voadores, então dá para supor com razoável grau de certeza que:
  1. a foto foi posada
  2. quem posou para foto não tem muita intimidade com arco e flecha usado em caça
E isso, caro leitor, é o que está me deixando sem paciência: farsantes fingindo representar a vontade do povo.

Isso porque se juntarem todos estes farsantes, não conseguem votos suficientes para eleger um deputado distrital.