quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Olhando no Retrovisor – COVID 19 - Parte 3

Uma das formas que podemos modelar vários picos é através da transformada da incerteza ou de Monte Carlo. Eu já fiz isso anteriormente considerando R0 e T0 como variáveis aleatórias de distribuição uniforme (R0 entre 2 e 3 e T0 entre 5 e 15). O resultado apresenta apenas um pico em infecções mas a curva média é diferente.

 

Já a comparação entre as curvas de R0=3.8 e T0=7 com as curvas de Monte Carlo para R0 entre 1.9 e 5.7 (média 3.85) e T0 entre 4 e 10 (média 7) são bem diferentes:

Curvas com valores de R0=3.8 e T0=7.

Curvas medias com R0 entre 1.9 e 5.7 (média 3.85) e T0 entre 4 e 10 (média 7)

 

Apesar de termos um efeito de difusão da curva de infectados, ainda não temos uma situação de vários picos. Uma forma de fazermos com que esses picos apareçam é mudar a equação. Vamos supor que temos mais de uma infecção e outra categoria de recuperação. Assim temos:

Vamos começar supondo que as duas infecções atinjam a mesma população, mas tenham R0 (R1 e R2) diferentes. Assim as equações são:

O resultado é que temos duas infecções mas com picos muito próximos, e que praticamente todo mundo é infectado por uma ou outra infecção.

Temos uma curva diferente, mas os picos ainda estão praticamente coincidentes. O modo de resolver este problema é introduzir tempos de início diferentes. Assim temos os dois picos que estamos procurando.

Aqui ainda estamos considerando que apenas a população susceptível que é afetada. Se quisermos considerar novas variantes temos que incluir na população susceptível parte dos recuperados.

Desta forma vemos que este modelo de múltiplas infecções ocorrendo em tempos diferentes consegue reproduzir os efeitos de pico que vemos nos dados reais. Mas é isso que realmente aconteceu? Bem, não dá para afirmar, mas pelo menos o resultado está consistente com a ocorrência de várias ondas na COVID (alfa, beta, gama, delta e omicrom).

E como veremos em outro post, nesses casos a vacina fez toda diferença.